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“Deus está acima de nós e ele usa uma capa.”

Em uma roda de discussão sobre super-heróis, sempre há aquela pessoa a qual acredita na ideia do Batman com o preparo. Você, caro leitor, já deve ter testemunhado muitos comentários acerca desta questão tanto para o bem, quanto para o mal. Enquanto alguns indivíduos por causa disso, o elevam a um grande patamar, outros, o inferiorizam. O que me atrai no Cavaleiro das Trevas é a tragédia. Pois a morte de Thomas Wayne e Martha Kent já ganharam tantas re-interpretações e significados no decorrer dos anos. Conferindo à tragédia, mais camadas.

Quando a pessoa usa “Frank Miller” e “preparo” na mesma frase, eu já olho meio assim:

Entretanto, não posso culpar as pessoas em relação a questão do preparo. É algo enraizado no personagem desde a LJA por Grant Morrison. Entretanto, havia um bom motivo: O título comparava os heróis da DC aos Deuses do Olimpo. Assim como também pode ser justificado pelo amor do escocês à Era de Prata, seus absurdos e as resoluções de casos inimagináveis. Ele é o Melhor Detetive do Mundo e pronto. Contudo, ainda há uma grande distinção entre Batman e Bruce Wayne por parte da audiência: Um precisa ser perfeito, o outro, não.

Esta pequena introdução serviu apenas para contextualizar a análise do quadrinho o qual abordarei neste singelo artigo: Cold Days. Esta história faz parte do atual volume de Batman, compilando as edições #51 à #53, tendo sido finalizada semana passada.

Grant Morrison não fez nada de errado.

 

SPOILERS SOBRE BATMAN #50 A SEGUIR 

Depois de ser largado no terraço por Selina, Bruce Wayne está quebrado, pois aquilo que estava tão perto de alcançar foi tirado dele: Sua felicidade. Três mulheres foram assassinadas. O padrão das mortes é o mesmo: Cérebros com baixa-temperatura. Logo, Batman sabe quem é o assassino: O Senhor Frio. Violentamente, ele arranca a confissão do vilão. O caso vai ao tribunal, onde alguns cidadãos de Gotham devem dar seu veredito sobre o caso. Embora pareça óbvio para alguns quem é o culpado, não é óbvio para Wayne.

Cold Days aborda uma questão interessante a qual não me recordo ter lido em outras HQs do personagem: O Complexo de Deus. Em certo ponto da história, Bruce pergunta se uma das mulheres dentro da sala, usa uma cruz. Ela responde que sim e pergunta logo em seguida se ele acredita em Deus e ele responde: “Eu costumava acreditar.” Depois desta declaração, voltamos ao flashback da morte de Martha e Thomas Wayne, o momento trágico o qual marcou o nascimento do Batman. Contudo, aqui, ele diz que ele encontrou Batman, assim como pessoas dizem que encontraram Deus.

“Deus está acima de nós e ele usa uma capa.”

“Então, basicamente, ele comparou Batman a Deus?” Sim, mas não com o intuito de defender o Morcego, ou se opor a ele. Ele faz esta comparação para questionar a fé cega dos cidadãos no vigilante. Não apenas porque ele as salvou inúmeras vezes, mas porque elas acreditam que ele trará esperança eterna para Gotham.

Ele está acima da lei, pois é o Batman, mas não deveria. Ele deveria ser tratado como um cidadão normal, com direitos e deveres e não, ser elevado ao patamar de uma figura divina, pois ele pertence a raça humana e é tão imperfeito quanto nós. Nem sempre ele é o Melhor Detetive do Mundo.

Aqui, neste quadrinho, ele admite isso. Ele não conversa com bandidos, ele apenas os chuta na cara, toda vez. Talvez os vilões não estejam obcecados por eles, talvez estejam apenas se defendendo, pois sabem que o Morcego os caçará. Como um dos civis diz durante a narrativa: “Em Gotham, você precisa permanecer com a arma em suas mãos.” Tom King, mais uma vez, renova o personagem, trazendo novos questionamentos. Acompanhado da belíssima arte de Lee Weeks, com seus traços minimalistas. Cold Days é uma história perfeita.

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Watchmen – Quem Vigia os Vigilantes?

“Who Watches The Watchmen?” Muito já se falou sobre a maxissérie escrita por Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons. Ganhadora de uma honraria especial do prêmio Hugo e do Eisner Award de melhor roteirista, ambas em 1988; marco definitivo e pedra fundamental da cultura pop; obra-prima da carreira de Moore, considerada a história definitiva do gênero de super-heróis e eleita um dos 100 melhores romances do século 20 pela revista Time.

É interessante analisar a gênese de Watchmen e o período em que ela foi escrita, suas referências e escolhas artísticas envolvidas. Alan e Dave foram muito além de criar uma hq realista e sombria. Eles encararam o desafio de criar todo um novo universo para ambientar suas idéias.

Publicada pela DC Comics em doze capítulos entre setembro de 1986 e outubro de 1987, Watchmen foi publicada num período extremamente fértil para os quadrinhos americanos. De uma só tacada, os leitores foram presenteados ainda com O Cavaleiro das Trevas, Batman – Ano Um, Elektra Assassina e A Queda de Murdock, todos de Frank Miller; e ainda o primeiro volume de Maus, de Art Spiegelman, Love & Rockets, de Jaime e Gilbert Hernandez, entre outras obras menores, mas que exploravam o potencial dos quadrinhos, com experimentações inéditas até então. Watchmen fez parte de uma tendência nos quadrinhos americanos de teor mais adulto e realista, que desaguaria anos mais tarde na criação do selo Vertigo.

Alan e Dave, durante uma turnê de divulgação, na loja Sheffield Space Center, Sheffield, Inglaterra.

As mentes por trás de Watchmen se conheceram numa convenção de histórias em quadrinhos promovida pela Marvel Comics em 1980, no centro de Londres, por intermédio do editor Steve Moore. Anos após esse encontro, e já tendo trabalhado juntos em projetos menores, a dupla se encontrava em caminhos distintos: Moore vinha de uma bem-sucedida carreira nas revistas britânicas 2000AD e Warrior, e já havia escrito obras importantes como Halo Jones, Miracleman, V de Vingança e estava no meio de seu fenomenal run na revista do Monstro do Pântano. Gibbons já tinha experiència na 2000AD e na Doctor Who Magazine para a Marvel UK e havia ilustrado a Tropa dos Lanternas Verdes.

Superduperman, a sátira de Harvey Kurtzman e Wally Wood, publicada na MAD em 1953.

Miracleman era uma releitura de um popular personagem inglês dos anos 50 (uma clara cópia do Capitão Marvel da DC). Esse run, publicado na revista Warrior, foi a gênese do que viria a ser Watchmen, que já contava com uma visão pessimista e realista dos super-heróis. Moore conhecia a paródia do Superman, Superduperman, de Harvey Kurtzman Wally Wood, publicada na Mad nos anos 50, e achava impossível fazer algo realmente interessante com personagens de hqs. Aos poucos, ele percebeu que, se jogasse o mundo real em seus mundos de cores primárias, as coisas podiam se tornar interessantes.

Da esquerda para a direita: Capitão Átomo, Besouro Azul, Questão, Pacificador, Thunderbolt e Sombra da Noite.

Em 1983 a DC Comics adquiriu os direitos de vários personagens da editora Charlton Comics, que estava em processo de falência, e Moore foi escolhido para produzir algo com eles. Inicialmente, ele os usaria em Watchmen, mas a editora achou que eram personagens bons demais para serem usados em apenas uma hq, e Moore e Gibbons acabaram por usá-los apenas como inspiração, criando assim o Dr. Manhattan (inspirado no Capitão Átomo); Coruja (Besouro Azul); Rorschach (Questão); Comediante (Pacificador); Ozymandias (Thunderbolt); e Espectral (Sombra da Noite). O Coruja, aliás, é baseado em um personagem que Gibbons criou na adolescência e tirou da gaveta especialmente para o projeto. Os personagens da Charlton acabaram estreando no mega-evento Crise nas Infinitas Terras (1985) e sendo definitivamente incorporados ao universo da editora.

