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Novos títulos de Criminal de Ed Brubaker em pré-venda

Mais dois volumes da série Criminal estão em pré-venda. Se você curtiu Criminal Covarde provavelmente já está ansioso para saber o que está por vir, eu estou!

Já é sabido que desde o ano passado a Editora Mino está trazendo os títulos autorais de Ed Brubaker em parceria com Sean Phillips. Salvo algumas exceções, a maioria dos quadrinhos virão com a arte de  Sean.

Para quem perdeu essa deixa vamos dar uma recapitulada no assunto para ninguém ficar de fora dessa. Vamos lá!

O contrato de exclusividade entre a Editora Mino e Brubaker se iniciou com PULP (Julho 2021) e já trouxe edições como  Matar ou Morrer (Setembro 2021) e Meus heróis eram todos viciados (Dezembro 2021) e Fade Out. Esse contrato vai permitir que sejamos brindados com os melhores autorais já lançados, além de títulos inéditos pelos próximos 5 anos.

Agora, a Mino está trazendo as edições da série Criminal que teve início em dezembro 2021, com o título Meus Heróis eram todos viciados que faz parte desse mesmo universo. A série Criminal teve seu primeiro título lançado em Abril deste ano, com Criminal Covarde, Enquanto os demais títulos estão vindo bimestralmente, os volumes Criminal LawlessCriminalos mortos e os moribundos já se encontram em pré-venda no site da Editora e pela Amazon com 30 OFF + frete grátis e  Brindes. Não dá pra perder, né?

Confira uma prévia do primeiro título Criminal Covarde:

Um homem com habilidades duvidosas, um velho senil, uma mãe querendo um último trabalho para conseguir cuidar de sua filha, ambos envolvidos em uma tramabquase sem saída.

𝐋é𝐨 é um homem que cultivou a habilidade de bater carteiras e fazer pequenos furtos desde a infância, habilidade essa que foi desenvolvida com muito mais destreza ao longo dos anos. Uma de suas poucas regras era não ir parar no lugar do qual  tinha certeza que pertencia: a cela de uma 𝐩𝐫𝐢𝐬ã𝐨.

Por esse motivo é visto como 𝐜𝐨𝐯𝐚𝐫𝐝𝐞, como um homem que tem medo de arriscar e não tem colhão suficiente. Mas, não sabem que 𝐋é𝐨 tem algo muito pior, algo que apenas ele sabe que não pode ser liberto.

“𝘓é𝘰 é 𝘶𝘮 𝘤𝘰𝘷𝘢𝘳𝘥𝘦. 𝘌𝘭𝘦 𝘯ã𝘰 𝘴ó 𝘧𝘪𝘤𝘢 𝘭𝘰𝘯𝘨𝘦 𝘥𝘰𝘴 𝘱𝘳𝘰𝘣𝘭𝘦𝘮𝘢𝘴, 𝘦𝘭𝘦 𝘤𝘰𝘳𝘳𝘦 𝘥𝘦𝘭𝘦𝘴.⁣⁣”⁣⁣

Resenha na íntegra AQUI

Confira os outros títulos já confirmados pela Mino:

Velvet

Fatale

Reckless

Cruel Summer

Scene of Crime

A bad Weekend

Os títulos mostrados acima ainda não tem data exata para seu lançamento, mas provavelmente a partir de setembro já teremos novo lançamento. Então fique de olho por aqui, pois anunciaremos todos os volumes que entrarem em pré-venda. E aí, para quais títulos estão mais animados? Eu mal posso esperar pela estreia de Bad Weekend, nada como a história de um quadrinista fora dos eixos pra dar uma animada nas leituras.

A gente se vê por aí! 

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Vigilante: Conheça as versões do personagem

Quadrinhos podem ser complicados. Diante tantos personagens, tantas versões e visões diferentes, muitas vezes acabamos nos confundindo com tantas informações, vindas da internet, streaming ou até mesmo dos quadrinhos. Este artigo visa esclarecer algumas dúvidas, e pontuar certos aspectos da alcunha do Vigilante. Pra não restar mais dúvidas, vamos lá?

Vigilante (Greg Saunders)

Apesar de dividir o mesmo nome, o Vigilante “cowboy” não é o mesmo personagem da série do Pacificador, e ele está na lista justamente para esclarecer alguns pontos. Criado por Mort Weisinger e Mort Meskin, o Vigilante (Greg Saunders) fez a sua estreia no longínquo ano de 1941, na revista Action Comics #42. Mas, pelo menos aqui no Brasil, o “Superman de Chapéu” ganhou popularidade nas manhãs do SBT, no desenho Liga da Justiça: Sem Limites, exibido aqui pela primeira vez em 2005.

Greg integrou uma das equipes mais populares da época, conhecida como Os Sete Soldados da Vitória, e que foram os predecessores da Sociedade da Justiça da América. Ele esteve no grupo com outros clássicos membros da Editora das Lendas, como o Arqueiro Verde, Listrado, Sideral, Cavaleiro Andante, Vingador Escarlate e Wing. Greg se tornou o Vigilante para fazer justiça, após o assassinato de seu pai. Ele não possui nenhum tipo de poder, além da sua excelente mira e seu talento para a música.

O personagem, infelizmente, tem um escasso material para quem quiser se aprofundar mais em sua mitologia. É possível encontrar alguma coisa em inglês nos sebos da vida como essa ótima minissérie com 4 edições.

Ao passar dos anos, Os Sete Soldados da Vitória foram perdendo seu espaço, sendo ofuscados por outras equipes e personagens, tendo pequenas homenagens e aparições diversas nas mídias.


Vigilante (Adrian Chase)

Após ter sua família assassinada, o promotor de Justiça, Adrian Chase, enolouquece, e cruza a linha da justiça, buscando vingança e os criminosos responsáveis pela sua perda. Os anos 80 tiveram um grande boom de personagens violentos, não só nos quadrinhos, quanto nos cinemas. Essa versão mais sombria do personagem, foi criada por Marv Wolfman e George Pérez, e ele fez a sua primeira aparição como Vigilante em New Teen Titans Annual #2.

Chase acabou ganhando seu prórpio título uns meses mais tarde, em 1983. Contando com 50 edições, o personagem viveu o ápice e o declínio daquela fórmula oitentista, e acabou perecendo, vítima de seus próprios erros, em um final pra lá de depressivo. Após uma sucessão de erros, incluindo matar policiais inocentes por acidente, Adrian decide dar um fim à sua vida, na última página do quadrinho.


Vigilante (Pacificador)

Indo totalmente na contra mão da versão oitentista, o Vigilante de James Gunn, decidiu seguir uma pegada mais leve e bem-humorada. A releitura casou bem, tanto com o teor da série, quanto com o ator, Freddie Stroma. O personagem chega a ofuscar o protagonista de John Cena em certos episódios. É possível que, em um futuro próximo, vejamos mais dele, inclusive, eu não me surpreenderia se ele ganhasse uma série própria. Na série, é pouco explorado o passado dessa versão do Vigilante, mas, ao que tudo indica, eles mantiveram o passado trágico do personagem.


Vigilante (Donald Fairchild)

O DC Renascimento nos apresentou uma outra versão do Vigilante. Donald Fairchild, um ex-jogador de basquete, busca justiça, quando tem sua esposa assassinada. Infelizmente, o título fracassou logo de início, sendo cancelado logo após sua terceira edição.


