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As primeiras cavalgadas promissoras de Destination

“Só não gosto de confusão quando estou tomando meu Brandy”

O cenário do quadrinho nacional tem nos presenteado com diversas excelentes produções dos mais variados temas; e o Velho Oeste não tem ficado para trás. Produções como Abutres (Julio Magah e Eduardo Vetillo), Gatilho (Pedro Mauro e Carlos Estefan), Saint Alamo – Balas não sentem culpa (Jonathan Nunes e Rafael Conte) e Balas Contadas (Hiram Miller) são maravilhosos exemplos publicados recentemente.

O cyberpunk também é um estilo que sempre se fez presente. Ultimamente, a Editora Draco publicou Cangaço Overdrive (Zé Wellington, Walter Geovani e Luiz Carlos B. Freitas) e a coletânea Periferia Cyberpunk abordando esse vasto mundo.

Mas e se juntássemos os dois?

Nós temos DestiNatioN.

Lançado oficialmente durante o FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, DestiNatioN se tornou uma das maiores novidades da feira. Misturando os dois gêneros, a HQ escrita por Alessio Esteves, e com desenhos de Lobo Loss, apresenta um mercenário em busca de vingança, uma religiosa aplacando sua ira por meio da fé e um jovem que só quer conhecer seu ídolo. Ao longo de quatro histórias no melhor estilo pé na porta, soco na cara, o universo de DestiNatioN é introduzido.

“Hora de cair no mal. É o country hardcore funeral!”

O primeiro volume de DestiNatioN é basicamente uma introdução. Em cada história que meio que se interligam, mas ao mesmo tempo são arcos fechados, os mistérios que envolvem os personagens afloram nas páginas e colocam várias pulgas atrás das nossas orelhas. Isso sem contar naqueles que estão começando a terem as suas histórias contadas, deixando a sensação de “ainda vamos ver esse cara de novo” na mente.

A ambientação de DestiNatioN, com seu tom de cor e suas histórias com saloons, prostitutas, brigas e tiros, transporta o leitor para dentro da HQ e, muitas vezes, parece que estamos segurando as músicas da banda Matanza. Aliás em alguns momentos os traços lembram do guitarrista Donida, um dos membros fundadores da banda de country-core.

A arte de Lobo Loss, juntamente com o acertado tom de sépia, ajuda a transportar o leitor para o cenário árido do deserto, aumentando o clima e envolvendo visualmente com as situações e personagens. Algumas outras cores mais fortes aparecem no decorrer das páginas, como o verde nos olhos ou no sangue dos Aracnoides. Igualmente o que acontece com o vermelho, no sangue que explode nas páginas ou nos olhos das maquinas.

Apesar de ser abertamente considerada um cyberpunk, em DestiNatioN, muitas das maquinas, ou membros mecânicos, passam despercebido. Agindo como parte do cenário ou nos movimentos dos personagens. É uma HQ de faroeste com pitadas tecnológicas. Esse é um dos grandes baratos de DestiNatioN, tem a essência da tecnologia futurista, mas que não atrapalha o western. Isso é um dos grandes charmes da HQ.

Outra boa sacada, que nos deixa íntimos em DestiNatioN, são as propagandas de época entre uma história e outra. Cigarros, sabonetes, bebidas, tudo como cartazes dos primórdios do marketing e além, é claro, as capas internas que homenageiam grandes nomes dos quadrinhos mundiais usando referencia de Piada Mortal, Wolverine, entre outras.

“Eu espero que você entenda bem, eu não gosto de ninguém.”

Os personagens apresentados em DestiNatioN são carismáticos, até mesmo aqueles que tomam tiros na cabeça ou na mão. O destaque com certeza é Jeff Van Cypher, um forte candidato a novo queridinho (que ele não leia isso) dos quadrinhos nacionais. Ele é a personificação do personagem mercenário padrão, que persegue o seu alvo implacavelmente, perito com suas armas, experiente, com certo senso de moralidade e sarcástico.

Os quadros, em alguns momentos, lembram tomadas de câmera, mas o que impressiona mesmo são os detalhes no cenário.  As tábuas das casas, os mecanismos sejam de personagens ou dos animais, ressaltam a sutileza do cyberpunk.

“Ergam seus copos por quem vai partir”

Mas, DestiNatioN tem um problema: ela acaba. A introdução a esse mundo tecnológico do Velho Oeste funciona e abre um leque de possibilidades. O universo e o caminho de DestiNatioN já estão abertos, agora é esperar para voltarmos a bater de frente com Jeff Van Cypher e os seus mistérios.

Para mais informações sobre DestiNatioN acesse o perfil oficial AQUI. Ou adquira o seu exemplar no site da Excelsior Comic Shop.

 

Por Ricardo Ramos

Gibizeiro, escritor, jogador de games, cervejeiro, rockêro e pai da Melissa.

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