Artes de divulgação da série.

Foram dois anos (1984-1986) de intenso trabalho para Moore e Gibbons. Mais de 400 páginas de quadrinhos foram produzidas, conceitos e idéias ficaram pelo caminho e outras surgiram. Nesse meio tempo, Moore ainda produziria o arco Gótico Americano, para o Monstro do Pântano, e ainda as histórias Para o Homem Que Tem Tudo (novamente ao lado de Gibbons) para a Superman Annual #11, e o arco O Que Aconteceu Com o Homem de Aço? para as edições Superman #423 e Action Comics #583.

Watchmen se passa numa realidade alternativa, onde os vigilantes encapuzados realmente existiram, na mesma época que surgiram os primeiros super-heróis dos quadrinhos. Mas neste universo, Superman, Batman e os demais heróis caíram no esquecimento pouco tempo depois de estrearem. Já que seus leitores podiam acompanhar heróis de verdade nas manchetes dos jornais, os gibis se focaram em contar histórias de outros gêneros, como os contos sobre piratas, que se tornaram febre nas décadas seguintes.

Da esquerda para a direita: Homem-Mariposa, Dollar Bill, Capitão Metrópole, Comediante, Espectral I, Justiceiro Encapuzado, Coruja e Silhouette.

Os primeiros super-heróis (Coruja, Espectral, Comediante, Capitão Metrópole, Homem-Mariposa, Silhouette, Dollar Bill e Justiceiro Encapuzado) formaram os Minutemen, primeiro grupo de vigilantes mascarados, que foram sucedidos nos anos 60 com os sucessores de Coruja e Espectral e novos heróis como Dr. Manhattan, Rorschach e Ozymandias. Eles atuaram no combate ao crime até 1977, ano em que, para conter os tumultos e protestos da polícia e da população contra os heróis mascarados, o governo aprovou a Lei Keene, que os baniu das ruas. Os únicos que permaneceram na ativa foram o Comediante e Manhattan. Mas essa não é a única diferença entre esse universo e os demais universos dos quadrinhos: Moore segurou o rojão de mostrar como seria se surgisse um super-herói com poderes, e como ele desequilibraria a balança de poder no planeta.

O Dr. Manhattan é o único ser com poderes de Watchmen, mas nada tão simples como capacidade de voo e superforça: além de ser invulnerável, ele simplesmente pode manipular a energia e a matéria em nível subatômico; pode se teletransportar e teletransportar objetos e pessoas; visão microscópica; alteração de escala, entre outros poderes. Além de mudar a economia mundial, com a fabricação em massa de carros elétricos, Manhattan se tornou o dissuasivo nuclear dos EUA, tornando a guerra com os russos muito mais perto do colapso nuclear do que foi em nossa realidade. Moore mostrou como seria impossível que nos universos tradicionais de quadrinhos houvessem tantos superseres e a ciência, tecnologia, sociedade e política permanecem inalteradas.

À Meia-noite, Todos os Agentes…
12 de outubro de 1985. Edward Morgan Blake é espancado e arremessado janela afora de seu apartamento. A investigação da polícia chama a atenção do vigilante mascarado Rorschach, que invade furtivamente a cena do crime e descobre que Blake era o vigilante Comediante.

 

Convencido de que Blake fora o primeiro de uma lista de super-heróis marcados para morrer, ele visita seus ex-colegas de combate ao crime, sendo considerado paranóico por todos. Ficamos conhecendo Daniel Dreiberg, o segundo Coruja; Adrian Veitd, o Ozymandias, conhecido como o homem mais inteligente do mundo; e Laurie Júpiter, ex-Espectral II, e Dr. Manhattan, que vivem no centro de pesquisas Rockfeller.

 

Amigos Ausentes
Durante o funeral de Blake, seus ex-colegas relembram momentos que passaram com ele. Sally Júpiter, mãe de Laurie e primeira Espectral, relembra quando Blake tentou estuprá-la, quando ambos faziam parte dos Minutemen; Veidt recaptula a reunião da nova geração de super-heróis, nos anos 60, onde o Comediante zombou da idéia de que a sociedade poderia ser salva; Manhattan relembrou quando os EUA ganharam a guerra do Vietnã, momento em que Blake matou a sangue-frio uma vietnamita que ele havia engravidado, logo depois dela cortar o rosto dele. E Dreiberg lembrou de quando o Coruja e o Comediante abafaram uma manifestação civil em Nova York, dois anos antes da Lei Keene. Esses flashbacks demonstram a personalidade completamente amoral do personagem, seu desprezo pelas pessoas e sua falta de fé na humanidade.

Esses flashbacks reforçam o contraste do relato do ex-vilão Moloch, que conta a Rorschach que Blake invadiu seu apartamento dias antes de ser assassinado, completamente arrependido de seus atos e em total desespero.

 

O Juiz de Toda a Terra
Se a narrativa de Watchmen já era diferente e ousada nos primeiros capítulos, em O Juiz de Toda a Terra as experimentações de Moore chegam a outro patamar. Intercalando habilmente um garoto lendo um gibi de piratas (uma idéia de Gibbons que se tornou uma trama paralela dentro da trama principal) e os comentários do dono da banca de jornal, Moore faz um excelente uso de metáforas e rimas visuais.

Várias passagens da trama se assemelham a aterradora saga do capitão de um navio naufragado pelo Cargueiro Negro, e sua jornada infernal para retornar a sua cidade natal, Davidstown, que ele acredita, será atacada pelo navio amaldiçoado. A hq, chamada Ilhado, é um paralelo da história de Adrian Veidt e as atrocidades que ele cometeu para atingir um bem maior, como na frase citada pelo náufrago em uma das páginas do gibi: “intenções nobres me levaram a cometer atrocidades”.

Manhattan tem uma discussão com Laurie, que o abandona. Ela se reaproxima de Dreiberg, e nessa mesma noite, Manhattan comparece a uma entrevista numa emissora de TV, onde é encurralado com acusações de ter provocado câncer em seus ex-colegas e amigos, inclusive de sua ex-namorada, Jenny Slater. Isso provoca seus afastamento e consequente abandono do planeta.

 

Relojoeiro
Em Marte, a mente de Manhattan viaja através das décadas. Presenciamos sua adolescência, quando Jon Osterman ainda seguia os passos do pai, que era relojoeiro, até seu ingresso na base de Gila Flats, em 1959, já como cientista; seu primeiro encontro com Jenny Slater; e o fatídico acidente na câmara de testes do campo intrínseco, que o desintegrou totalmente. Em pouco tempo, Osterman retornaria completamente diferente, como um ser com habilidades super-humanas e que provocaria as mudanças mais drásticas no mundo. É interessante ver sua visão sobre sua condição e as reações que sua existência provoca no planeta.

Rebatizado pelo governo como o Dr. Manhattan, ele filosofa sobre seu estado psicológico e o enorme poder que agora tem em mãos, o que prejudica seu relacionamento com Slater e com o resto da humanidade. Indo e voltando no tempo, Moore encarou o desafio de entrar na mente de um ser superpoderoso e revelar suas angústias. Com textos poéticos e carregados de filosofia, como no trecho “Eu vou contemplar as estrelas. Elas estão distantes e sua luz leva muito tempo para nos alcançar. Tudo que vemos das estrelas são suas velhas fotografias”, Relojoeiro é, sem dúvida, um dos mais belos capítulos de Watchmen.

 

Temível Simetria
Em Temível Simetria, a teoria do matador de mascarados se confirma quando Adrian Veidt sofre uma tentativa de assassinato em seu próprio edifício. Rorschach é capturado numa armadilha no apartamento de Moloch e levado para a prisão.