Vigilante (Dorian Chase)

O irmão de Adrian, Dorian, também vestiu o uniforme do Vigilante. Essa versão é pouco conhecida, justamente por ser pouco expressiva mas não menos interessante. Ele apareceu pela primeira vez em Nightwing Vol.2 #133, se tornando um parceiro temporário de Dick Grayson em busca de justiça. Obviamente, as visões diferentes de justiça uma hora se colidiram. Dorian, chegou a ganhar seu próprio título em 2009 pelas mãos de Marv Wolfman, com 12 edições.


Vigilante (Arrow)

Aqui como o vilão Prometheus, Adrian Chase teve seus momentos como vilão principal na série da CW, estreando na quinta temporada de Arrow. Em contrapartida, a série teve seu próprio Vigilante, conhecido como Vincent Sobel, um ex-policial, que havia adquirido poderes de regeneração. Confuso, não?


Vigilante (Cinema)

Voltando a Greg Saunders (Sanders, para a versão cinematográfica), o Vigilante foi um dos primeiros heróis a irem para o cinema em formato de série. Interpretado por Ralph Byrd, e dirigido por Wallace Fox, The Vigilante: Fighting Hero of the West, foi produzido e distribuido pela Columbia Pictures, no ano de 1947, e conta com 15 episódios.


Vigilante (Batman: Os Bravos e os Destemidos)

Outra versão de Greg Saunders que deu as caras, foi a do desenho Batman: Os Bravos e Destemidos. Sua aparição se dá o episódio 3 da terceira temporada, Night of the Batmen!, que foi ao ar em 2011. Além de ser um exímio pistoleiro, Greg é um excelente músico. Confira um dos trechos do episódio com a música “Gray and Blue”.

https://www.youtube.com/watch?v=-eJM4GiuoKQ


Vigilantes (Quadrinhos)

Também tivemos outros personagens, menos expressivos, que vestiram a alcunha do Vigilante.

Alan Wells: Apareceu em Vigilante #20, operando como uma espécie de impostor, mais violento e totalmente sem códigos morais. Ele foi morto posteriormente pelo verdadeiro Vigilante na edição #27.

Dave Winston: Um dos amigos do Vigilante, ele foi um combatente mais compassivo com os criminosos, mas que foi morto pelo Pacificador na edição #23 do título. A morte de Dave foi um dos pilares que marcaram a vida de Adrian Chase.

Justin Powell: Justin se torna um Vigilante, após presenciar um assassinato. Sua run foi lançada em 2005, e conta com apenas 6 edições.

Patricia Trayce: Operando em Gotham City, a detetive é treinada pelo próprio Exterminador e trilha seu próprio caminho contra o crime como a Vigilante III. Ela apareceu pela primeira vez em Deathstroke the Terminator #6. Sua última aparição foi em Superman: The Man of Steel #120, em 2002.

Ufa! Quantas versões para um mesmo nome, não é? Espero que tenham curtido a nossa lista sobre o Vigilante! Até a próxima!

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ALTAI & JONSON, mais novo título da editora Tortuga no Catarse

Não se deixe enganar pelo logo dessa editora, pois a Tortuga é tão veloz quanto uma lebre! Seu primeiro projeto, Dois Generais, foi muito bem sucedido e finalizou dia 11 deste mês, e uma nova campanha já está prestes a começar.

ALTAI & JONSON é o mais novo sucesso que a Tortuga está prestes a lançar na pré-venda através do financiamento coletivo pelo Catarse. Da mesma forma que aconteceu em Dois Generais, quem garantir esse projeto durante a campanha de financiamento estará garantindo o valor promocional de pré-venda, após esse período irá sofrer o reajuste para distribuição nas lojas parceiras.

Esse novo título irá compilar todas as histórias de ALTAI & JONSON já lançadas em quadrinhos, pelos já conhecidos Tiziano Sclavi (Dylan Dog) e Giorgio Cavazzano (Disney Itália), dois ícones do mundo dos quadrinhos italianos ao redor do mundo.

O quadrinho foi criado como uma homenagem aos filmes e seriados policiais dos anos 70 e 80 lançados em Hollywood, sucesso no mundo todo e narra, com humor peculiar, as aventuras dos detetives particulares  Altai e Jonson na cidade de São Francisco no final da década de 70.

A campanha no Catarse terá início dia 24 deste mês, anote na agenda e não perca essa oportunidade de  ouro para garantir esse material com precinho promocional (mais frete). Lembrando que assim como em Dois Generais, a HQ será lançada independente do alcance da meta do financiamento coletivo, mas o valor especial estará garantido apenas na pré-venda

ALTAI & JONSON terá formato 20,5 x 27,5cm, 304 páginas em  preto e branco, Preço no catarse para a edição impressa: a partir de R$ 45,00 + frete.

Para apoiar o projeto e obter mais detalhes sobre recompensas, clique AQUI

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A Leitura Que Me Fez Bem! As Indicações de 2021!

Em todo mês de dezembro, surgem as famosas “listas dos melhores do ano”. Ano passado, resolvemos criar algo diferente e juntamos um time de pessoas que fazem parte da mídia de quadrinhos, ou então que fazem quadrinhos ou que são leitores, e criamos A Leitura que Te Fez Bem. Aquele gibi ou livro que te fez bem no ano que passou, que tenha mexido com você de alguma forma.

Esse ano juntamos uma galera de primeira linha e pedimos para realizar a mesma coisa. E o resultado foi muito bom.

Principalmente, por que esse ano reuniu algumas resenhas de quadrinhos nacionais e de uma galera que… digamos… é mais “underground”. O que é bom, por que se tem uma coisa que eu adoro é divulgar a galera dos quadrinhos nacionais. Principalmente a galera lá da labuta.

Mas também temos arrasa quarteirões como X-Men do Jonathan Hickman, Incal, temos mangá, livros e a maravilhosa Berlim. Ou seja, tem para todos os gostos. Se te fez bem, se colocou sua massa para pensar, se te deu um alivio e te divertiu. Então o gibi cumpriu a sua missão.

Um time lindo, cheiroso e talentoso, colocou aqui suas leituras que, de alguma forma, marcaram ou que ficou na mente esse ano e indica para você, queridaço leitor! E aqui está a leitura que fez bem para todos nós:

Quadrinhos Azedos Vol. 0 (Felipe Limão) – Por Ricardo Ramos

O quadrinista e professor Felipe Limão não fez uma coletânea com suas histórias. Ele agiu como a música da banda Engenheiros do Hawaii chamada Armas Químicas e Poemas: “Eu abri meu coração, como se fosse um motor. E na hora de voltar, sobravam peças pelo chão. Mesmo assim eu fui à luta…” sim, Felipe foi a luta e apresenta um dos quadrinhos mais sinceros que transbordam sentimentos que li esse ano. Ele junta tudo que vivenciou na pandemia do COVID-19 desde o ano passado, em relação a seu relacionamento, vida financeira, raiva do negacionismo, medo de perder pessoas queridas, conviver com perdas cada vez mais próximas… e também a alegria de reencontrar parentes, amigos e uma retornada a “vida normal”.

Quadrinhos Azedos V.0 reúne essas passagens e também trabalhos do Felipe Limão publicados em 2019 como a excelente Tempo Acúmulo. Em uma viagem existencial, onde tudo depressão e desanimo batem de frente com esperança e a alegria de uma vida simples, Quadrinhos Azedos é um espelho para muita gente que se vê nas situações do Felipe.

Para poder ter o seu exemplar, você pode entrar em contato direto com o autor pelo Twitter ou assinando a sua campanha no Padrim.


