Três anos após seu último filme, Ang Lee volta às telas de cinema com o seu novo espetáculo visual, Projeto Gemini, filme que havia sido engavetado pela Disney nos anos 90. No filme, Henry Brogan (Will Smith) é o melhor assassino profissional do mundo, com uma taxa de sucesso maior do que de qualquer outro, mas, quando decide se aposentar, acaba se tornando um alvo da Agência de Inteligência de Defesa dos Estados Unidos, para quem trabalhava anteriormente. Enquanto luta para se manter vivo, ele se depara com um clone de si mesmo e descobre que as ações do governo americano são para esconder um grande segredo, que só Brogan, com toda sua experiência, é capaz de desmascarar.
Em termos de história, é algo bem simples, é uma trama rasa e que provavelmente funcionaria melhor no passado, mas não que isso seja um problema. É melhor que tenhamos algo bem estruturado do que uma trama pretenciosa que deixa inúmeros furos. Como dito, o filme tem um tom de filmes nostálgicos de ação, principalmente por ter sido desenvolvido nos anos 90 (O filme havia ido para a ‘geladeira’ pois, na época, os efeitos visuais não eram bons o suficiente para reproduzir o que o filme queria passar).
Um problema no filme é explicar demais, todo momento somos apresentados à algo que cedo ou tarde receberá uma explicação enorme, algo que o próprio espectador poderia deduzir sozinho. Uma coisa ruim também, é que eles não explicam a coisa que motiva o filme: Não falam de como o clone do Henry foi criado. Isso é algo que incomoda, mesmo eles fazendo uma longa explicação sobre toda vida do clone, não explicam como ele foi criado.
Os diálogos são coisas bem superficiais também, muitos não tão bem feitos, porém, alguns até memoráveis. O longa sabe trabalhar muito bem seu tempo, cenas de luta, ação, comédia, drama, todas se encaixam como uma luva. Mais uma vez provando que, ser simples não significa ser ruim.
O elenco do filme também tem um grande destaque nesse filme. Will Smith na maioria do filme tem uma atuação aceitável, é como se fosse o mesmo padrão dele em todos os filmes de ação, porém, em cenas mais dramáticas, o ator consegue entregar uma carga emocional no ponto certo, e funciona de forma esplêndida.
Então, somos apresentados a Danny, personagem interpretada pela Mary Elizabeth Winstead, e sinceramente, ela rouba todas as cenas que aparece. Carismática, com uma atuação muito bem feita pela Winstead, ela é a melhor personagem do filme, junto com o Júnior, o clone do protagonista. E é engraçado pensar que, o personagem interpretado por Benedict Wong, Baron, era para ser um personagem feito para o alívio cômico, acaba competindo com a Danny para ver quem consegue conquistar mais o público; isso é bom, já que os dois fazem seu papel com maestria.
Agora, a parte mais importante de todo filme, seus efeitos especiais. O quê tem de tão especial nos efeitos visuais do filme? Uma tecnologia pioneira chamada 3D+, e cenas de ação feitas com autenticidade. Mas, o que é o 3D+?
Desde o início do cinema, todos filmes eram projetados a 24 quadros por segundo, o que se tornou um padrão em todo audiovisual. Porém, em Projeto Gemini, o longa foi filmado em 120 quadros por segundo, e nas salas de cinema onde o 3D+ está disponível, o filme é exibido em 60 quadros, mais que o dobro da taxa tradicional. As imagens se assemelham muito à sensação de estar jogando um video-game, e como o efeito consegue trazer mais imagens, existe muito mais profundidade, assim deixando o espectador mais imerso e com maior desfrutação das cenas. Isso, além de conseguir passar o espetáculo visual que Ang Lee queria, se prova sendo uma das experiências mais imersivas que se tem no cinema atualmente. E quem odeia sessões 3D, não precisa ter medo ao assistir esse filme, pois vale muito ver nesse formato.
Inicialmente, pode-se até causar um grande estranhamento ao assistir o longa nesse formato, a fotografia é mais limitada, a movimentação de câmeras são bem diferentes, mas isso não é algo ruim. É pioneiro, e devemos aprender a respeitar isso. Então, antes de ir assistir o filme, certifique-se que o seu cinema oferece a opção 3D+, pois é a melhor maneira de ter uma experiência única. É uma diferença brutal do 2D para o 3D+, são visões extremamente diferentes.
E falando dos efeitos de rejuvenescimento que utilizaram no Will Smith, está simplesmente fantástico, assim como os efeitos em um todo. As primeiras cenas com o clone jovem do protagonista podem dar um sentimento ambíguo em um primeiro momento, mas ao longo do filme, o efeito melhora e acaba se tornando uma das partes mais marcantes.
Em termos técnicos, o filme também acerta. Nele temos uma boa trilha-sonora, que funciona em todas as cenas, algo que impressiona e ajuda bastante na imersão que o diretor quis passar. A edição do filme também não conflita, e nem cria problemas, é bem feita.
Algo que pode dividir opiniões, se dá na hora da direção e fotografia, logo que é extremamente fora de um padrão já criado no audiovisual. Pode agradar muita gente, ou pode gerar um belo estranhamento. Pensando no que Lee queria passar no longa, toda essa nova imersão inovadora, eu acredito que funciona, e que futuramente terá uma enorme evolução quanto esse assunto. Mesmo limitado por tais quesitos, o filme não deixa de criar cenas bonitas, mesmo sem um filtro ou coisas do gênero, a fotografia é bem limpa e também tem um tratamento visual que funciona com o tom que o filme passa.
Em suma, o filme de certa forma funciona, tem seus momentos e tem seus erros. Mesmo apresentando um roteiro um tanto ultrapassado, ele diverte e cumpre seu papel em entreter o espectador. A tecnologia e a inovação que o filme traz em sua bagagem também é única e merece seu devido respeito, querendo ou não, o longa já entrou na história do cinema e do audiovisual, mais uma vez, Ang Lee fazendo história. É o primeiro filme a ter essa tecnologia, e com certeza veremos os filmes de heróis utilizando isso no futuro.
Se quiser se aprofundar mais na história apresentada, juntamente ao longa, o livro contando a história mais aprofundada e mostrando um pouco mais dos personagens será lançado dia 16 de outubro. Agradecendo a Paramount Brasil, que nos disponibilizou uma edição, é possivel comparar com o filme e as cenas são extremamente fiéis, com uma diferença ou outra, é mais um modo de se envolver no universo do filme.
Nota: 3,5/5