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A turnê da Canário Negro chegou no Brasil

Com a iniciativa DC & Você seguindo a todo vapor em terras brasileiras, a Panini Comics lançou o sexto encadernado da nova fase da Editora das Lendas, sendo este o primeiro inteiramente protagonizado por personagens femininas. “Canário Negro: O Som e A Fúria” conta a história de uma nova fase na vida da heroína, enquanto deve lidar com sua rotina de vocalista e enfrentar inimigos ao mesmo tempo.

Criando um spin-off derivado das páginas de Batgirl, o roteirista Brenden Fletcher recebeu uma importante missão: revitalizar uma das heroínas mais famosas da DC Comics. A Canário Negro sempre foi uma das personagens mais queridas pelos fãs, tida como a segunda mulher mais importante da Liga da Justiça, atrás somente da Mulher-Maravilha. E assim como o competente escritor modernizou a Garota Morcego, a história se repete nas páginas do gibi de Dinah Lance.

Dinah assumiu o posto de vocalista na recentemente rebatizada banda Canário Negro, e a partir daí, começou a causar furor no mundo da música. Usando o apelido DD, a personagem acaba notando que, por algum motivo misterioso, todos os shows de seu grupo (composto por Lorde Byron, Ditto e Incrível Paloma) acabam atraindo algum tipo de confusão, sempre terminando em violência e tudo sendo destruído. A partir daí, a história explora não somente a vida da banda, como também o passado de Dinah e os inimigos que ela acaba enfrentando.

Assim como o Bizarro de Gustavo Duarte foi uma modernização de um personagem conhecido, a revista da Canário Negro introduz novos elementos que funcionam muito bem. O roteiro, acompanhado das belíssimas artes de Annie Wu e Pia Guerra, sempre tenta focar no dia-a-dia da banda encrenqueira, acompanhando seus shows, backstages e até mesmo os elementos do passado do grupo, já que Dinah não foi a vocalista fundadora.

Compilando as edições #1 a #7, o encadernado possui um arco fechado que funciona muito bem. Aos poucos uma trama maior vai sendo costurada, e a história não falha ao tentar explorar um pouco mais do passado da protagonista. Por ser uma revista de super-heróis, todas as edições obviamente acabam descambando para momentos de porradaria, mas isso acaba sendo uma tendência de mercado para agradar todos os públicos. Afinal, seria inviável contar uma história somente da vida de artista de uma mulher que possui um grito fatal.

Mas já que é necessário termos momentos de ação, também é importante citar seus méritos. As cenas de luta são muito bem ilustradas, algumas misturando elementos musicais (como ondas sonoras, instrumentos e partituras), outras simplesmente de porrada bruta. E nisso entram os vilões, com motivações um pouco clichés, mas que funcionam dentro da proposta da revista. No final do arco, o grande vilão é bem mais interessante. Algo que beira o lado Grant Morrison da vida.

É importante lembrar que, pela história ser parte do novo universo da DC, elementos da antiga cronologia não fazem parte do passado da personagem. Porém, mesmo para os mais saudosistas, as novas personagens utilizadas são boas a ponto de segurar a história contada, já que todas possuem personalidades interessantes e bem construídas (especialmente Lorde Byron e Ditto, a garotinha).

No fim das contas, O Som e A Fúria é uma aventura despretensiosa, nova e ao mesmo tempo muito interessante graças a sua proposta, que é muito bem trabalhada – apesar de alguns clichés básicos – e se encerra de maneira inesperada (no bom sentido da palavra). Por ser um arco fechado, talvez o aproveitamento seja ainda melhor do que em outros encadernados publicados recentemente (como Arqueiro Verde: Pássaros da Noite, que deixou um arco pela metade). Porém, ainda existem pontas que estão soltas e devem ser exploradas num segundo volume.

Canário Negro: O Som e A Fúria é um encadernado em capa cartão contendo 164 páginas em Papel LWC e distribuição nacional ao preço de R$ 22,90.

Por Gabriel Faria

Assistente Editorial, apaixonado por quadrinhos, redator da Torre de Vigilância, criador do blog 2000 AD Brasil e otaku mangazeiro nas horas vagas.