Sou estudante do 2º período de Jornalismo e apaixonado por cultura pop. E assim como Justin Timberlake fez em seu 3º álbum de estúdio, estou vivendo minha 20/20 Experience.
A cantora Lady Gaga anunciou hoje (24) por meio de suas redes sociais o lançamento do seu novo álbum “Chromatica” que estava previsto para ser lançado no dia 10/04. Na publicação, Gaga diz que o adiamento é devido a pandemia causada pelo novo coronavírus.
“Embora eu acredite que a arte é uma das coisas mais fortes que temos para proporcionar alegria e cura um ao outro em momentos como este, simplesmente não me parece certo lançar este álbum com tudo o que está acontecendo durante esta pandemia global” Disse Gaga, em tradução livre, em um trecho da publicação.
Lady Gaga também confirmou que faria uma participação surpresa durante o Coachella 2020, que também foi adiado para Outubro. A artista ainda não revelou qual a nova data para o lançamento do álbum que conta com a presença do primeiro single “Stupid Love”, apenas disse que revelará em breve.
No último domingo (15), o cantor e rapper Childish Gambino, alter ego de Donald Glover divulgou no site DonaldGloverPresents.com seu novo álbum, 3.15.2020 que momentos depois foi retirado do ar. Hoje (22), ele divulgou novamente o trabalho, mas dessa vez, em todas as plataformas de streaming.
3.15.2020 conta com participações de Ariana Grande e 21 Savage nas respectivas faixas “Time” e “12.38”.
O último álbum de Gambino foi o aclamado “Aweken, My Love” de 2016. Entretanto, nesse período de tempo, Childish lançou alguns singles, como o hit premiado e ganhador de 4 grammys, “This Is America”.
“Você pode encontrar amor, medo, amigos, inimigos, violência, dança, sexo, demônios, anjos, solidão e companheirismo, tudo isso tarde da noite.”
– The Weeknd descrevendo After Hours.
The Weeknd, lançou hoje (20) seu novo álbum de estúdio After Hours. 3 anos e alguns meses desde seu último trabalho, Starboy (2016). O disco que já conta com o hit single número 1 das paradas americanas, Heartless e o provável também hit número #1 das próximas semanas, Blinding Lights é focado no amadurecimento da persona de Abel Tesfaye nos últimos anos. Se em Starboy, The Weeknd estava contando sobre a fama, expondo os lados positivos e negativos e se gabando por ser uma estrela. Em After Hours, depois de algumas mudanças conturbadas na sua vida pessoal e profissional como o polêmico relacionamento com Selena Gomez, a recepção morna do público do seu EP My Dear Melancholy, de 2018 e outras coisas, o canadense está disposto a colocar o pé no chão e sair de um pedestal que ele mesmo ficou após criar o alter ego do seu último álbum. Antes, ele se sentia no topo do mundo, afinal ele realmente estava, e cantava sobre isso, cantava sobre ser inalcançável e inatingível. Porém, parece que por agora, ele começou a aprender mais sobre como as coisas realmente funcionam. Tanto que na última música do disco, Untill I Bleed Out, Abel confessa que “Eu não quero mais tocar o céu / Eu só quero sentir o chão quando estiver descendo”.
Durante a jornada de descobrimento de uma humildade, as músicas possuem certo tom melancólico acompanhado com o medo dá uma solidão. Umas mais do que outras é claro. Algumas como Scared to Live conseguiram me passar até a sensação banzeira que um Vaporwave consegue transmitir. Essa questão da melancolia, não está ligada a apenas a sonoridade do projeto, ela é bem presente em todo conteúdo lírico. O que pode ser visto já na primeira faixa, Alone Again.
“Eu não sei se posso ficar sozinho de novo Não sei se consigo dormir sozinho de novo
Verifique meu pulso pela segunda vez
Tomei demais, não quero morrer”
Ainda sobre a sonoridade, After Hours têm um grande acerto e um grande erro. O grande acerto é a aposta da sonoridade oitentista completamente inspirada pelo synth-pop da época. Abel e seus produtores conseguiram mergulhar nessa sonoridade de forma tão majestosa que, se o álbum tivesse um pouquinho mais dessa pegada, não restaria dúvidas que seria o melhor de sua carreira. Blinding Lights, que de longe é a melhor música desse trabalho é o melhor exemplo disso. Também há canções maravilhosas como In Your Eyes e Save Your Tears. Que estão em uma sequência muito bem pensada dentro da tracklist, fazendo com que qualquer um que ouça o álbum se teletransporte imediatamente para década de 80.
Já o grande erro, se assim podemos dizer, é a repetição de uma sonoridade já conhecida de The Weeknd. Talvez essa fosse a minha maior preocupação quando ouvi Heartless, o primeiro single, assim que foi lançado. Heartless, assim como Snowchild, Escape From L.A e Faith poderiam facilmente estar no Starboy ou em qualquer outro trabalho antigo de Abel. Embora elas tenham produções mais sofisticadas. As 4 músicas só não podem ser consideradas fillers pelo storytelling presente entre as faixas 6 e 10.