Moore usou um recurso interessante, o espelhamento dos quadros das páginas, as da primeira com a última, e assim por diante, culminando no miolo, onde Veidt desarma o assassino. A elaboração das páginas desse capítulo demonstra o controle que o personagem tem sobre toda a trama de Watchmen.

 

O Abismo Também Contempla
Em O Abismo Também Contempla, é revelada toda a história de Walter Kovacks, o Rorschach, durante várias sessões com o psicanalista Malcolm Long. Através do teste de Rorschach (o famoso teste com manchas de tintas em cartões e que inspirou o nome do personagem), testemunhamos o passado do personagem. Filho de uma mãe que lhe infligia abusos psicológicos e físicos e usava o próprio apartamento para receber clientes, Walter cresceu acreditando que a violência era inerente ao ser humano, e se torna cada vez mais brutal e insensível, o que o leva a se afastar das pessoas.

Seu comportamento lembra o do personagem de Robert DeNiro em Taxi Driver, clássico dos anos 70 que possui algumas semelhanças com a trajetória de Rorschach, principalmente a sua visão do mundo. Aliás, na minissérie Antes de Watchmen dedicada a Rorschach, o roteirista Brian Azzarello promove um curioso crossover com o personagem do filme de Martin Scorsese.

O mais chocante entre os relatos contados por Rorschach é o do sequestro da garota Blaire Roache, que derrubou os últimos pilares de sanidade da mente de Kovacks e que abala profundamente o psicanalista, a ponto de perturbar sua vida pessoal. De longe o capítulo mais sombrio da maxissérie, é nele também onde há uma das frases mais famosas da hq, proferida por Rorschach aos seus colegas de prisão: “ninguém entendeu. Eu não estou preso aqui com vocês. Vocês é que estão presos comigo“.

 

Irmão dos Dragões
O relacionamento de Dan Dreiberg e Laurie Jupiter se intensifica em Irmão dos Dragões, onde Dreiberg conta suas aspirações quando foi o segundo Coruja. Através de um tour pelo seu laboratório secreto, ele conta a Laurie os motivos que o levaram a se tornar um vigilante mascarado e as razões de porquê ele abandonou o capuz. Daniel é um homem quebrado, cujo passado heróico o assombra e também o deprime. Isso fica evidente em sua primeira tentativa de relação sexual com Laurie, e sua subsequente escolha em vestir novamente o uniforme e sair pela cidade a bordo de sua nave, o Arqui.

Laurie o acompanha como Espectral, e depois de quase uma década, o primeiro ato heróico de ambos é salvar os moradores de um prédio em chamas. A noite termina com a consumação do amor do casal e com Daniel enfim se convencendo da teoria de Rorschach, e sua decisão de soltá-lo da prisão.

 

Velhos Fantasmas
É noite de halloween. Hollis Mason e Sally Júpiter relembram do passado durante uma ligação telefônica. Rorschach reencontra velhos desafetos na prisão, como o criminoso Grande Figura e seus comparsas, que o ameaçam de morte. Coruja e Espectral voam até a penitenciária a bordo do Arqui, no momento em que uma rebelião se instaura logo após a morte de um detento que Rorschach agrediu usando óleo quente. Em sua cela, ele se liberta e segue no encalço de Grande Figura, dando-lhe uma lição definitiva. Após o trio chegar ao apartamento de Dreiberg, Manhattan está a espera de Laurie, e lhe diz que os dois terão uma conversa em Marte, para onde vão em seguida.

A noite termina com membros da gangue dos coques invadindo o apartamento de Hollis Mason e dando fim a sua vida de modo violento.

 

 

As Trevas do Mero Ser
Em Marte, acompanhamos uma longa discussão entre Laurie e Manhattan, no relógio flutuante que ele construiu. Ela procura convencê-lo a interceder nas tensões entre EUA e Rússia, enquanto penetra em suas próprias memórias. Em flashbacks, ela se lembra de quando ouviu uma discussão entre sua mãe e seu padrasto e de uma reunião em sua casa de sua mãe e seus antigos colegas dos Minutemen, Hollis Mason, Nelson Gardner, o Capitão Metrópolis e um já mentalmente abalado Byron Lewis, o Homem-Mariposa. Durante um tour pela vastidão do planeta vermelho, Laurie revive o dia em que conheceu o Comediante, e a reação de sua mãe, um misto de raiva e ressentimento. É então que ela descobre a terrível verdade: Blake era seu verdadeiro pai, e sua raiva e tristeza lhe fazem despedaçar o relógio de Manhattan.

Para consolá-la, Manhattan inicia um monólogo brilhante e emocionante, dizendo o quanto estava errado em achar que a vida era sem sentido ou algo extremamente valorizado: sobre o fato de cada pessoa ser única em sua existência, como um milagre termodinâmico, exemplificado no trecho onde ele diz “Mas o mundo é tão cheio de pessoas, tão repleto desses milagres, que eles se tornam lugar-comum e nós os esquecemos”. Esse é certamente um dos trechos mais poéticos não só do capítulo em si, mas de toda a hq.

 

Dois Cavaleiros Se Aproximavam
De volta à Nova York, Coruja e Rorschach retornam aos velhos tempos ao pressionar a bandidagem no submundo. Eles descobrem que a empresa Entregas Pirâmide está envolvida com o homem que tentou assassinar Veidt. Coruja descobre que Hollis Mason foi assassinado. A dupla decide avisar Adrian, invadindo seu prédio na calada da noite.

Para surpresa deles, descobrem que Veidt não apenas é o dono da Entregas Pirâmide, mas que também ele é o homem por trás de tudo que vem acontecendo. Partem então para Karnak, o retiro dele no ártico. Após um pouso forçado na neve com sua nave, Coruja e Rorschach são observados por Ozymandias e sua lince alterada geneticamente, Bubastis, assim que se aproximam de sua base.

 

Contemplai Minhas Obras, Ó Poderosos…
Em uma estufa verdejante encravada no meio do gelo ártico, Adrian Veidt relata a seus empregados toda sua trajetória até aquele momento. Seus pais morreram quando ele era adolescente e ele iniciou uma jornada seguindo os passos de Alexandre, o Grande, seu maior ídolo. Estudando durante anos pelas mais diversas filosofias, Adrian moldou o que viria a ser sua persona heróica e seu sucesso no mundo dos negócios. Após eliminar as últimas testemunhas de seu grande plano, ele se retira para jantar, quando Coruja e Rorschach lhe atacam mas acabam derrotados.

Adrian lhes explica todo seu plano, desde a reunião frustrada dos novos vigilantes mascarados, nos anos 60, onde o Comediante lhe abriu os olhos para o terrível futuro da humanidade, coberta sobre as cinzas da devastação nuclear, caso ele não agisse para impedir; sua aposentadoria dois anos antes da lei Keene e suas pesquisas para neutralizar Manhattan, causando câncer em seus amigos e conhecidos afim de abalá-lo psicologicamente; como sequestrou e usou dos talentos de artistas e cientistas, eliminando-os logo depois, em uma explosão num navio que os tirava da ilha onde ficaram isolados durante a criação de uma nova forma de vida; de como se livrou do Comediante, que havia descoberto o plano de Veidt quando pôs os pés na ilha quando voltava de uma missão para o governo; e por fim como contratou o assassino que tentou lhe matar, e como o calou usando uma cápsula de cianureto.

Achando tudo aquilo uma enorme insanidade, Coruja tenta convencer Adrian a desistir de seu plano, mas é tarde: Adrian o colocou em prática meia hora antes. Todos os personagens secundários que perambulavam nas esquinas onde ficavam a banca do jornaleiro e do garoto do gibi de piratas, como a taxista e sua namorada, o vendedor de relógios e o dr. Malcolm, são cobertos pela mais completa luz branca, concretizando assim o plano do homem mais inteligente do mundo.

