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AHS: Double Feature (Red Tide) e a escassez da pílula preta para encerrar de forma positiva a primeira parte

Tenho a leve impressão de que algumas pessoas possam concordar com o título que abre essa crítica. Ainda mais aqueles que continuam reféns, assim como eu, de tudo que envolva a franquia American Horror Story. Ao bem da verdade, estamos cansados de prever com exatidão a direção torta que cada temporada seguirá após um primoroso início. Chega a ser clichê todo ano soltarmos frases como: Ah, vamos esperar em qual episódio tudo desandaráFalei que iria estragar tudoMurphy e cia., vão se tratar!. A qualidade das nove temporadas anteriores sempre foi bastante polarizada, mas não estou aqui para falar delas. Vim em paz (ou não) para comentar brevemente da atual décima temporada que encerrou há quase uma semana sua primeira parte.

Seguindo a tradição, Double Feature é o subtítulo da temporada e Red Tide foi o nome dado para a Parte I. Em relação ao tema, não tenho do que reclamar. O visual não deixou a desejar em nenhum momento, pois a ambientação litorânea se tornou um essencial personagem para contar para nós o que precisávamos saber sobre o local junto com seus habitantes misteriosos. O tom melancólico ditou as regras principalmente nos ambientes externos e ajudou a criar o clima necessário para que comprássemos a ideia dessa primeira parte sobre a Maré Vermelha.

A ganância do ser humano para conseguir os seus objetivos foi a pauta e trouxe uma questão que traz muita reflexão: Somos talentosos ou pensamos que somos?. Cada personagem tinha fome de poder e sucesso, pois acreditavam no seu potencial. Ou queriam acreditar apenas para terem algum norte a seguir e não ficarem vagando enquanto a vida passa diante de seus olhos. Esse tema não é original, porém como o assunto foi tratado aqui foi mais um elemento que tornou Red Tide excelente até sua derrapada habitual.

O elenco de American Horror Story sempre foi bastante versátil em trazer novos ângulos para seus personagens apesar de seus rostos já serem conhecidos desde Murder House (2011). Vou continuar rasgando elogios para Sarah Paulson, Lily Rabe e Frances Conroy, que seguem dando um show de interpretação. Não posso deixar de mencionar também Leslie Grossman, pois essa nasceu para interpretar personagem ácida. Evan Peters e Finn Wittrock estão ok em seus respectivos papeis. Angelica Ross entregou uma ótima interpretação como a Química e com isso, ajudando a criar diversas teorias entre os fãs sobre a possível ligação com Death Valley (Parte II).

Macaulay Culkin estava ótimo como Mickey, mas a estrela foi a atriz mirim Ryan Kiera Armstrong. Ela conseguiu trazer uma excelente Alma Gardner com facetas excelentes de personalidade. Quando a temporada começa, temos uma Alma fofa e dedicada. Com a trama avançando, conhecemos um lado mais perverso dela. Você só queria um destino cruel para Alma e tudo isso foi possível pela atuação ótima de Ryan.

O público ficou surpreso positivamente com  o roteiro em Red Tide e também fui atingido com esse sentimento. Por ter somente seis episódios, não teve aquela trama arrastada para revelar os pontos cruciais da história. Desde o episódio duplo que abriu a temporada até o quinto episódio, a qualidade era inegável. Claro que com algumas ressalvas em certas situações, mas isso não tirou o gosto bom que ficou. Blood Buffet (S10E04) e Gaslight (S10E05) foram os melhores episódios.

Era para ser um desfecho satisfatório, mas acabou dando tudo errado. Winter Kills (S10E06) foi desajeitado do início ao fim em seus quase 40 minutos e o espectador não conseguiu tirar proveito de quase nada do que foi resolvido na trama das pílulas pretas. Boa parte do que aconteceu daria para ter mudado para melhor. Muito melhor!

A esperança é que Death Valley não repita esse erro em sua conclusão, mas se for depender da mente alucinada de Ryan Murphy e cia. já sabemos o que nos aguarda no Vale da Morte.

Nota: 4/5

Então, o que preferem: Pílula preta, azul ou vermelha?

Por Tassio Luan

Biólogo. Explorador do horror cósmico e de universos desconhecidos.

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