Manual do Minotauro (Larete) – Por (Laura Athayde – designer, ilustradora e quadrinista)

Eu adoro quadrinhos, mas eu AMO tirinhas! Não é à toa que esse é o formato que mais exploro no meu trabalho. Acho que tirinhas têm um potencial imenso de provocar reflexões e sentimentos com poucos e bem pensados quadros. Por isso, a minha leitura preferida do ano (que, na verdade, ainda não terminei) é o Manual do Minotauro, da Laerte. Bem conhecida pelas tirinhas com personagens engraçados e charges de cunho político, em 2004 Laerte começou a testar formas diferentes de fazer quadrinhos.

Ela foi pra um caminho mais filosófico e experimental, e são esses trabalhos que estão compilados no Manual do Minotauro. O livro tem mais de 1.500 tirinhas, a maioria delas composta de 4 quadros. E é incrível ver tantas formas diferentes que a autora encontrou de preencher esse espaço!

Manual do Minotauro é uma publicação da Quadrinhos na Cia.


X-Men (Jonathan Hickman) – Por Konema (Podcaster do HQ Corp e comentarista de NBA no Twitter)

Meu prêmio de melhor quadrinho do ano vai para os X-men de Jonathan Hickman!

Não é de hoje que a gibisfera rasga elogios ao Hickman e nessa fase dos mutantes não poderia ser diferente! Depois de anos de história de sofrimento com lapsos de sucesso, Jhonathan vem para escrever um épico mutante onde a raça Homo-Superior finalmente irá PROSPERAR no universo Marvel!

Tem como isso ser ruim?

Esse foi o melhor título que li esse ano, disparado, chegava a da crise de ansiedade esperando a próxima edição, coisas como a formação da nação mutante Krakoa a planos “sem falhas” do futuro da raça mutante arquitetado por Magneto e Xavier em cima de uma pilha de segredos.

Um dos pontos mais altos para mim é como o Hickman escreve o Ciclope, Scott Summer tomou no meu coração o primeiro lugar antes conquistado pelo Logan, neste título ele contempla que FINALMENTE a raça mutante chegou a um patamar onde não está mais se matando, onde não a mais necessidade de revolução ou guerras e que finalmente eles têm uma terra para chamar de sua, ele nunca teve isso e vai lutar com tudo o que tem para manter, é apaixonante ver a evolução do personagem de aluno, líder, revolucionário para agora protetor!

Eu poderia perder horas falando desse título, até já fiz isso em outras mídias, mas fica aqui para vocês a melhor leitura do meu ano de 2021.

X-Men é publicado no Brasil pela Panini Comics.


Dez Dias num Hospício (Nelly Bly) – Por Raphael Fernandes (Editor-Chefe da Editora Draco e sangue bom demais)

Dez Dias num Hospício, de Nelly Bly, foi uma grata surpresa e acredito que foi o livro mais interessante que li este ano. Trata-se de uma reportagem de 1887 sobre o sistema manicomial norte-americano, que foi escrita por uma das pioneiras do jornalismo investigativo.

A jovem Bly conseguiu forjar facilmente a própria condição mental e testemunhou como funcionava o encarceramento de mulheres em instituições para “tratamento” de pessoas com algum tipo de distúrbio mental. Uma reportagem brutal, muito bem escrita e que revela que o inferno somos nós.

Dez Dias num Hospício é uma publicação da Editora Fósforo.


Tecnodreams (Isaque Sagara) – Por Monique Mazzoli ( Podcaster Yellow Paper, HQ Corp e redatora da Torre de Vigilância)

Meu quadrinho escolhido do ano de 2021, entre muitos que eu também gostaria de falar, é o Tecnodreams do Isaque Sagara. Tecnodreams aborda um cenário futurista, mas que infelizmente ainda está preso em questões do passado, uma realidade ainda muito atual para todos nós, como a desigualdade social e a ideia errônea da meritocracia.

A HQ narra como a possibilidade de obter um pouco mais de poder sobre o próprio destino, ainda que em um mundo de realidade virtual, faz com que o ser humano passe rapidamente de oprimido a opressor. Com o Slogan: “Seja o que você quiser” a tecnologia Orion, da empresa Tecnodreams, faz com que seus maiores sonhos e desejos estejam a um passo de distância, basta desejar.

O trabalho do professor e quadrinista Isaque Sagara, sempre aborda questões sociais, mostrando como ainda vivem boa parte dos brasileiros, com temas pertinentes a serem debatidos, independente do cenário apresentado. Recomendo demais, não apenas esta HQ, como também seus outros trabalhos.

Tecnodreams é uma publicação do selo Negrogeek.


Dampyr (Mauro Boselli e Maurizio Colombo)  – Por  Caio Oliveira (Cantinho do Caio e o mais amado pelo fãs do Snydercut)

Quando me pediram pra resenhar o melhor gibi que li em 2021, eu tive que parar e pensar bastante pra lembrar qual foi. Não que não tenha lido coisas incríveis esse ano, mas: 1- queria evitar cair em Demolidor do Zdarsky ou Hulk do Ewing; 2- o grosso do que tenho lido nos últimos anos são compilações gringas de gibis velhos que li nos anos 80 e 90, e não sabia se isso funcionaria na proposta que me pediram. Foi então que me decidi por Dampyr, da Editora 85, que tá fazendo um excelente trabalho editorial em suas publicações. Dampyr nem sequer é meu fumetti favorito em bancas atualmente (esse seria Mágico Vento), mas eu tenho um carinho especial por Harlan Draka e seus companheiros por ter sido o primeiro fumetti que comprei em bancas, em 2004, quando ainda era publicado pela Mythos. Eu já lia Ken Parker, Dylan Dog e Mágico Vento que comprava em sebos, mas comprar a edição na banca me pareceu na época um ato de traição contra os gibis americanos, meu xodó na época! Me senti ousado e aventureiro!

Mas do que trata Dampyr? É a velha história de um caçador de vampiros filho de um vampiro mais poderoso. O diferencial de Dampyr é a ambientação, quase sempre as histórias se passam em cidades do leste europeu (em especial Praga) onde eclodem guerras civis, um prato cheio pros vampiros, que se banqueteiam. Na edição 7 da Editora 85, nós temos 4 histórias, 3 delas escritas por Mauro Boselli e uma escrita por Maurizio Colombo, os criadores do personagem. Eu prefiro a escrita do Boselli, acho mais fluida, em especial na história que abre a edição, “Pesadelo Flamengo”, sobre dois amigos idosos envoltos no mistério  do assassinato de seus velhos conhecidos de infância, numa trama de terror que deixaria Dylan Dog orgulhoso! Isso com a arte magistral de Luca Rossi (aliás, todos os artistas dessa edição 7 são fantásticos!).

Enfim, Dampyr é um bom gibi pra quem procura ação, terror e até um pouco de tramas históricas. Recomendo demais!

Dampyr é publicado no Brasil pela Editora 85.


Laura Dean Vive Terminando Comigo (Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O’Connell) – Por Fabi Marques (Colorista e podcaster do 1001 Crimes e DFP)

Laura Dean Vive Terminando Comigo é uma daquelas hqs que a gente lê de uma vez só e depois fica olhando pra parede se sentindo órfão.
Os personagens são tão bem escritos que a gente vive todo o ciclo de estar preso em um relacionamento tóxico e sente o frio do coração de gelo de uma pessoa que não está emocionalmente disponível, no caso, a Laura Dean.

O enredo é muito bem construído, no meio existe uma certa confusão que é exatamente o sentimento de um relacionamento abusivo não linear, com seus altos e baixos muito baixos mesmo.