 

Um Mundo de Amor Mais Forte
Meia-noite. Em painéis gigantes, vemos a destruição causada pela chegada do monstro criado por Veidt. Manhattan e Laurie chegam ao local logo depois, e Manhattan sente um forte pulso de partículas táquion vindo do Pólo Sul, e eles se teleporta para lá. Ao chegarem, Veidt é seguido por Manhattan, que usa um subtrator de campo intrínseco para desintegrar o herói. Convencido de que havia triunfado, Adrian não contava que o herói pudesse se reestruturar e retornar para impedí-lo.

É nesse momento que ele mostra a todos os frutos de seu plano: o cessar do conflito nuclear e os esforços do mundo em ajudar os EUA após a chegada do falso alien. A paz criada através de uma grande mentira deixa os heróis desestabilizados.

O único que decide não cooperar numa farsa é Rorschach, que parte de Karnak determinado a revelar toda a verdade. Mas é impedido por Manhattan, que o desintegra. O herói entende, sem julgar ou condenar, que os atos de Adrian de fato pararam o relógio do juízo final. Depois de todos esses acontecimentos, ele decide deixar a Terra, em busca de outra galáxia menos complicada. Veidt é deixado com o peso de seus atos sobre os ombros.

No fim, Dreiberg e Laurie visitam Sally, onde a ex-Espectral fica sabendo que a filha sabe sobre sua paternidade. Vemos que Sally, apesar de tudo que aconteceu no passado, amava a filha e tentou fazer de tudo para que ela fosse diferente do homem que a gerou.

 

A conclusão de Watchmen merece um capítulo a parte. Len Wein, que era amigo de Alan e editou os sete primeiros números da hq, teve uma discussão com o roteirista, pois achava que o capítulo final era uma cópia de um episódio da primeira temporada da série de TV Quinta Dimensão, exibida em 1963. No epísódio Os Arquitetos do Medo, da primeira temporada, um grupo secreto de cientistas criam em laboratório um falso alien e convencem a humanidade de que ele é parte de uma invasão alienígena, com o intuito de forçar um acordo de paz entre os governos á beira da guerra nuclear. Confrontado pelo editor, Moore admitiu o plágio, mas manteve sua versão. “Eu detestava na época e continuo detestando”, disse Len anos depois. Em 2013, para a minissérie Antes de Watchmen do personagem Ozymandias, Wein se referiu ao episódio, numa clara alfinetada a Moore.

Cena de “Os Arquitetos do Medo” (30 de setembro de 1963).

Aliás é do falecido cocriador do Monstro do Pântano uma das melhores sacadas da maxissérie: inicialmente planejadas para uma sessão de cartas, as últimas páginas ganharam seu excelente material extra porque Wein achava injusto com os leitores que escrevessem para as últimas edições, pois nunca teriam suas cartas publicadas, devido ao fato da publicação ser uma série limitada. Moore expandiu a idéia do amigo para uma série de complementos (capítulos do livro fictício Sob o Capuz, de Hollis Mason; anotações; prontuário do dr. Malcolm Lang sobre Rorschach; entrevista com Ozymandias, etc), que acabaram se tornando informações preciosas sobre a trama principal.

Imagem do primeiro capítulo do livro fictício Sob o Capuz, de Hollis Mason.

Alan e Dave, desde o início, queriam que Watchmen fosse visualmente diferente de qualquer hq daquele período. Em sua primeira edição, a capa trazia o título na vertical, sem uma cena de ação nem nenhum personagem em uma pose de ação clichê, apenas com o bótom do smile sobre um rio de sangue; as cores de John Higgins, um amigo de Gibbons que já havia trabalhado na 2000AD, que adotou uma paleta de cores secundárias perfeitamente casada com o clima da hq; e a ausência de balões de pensamento e onomatopéias.

As capas das doze edições originais americanas.

Em O Juiz de Toda a Terra, Moore percebeu que estava lidando com uma nova forma narrativa. A maneira como os quadros rimam, espelhando posturas de personagens, enquadramentos e ângulos de câmera inusitados, são um dos pontos altos da série.

O garoto Bernie em uma de suas leituras de “Ilhado”.

Falando em inovações, Gibbons sugeriu a Moore usarem o painel de 9 quadros clássico para ditar o ritmo de Watchmen. Esse esquema já era usado no Homem-Aranha de Steve Ditko e nas histórias de Harvey Kurtzman, da EC Comics. Isso deu a Moore um controle mais preciso sobre o ritmo e a justaposição dos elementos da história, e é interessante como qualquer alteração nesse ritmo causa um efeito impactante, exemplo disso é revelar o perfil psicológico de vários personagens da trama. As páginas em que Rorschach aparecem usam o recurso da grade de nove quadros, que demonstra como ele é incapaz de expressar sentimentos. Em Relojoeiro, os quadros apresentam uma variação intensa de painéis, devido a forma que Manhattan viaja entre passado, presente e futuro.

Página do Aranha do Ditko; página de Kurtzman; e Watchmen.

Apesar do clima pesado e violento que permeia cada página de Watchmen, Moore adora os super-heróis, suas tradições e sua cultura. Um exemplo disso é o cachorro de estimação de Hollis Mason, o primeiro Coruja: batizado de Fantasma e usando uma máscara assim como o dono, ele é uma homenagem a Ace, o Cão-Morcego, presença constante nas hqs do Batman nos anos 50.

Fantasma e Ace, o Cão Morcego.

Mais de 30 anos após sua publicação original, Watchmen vem sendo reimpressa desde então. No Brasil, foram seis vezes: três pela editora Abril (minissérie em seis edições e encadernado entre 1988-1989 e minissérie em 12 edições em 1999; minissérie pela Via Lettera em 2005-2006; e encadernado em duas partes em 2009 e em capa dura de 2011 em diante). Fora as minisséries prequels Antes de Watchmen, em 2012, e a atual Doomsday Clock, que integra os personagens da hq no mesmo universo da DC.

As 12 edições da versão da Abril, 1999.

Watchmen teve várias tentativas de transformá-la em filme. No final dos anos 80, Terry Gilliam tinha um projeto baseado na hq, que contava com Arnold Schwarzenegger como Dr. Manhattan. Anos depois, Paul Greengrass queria adaptar a história aos anos 2000. E finalmente, Zack Snyder encarou a empreitada num filme cuja versão estendida possui mais de três horas e meia de metragem, numa versão mais fiel possível ao material original. A rede HBO está preparando a sua versão, em formato minissérie e apenas inspirada na obra.

“Quem Vigia os Vigilantes?” Todos nós, leitores, quando abrimos a hq e acompanhamos a odisséia de ficção científica criada por Alan Moore e Dave Gibbons.

 

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Já estamos vivendo a era dos Deuses Americanos “tupiniquins”

Deuses Americanos é uma das obras mais icônicas de Neil Gaiman. Ela é um dos clássicos do autor e é colocada quase no mesmo patamar de sua fase em Sandman. Publicado originalmente como livro em 2001, Deuses Americanos tem no seu currículo o Prêmio Hugo e o Prêmio Nebula, ambos na categoria Melhor Romance, em 2002. De lá pra cá, Gaiman chegou comentar que tem ideias para uma continuação, em 2017 ganhou adaptações para a TV e os quadrinhos.

Eu nunca tive contato com o livro e nem com a série da TV. Os quadrinhos foram lançados nos EUA pela Dark Horse Comics e foi dividida em três arcos: Shadows, My Ainsel e The Moment of the Storm, totalizando 27 edições. Aqui no Brasil, foi a Editora Intrínseca que segurou a responsa de publicar a obra, e vai realizar em três volumes. Em abril desse ano, chegou às livrarias Deuses Americanos – Volume 1 – Sombras, onde temos o ponto de partida das aventuras de Shadow Moon.

A trama, já muito conhecida por todos, fala sobre a guerra entre os deuses tradicionais que estão perdendo espaço para os novos mitos como a internet e os programas de TV, e caindo no esquecimento pelas novas gerações. O próprio Neil Gaiman produziu a adaptação para os quadrinhos, que tem roteiros de P. Craig Russell (que já trabalhou com Gaiman adaptando Coraline e fez os desenhos de Ramadan, publicada em Sandman #50) e desenhos de Scott Hampton.

