Distopia adolescente foi um subgênero que explodiu com Jogos Vorazes e acabou perdendo sua força com o fraquíssimo Divergente. No meio dessas duas franquias, reside Maze Runner. Não tão popular quanto Katness Everdeen e nem tão medíocre quanto Beatrice Prior. Thomas está ali em uma franquia permeada por erros bobos, mas com a direção extremamente eficiente de Wes Ball. Entretanto em A Cura Mortal, enquanto os problemas de estrutura são cada vez mais visíveis, a direção se demonstra cada vez mais dinâmica.
Ball é um mestre nas cenas de ação. Há uma cena de perseguição no deserto e o diretor demonstra criatividade ao usar a câmera. A ação é acelerada, mas não é confusa. Ele faz questão de deixar tudo o mais claro possível para o espectador. É impossível se distrair, são cenas de tirar o fôlego. Além disso, ele retorna a fazer boas cenas de suspense, com jumpscares é claro. E ele sabe utilizar esse recurso muito bem. Infelizmente, ele não é tão bom em conclusão. Algumas tomadas deveriam ser um pouco mais longas para criar um impacto maior.
A construção de mundo não é inovadora, mas é incrível. A cidade construída pela CRUEL – se permitem a comparação – compartilha semelhanças com a Los Angeles de Blade Runner. É extremamente satisfatório ver um visual tão futurista em meio a desgraça alheia. Efeitos especiais também estão ótimos aqui. Outro aspecto técnico a se destacar em A Cura Mortal é a trilha sonora composta por John Paesano. Ela é memorável e se mistura organicamente a todas as cenas. Seja para aumentar a adrenalina ou a dramaticidade.
O elenco apresenta um bom desempenho mais uma vez. Dylan O’Brien entrega um Thomas mais maduro e a Kaya Scodelario traz uma Teresa mais interessante. Se olharmos para os filmes anteriores, veremos que houve uma jornada para desenvolver os personagens. Quem rouba a cena mesmo é Thomas Sangster como Newt. Outro personagem extremamente carismático. O humor também está muito bem balanceado no filme. Em momentos dramáticos, os jovens mostram a que vieram. Se você é um fã da distopia, então prepare os lencinhos.
Entretanto, assim como os anteriores, o novo Maze Runner apresenta erros. Erros ainda mais bobos os quais poderiam ser evitados. Em determinada cena, um protagonista invade um local disfarçado, no meio da operação, ele acaba com o disfarce. Isso, antes dele ser descoberto. Além disso, temos alguns plot-twists sem sentido. O filme é um pouco arrastado e se estende um pouco mais do que deveria na conclusão. Se ele tivesse 10 minutos a menos e tivesse terminado em determinada cena, causaria um impacto muito maior no espectador.
Mesmo com seus erros de principiante, Maze Runner: A Cura Mortal é um fim extremamente satisfatório e infelizmente tardio para a franquia. Vá saber se o futuro ainda nos reserva mais uma distopia adolescente no cinema. Caso não, então essa foi uma boa forma de enterrar esse subgênero.