Um quadrinho que mostra que todes nós estamos sujeitos a cair em armadilhas tóxicas e não é nossa culpa. Um quadrinho que pode ajudar a curar um coração partido mas também ensinar outras pessoas a terem mais empatia, enquanto mostra o verdadeiro valor das amizades e que você não está só.

Laura Dean Vive Terminando Comigo é uma publicação da editora Intrínseca.


Detrito – do caos a lama (João Carpalhau, Alex Genaro e Cristiano Ludgerio) – Por Paloma Diniz (Desenhista e quadrinista)

Sinopse: a história se passa na Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, e narra o dia a dia de Renato Barros, um professor que está num momento muito ruim e delicado em sua vida pessoal e profissional. Como se não pudesse piorar mais, acontece um acidente químico após um assalto a um carro com carga radioativa na cidade. O que mudará completamente a vida do Renato e das pessoas na história. Baseada em fatos trágicos e reais que ocorreram em 2012 na cidade de Duque de Caxias-RJ, apesar de ficcional, traz muito da realidade brasileira.

Pessoalmente, é uma HQ na qual me identifico e que gostei muito em todos aspectos: uma HQ brasileira, feita por brasileiros, ficcional e bem embasada na nossa vida; uma história completa (com começo, meio e fim), num formato fácil de manusear, confortável de ler, e o melhor: preço acessível. Pra mim, o melhor de uma produção brasileira em todos os quesitos. Precisamos de mais HQs como estas.

Detrito – do caos a lama é uma publicação da Capa Comics.


Ao No Flag (Kaito) – Por Bruno Fonseca (Editor-Chefe do site Proibido Ler)

Sabe aquelas leituras que não exige nada do leitor? Você não tem que ter conhecimento prévio de nada, nem precisa se esforçar muito pra entender a trama. É sentar, ler e se divertir de um jeito simples e prazeroso. Assim é Ao No Flag, mangá escrito e ilustrado por Kaito.

Na história, três jovens estão naquele período de se formar no Ensino Médio e entrar na faculdade. Um período cheio de dúvidas e incertezas, mas que ficarão menos pesado por conta dos protagonistas. Aqui, todo mundo gosta de todo mundo, mas ninguém tem coragem de assumir e eles vão de um jeito único se entendendo e te cativando. Leitura boa para desestressar e relaxar.

Ao No Flag é publicado no Brasil pela Panini Comics.


Incal (Alejandro Jodorowsky  e Moebius) – Por Carlos Pedroso (Yellow Paper poscast)

Um dos quadrinhos que me marcou em 2021 foi Incal, escrita por Jodorowsky e desenhada por Moebius, da editora pipoca e nanquim. Incal apresenta um futuro distópico cheio de bizarrices, ação e aventura capazes de me fazer imaginar no mundo real como tudo isso seria. Com uma visão particular para um futuro a autor nos apresenta a uma intriga intergaláctica ala Star Wars, cheio de inimigos perigosos que querem dominar o universo e aliados inesperados. Incal conseguiu me prender da primeira à última página com maestria, e conforme fui entrando e conhecendo seus personagens fiquei de boca aberta com o roteiro e artes casam de uma forma única, construindo todo universo e com seus personagens cheio de camadas e história bizarras.

Particularmente o querido Jonh Difoo que mais parece um velho rabugento que só sabe reclamar, foi sem dúvida o melhor personagem. Sempre reclamando de algo, o duvidando o tempo todo e sendo o herói improvável. Outro que me cativou foi o Metabarão, personagem frio e calculista, cheio de manias mais parecido com o “Hitman do jogo”, o Metabarão deu um ar de filmes dos anos 80 para a trama. O mais interessante é que todos os outros personagens são importantes para o desenvolvimento da trama e tem seu momento. E meu, que história concisa, densa e cheia de reviravoltas e surpresas que te prende e te faz querer chegar ao final para descobrir o que vai acontecer com nossos heróis.

Com uma arte impecável e roteiro sensacional, Incal sem dúvidas é uma das melhores leituras que fiz nesse ano fácil. Um adendo, cara que cores tem esse quadrinho, com uma coloração viva que realça todos os ambientes, além de destacar em detalhes os ambientes, planetas e pessoas. Esse é o tipo de quadrinho, com uma combinação perfeita na minha opinião como fã de ficção científica e tem tudo para quem gosta do gênero, viagem espacial, tramas bem elaboradas, uma visão distópica do futuro e muita ação.

Incal é uma publicação da editora Pipoca & Nanquim.


Berlim (Jason Lutes) – Por Léo Palmieri (Podcaster Gibi Nosso de Cada Dia e fundador do site Crossover Nerd)

Imagine acompanhar algumas vidas durante o conturbado período de 1928 a 1938 em Berlim. Neste incrível quadrinho, Jason Lutes conseguiu sintetizar de forma magistral, acontecimentos incríveis na vida de pessoas comuns na cosmopolita Berlim dos anos 30. Aqui, vemos como foi a ascensão do Nazismo frente a todas as situações ideológicas possíveis, bem como este regime totalitário se utilizou de toda a cultura e informação para, aos poucos, estabelecer o seu poder.

Jason Lutes demonstra neste trabalho, que além de uma narrativa sem igual (beirando a cinematográfica em algumas situações), domina muito da história da Alemanha. Os Embates dos Nazistas contra os comunistas, a troca de situações quase novelescas, o auge e queda de pessoas, comércio, cultura e liberdade. Berlim não é uma obra fácil de se digerir, se você não for uma pessoa empática. Esse quadrinho me tocou muito nesse ano.

Berlim foi publicada pela Editora Veneta.


Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria (Max Andrade) – Por Gabriel Ávila (Jornalista do site Jovem Nerd)

Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria é a típica HQ que engana o leitor. Se você confiar na sinopse, vai achar que está comprando um “mangá sobre aceitação e amadurecimento em uma realidade” – o que não é mentira, mas não é toda a verdade. Partindo desta ideia, que parece simples, Max Andrade (Tools Challenge) constrói uma história que é ao mesmo tempo grandiosa e metalinguística, como também é intimista e sincera.

É nesse equilíbrio de coisas que parecem antagônicas que esse quadrinho sustenta em uma história cativante as infinitas referências que habitam a mente de um dos maiores talentos dos quadrinhos. E faz tudo isso com uma sinceridade vibrante que torna a experiência memorável e o Juquinha um dos mais queridos personagens das HQs.

Vida longa ao Juqs!

Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria é uma publicação da Editora Draco.

 

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‘Gioconda’ celebra o amor e a arte por Da Vinci

Vencedora do edital de quadrinhos do ProAC em São Paulo no ano passado e lançado ainda este mês pela Nemo, Gioconda nos conta uma história apaixonante e entrega uma celebração, não só do amor entre duas pessoas como também ao amor que temos pela arte e, além disso, homenageia com maestria todo o trabalho do grandioso Leonardo Da Vinci.

Em Gioconda, acompanhamos Francisco: um imigrante brasileiro que mora em Paris e trabalha no famoso museu do Louvre como faxineiro, sendo o responsável pelo andar no qual se encontra a Monalisa – a famosa obra de DaVinci. Como um grande amante das artes e admirador da obra, o protagonista acaba se apaixonado pela criação de Leonardo DaVinci e pelo seu misterioso sorriso. Até que, em um certo momento, ele encontra uma mulher extremamente semelhante à obra do pintor enquanto andava no metrô da cidade

Com uma trama simples e, relativamente curta, Gioconda consegue se mostrar como uma obra simples e bela que cativa o leitor do início ao fim. É interessante observar que a obra não se restringe apenas em exibir nas páginas toda essa relação entre Francisco, a obra e Elisa – a mulher pelo qual Francisco se apaixona. Além de trabalhar o mistério por trás da semelhança física entre a Elisa e a obra de arte, o quadrinho também aborda, mesmo que brevemente, a xenofobia que o brasileiro sofre em outros lugares.

