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Re:Zero: Começando uma Vida em Outro Mundo – Livro 3

Para a surpresa de ninguém que tenha lido o segundo volume, chegamos no terceiro tomo de Re:Zero, aquela novel que você nunca sabe se bota dois pontos pra escrever o subtítulo ou não, pois já tem dois pontos no próprio nome e repetições são feias. Se você caiu de paraquedas aqui e não sabe nem do que eu estou falando, a resenha (sem spoilers) do livro um pode ser um bom começo.

Como dito da última vez, esse volume foi uma continuação do arco da mansão – que, digo para vocês: Deixou de ser da mansão rapidamente – e trouxe não só um fim para o nosso sofrimento, mas também para muitas dúvidas que pairavam no ar.
Bem, todas as dúvidas sanadas podem ser classificadas em duas categorias distintas: ou eram “dúvidas” que você poderia concluir sozinho trinta e dois capítulos atrás; ou eram mais dúvidas relacionadas a fanbase do anime do que à novel em si. Vou falar sobre uma de cada vez.

Começando pela puxada de orelha ao autor, temos as “revelações” (que me esforço para chamar de tal modo) da trama. O que eu normalmente espero quando estou imerso em uma nova história, é que ela consiga me surpreender. Obras cujo foco estão em te manter preso a elas através de reviravoltas (plot twist: quase todas que existem são assim!) precisam… Bem, te manter preso através de reviravoltas.

Quando penso nisso, sempre me vem à cabeça livros de detetive, aquela coisa no melhor estilo Agatha Christie, que te dá dicas aqui e ali, e você interpreta da sua forma, mas nem sempre você está certo no final da história. É sempre uma sensação boa não importa o resultado. Acertou? Satisfação por um trabalho bem feito. Errou? Surpresa por uma reviravolta intrigante.

Ok olha eu sinto muito por isso tá bom, eu não vou nem tentar fazer uma piada relacionando algum livro dela com Re:Zero. Apesar de ter vários, pode escolher: A Mansão Hollow? A Mão Misteriosa? Hora Zero? E no Final a Morte?

Por isso, quando peguei esse volume de Re:Zero, pensei: “Já tenho alguns palpites para as coisas que estão acontecendo… Mas elas parecem estar muito descaradamente fáceis de acertar… Não sou nenhum Xeroque Rolmes, mas acredito que é justamente isso que o autor quer, que eu tome conclusões precipitadas baseadas em suas falácias propositais…“.

Foi um suspense enorme, o autor ficou botando lenha no fogueira pra incendiar minha expectativa… E a realidade foi o maior fogo de palha do mundo. Tudo aconteceu da forma mais óbvia possível, tudo que estava praticamente PREMEDITADO desde o volume anterior aconteceu exatamente como eu estava esperando.
Sério, o autor é péssimo em guardar segredos. Não só as “surpresas” que deveriam ter sido o ponto alto desse volume, mas também a trama que virá no futuro. Acho impossível alguém ler a novel e não conseguir imaginar o que vai acontecer no futuro, ou o motivo de Subaru ter sido evocado para esse outro mundo. É tudo muito descarado, acaba até perdendo a graça.

Voltando ao ponto inicial, a segunda puxada de orelha é quanto a fanbase. Não necessariamente culpa deles, na verdade. Acho que é mais culpa do autor – de novo – do que dos leitores. É sobre como os personagens se desenvolvem ao redor do mundo de Subaru.

Após o fim do volume anterior, me indaguei: “Como diabos as pessoas podem gostar tanto da Rem? O que ela fez aqui é imperdoável!” e mantive esse pensamento durante a leitura do livro seguinte. O que senti foi que a barra estava sendo forçada demais, tentando nos fazer gostar da empregada. Não só dela, mas de outros personagens secundários também (A Beatrice, por exemplo, mas no caso da bibliotecária eu até consigo aceitar, tendo em vista suas ações anteriores).

Não só essa barra (que é gostar de você) que está sendo segurada, mas também a própria personalidade das personagens. Além de tentar nos convencer de que devíamos gostar delas, o autor, do nada, resolve mudar as personagens para fazê-las gostar da pior personagem já escrito na história da humanidade, o Subaru.
Não adianta, cara. Não importa o que você faça, eu nunca vou gostar do Subaru.

Sim, essa é minha conclusão. Jamais vou gostar do Subaru. Que sofra.

Ambos os pontos negativos de lado, posso dizer que o restante do volume (se é que sobrou alguma coisa) foi até que proveitoso. Como já dito anteriormente, a única coisa que me prende a história é o seu mundo e as coisas e pessoas excepcionais que existem nele. Esse volume nos trouxe um grande desenvolvimento de world-building, mesmo quando a melhor parte do livro tenha sido a preview do próximo.
Não, sério, estou ansioso pelo próximo, pois finalmente vamos ter alguma coisa acontecendo.

Sobre a parte física do negócio… Eu não vou nem comentar mais sobre a qualidade da impressão, do acabamento e da lombada. Segue a mesma maravilha dos outros volumes. Se um dia mudar, eu comento.

Agora algo que não mudou mas será sempre comentado é aquela, o nêmesis da editora e que eu preciso sempre cutucar sobre: a revisão. Dentre os três volumes, esse foi o que teve maior número de erros de revisão. São todos erros bobos, coisas que eu, lendo o livro de madrugada, consegui notar. Não consigo entender como esse tipo de coisa continua acontecendo.

Mas nesse volume, pela primeira vez, tivemos alguns erros que prejudicaram o entendimento da obra. Perdi a conta de quantas vezes os nomes Rem e Ram foram trocados. Em algumas frases fica óbvia a troca entre as irmãs (até pelo contexto), mas em alguns momentos, talvez eu tenha realmente tido uma interpretação errada da cena, por pensar que tal fala foi dita por uma das gêmeas, e não a outra.
Isso não pode continuar. Fica difícil defender a obra, a editora, e o mercado de light novels do país, quando esse tipo de erro amador continua acontecendo edição após edição.

Apesar dos pesares, o volume três de Re:Zero foi muito superior ao seu antecessor, e a promessa de COISAS™ no próximo volume nos dá esperança de que a leitura possa continuar valendo a pena. Se acharem com desconto na Amazon, acho que vale o preço.

Por Vini Leonardi

Cavaquinho na roda de pagode da Torre. Químico de formação, blogueirinho por diversão e piadista de vocação. "Acredito que animês são a mídia perfeita para a comédia, e qualquer tentativa de fazer um show sério é um sacrilégio", respondeu ao ser questionado sobre o motivo de nunca ter visto Evangelion.