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Papo de Saloon | Tex: O Sinal de Yama

No último Papo de Saloon tive a oportunidade de dar um panorama geral sobre o maior vilão de Tex, o famoso Mefisto. Em Tex: A Volta de Mefisto, o icônico mago ilusionista retornou em toda sua glória numa história escrita e desenhada por dois gigantes da Sergio Bonelli Editore. Mas se você é fã de Tex Willer também deve conhecer o filho de Mefisto, Yama, um bruxo poderoso como seu pai. E onde ele esteve durante tanto tempo, após ter sido derrotado a última vez por Tex e seus pards? Em Tex: O Sinal de Yama vemos justamente isso.

Steve Dickart, o Mefisto, teve um filho com a cartomante Myriam. Este filho, Blacky, herda o legado do pai nos momentos finais de sua vida, adotando o nome de Yama e buscando vingança contra Tex e seus pards. Apesar de agir em nome do pai e recorrendo à ajuda de descendentes maias e astecas, ou por mestres do voodoo, Yama nunca obteve êxito em seus objetivos e, repudiado por seu progenitor, retornou à vida de saltimbanco com sua mãe.

O parágrafo acima resume muito bem tudo o que você precisa saber acerca deste vilão icônico do ranger mais querido dos quadrinhos. Yama sempre foi considerado inferior em poder ao seu pai por magos poderosos e até mesmo por Willer e Carson. Entretanto, em O Sinal de Yama, o vilão está determinado a, de uma vez por todas, dar um fim à vida dos heróis texianos.

Escrita por Mauro Boselli e ilustrada por Fabio Civitelli, Tex: O Sinal de Yama é uma história recente da cronologia do personagem. Este arco teve início na Itália na revista Tex 673 de novembro 2016, sendo publicado até a edição 675. No Brasil, em julho de 2017, a história chegou pela primeira vez às bancas em Tex 573. E por se tratar de uma obra artisticamente impecável desde sua primeira página, em maio de 2018 ela foi compilada no encadernado de luxo com capa dura que é o tema deste Papo de Saloon!

Boselli, um dos gigantes da Sergio Bonelli Editore, também edita o personagem, além de escrever história fantásticas e clássicos instantâneos praticamente 100% das vezes. Nesta história, Boselli bota na mesa todo seu conhecimento da cronologia texiana quando, ao trazer Yama de volta de sua rotina sórdida acompanhando sua mãe, busca toda a mitologia mística das páginas de Tex para criar uma aventura assombrosa com a nata do ocultismo.

Apesar de estarmos acostumados a ler histórias escritas por Mauro Boselli com mais “pé no chão“, como a maravilhosa Patagônia, quando o autor escreve histórias mágicas o nível se mantém da mesma forma. O roteirista trata todos os personagens, obviamente, de forma muito respeitosa, mas ao mesmo tempo cria momentos fantásticos envolvendo monstros das profundezas e fenômenos da natureza que são de arrepiar.

O autor é sagaz em, de forma inusitada, turbinar os poderes de Yama para que ele represente uma ameaça muito maior ao grupo de Tex, tanto quanto seu pai jamais representou. E apesar do tempo de publicação tão espaçado, esta aventura serve até mesmo como uma continuação para a história comentada no último Papo de Saloon, A Volta de Mefisto. O pai de Yama é uma figura essencial para a história do jovem bruxo, e não é deixado de lado neste épico mágico.

Além dos louros dedicados ao texto de Boselli, a outra parte que brilha aos olhos do início ao fim é a arte de Fabio Civitelli, o motivo desta edição existir. Um gigante no domínio de luz e sombras, Civitelli trabalha com tons de preto como poucos artistas da Bonelli. E a decisão editorial da Mythos em publicar esta história em formato gigante, valorizando o desenho do artista, foi acertadíssima. A ideia do encadernado maior que o formato italiano veio desta proeza do desenhista em chamar a atenção do leitor para cada detalhe obscuro.

O artista desenha criaturas Lovecraftianas, espíritos e demônios com a mesma maestria com a qual inunda as páginas com tempestades, furacões, inundações ou somente pessoas conversando. Cada quadro de Civitelli se assemelha a uma pintura, sempre se baseando no contraste do preto com o branco. E desta forma, as 330 páginas de horror e tiroteio fluem tão perfeitamente, de forma quase cinematográfica, que o combinado de roteiro e arte demonstra com perfeição o que ocorre quando se juntam dois autores fantásticos.

Tex: O Sinal de Yama deixa ganchos para uma continuação. Como todas as séries da Bonelli, Tex possui um potencial infinito de como seu universo pode ser explorado, e ter em mãos alguns usos em potencial para figuras tão emblemáticas é importante caso outros autores – ou os mesmos, e isso seria incrível – venham a se aventurar no ocultismo dos Dickart.

O preço sugerido desta edição é R$ 74,90, e seu formato é 27,2 x 20,2 cm. Caso tenha se interessado, clique aqui para garantir o seu com 26% de desconto!

Por Gabriel Faria

Assistente Editorial, apaixonado por quadrinhos, redator da Torre de Vigilância, criador do blog 2000 AD Brasil e otaku mangazeiro nas horas vagas.