A história feita por Felipe Pan consegue, com a sua simplicidade, arrastar o leitor mas o grande mistério principal que marca a obra. Além disso, as ilustrações de Olavo Costa com a coloração de Mariane Gusmão casam de forma perfeita e com um grande brilhantismo onde se nota todo o carinho pelo qual a obra foi feita, além da paixão pela mesma.

De fato, um dos únicos pontos negativos da obra é a sua numeração de páginas: por mais que consiga apresentar uma excelente narrativa e expor suas ideias de forma clara, a trama é relativamente curta e diversos assuntos que poderiam ser mais desenvolvidos acabam passando despercebidos ou são deixados de lado com o tempo.

Por fim, celebrando o amor pela arte e homenageando de forma incrível as obras de DaVinci, além de abordar temas importantes, como a xenofobia, em algumas de suas páginas, Gioconda é um quadrinho cuja a simplicidade encontra a beleza e nos entrega uma história formidável da forma mais linda possível, aquecendo o coração do leitor até o fim.

Número de páginas: 112
Capa: Papel Cartão
Editora: Nemo
Data de Publicação: 15 de Dezembro de 2021
Dimensões: 21 x 1.2 x 28 cm
Onde comprar? Amazon

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Resenha: Guarani – A Terra sem mal

                   “Prepare-se Duprat… o front não está muito longe.”

A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional que já aconteceu na América Latina. A batalha travada entre o Paraguai, liderado pelo Marechal Solano López, contra a Tríplice Aliança, composta pelo Império do Brasil, Argentina e Uruguai, iniciou por diversos motivos diferentes (mas que todos ou a maioria, envolve influência do governo Britânico) e durou cinco anos.

A Guerra teve seu final com a captura e assassinato do Marechal López em Primeiro de Março de 1870, mas o grande último embate foi a Batalha de Campo Grande, também conhecida como “Batalha de Los Niños” ou “Acosta Ñu” pelos paraguaios, em 16 de agosto de 1869, a partir dessa data, ela tornou-se o Dia da Criança naquele país. Essa batalha foi a última tentativa desesperada de defesa do Paraguai, onde ele recrutou de forma forçada, crianças de no máximo 15 anos contra as forças de 20 000 homens da Tríplice Aliança, entre as crianças, vários jovens índios da tribo Guarani.

É esse é o grande ponto de Guarani – Terra sem mal dos argentinos Diego Agrimbau (roteiro) e Gabriel Ippóliti (arte), publicada aqui no Brasil pela editora Comix Zone em mais um belo trabalho editorial que se tornou característica de suas publicações.

Na graphic novel o leitor segue o fotografo francês Pierre Duprat, que vem para a América Latina para realizar um ensaio fotográfico com as índias da tribo Guarani, e, inevitavelmente, ele está testemunhando e convivendo com a guerra, suas mazelas e ideologias. Pois Guarani não trata somente do horror e miséria que uma guerra traz em sua bagagem. Durante a sua saga pela batalha, Duprat convive com pessoas que defende cada lado, e como os dias atuais, discutem em exaustão para justificar cada tiro e morte. Convive com as vitórias mortais da selva em cima de soldados de ambos exércitos, o que acontece com desertores, com pessoas recrutadas forçadamente para a guerra e como a guerra atingiu os mais antigos dessas terras: os indígenas.

E os únicos momentos belos e de respiro que existem, são exatamente quando Duprat finalmente encontra os Guaranis e convive com ele, mesmo por pouco tempo. Ali testemunhamos costumes, algumas tradições, o outro lado da selva com beleza e ternura. Algo que nos dimensiona um pouco de como eram os tempos antes do homem branco chegar com sua maquina de morte e guerra. E assim segue até o recrutamento forçado de homens e crianças da tribo para a guerra.

O roteiro de Diego Agrimbau conduz como telespectadores desde a chegada de Duprat, fazendo-nos escorregar por dentro de um conflito que, apesar da proximidade geográfica, não parece ser nosso. Mas a arte de Gabriel Ippóliti, com cores… digamos… que “não vibram”… mas que impressiona como deveria ser uma guerra, dão um tom importante demais para a ambientar o leitor dentro da história. O quadro dos corpos boiando mescla um horror que está aproximando e sentimos uma melancolia arrependida do personagem principal como fosse algo do tipo “onde eu fui me meter?”. E esse sentimento que a arte proporciona é um dos grandes diferenciais da obra.

Uma grande importância de Guarani – A terra sem mal é ser um registro histórico de uma parte da história do Brasil que muitas vezes é renegada em prol da glória do “nosso” exército. Massacrar crianças com armas e cavalos, não é nada digno de nota e grandes feitos. Mas muitos usam essa guerra para falar de libertação do povo paraguaio das mãos de López, que foi o estopim para a abolição da escravidão e que o primeiro vento do surgimento da Republica contra o Império. Mas o massacre de crianças, muitas delas indígenas seguem negligenciado por grande parte de historiadores. Como acontece até hoje em dia.

O Brasil por exemplo, segundo dados divulgados pelo Atlas da Violência no dia 31 de agosto desse ano, as taxas de mortes violentas de indígenas aumentou 21,6%, nos municípios que têm terras indígenas apresentaram um crescimento mais acentuado na última década. Muito fruto de invasões, garimpo ilegal e uma série de ilícitos que vêm ocorrendo.

O mais irônico (se é que existe alguma coisa irônica em uma guerra) é que as duas cabeças pensantes mais poderosas, Solano López pelo Paraguai, e o D. Pedro II pelo Brasil, assumiram suas posições quando muito jovens. Solano López foi nomeado general-de-brigada aos 18 anos de idade. Já D. Pedro II tornou-se Imperador quando tinha 5 anos, depois de seu pai abdicar o trono, e assumiu para valer ao completar 15 anos. Ambos iniciaram jovens e se tornaram expoentes, Solano é visto até hoje como herói nacional no Paraguai, enquanto seu rival é visto como a pessoa que não descansou até capturar, o para ele, sanguinolento ditador paraguaio.

Mas como é apresentado em Guarani – Terra sem mal, o grande vencedor dessa guerra não teve honra e a herança deixada foi um país devastado. Apresentar esses fatos, muitas vezes tomando um ou outro lado, mas sabendo que o horror da guerra é o único vitorioso aqui.

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Damian Wayne, a criança quebrada

Falar de um personagem controverso, principalmente na internet, é um negócio complicado. Mas hoje eu serei o advogado do diabo, pelo menos para aqueles que odeiam, o que eu considero, um dos personagens mais interessantes da Bat-família: Damian Wayne. Se você ainda não é familiarizado com esse negócio de quadrinhos, esqueça o que viu nas animações, que, por mais divertidas que sejam, pegam apenas uma parte superficial do que estamos querendo falar aqui. Sabe aquele papo de livro x filme? É mais ou menos isso.

Sua primeira aparição se deu em 1987, como um bebê na graphic novel Batman: O Filho do Demônio (começamos bem, hein?) mas ele foi se transformar em um personagem de fato em sua reintrodução anos depois em Batman #655-658, pelas mãos de Grant Morrison. Esse arco saiu aqui tanto nas mensais quanto no encadernado Batman & Filho. Nosso primeiro contato com o menino não foi um dos melhores, nos apresentando algo muito parecido com o que vemos nas animações. Confesso que a melhor parte desse início é o Batman dando um belo de um esporro em seu filho.

