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A dupla provocação (muito bem-vinda) em South Park: Guerras do Streaming

Com 25 temporadas e dois telefilmes nas costas, South Park conseguiu transbordar sua icônica acidez sobre inúmeros temas que foram pautados tanto na cultura geek quanto nos principais noticiários do mundo. Trey Parker e Matt Stone pisaram os pés no acelerador ao apresentarem um linguajar sujo e atitudes bizarras com os habitantes dessa cidade peculiar. Foi dessa forma que conseguiram conquistar seu público. E continuam conquistando!

Depois de Pós-Covid e Pós-Covid: A Volta da Covid, era possível que a próxima aventura pudesse trazer também algo atual para as telinhas e assim foi lançado Guerras do Streaming. Com esse título, o telespectador possa ter imaginado que a trama traria apenas referências ao constante embate das plataformas de streaming que acompanhamos todo santo dia. Só que o roteiro pregou uma bela pegadinha e trouxe mais uma boa discussão por trás disso tudo.

Atualmente, existe a séria preocupação sobre a crise hídrica ao redor do mundo e as terríveis consequências. O roteiro aproveitou este tema para conversar com seu público sobre o assunto. Com o plot de fornecimento de água sendo afetado em Colorado, o telefilme também apresentou o caos iminente quando determinadas regiões não possuem mais o ciclo hídrico da forma que era antes. Então, era preciso pensar numa solução para o retorno da qualidade desse serviço essencial.

Um inspetor foi designado para contornar a situação e acabou esbarrando nas fazendas de cultivo de maconha de Randy Marsh e Steve Black (100% Black, vale ressaltar). A partir disso, pudemos acompanhar a segunda provocação que a trama propôs em apresentar: a criação de serviços de streaming para os usuários comprarem o serviço de água deles. A metalinguagem tornando-se presente deixou toda essa construção genial e bastante afiada. Além do mais, este telefilme foi liberado onde? Exato, num streaming…

Do outro lado desse auê todo tivemos Eric Cartman querendo mudar o seu status de garotinho pobre para bastante rico após a chegada de seu novo vizinho. Querendo sair da sardinha que chama de lar, trouxe uma proposta indecente para sua querida mãe e após receber um sonoro não, resolveu ir atrás de seu sonho.

A trama do mesmo seguiu de forma paralela até determinado ponto com as Guerras de Streaming e quando se cruzaram, a situação ficou ainda mais engraçada quando mostrou até que ponto Cartman iria para alcançar seus objetivos. Nem que isso significasse andar todo turbinado.

Guerras do Streaming I conseguiu entreter com boas risadas ao longo de 48 minutos. A diversão foi absoluta com conspiração, diálogos insanos, seios bem turbinados e a sempre bem-vinda presença do Homem-Urso-Porco. As indiretas de âmbito ambiental foram pontuais e mostraram que mesmo numa série satírica ainda era possível abrir a roda para conversar sobre o meio ambiente.

O debate irônico sobre a suruba de streaming também veio com um timing excelente e mostrou como os usuários tornaram-se meros fantoches nas mãos dessas plataformas, ficando então completamente dependentes e exigindo cada vez mais pelo prazer da qualidade. Sempre querendo mais. Nunca satisfeitos. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, viu?

Nota: Ouro. 

As duas partes de South Park: Guerras de Streaming estão disponíveis no Paramount+.

Por Tassio Luan

Biólogo. Explorador do horror cósmico e de universos desconhecidos.

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