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Fúria Primitiva: A Violência Visual que Deslumbra em Meio ao Comum

Escrito por Daniel Estorari

Filmes de ação com violência excessiva e coreografias cativantes ganharam popularidade desde o lançamento de John Wick: De Volta ao Jogo, criando uma onda de produções focadas em vingança desenfreada e com pouca inovação. Fúria Primitiva surge nesse cenário, marcando a estreia de Dev Patel como diretor, além de atuar e assinar como produtor.

A proposta de Fúria Primitiva não se afasta muito da fórmula consagrada, mas a ambientação na Índia e a influência cultural trazem uma leve diferenciada. O filme se posiciona entre os tradicionais longas de ação, mas com uma camada de profundidade que poderia ter sido mais explorada.

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Após anos de raiva reprimida, um lutador descobre uma maneira de se infiltrar no enclave da elite. Ele logo embarca em uma campanha explosiva de vingança para acertar as contas com os homens que tiraram tudo dele.

Fúria Primitiva é uma obra comum e formulaica, que não traz inovações e parece tímida ao abordar temas mais sérios que poderiam ser seu diferencial, como uma exploração mais profunda da religião hinduísta. Apesar de se alinhar a dezenas de filmes que contam histórias semelhantes, ele cumpre seu papel de entreter, sem se esforçar para ir além do que foi proposto.

Em sua estreia como diretor, Patel faz um bom trabalho, mas que permanece no básico. Ele não imprime uma assinatura própria que poderia diferenciá-lo de outros cineastas especialistas em ação, podendo ser facilmente substituído por diretores como David Leitch ou Chad Stahelski, sem grande impacto na qualidade final.

Por outro lado, a atuação de Patel é brilhante, como de costume. O ator, mais uma vez, prova ser um dos melhores de sua geração em Hollywood. Ele encarna perfeitamente um personagem furioso em busca de justiça, com olhares e gestos arrepiantes que convencem o espectador de que sua sede por vingança é genuína.

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Apesar de um começo arrastado e tedioso, Fúria Primitiva revela seu verdadeiro potencial à medida que a tensão aumenta e a ação se intensifica. Os últimos 50 minutos não apenas elevam o ritmo, mas também trazem uma mudança significativa na qualidade da narrativa, mantendo o espectador à beira do assento. É como se ele finalmente encontrasse sua identidade, revelando uma intensidade e urgência que estavam ausentes na primeira metade.

A violência apresentada não é gratuita; ela é uma extensão do personagem central, refletindo a brutalidade do mundo em que está inserido. Patel utiliza cenas de ação coreografadas com maestria, criando uma dança de caos e controle que é visualmente impressionante. Esses momentos são a alma do filme, oferecendo um espetáculo visual que contrasta com a história monótona.

Se a narrativa tivesse ousado mais, poderia ter elevado o filme a um patamar superior, mas, mesmo dentro de seus limites, Fúria Primitiva consegue se destacar, ainda que de forma modesta.

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Fúria Primitiva é um longa que se leva um pouco mais a sério do que as tradicionais obras de Sessão da Tarde, mas que poderia facilmente ser encaixado nesse mesmo contexto. Com cenas de ação de alta qualidade, que acabam sendo seu ponto forte, o filme não se destaca pela inovação, mesmo com um potencial latente para explorar algo diferente, com raízes indianas mais presentes. É uma escolha certeira para quem busca uma pausa em um dia monótono, oferecendo um entretenimento mediano sem exigir reflexões complexas.

NOTA: 3/5

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Sobre o Autor

Daniel Estorari

With great powers...

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