Uma obra de tanto tempo e tão conceituada, já com inúmeras resenhas, escrever sobre ela, é como chover no molhado. Durante a leitura, minha mente viajou de como a obra se assemelha com a realidade. Como chegamos ao ponto de “endeusar” pessoas ou objetos que ditam a moda hoje em dia.

O fanatismo sempre existiu nas pessoas. Fãs que colecionam tudo, sabem tudo, conhecem tudo, se vestem igual, buscam ter mesmo pensamento, trejeitos e até modo de falar não é novidade. O fato de termos um ídolo, ou alguém que possa nos inspirar, não é todo ruim. É saudável até o ponto em que não perdemos nossa identidade, e a inspiração possa ser construtiva.

Hoje em dia, temos verdadeiras legiões de fãs que colocam em pedestais músicos, Youtubers, jogadores de futebol e políticos. Entretanto, muitos, me arrisco a dizer em sua maioria, são pessoas vazias, com pensamentos mesquinhos, que levantam multidões e introduzem ideais duvidosos no coletivo. Vemos diversos casos desses novos influenciadores/deuses modernos tem atitudes preconceituosas, escandalosas e mesmo assim as legiões de adoradores crescem cada vez mais. E como se deuses raivosos antigos, que punem, mas mesmo assim ainda continuam sendo adorados.

Em Deuses Americanos, os antigos deuses estão “morrendo” porque as novas gerações não pagam mais tributos, preces e não clamam por eles. Eles foram trocados por novos influenciadores modernos. O quadrinho em que a Lucy, do seriado I Love Lucy, fala que a TV é um tipo de Deus, e que as pessoas fazem sacrifícios para ela é a melhor explicação sobre o que está acontecendo. Na real quando as pessoas idolatram um Youtuber que prega algo que seus pais lhe ensinaram como errado, é o mesmo processo. Como por exemplo, um caso recente de um desses astros, que falou que fez sexo sem consentimento da sua namorada. Muitos condenaram a situação, mas existiu quem defendesse o rapaz.

Estamos vendo um novo processo de endeusamento. A moda ditando regras sempre aconteceu, mas a velocidade da informação hoje em dia é incrível. Um jogador de futebol que pinta o cabelo de manhã, de tarde já temos vários jovens fazendo o mesmo e defendendo ferrenhamente nas redes sociais o seu ídolo. O que está mais na moda, até por causa da proximidade das eleições, tem ficado insuportável a quantidade de pessoas defendendo candidatos A ou B. Estamos vendo amizades de anos se transformarem em ódio por causa de candidatos. Mas ninguém se preocupa em compartilhar as ideias e planos para o futuro de seu preferido.

E hoje em dia simplesmente aceitamos o que nos é passado.

Exatamente o que acontece com Shadow em Deuses Americanos. O protagonista não questiona nada que lhe é apresentado. Ele aceita e executa. Não se preocupa nem se instiga com o que está acontecendo ao seu redor, por mais absurda que a situação seja. Ele tem a dor da perda da esposa e pode ter ligado o foda-se. É algo como o pensamento daquele deputado: pior que está não fica.

Quantas vezes já pensamos nisso?

E assim como as informações são rápidas, Deuses Americanos é uma HQ em movimento. Não vemos sempre o mesmo cenário sempre e não conseguimos mensurar o que pode acontecer o que vem a seguir. A narrativa vai contextualizando, renovando, reinventando e apresentando algo novo para o leitor. A batida filosófica que Neil Gaiman implanta é forte, e transborda nas páginas da HQ. Ela não é uma leitura fácil às vezes, detalhes e excesso de diálogos dos personagens prendem mais do que o normal de uma HQ, digamos, comum.  Como eu não li a obra no formato original, acredito que esteja bem adaptado. A impressão que passa é que o carinho com a produção foi prioridade. E que tudo, ou a grande maioria, do que está no livro, foi transportado para a HQ.

Deixo alguns destaques para as pequenas histórias/contos que são espalhadas por Deuses Americanos. Do relacionamento dos humanos com os antigos deuses. Todas são interessantes. E obviamente a arte. As ilustrações que dividem os capítulos são divinas. Os traços são bem realistas, expressivas e alguns momentos assustadores. Mas apesar de buscar um ponto de realidade, o tom caricato dos personagens não se perde. A edição de Deuses Americanos da Intrínseca, ainda conta com 20 páginas de esboços de artes e notas.

Deuses Americanos tem formato 26 x 16,8 cm, 264 páginas e no link da Amazon Brasil abaixo está com 64% de desconto.

 

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As primeiras cavalgadas promissoras de Destination

“Só não gosto de confusão quando estou tomando meu Brandy”

O cenário do quadrinho nacional tem nos presenteado com diversas excelentes produções dos mais variados temas; e o Velho Oeste não tem ficado para trás. Produções como Abutres (Julio Magah e Eduardo Vetillo), Gatilho (Pedro Mauro e Carlos Estefan), Saint Alamo – Balas não sentem culpa (Jonathan Nunes e Rafael Conte) e Balas Contadas (Hiram Miller) são maravilhosos exemplos publicados recentemente.

O cyberpunk também é um estilo que sempre se fez presente. Ultimamente, a Editora Draco publicou Cangaço Overdrive (Zé Wellington, Walter Geovani e Luiz Carlos B. Freitas) e a coletânea Periferia Cyberpunk abordando esse vasto mundo.

Mas e se juntássemos os dois?

Nós temos DestiNatioN.

Lançado oficialmente durante o FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, DestiNatioN se tornou uma das maiores novidades da feira. Misturando os dois gêneros, a HQ escrita por Alessio Esteves, e com desenhos de Lobo Loss, apresenta um mercenário em busca de vingança, uma religiosa aplacando sua ira por meio da fé e um jovem que só quer conhecer seu ídolo. Ao longo de quatro histórias no melhor estilo pé na porta, soco na cara, o universo de DestiNatioN é introduzido.

“Hora de cair no mal. É o country hardcore funeral!”

O primeiro volume de DestiNatioN é basicamente uma introdução. Em cada história que meio que se interligam, mas ao mesmo tempo são arcos fechados, os mistérios que envolvem os personagens afloram nas páginas e colocam várias pulgas atrás das nossas orelhas. Isso sem contar naqueles que estão começando a terem as suas histórias contadas, deixando a sensação de “ainda vamos ver esse cara de novo” na mente.

A ambientação de DestiNatioN, com seu tom de cor e suas histórias com saloons, prostitutas, brigas e tiros, transporta o leitor para dentro da HQ e, muitas vezes, parece que estamos segurando as músicas da banda Matanza. Aliás em alguns momentos os traços lembram do guitarrista Donida, um dos membros fundadores da banda de country-core.

A arte de Lobo Loss, juntamente com o acertado tom de sépia, ajuda a transportar o leitor para o cenário árido do deserto, aumentando o clima e envolvendo visualmente com as situações e personagens. Algumas outras cores mais fortes aparecem no decorrer das páginas, como o verde nos olhos ou no sangue dos Aracnoides. Igualmente o que acontece com o vermelho, no sangue que explode nas páginas ou nos olhos das maquinas.

Apesar de ser abertamente considerada um cyberpunk, em DestiNatioN, muitas das maquinas, ou membros mecânicos, passam despercebido. Agindo como parte do cenário ou nos movimentos dos personagens. É uma HQ de faroeste com pitadas tecnológicas. Esse é um dos grandes baratos de DestiNatioN, tem a essência da tecnologia futurista, mas que não atrapalha o western. Isso é um dos grandes charmes da HQ.

