Fúria Selvagem é o primeiro arco da revista do Velho Logan após a saga Guerras Secretas. Foi lançado entre as edições 1-4 do título Old Man Logan Vol.2, com roteiro de Jeff Lemire, desenho de Andrea Sorrentino, e colorização de Marcelo Maiolo.
Após a minissérie de quatro edições do Velho Logan que foi lançada durante Guerras Secretas, Logan foi um dos sobreviventes do Mundo Bélico que foi parar no universo principal da Marvel, agora chamado de Universo Prime, e passou a integrar o elenco de personagens principais da editora.
Antes de tudo, explicarei o que foi a saga Guerras Secretas de um modo bem simplista para um entendimento mais completo do texto.
Quando o Multiverso Marvel estava morrendo, surgiu alguém muito poderoso, com poder para salvar fragmentos de diversos universos. E, assim, nasceu o Mundo Bélico, criado de pedaços de diversos universos mortos, e regido por um monarca que foi considerado Deus. Um dos universos que integram esse mundo é o do Velho Logan, criação de Mark Millar e Steve McNiven em um universo alternativo apocalíptico.
Não é necessário ter lido nada do que já foi lançado do Velho Logan para entender esse novo título do personagem. Porém, enriquece a experiência já ter lido Guerras Secretas de Jonhathan Hickman e Esad Ribic, a minissérie Velho Logan de Brian Michael Bendis e Andrea Sorrentino, e o arco Velho Logan de Mark Millar e Steve McNiven.
O roteirista Jeff Lemire utiliza estratégias narrativas para situar o leitor com acontecimentos que são importantes para o desenvolvimento da trama, e também insere novas camadas de profundidade dentro do que já foi apresentado. Portanto, acompanhar ou não o que veio anteriormente, fica a cargo do leitor.
A narrativa de Lemire já começa com o Velho Logan acordando atordoado em um mundo diferente, que não é dominado por vilões e não está destruído. Logan logo percebe que está no passado, mas não tem certeza se é o seu passado, mas está em um mundo que ainda existe esperança de ser salvo, em um mundo que ele ainda pode salvar sua família. E, então, ele decide começar uma caçada aos principais culpados pela morte de seus entes queridos, a fim de que seu futuro trágico não aconteça.
Como o próprio nome do arco diz, Logan está de volta a sua raiz selvagem. Não mais chamado de Wolverine, nem um X-Men, nem um herói, apenas Logan, um homem com uma fúria selvagem tentando evitar que um futuro trágico aconteça.
Durante as quatro primeiras edições que compõe o arco, Lemire fica alternando a narrativa entre o presente do Universo Prime e o futuro apocalíptico do Velho Logan, levando o leitor a questionar se de fato o futuro do Logan é o futuro do Universo Marvel principal, e não uma realidade alternativa.
A cada edição são apresentados conflitos de um Logan traumatizado e com medo de que seu futuro se concretize. E nesse contexto, algumas figuras importantes do universo do Velho Logan de Mark Millar são inseridas na trama.
O arco conclui com Logan enxergando a possibilidade de que o presente em que está vivendo talvez não seja o seu passado, mas uma nova chance. Apesar de ter perdido tudo no futuro, no presente, percebe que os X-Men ainda estão vivos, portanto, ainda há esperança.
“Se passar tempo o bastante tentando fugir do passado e mudar o futuro, você começa a esquecer que ainda está vivo neste momento. O passado se foi. E o amanhã pode trazer todo o inferno que eu mais temo. Mas hoje… hoje é muito bom se sentir vivo.” – Velho Logan Vo.2 #4
Em relação arte, que ficou a cargo de Andrea Sorrentino e Marcelo Maiolo, a dupla casou perfeitamente com a proposta do título. As ilustrações ao mesmo tempo em que são escuras para combinar com o tom da trama, nos momentos de ação e ~SNIKT~ do Logan, ganham cores vivas com um fundo vermelho, que remete a violência, e deixam as sequências de ação bem visíveis e detalhadas.
A composição dos cenários também é algo a se prestar atenção, pois estão recheados de easter eggs, como a cena que Logan faz uma referência a Cavaleiro das Trevas de Frank Miller.
A estreia do Velho Logan no universo principal da Marvel começou muito bem, resgatando alguns elementos que os fãs do carcaju sentiam falta, como a dualidade entre homem e besta, e a sua busca por um lugar no mundo.
Para quem assistiu o filme Logan e gostou, aqui está uma ótima oportunidade de começar a acompanhar o personagem nos quadrinhos também.