Os Jovens Titãs em Ação é provavelmente o desenho de super-heróis mais controverso da face da Terra. Dito isso, a paródia baseada na série animada de 2003, acumulou no decorrer dos anos, o desgosto de inúmeros fãs da equipe e o amor, do público infantil. Entretanto, pouco importam as críticas ao fato de ser uma animação com piadas de pum constante, eles acabaram de ganhar um filme, o qual, sinceramente, no quadro mercadológico cinematográfico atual, merece sua atenção, pois acreditem ou não, é menos infantil do que aparenta.
O ditado: “Nunca julgue um livro pela capa” se aplica bem aqui. Os Jovens Titãs em Ação: Nos Cinemas – que título longo – é uma crítica ácida à saturação dos filmes baseados em HQs disfarçada de animação infantil. Na trama, a equipe faz de tudo para ganhar o seu próprio filme, pois esta é a única forma de ser considerado um super-herói de verdade. Entretanto, o mundo os enxerga como uma piada ruim (qualquer semelhança com a nossa realidade está fora de questão). Logo, para realizarem seu sonho e alcançarem a dignidade, eles precisam encontrar o seu arqui-inimigo. Assim surge, mais tarde, Slade, com o objetivo de controlar todas as mentes do mundo.
Sem limites, o roteiro de Aaron Horvath e Michael Jelenic desconhece a linha tênue entre DC e Marvel. Fazendo as piadas mais óbvias, se aproveitando da popularidade de certas produções (Batman vs Superman é a diva a qual todos querem copiar) e até mesmo, da falta de popularidade de alguns personagens. Fãs de carteirinha da Casa Erguida pelo Batman, rirão alto durante a sessão. O script é absurdo e inclui inúmeras canções para nos lembrar que isto ainda é uma animação para crianças, mas sabe como ser sombrio em expôr a compulsividade de Hollywood em produzir adaptações baseadas em quadrinhos. Se até o Alfred pode ter um filme, por que os Titãs não podem?
Outro aspecto o qual merece atenção, é o uso de diversos estilos de animação durante a película, não apenas como uma forma de homenagear determinadas séries animadas, mas também, para se adequar ao tom de determinadas cenas. A movimentação é fluída e as cores enchem os olhos de quem assiste, principalmente os cenários desenhados pelo artista Dan Hipp, com diversos easter-eggs e trocadilhos, alguns cruéis, para os mais atentos. A trilha sonora, sempre evidenciando o tema original da série, dinamizam as cenas de ação e as canções grudam como chiclete.
Em um ano em que metade do universo foi obliterado e estamos sendo bombardeados por suposições e rumores envolvendo saída de atores, Os Jovens Titãs em Ação: Nos Cinemas vai ser amado pelas crianças, talvez odiado pelos adultos, mas nunca esquecido por este redator que vos escreve, assim como uma certa continuação de uma animação bem adorada, é uma crítica ao modo como estamos consumindo a cultura pop e como ela está nos consumindo. Mas é claro, no fim do dia, todos continuarão a pensar: “É apenas um desenho com piadas de pum.”