Outra boa sacada, que nos deixa íntimos em DestiNatioN, são as propagandas de época entre uma história e outra. Cigarros, sabonetes, bebidas, tudo como cartazes dos primórdios do marketing e além, é claro, as capas internas que homenageiam grandes nomes dos quadrinhos mundiais usando referencia de Piada Mortal, Wolverine, entre outras.

“Eu espero que você entenda bem, eu não gosto de ninguém.”

Os personagens apresentados em DestiNatioN são carismáticos, até mesmo aqueles que tomam tiros na cabeça ou na mão. O destaque com certeza é Jeff Van Cypher, um forte candidato a novo queridinho (que ele não leia isso) dos quadrinhos nacionais. Ele é a personificação do personagem mercenário padrão, que persegue o seu alvo implacavelmente, perito com suas armas, experiente, com certo senso de moralidade e sarcástico.

Os quadros, em alguns momentos, lembram tomadas de câmera, mas o que impressiona mesmo são os detalhes no cenário.  As tábuas das casas, os mecanismos sejam de personagens ou dos animais, ressaltam a sutileza do cyberpunk.

“Ergam seus copos por quem vai partir”

Mas, DestiNatioN tem um problema: ela acaba. A introdução a esse mundo tecnológico do Velho Oeste funciona e abre um leque de possibilidades. O universo e o caminho de DestiNatioN já estão abertos, agora é esperar para voltarmos a bater de frente com Jeff Van Cypher e os seus mistérios.

Para mais informações sobre DestiNatioN acesse o perfil oficial AQUI. Ou adquira o seu exemplar no site da Excelsior Comic Shop.

 

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”Nós somos o Cavaleiro da Lua e finalmente, nossa mente permanece em silêncio”

De acordo com o dicionário oficial do Google, a definição de vida é a seguinte: ”propriedade que caracteriza os organismos cuja existência evolui do nascimento até a morte”.

 Derivando-se de um ponto de vista mais científico e racional, a manifestação dada pelo ”pai dos burros” moderno está mais do que certa, visto que a origem da existência, aparentemente se iniciou de uma gnose menos cultural e mais precisa.  Entretanto, com o nascimento da filosofia moderna e dos milhares ”maus do século”, a vida ganhou um significado mais amplo e dependendo do ponto de vista do indivíduo, pode-se dizer que a precedência de um alicerce é muito mais que simples termos criados pelo homem.

 Em inúmeros momentos da vida, tem-se a sensação que nada dará certo e que tudo conspira contra nosso favor, dando a impressão, que esse tipo de ”divindade” efetivamente é uma criatura sedenta por vingança por algo que não fizemos de errado, sendo capaz, de causar inúmeras doenças psicológicas e neurais em determinado sujeito, como por exemplo, a  depressão; que é a enfermidade que mais mata no mundo todo, que como consequência, vem se tornando algo difícil de se combater ao passar dos anos.

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 Do final de 2017 para cá, admito que a minha vida mudou drasticamente, tendo altos e baixos durante essa fase que eu posso chamar de ”fim da adolescência” para ”o começo de uma vida adulta visto a partir de um ponto de vista jovem”. Mas, como ninguém é de ferro, admito que estou no meu ápice, não aguentando mais determinadas atitudes e rumos que estou seguindo, mesmo que diferentes e maravilhosos fatores vem me abraçando ao decorrer que amadureço como pessoa.

Eu necessitava de uma história em quadrinhos que me intrigasse e que me envolvesse emocionalmente com a sua trama, mas, eu sabia que narrativas comuns de super-heróis não iriam me entreter por muito tempo. Após uma longa procura (ok, não foi tão longa assim) de algo que se distanciasse do Homem-Aranha, Flash, Batman, Vingadores, Liga da Justiça e Superman, acabei encontrando um personagem que sem sombras de dúvidas, é um herói que marcará minha vida e que será praticamente impossível de ser eliminado do meu coração. Senhoras e senhores, estou falando de ninguém mais ninguém menos, que o esplêndido Cavaleiro da Lua.

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Diferente dos dramas e motivações convencionais dos audaciosos vigilantes que cercam o mundo do entretenimento nos dias de hoje, o  Cavaleiro da Lua é um dos poucos que se diferenciam do restante da ”massa popular”.

Antes de resumir a sua trajetória nos quadrinhos, e assim, poder ir direto ao ponto, é preciso expressar a minha imensa gratidão ao roteirista Jeff Lemire e ao desenhista Greg Smallwood, que graças a eles, foi-me entregue o melhor gibi que eu li em anos.

Lemire tem em seu currículo grandes nomes, como: Black Hammer, Teen Titans: Earth One, Wolverine: Old Man Logan e dentre outros. O roteirista é conhecido por abordar temais mais realistas e pé no chão em seus gibis, fazendo na maioria das vezes, com que o leitor se identifique com o que está acontecendo nas entrelinhas de seus projetos. 

Já Smallwood, trabalha quase de maneira exclusiva para a Marvel, sendo Black-out e Dream Thief: Escape os seus únicos projetos fora da casa das ideias. No momento, o artista vem se consolidando com a atual fase do Cavaleiro.

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Sintetizando de maneira breve a origem e história do personagem criado por  Doug Moench e Don Perlin em 1975Marc Spector  é filho de um rabino que conseguiu fugir do regime nazista na época da Segunda Guerra Mundial. Spector é um ex-pugilista e fuzileiro naval que após abandonar a sua carreira militar e se tornar um mercenário, foi deixado por Raul Bushman a beira da morte no deserto enquanto cumpria uma missão especial.

No entanto, o deus egípcio Konshu cedeu ao mercenário, mais uma chance para viver, se tornando assim, o vigilante Cavaleiro da Lua. Mas será que isso aconteceu mesmo? Ou foi apenas ilusão da mente traiçoeira de Steven Grant e  Jake Lockley, as duas personalidades que compartilham o mesmo corpo de Marc? 

O protagonista dessa loucura, possui transtorno dissociativo de identidade, enfermidade que certifica a psique de um determinado sujeito a acreditar que uma ou mais consciências diferentes abitam o seu corpo, tendo controle total de sua mente e alma. No caso de  Spector, ele desenvolveu três principais identidades, que são: O Cavaleiro da Lua propriamente dito; Steven Grant, um milionário e produtor de filmes hollywoodianos e o taxista Jake Lockley, que sai em patrulhas noturnas em busca de informações que possam favorecer as investigações do Cavaleiro.

Marc Spector descobriu o trastorno ainda criança e logo após a descoberta, foi levado por seu pai para um sanatório em busca de uma eventual cura, que óbvio, não adiantou em nada e só ajudou o pequeno garoto a ficar ainda mais louco, dando início a uma incrível e longa jornada até a sua vida adulta.

Um homem chamado Marc Spector

Após um breve resumo sobre a história do personagem, finalmente pude chegar aonde eu queria, que é contar para você meu (minha) caro (a) leitor (a), o que me fez amar tanto o personagem e quais são as semelhanças da nova e atual fase do herói com a filosofia feita nos primeiros parágrafos dessa coluna. Lançado em 2016 e tendo continuidade até os dias de hoje, o novo gibi do vigilante mascarado mescla entre a realidade do nosso mundo, com a fantasia vista nas HQ’s da Marvel. Mas não se deixe enganar, a ficção presente em Cavaleiro da Lua: Lunático e Cavaleiro da Lua: Reencarnação , é totalmente diferente com o que é testemunhado nas histórias da casa das ideias, pois enquanto uma trama de um personagem distinto fala sobre um vilão que viaja entre dimensões para caçar diferentes versões desse herói com a finalidade de se alimentar, aqui, é visto algo mais pé no chão que em determinados momentos, fica óbvio que uma critica ao mundo moderno está sendo feita.

De início, Lunático e Reencarnação são extremamente confusos e sem nexo, fatores essenciais para que o leitor se sinta desconfortável, como se estivesse passando pela mesma situação de  Marc, que é praticamente impossível de associar com o que é real e com o que não é. Claro, depois tudo é explicado e pontuado como deve ser feito. Isso deve-se ao fato do excelente roteiro de Lemire, que em pequenos quadros e dizeres de personagens, mostra ao leitor o quão duro é enfrentar o cotidiano e como tudo pode ir por água a baixo por mais boa que a situação pode aparentar.