Quem acompanha o trabalho de The Weeknd há um bom tempo, sabe que ele gosta de contar narrativas através de seu trabalho. Seu álbum Beauty Behind the Madness de 2015, tem os clipes de Tell Your Friends, The Hills e Can’t Feel My Face contam só uma história. Em Starboy, no clipe da faixa título e no de I Feel It Coming o mesmo acontece. E agora, em After Hours já temos os vídeos de Heartless e Blinding Lights que também contam uma história só. Entretanto, a visão que eu tive enquanto ouvinte de uma arte é que nesse projeto, The Weeknd está mais ambicioso.
Escape From L.Asoa como pontapé de toda história que Tesfaye quer contar. Não é a toa que nos clipes já lançados do álbum ele realmente está tentando fugir de Los Angeles. As letras de Escape, Heartless, Faith, Blinding Lights e In Your Eyes estão interligadas de forma cronológica. O que deixa tudo mais genial e faz perdoar a decepção com as produções nada inéditas na discografia do mesmo.
After Hours que mostra a visão e a reflexão de um popstar, ou melhor, de um starboy, nos seus recém completos 30 anos sobre toda jornada que ele passou nesse curioso e estranho mundo da fama. Mistura muito bem todas as referências acumuladas desses últimos anos e vira um trabalho de identidade singular. É honesto, humilde, forte e inovador. Pode ser um álbum que com o passar do tempo, torne-se ainda maior para muitos, e até mesmo o maior de toda discografia. The Weeknd desconstruiu a armadura que tinha criado anos atrás e abraçou um novo doloroso processo de amadurecimento, seja na forma lírica ou sonora. É realmente um álbum perfeito para servir de companhia durante a madrugada. Sejam elas felizes, tristes, melancólicas, psicodélicas ou pós-festivas.
Desde quando a OMS decretou como pandemia a doença causada pelo novo coronavírus, não somente as áreas da saúde, política e economia sofreram graves consequências como também a cultura sofreu. E, provavelmente por ela estar tão ligada a todas as pessoas diariamente de forma direta e indireta, ela seja um dos mais fortes componentes para ajudarem na informação do quão grave é a situação mundial. A TV Globo fechou seus estúdios, e pela primeira vez em décadas anunciou que vai tirar suas novelas atuais do ar, Hollywood está prestes a enfrentar sua maior crise desde a greve dos roteiristas de 2008. Diversas produções e pré-produções de filmes e séries foram paradas ou canceladas, e principalmente, vários filmes, se não todos, tiveram suas estreias adiadas. Blockbusters como Mulan, Viúva Negra, Velozes e Furiosos 9 e Um Lugar Silencioso 2 foram realocados para futuras datas. Entretanto, há um segmento que obviamente sofreu sanções mas que não apavora de fato a indústria como um todo, é a indústria da música. E tudo isso graças aos streamings. A COVID-19 trouxe para música adiamentos de shows e festivais ao redor do mundo. Por exemplo, o Coachella, as edições do Lolapalooza na América do Sul e a turnê do Mc Fly no Brasil foram adiados. Já a 50° edição do Glastonbury, um dos maiores festivais do mundo, foi cancelada. Porém, no que se trata de lançamentos, bem diferente do cinema, a indústria fonográfica vai muito bem obrigado. Para os próximos dias está programado – até a publicação desta matéria – grandes lançamentos de álbuns como de The Weeknd, J Balvin, Pearl Jam, Dua Lipa e Lady Gaga. Esses lançamentos vão ocorrer normalmente porque, em 2020, a música, para acontecer, não depende mais dos meios de divulgação tradicionais como rádio e televisão. Principalmente se o artista tiver nascido em meio a era dos streams como J Balvin e Dua Lipa.
No Spotify, a maior plataforma de streaming do mundo, cada um possuiu, respectivamente 54.685.10 e 52.862.872 milhões de ouvintes mensais. Portanto, lançar um álbum novo, principalmente em um momento que a maioria das pessoas do mundo inteiro terão tempo e disponibilidade para ouvirem seus lançamentos, pode até render mais que em uma época normal. Um grande exemplo que os streams salvaram a indústria fonográfica de uma crise maior ainda é dado por Don’t Start Now, primeiro single do “Future Nostalgia” álbum de Dua Lipa previsto para ser lançado no próximo dia 3. A canção é a mais forte no momento a conseguir figurar o topo da parada americana nas próximas semanas de acordo com previsões. E a britânica de 24 anos tinha uma apresentação marcada para o próximo final de semana no “Saturday Night Live” um dos maiores programas em audiência dos Estados Unidos que foi cancelada. Desespero? Nenhum. O cancelamento da performance prejudicará seu single na corrida pelo topo da Billboard? Não.
Por fim, essa triste pandemia, veio para evidenciar diversas coisas na nossa sociedade. Desde a importância da auto-prevenção e da conscientização populacional até a mudança no cultural. O que mostra que a indústria musical realmente mudou. A música popular – leia-se aqui, músicas feitas para vender, independente do gênero musical – não precisa mais de barreiras corporativas e pessoais para realmente acontecer. Realmente a democratização musical é uma realidade, ainda que possa parecer um pouco utópica.