Só faltou pegar o Bat-Chinelo.

Arrogante, teimoso, violento e sem nenhum talento para trabalho em equipe. Mas quem diabos gosta de personagens assim?

credo

Uma criança que foi treinada desde o seu nascimento para ser uma arma mortal por sua mãe e a Liga dos Assassinos, Damian se torna interessante à partir de sua evolução como Robin, aprendendo com seu pai e mestre, o conceito de heroísmo. Desconstruir tudo aquilo tudo que ele aprendeu até então não é fácil. É uma criança, e crianças por si só são difíceis de lidar. Mas não estamos falando de uma criança comum, não é? Afinal, o que poderia sair de bom misturando os genes de Talia al Ghul com Batman?

Meu professor de roteiro costumava dizer “Sem conflito não há história.” Bem, conflitos não faltam nessa run de 2011, pela excelentíssima dupla (e que dupla) Peter J. Tomasi e Patrick Gleason. Damian é constantemente testado em sua moral e ética, até então questionáveis, pelos personagens inseridos na trama. Bruce tem medo e receio de seu filho, e do que ele pode se tornar sem uma bússola moral. Ele sabe de seu potencial, tanto pro bem quanto para o mal. O pequeno Robin é um assassino em essência. A regra do Morcego de nunca matar é explorada mais a fundo aqui, mostrando o quão deturpada pode ser essa ideia e quanto ela pode transformar alguém. Afinal, todo vilão acha que está do lado certo. A dinâmica de pai e filho é outro ponto positivo na trama, e nos apresenta pontos diferentes de um choque de gerações.

E pra falar de pontos positivos, Patrick Gleason simplesmente arrebenta na arte, nos entregando cenas fluidas e empolgantes de ação. Pra fã nenhum do Batman botar defeito.

Também somos apresentados ao personagem Ninguém (Morgan Ducard) que aparece para fazer o contraponto dessa bússola. Ele vê a aptidão do menino para a destruição, e tenta arrastá-lo consigo para a escuridão, apresentando argumentos em prol de sua filosofia menos branda com criminosos. Por muitas vezes, vemos Damian como um personagem permanentemente danificado, sem empatia e sem qualquer senso de heroísmo. Mas, ao mesmo tempo que você o odeia por ser um personagem impulsivo, teimoso e arrogante, você acaba se compadecendo com ele em muitos momentos. E é aí que mora a mágica desse gibi: A quebra de expectativa.

“Não quero acabar como Ducard, sem uma bússola moral. Eu quero ser como você. Eu sempre quis ser como você.”

 

A criança monstro vem numa crescente de desenvolvimento, em uma leitura viciante que te prende do início ao fim. Méritos a Peter J. Tomasi, que soube muito bem conduzir a trama até o seu ápice, nos surpreendendo e nos emocionando em muitos momentos. Quando você se dá conta, você está já está torcendo por ele. Caímos na real e vemos a humanidade em seus olhos e em suas ações, constatamos: É uma criança. Uma criança que nunca conheceu o afeto e que está tentando achar o seu lugar no mundo ao lado de seu pai. Em um dos volumes seguintes ao arco, Damian acaba desobedecendo seu pai e sai em uma missão sozinho. No final, descobrimos que tudo aquilo foi pra conseguir recuperar a última pérola do colar de Martha Wayne, perdida nos esgotos de Gotham. Uma cena de uma pureza ímpar.

Nascido para Matar compila as edições de Batman & Robin #1-#8 de 2011, pertencentes aos Novos 52. Mas a recomendação fica para todos os 40 volumes. É uma leitura que vale cada página, e talvez seja uma das melhores coisas do selo N52, com momentos memoráveis, que trabalham do micro ao macro do Universo DC.

No fim, você aprende a amar a criança quebrada, que aos poucos tenta se refazer. Damian Wayne quer apenas ser o orgulho de seu pai.

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Gideon Falls – A saga chega ao fim

A saga de grande sucesso chega ao fim e ao contrário do que ouvimos falar sobre os quadrinhos autorais de Jeff Lemire, que as histórias são muito similares, sempre com um drama familiar, Gideon Falls é um thriller capaz de arrepiar os cabelos, carregado de suspense e com uma pitada de horror na medida.

Lançada nos Estados Unidos pela Image Comics em 2018 pela dupla já conhecida Jeff Lemire e Andrea Sorrentino ( Arqueiro Verde e O Velho Logan) e o colorista Dave Stewart ( Hellboy e Daytripper) , foi publicada  em terras brasileiras pela Editora Mino, em 6 encadernados muito bem trabalhados.

Iniciamos essa narrativa com a história de Norton Sinclair, um rapaz com sérios problemas psiquiátricos atormentado pela escuridão. Calma! Não é o lado negro da força querendo tentar o nosso jovem “If you only knew the power of the dark side, Norton”. 

Brincadeiras à parte, a princípio não é possível saber o que o atormenta, deixando dúvidas se existe de fato algo a temer ou se tudo não passa de confusões criadas pela cabeça do rapaz. Norton dá muitos sinais de estar confuso e perdido dentro suas manias, como revirar o lixo da cidade em busca de pistas para obter respostas de um quebra cabeças que ele nem ao menos consegue explicar. 

Norton conta apenas com apoio de sua psiquiatra Dra. Xu, que mesmo cética em realação ao sobrenatural, dá o suporte que seu paciente necessita ao notar tamanho sofrimento que esse mistério lhe causa. Mas, o cetismo desta psiquiatra dura apenas até o momento em que ela mesma tem a visão o Celeiro bem diante dos seus olhos.

O segundo núcleo apresentado vive no interior de Gideon Falls, onde há uma pequena comunidade típica dos filmes de terror onde todos se conhecem e muitos possíveis suspeitos se formam. A pequena comunidade é agraciada com a chegada de um novo Padre, Wilfred. Um Padre totalmente fora do padrão, com problemas com alcoolismo e um passado bem obscuro. Sua chegada é precedida por um assassinato e o Padre é o primeiro suspeito desse crime, mas as coisas não seriam tão simples em Gideon Falls, tão pouco esse assassinato seria um crime comum. 

 

A cidade é assolada a gerações por uma lenda urbana, O Celeiro Negro. E suas aparições sempre são precedidas por mortes e terror. Mas, claro que essa lenda parece apenas uma bela oportunidade para se livrar da culpa dos mais hediondos crimes. 

Nada é comum em Gideon Falls, e como para todo boato existe uma possibilidade de fatos reais, um grupo autodenominado de lavradores atuam como a Mistério S.A da cidade atrás de pistas sobre o Celeiro.

O Celeiro Negro é muito mais do que uma aparição fantasmagórica, dentro dele habita um mal que anseia por liberdade e rasteja por entre as realidades, buscando uma forma de sair da prisão da qual se mantém. Esse mal que habita o celeiro é visto como o Homem que sorri na escuridão, uma visão repulsiva que atrai suas vítimas para um caminho sem volta, que tenta as pessoas através de suas fraquezas para tomá -las em busca de um receptáculo perfeito, como um gênio da lâmpada diabólico.

 

Com um roteiro quase cinematográfico, ler esse quadrinho é como ver  as cenas de um filme ou série de TV acontecendo bem diante dos seus olhos. A arte de Andrea Sorrentino colabora em grande parte para causar essa sensação, já que ela conta uma história à parte do roteiro, insinuando detalhes que complementam, como uma dança sincronizada,  essa narrativa.