Não tenho outra palavra para descrever o quão bela é a arte de Smallwood além de ”espetacular”. Com traços finos e cuidadosos, seus desenhos levam a cabeça dos fãs a outro mundo, encantando qualquer um ao decorrer das diversas páginas da revista.

Outro ponto que merece ser mencionado, é que o Cavaleiro da Lua se distingue de todos os outros personagens da Marvel em vários aspectos, mas o mais evidente, é a sua motivação. Enquanto os outros heróis buscam redenção por algum ocorrido que aconteceu no passado, o propósito do  Cavaleiro é apenas combater a sua mente, e conseguir viver em paz com as suas outras personalidades e nada mais. Pode parecer um pouco distante da realidade até então, mas a sua representação nessas duas histórias citadas no parágrafo anterior, se aproxima muito com o que vem assolando a humanidade, que é ninguém mais ninguém menos, que o maior vilão da coletividade mundial, a Depressão. Alem do que, o parecer final de sua jornada, se assemelha muito com os males da vida mencionados anteriormente. Portanto, o herói é definitivamente, uma representação com o que acontece com todos nós. 

Além de ser o título desse artigo, a frase: ”nós somos o Cavaleiro da Lua e finalmente, nossa mente permanece em silêncio” foi a que mais me chamou a atenção em toda a história. Parando brevemente para refletir, eu percebi o quão bom foi acompanhar essa jornada do Cavaleiro da Lua até a saída de Jeff e Greg, que com muito orgulho, posso falar com toda a certeza nesse mundo: o personagem é mais que um herói de gibis convencionais, mas foi com ele que eu aprendi a ver a vida com um olhar mais otmundia e o melhor, foi Marc que me ensinou à seguir em frente e nunca desistir do melhor, pois o êxito sempre irá recompensar as falhas.

Espero que tenha gostado, até a próxima e não se esqueça, a chuva é real o suficiente para cair em nossos rostos.

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The Man of Steel: A cueca vermelha não deveria ter voltado

“Ele finalmente voltou a usar a cueca vermelha” – diz uma das personagens durante a terceira edição de The Man of Steel. A nova minissérie do Superman marca o início da fase de Brian Bendis pelo personagem. Para quem não sabe, o roteirista assinou um contrato de exclusividade com a DC Comics. Era esperado que ele assumisse os roteiros de um personagem urbano, afinal ele tem mais afinidade com vigilantes. Entretanto, o inesperado aconteceu: Ele se tornou o novo roteirista do Superman.

Sua primeira história pelo personagem foi publicada em Action Comics #1000 – uma edição comemorativa – e acabou se tornando a pior parte da coletânea. Por isso, criar expectativas para The Man of Steel foi uma tarefa árdua. Primeiro, pois leva o nome da pior reformulação do personagem: O Homem de Aço por John Byrne. Segundo, pois a premissa está longe de ser original ou interessante.

Afinal, quando foi a última vez em que os roteiristas revelaram o que aconteceu durante a destruição de Krypton? Isso mesmo. Ano passado, Dan Jurgens durante o Efeito Oz, já nos fez uma revelação em relação a este fato. Agora, Bendis, tenta repetir o feito com Rogol Zaar, o novo vilão do personagem, o verdadeiro destruidor de Krypton. Sendo uma mistura visual entre a imponência do General Zod e o visual monstrengo do Apocalipse, ele é o pior personagem da história.

Mas quem dera este fosse o único problema. A escrita de Bendis é um problema ainda maior. Particularmente, sou um grande fã de monólogos. Alguns dos meus momentos favoritos nas HQs são monólogos. Às vezes, eles são o recurso narrativo certo para impactar o leitor, tornar a leitura mais imersiva e fazê-lo sentir o que o personagem sente. Entretanto, em The Man of Steel, Bendis faz o oposto. Com exceção de dois momentos, tudo o que pode ser visto nas páginas é descrito pelo Superman.

Esses dois momentos os quais são uma exceção, são os únicos em que nós realmente sentimos o que o personagem sente. O excesso de monólogos tornam a leitura uma experiência monótona assim como atrapalha a narrativa dos quadros e dos desenhos – lindos, por sinal. Outro grande problema do roteiro é a descaracterização dos personagens. Não acreditaria se eu dissesse que “Ca Ca Po Po” é algo dito duas vezes neste gibi, certo?  Provavelmente pensaria: “O que diabos é isso?” Nem o redator que vos escreve, sabe. Enquanto o Superman continua sendo o herói clássico porém extremamente unidimensional, todos os outros personagens agem como idiotas.

Mas é claro, há pontos positivos. A arte está impecável. Ivan Reis, Doc Shanner, Ryan Sook, Kevin Maguire e Jason Fabok fazem um trabalho fenomenal e dinâmico. A primeira edição, apesar de atuar na zona de conforto, é divertida e realmente boa. Além disso, a trama envolvendo os incêndios em Metropolis e toda a crise do Planeta Diário são ideias interessantes e promissoras.

Por Jason Fabok

Uma delas, a qual altera todo o status-quo do personagem, é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que é uma progressão do run de Peter Tomasi e Patrick Gleason, é também uma contradição ao run de Dan Jurgens em Action Comics. Entretanto, esta contradição pode gerar os frutos não colhidos por Jurgens, ou não. Só o tempo dirá.

Contudo, o maior problema de The Man of Steel está fora dele: A editora. A DC tem medo do Superman. Enquanto o Batman busca pela felicidade e é reinventado, o Homem de Aço é obrigado a voltar com a cueca vermelha e salvar crianças de incêndios em todas as edições. Não bastasse a falta de coragem, eles contratam alguém que não está interessado em modernizá-lo. O Superman, um imigrante alienígena, no contexto político em que vivemos hoje, poderia render histórias realmente relevantes e deixar de ser apenas o cara da cueca vermelha. Talvez a DC deva seguir à risca a famosa frase do personagem: “Para o alto e avante.”

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Entrespaço | A arte de repensar a nossa vida

“Mas, sinceramente, valeu a pena? Grande merda, passar por anos de estudos, testes, simulações, se você mal tem a chance de apreciar as estrelas. Caras, vocês foderam com tudo espetacularmente.”

Todos nós temos um sonho. Muitos perseguem para realiza-los. Alguns deixam pelo caminho. E quando você finalmente realiza, mas as pessoas o fazem parecer banal, simples como se não fosse nada de mais? Essa é a principal bandeira de Entrespaço de Daniel de Sousa. Transvestida na trama de um Astronauta, a HQ faz você pensar na vida. No que você realizou no que pode realizar, se valeu a pena todo o esforço e se deixamos as influencias de fora diminuir o que você realizou.

Desenhada e escrita por Daniel de Sousa a partir de um conto que o autor fez em 2011, a trama de Entrespaço, tem a Lua como cenário, um Astronauta precisa recuperar um aparelho perdido no velho satélite. O personagem então começa a pensar e refletir sobre como lutou para chegar até ali, sobre a sociedade como um todo, como somos marionetes para algumas pessoas e de como depois de realizarmos nossos sonhos somos simplificados pelas pessoas.

Um dos pontos fortes de Entrespaço é a arte. Quando o Astronauta se vê sozinho refletindo sobre a vida, Daniel usa bem o fator imensidão espacial para demonstrar como nesses momentos estamos sós. Vou dar um exemplo básico: quando você está na sua cama, antes de dormir e pensa na sua vida, naquela oportunidade que perdeu, no que deixou de fazer, ou aquela vitória que teve. É um momento solitário. É um momento em que você está em intimidade com seus pensamentos. Sozinho. Como se estivesse no espaço.