Lemire faz bom uso da Teoria das realidades paralelas nessa história, explorando realidades alternativas e uma base temporal de dar inveja na série Dark da Netflix e no quadrinho Crise Infinita da DC Comics (Super Recomendo).

A saga gera  altas expectativas no leitor a cada volume e apesar de ter uma narrativa e personagens excepcionais, ela cria mais questionamentos do que os responde. Talvez, na ânsia  de criar um universo fantástico, Lemire tenha se esquecido de amarrar muitas pontas soltas, e o último volume intitulado O fim abre uma brecha para uma possível continuação. Para alguns leitores, esse final ambíguo foi decepcionante, para outros foi a oportunidade de ver um retorno dessa saga.

E por falar em continuação, na CCXP Worlds 2020 Sorrentino confirma a produção da  série de TV inspirada nesse thriller, tendo o diretor James Wan ( de Aquaman ) como o responsável por trazer essa adaptação dos quadrinhos para as telinhas. Será que esse foi o motivo de um final tão aberto? Só nos resta aguardar por mais detalhes.

Então, empolgados para esse show? Leiam Gideon Falls e deixem suas impressões aqui pra gente. 😏

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O Quentinho no Coração de Só Mais Uma história de uma Banda

“Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo…”

Como a própria Germana Viana definiu em Só Mais Uma história de uma Banda é realmente sobre isso que fala esse quadrinho. Bobagem. Coisas meigas. Amor. Romance juvenil. Amigos da juventude. desencontros. Mágoas passadas. Mas veja bem, a HQ é uma lição de amor em todas as esferas em diversas escalas e notas musicais. E aquele tipo de história que causa aquele quentinho no coração, como se fosse aquele filme que você adora assistir, cheio de clichês e que cada vez que você assiste você se sente bem. Sente-se revigorado.

A história de Só Mais Uma história de uma Banda narra a carreira meteórica da banda Cecília Não Sabe Cantar, que era amada pelos alternativos e também pelo público mais pop. As pessoas mais próximas da banda dizem que o rompimento não foi bonito, embora nunca souberam o real motivo. Agora, mais de vinte anos depois, Gramophone Plugado, um grupo de influencers convida Marcelo Carvalho, Roberta Bueno, Raul Vieira e os irmãos Mariana e Robson Mendes para um show de reunião do Cecília Não Sabe Cantar. Mas a questão é: Eles vão conseguir recuperar o que perderam naquele verão de 1998?

Essa é a questão de Só Mais Uma história de uma Banda. Olhar para o passado e entender o que passou, as palavras ditas em momentos de raiva e os amores que se abre mão. Mas sempre que você perdeu, ou deixou de viver, uma história no seu passado o motivo pode ter sido diversos, mas na maioria está envolvido pelo ego de alguém. O não saber querer ouvir a outra parte, traz uma destruição de momentos que poderiam ser lindos. Quantas vezes engolimos o nosso orgulho quando jovens (e às vezes depois de velhos) e deixamos um momento importante escapar?

Germana Viana pegou esses sentimentos e em uma história leve apresenta uma lição de vida. E ainda fez isso se visto e criou empatia na vida de quem ler a HQ com um romance homossexual. Seria fácil a autora pegar e jogar para a galera uma história de amor que se perde pelos anos usando um homem e uma mulher. Como vemos aos montes por aí. Mas ao usar pessoas do mesmo sexo, ela faz o leitor se sentir dentro da pele tanto do Marcelo e/ou do Raul e relembrar que todos já agiram do mesmo jeito que eles.

Em um mundo que as pessoas estampam seus preconceitos com motivo de orgulho e bradam imbecilidades para que todos saibam, ter uma história que soa simples e clichê como Só Mais Uma história de uma Banda é fantástico. Pois ela espelha sentimentos e ações que todos, e digo todos sem exceção, alguma vez na vida (muitas vezes mais de uma vez) já realizaram, e no futuro ficamos pensando: “e se eu tivesse feito assim…”.

Só Mais Uma história de uma Banda é sobre isso. É sobre amor, arrependimento e recuperação. E entrega de forma incrível e formidável aquela história que esquenta o coração e te faz sorrir e ficar feliz no final. Uma bela história nesses tempos nebulosos.

A Germana Viana disponibilizou gratuitamente em PDF a HQ Só Mais uma História de uma Banda, em homenagem ao mês do Orgulho LGBTQIA+, para poder ler é só clicar AQUI.

 

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Sweet Tooth: entenda as diferenças entre a série e os quadrinhos de Jeff Lemire

Sweet Tooth já estreou na Netflix fazendo sucesso. Contando com 8 episódios, a série é baseada na consagrada obra da Vertigo, antigo selo adulto da DC Comics. Escrita e ilustrada por Jeff Lemire, Sweet Tooth começou a ser publicada em 2009, finalizando com 40 edições em 2013. Aqui no Brasil, a obra foi disponibilizada no mercado pela editora Panini.

Como boa parte das adaptações, Sweet Tooth também conta com mudanças em relação à obra original. Confira abaixo as principais diferenças e não fique por fora de nenhum acontecimento dos quadrinhos.

Atmosfera

Podemos começar dizendo que esse é a diferença mais marcante entre as duas mídias. A série, tanto pela classificação etária escolhida como também pela própria intenção de seus realizadores, optou por estabelecer um tom mais alegre, de mais esperança e sem violência gráfica. Mesmo mantendo o gênero de futuro distópico assolado por um vírus mortal, a adaptação consegue deixar tudo mais leve, mais colorido e menos amedrontador.

Por outro lado, os quadrinhos seguem o caminho do medo e da constante insegurança dos personagens. Em um mundo completamente devastado e com sobreviventes humanos totalmente desesperados, temos cenas de violência explícita, terror psicológico e tensão extrema. Sentimos que os personagens estão cansados, tristes, e que já aceitaram o fato de que, mais cedo ou mais tarde, vão ser contaminados pelo vírus e acabar morrendo. A própria arte de Lemire contribui para a ambientação mais soturna e melancólica dos quadrinhos; com um traço bem singular e expressivo, o autor consegue nos passar uma sensação de angústia e desconforto característicos do ambiente em que a obra se passa.

Tommy Jappered

O personagem que acompanha Gus em sua jornada também sofreu uma mudança grande. Na série, Jappered é um antigo jogador de futebol americano que perdeu sua esposa e seu filho logo no início do vírus. Após sua esposa dar a luz a um bebê híbrido, ambos desaparecem do hospital, e Tommy nunca mais os encontra. Agora um sobrevivente errante, o homem acaba salvando Gus de caçadores, sendo seguido pelo garoto e convencido à levá-lo até o Colorado.

Nos quadrinhos, a moral e o caráter do personagem são postos à prova em diversos momentos. Gus e Jappered se conhecem como na série, quando o homem salva o garoto dos caçadores na floresta. No entendo, é Jappered quem convence o menino cervo a sair de casa e ir com ele, dizendo que o local não é mais seguro e que iria levá-lo à “reserva“. Descobrimos, logo mais, que a tal reserva não existe e que tudo não passava de uma mentira de Jappered, que tinha como objetivo entregar o menino híbrido para a milícia em troca dos ossos de sua esposa falecida.

Como complemento, vemos o passado do personagem, sua vida como jogador de hóquei antes do vírus, bem como ele e sua esposa enfrentando os anos iniciais do Flagelo. Ambos acabam sendo enganados por Abbot, líder da milícia, indo para a base do vilão achando que estariam em segurança. Contudo, a esposa de Jeffered, que estava grávida, acaba sendo utilizada em experimentos, morrendo após dar a luz; a criança, que inicialmente não aparece, também é dada como morta. Posteriormente, descobrimos que o filho de Tommy está vivo, e que também é um híbrido.

Doutor Singh e as experiências com híbridos

Na adaptação da Netflix, somos apresentados ao médico Aditya Singh, um personagem que tem bastante destaque e uma linha narrativa própria. Junto com sua esposa Rami, os dois moram em uma comunidade de sobreviventes muito bem organizada e que tem métodos bem radicais de contenção do vírus. Após a médica do local abandonar as funções, Singh se torna o responsável, tendo acesso à todos os documentos do soro que sua antecessora estava desenvolvendo. Usando híbridos vivos, a antiga médica conseguiu desenvolver um bloqueador do Flagelo, mas que não dura muito tempo e o infectado precisa consumi-lo constantemente para não desenvolver a doença. Na série, Rami acaba sendo contaminada e faz o uso do medicamento, conseguindo ser a pessoa que mais viveu com a doença no organismo. Importante frisar que na adaptação, nenhum híbrido é mostrado morto ou sofrendo experiências.

Na HQ, por outro lado, não temos nenhum medicamento ou cura para a doença. O doutor Singh é o responsável pelas pesquisas na milícia e busca incansavelmente, há anos, achar alguma solução para o Flagelo, não alcançando nenhum sucesso. Os híbridos, após serem capturados, são colocados em uma espécie de prisão e são tratados das piores formas possíveis; quando algum é levado ao laboratório de Singh, nunca mais retorna.

Após Gus ser enganado por Jappered e entregue a Abbot, o menino acaba conhecendo outros híbridos que também foram capturados e estão ali para servirem de cobaia. Alguns desses personagens se tornarão grandes amigos de Gus e serão importantes durante toda a trama dos quadrinhos; inclusive, o filho de Jappered também se encontra preso na base da milícia. De uma forma bem mais explícita e grotesca do que na série, os quadrinhos nos mostram cenas de híbridos mortos, abertos e sendo experimentados.

Exército Animal

Mesmo sendo presente tanto na HQ como na série, as versões do Exército Animal são extremamente diferentes, tanto em composição, objetivo e visual. Na adaptação, temos adolescentes que buscam proteger e resgatar híbridos; morando em um parque de diversões abandonado, os jovens nutrem uma repulsa por adultos e usam roupas e adereços que representem visualmente um animal de sua escolha. Liderados pela “Ursa“, esta acaba saindo do grupo e se unindo a Gus e Jappered e embarcando na viagem até o Colorado.

Em paralelo, temos o Exército Animal dos quadrinhos, um grupo bem violento de sobreviventes que dominou uma cidade inteira. Glebhelm, um homem que usa seus 5 filhos híbridos como animais de caça e também é líder do grupo, acaba convencido por Jeppered a atacar a base da mílicia; em troca, poderiam pegar todos os híbridos do local. Este, no entanto, era apenas um blefe de Tommy, que precisava do exército justamente para conseguir resgatar Gus.

Motivação de Gus

Enquanto na série o nosso protagonista quer ir ao Colorado em busca de sua mãe, nos quadrinhos o menino cervo tem como destino o Alasca. Após o doutor Singh ter acesso a escritos e documentos do pai de Gus que mencionavam o local – e após o menino ter vários sobre lá também -, nossos personagens seguem rumo ao norte, achando que lá encontrariam explicações sobre o passado do garoto e também sobre a origem do vírus.

Personagens

Podemos começar esse tópico citando duas personagens muito importantes nos quadrinhos e que acabaram de fora da série: Becky e Lucy. Resgatadas por Jeppered e Gus de uma casa onde eram obrigadas a se prostituir, as duas mulheres fazem parte do resgate de Gus e também da jornada até o Alasca.

Becky e Lucy, respectivamente.

A série, por outro lado, acabou acrescentando vários personagens novos. Como exemplo, temos Aimee, a mulher que adota uma menina híbrida e que é a responsável pela criação da Reserva, local que na adaptação realmente existe e que serve para abrigar e proteger os híbridos.

Aimee.

Origem do vírus e dos híbridos

Esse é um ponto complexo tanto na adaptação como nos quadrinhos, então vamos por partes. Na série, vemos que um laboratório estava fazendo pesquisas biológicas a fim de desenvolver novas vacinas. O pai de Gus trabalhava na limpeza da instalação, e é lá que conhece a “mãe” de Gus, Birdie. A moça era, na verdade, a virologista responsável pelo projeto, este que acabou gerando o primeiro bebê híbrido: Gus – sigla para Genetic Unit Series 1. Certa noite, o exército entra nas instalações e começa a confiscar o projeto; numa tentativa de salvar a vida da criança e impedir que ela seja alvo de experiências, Birdie entrega Gus ao homem que viraria a seu pai e pede que ele cuide do menino.

Birdie segurando Gus, ainda no laboratório.

Agora, nos quadrinhos… o buraco é bem mais embaixo. Tudo em 1910, no Alasca, onde um rapaz que outrora foi ao gélido território com o objetivo de catequizar os nativos, acabou sendo conquistado pelo povo e resolveu permanecer no local. Um dia, no entanto, o homem acaba entrando em uma caverna, onde encontra várias espécies de “túmulos“, cada um com um animal esculpido na porta. Por curiosidade, resolve abrir um deles, se deparando com um esqueleto híbrido de um humano com um cervo.

Rapidamente, outros membros da tribo o tiram de lá, explicando que aquele lugar era sagrado e que o que ele viu ali eram os corpos de Deuses. Tal perturbação, contudo, deixaria um preço. Pouco tempo depois, o povo que ali morava começou a adoecer e a morrer, e a esposa do rapaz, que estava grávida, deu à luz a um menino híbrido de cervo.

Em outra edição, vemos o pai de Gus antes da epidemia. Assim como na série, o homem também trabalhava na limpeza de uma instalação de pesquisa; a diferença é que essa instalação ficava no Alasca, e foi construída propositalmente em cima da caverna onde se localizavam os túmulos dos Deuses híbridos.

Vemos que o laboratório estava utilizando os esqueletos dos túmulos para gerar vidas híbridas artificialmente, através de incubadoras. Um dia, quando o pai de Gus foi até a instalação trabalhar, percebeu que todos os funcionários do local estavam mortos; ao andar pelas salas, avista um berço, e nele estava um bebê híbrido. Não podendo deixar o pequeno ali sozinho, o homem resolve levá-lo consigo e criá-lo como filho.


Como provavelmente teremos uma 2ª temporada, vou parar por aqui e não contar o final dos quadrinhos. Mesmo com várias mudanças e com um tom bem diferente da HQ, a adaptação de Sweet Tooth consegue ser uma série bem empolgante e divertida, mantendo a premissa chave de uma nova espécie nascendo e “tomando o lugar” dos seres humanos. Para os fãs ferrenhos e que não são muito adeptos à modificações, sugiro que assistam a série e deixem-se levar pela mensagem leve e otimista que a adaptação trás consigo, afinal, é plenamente possível gostar das duas obras ao mesmo tempo. Aos que ainda não leram os quadrinhos, deixo aqui a minha sincera recomendação; Lemire consegue nos entregar uma trama cheia de drama, mistérios, reviravoltas e quadros de ação muito, mas muito bem desenhados. Garanto que, ao começar a leitura, você não vai conseguir parar… eu, pelo menos, não consegui (risos).