Eu conheci Entrespaço pelo Twitter (podem seguir o autor no @bomdiavermes )quando ainda estava sendo concebida pelo Daniel. O autor vira e mexe postava artes da HQ e era uma coisa mais linda do que a outra. Logo em seguida veio à campanha vitoriosa no Catarse e, finalmente, o grande lançamento durante o FIQ deste ano. Apoiei a campanha mas não tive como ir ao festival, e daqui de casa, lia os relatos de quem já tinha “consumido” Entrespaço. O que só aumentou minha expectativa. E depois que ela chegou, sim, eu me vi como o Astronauta.

A sua saga para chegar ao seu sonho de criança, com intensivos estudos, treinamentos regados a vômitos e giros em maquinas, até chegar no auge de finalmente ir para o espaço realizar uma missão de apenas 30 minutos. Pode se assemelhar ao que nos temos como sonho também. Quantas e quantas vezes você quer realizar algo, planeja, corre atrás, sofre, vence, pensa em desistir, levanta a cabeça, consegue e vence. Mas as pessoas ao seu redor simplesmente lançam um “não fez mais do que sua obrigação”. “Isso é besteira”. “Você deveria arrumar um trabalho de verdade”. “Olha, isso que você faz não é nada demais”. Banalizam o teu sonho. As suas conquistas.

O sonho do Astronauta era estar nas estrelas. Para isso ele dedicou uma vida de estudos e treinamentos. Para chegar finalmente e ir buscar uma peça que ficou perdida na Lua. O modo em que seus superiores tratam a missão que é o auge da vida do Astronauta é o que incomoda. Você chega no seu auge, e as pessoas vão sucateando sua vitória. Por isso a identificação com o personagem fica tão latente.

Mas, Entrespaço, também fala do ligar o f*da-se. Cara, você chegou no seu auge. Realizou o que mais queria. Chegou no resultado depois de tanto tempo de batalha. E aí? Vai deixar por isso mesmo? Vai deixar influências de fora diminuírem ou simplificarem o que foi conquistado? Tem que viver e valorizar o que alcançou. Tem que se orgulhar. Não ser arrogante, mas ser exemplo de quem lutou e conseguiu. O Astronauta não é uma pessoa cheia de si, daquela do tipo “só eu basta”. É um pensador contemporâneo. Que somente resolveu viver o que batalhou para a sua vida.

E você? Vai realizar o que quer para a sua vida? Vai deixar vozes de fora diminuírem o que você faz/fez?

Pense nisso.

Entrespaço tem formato 17 x 26 cm, 36 páginas em P&B com detalhes coloridos e ainda conta com (lindos) extras dos artistas Mario Cau, Eduardo Medeiros, João Pedro Chagas e Fabiano Lima. A HQ é a primeira publicação do Cavernna Comics, e você pode, e deve adquirir seu exemplar na loja online clicando AQUI.

 

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Batman #50 é uma linda, poética e brilhante carta de amor

É chegado o grande dia. Após uma massiva campanha de divulgação, vários prelúdios e polêmicas com New York Times, Batman #50 está entre nós. O Casamento, veio para fazer história na cronologia do personagem. Mas não da forma o qual muitos leitores anseiam ou aguardam. A edição já está dividindo opinião de muitos leitores. Enquanto uns dizem que é apenas enrolação por parte do roteirista, outros defendem a história como uma brilhante carta de amor.

É compreensível a revolta, mas esperamos e torçamos para que ela não atinja o patamar de Império Secreto. Edições sendo queimadas e xingamentos direcionados aos autores seria uma atitude extremamente desrespeitosa. A culpa, portanto, reside na campanha de marketing, mas ao mesmo tempo, é compreensível. Analisando a situação como editora, essa é a chance para aumentar ainda mais as vendas do título. Como diria um sábio: “É Batman. Batman vende.”

Capa variante da edição. Por Jim Lee

Logo, o que nos resta é analisar a história de forma isolada ou como uma continuação a tudo o que o roteirista desenvolveu até agora. Alerta de spoiler: Funciona. Mais uma vez, King faz o que sabe fazer de melhor: Poesia. A narrativa é dividida em duas: A preparação para o evento e as cartas de amor do Morcego para a Gata, ou vice-versa. King faz o seu Como a Luz dos Olhos Teus em mais de 20 páginas. Tudo isso acompanhado de uma equipe talentosa de artistas incluindo seus parceiros: Mikel Janín, Joelle Jones, Mitch Gerads e David Finch. Assim como outros grandes artistas: Paul Pope, Frank Miller, Tim Sale, Jason Fabok e outros.

A outra história, como eu disse, são as preparações para o casamento. Mikel Janín mais uma vez entrega um bom trabalho e há uma splashpage espetacular e extremamente romântica. Há um paralelo traçado na distribuição dos quadros, uma característica sempre bem-vinda nos roteiros de King. Assim como, alguns momentos emocionantes. Daqueles de fazer qualquer fã do Morcego chorar.  Agora, vamos entrar na zona de spoilers: Eles se casam ou não?

Uma fantástica splashpage

A resposta é: Não. Entretanto, ainda há esperança. “Como assim, depois desse marketing todo?” Isso é algo o qual muitos não entenderam ainda. Este não é o fim do run de King pelo personagem. Como o roteirista descreveu em entrevista a Entertainment: “Imagine que você está assistindo ao Império Contra Ataca e Vader acabou de pegar a arma do Han”. A ideia central é um questionamento: Bruce Wayne pode ser feliz? Nós ainda vamos descobrir, mas ao que tudo indica, ele pode. Selina não o larga no altar pois ele é uma criança a qual se recusou a crescer – como foi erroneamente interpretado pelo New York Times – , mas sim, pois Gotham precisa do Batman.

Além disso, é necessário falar sobre a última página da edição: Vários personagens dos arcos anteriores reunidos no Asilo Arkham. Entre estes personagens, vilões como o Coringa e Charada. Assim como, aliados: Thomas Wayne de Flashpoint e Gotham Girl. Simultaneamente, Holy (Amiga de Selina) e Bane falam sobre o Morcego ter sido quebrado. As teorias começam: A busca pela felicidade de Wayne é um plano dos vilões, ou é algo maior?

Ok… o que está acontecendo?

De qualquer forma, chegamos à metade deste fantástico run e as coisas prometem (e irão) pegar fogo nos próximos anos. Além disso, Selina ganhou uma revista mensal escrita e desenhada por Joelle Jones a qual começou bem e promete mostrar o “novo” status dela. Para saber sobre tudo o que acontece na Editora das Lendas, fique ligado na Torre de Vigilância.

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Eu Sou Bane: “Você sofreu tudo isso pela possibilidade de vitória.”

Em seu primeiro ano na revista Batman, Tom King revolucionou o personagem. Em Eu Sou Gotham, introduziu aos leitores a heroína Gotham Girl. Assim como, iniciou uma trama com o Pirata Psíquico. Em Eu Sou Suicida, entrelaçou os destinos de Bruce e Selina enquanto desenvolvia uma história de assalto. Em Eu Sou Bane, a conclusão deste primeiro ano, o roteirista entrega a revanche entre o Morcego e o homem que quebrou suas costas.

Assim como A Queda, publicada na década de 90, Eu Sou Bane não é apenas sobre brutalidade física, mas também espiritual. A diferença é claro, reside no fator suicida envolvendo o Batman o qual está sendo constantemente explorado durante o run. Além disso, King traça paralelos entre as dores do protagonista e do antagonista. Aspecto o qual confere mais poesia e antecipação à obra.

Paralelos entre Batman e Bane

Como é o fim do início, Eu Sou Bane é grande em sua escala e envolve a maioria dos personagens utilizados desde o início da revista. O Tigre de Bronze, a Mulher-Gato, Gotham Girl e a Bat-família, todos eles desempenham algum papel fundamental para a narrativa, mas funcionam apenas como peças, as quais são movimentadas da maneira certa.

Na verdade, o arco pode ser interpretado como uma partida de xadrez repleta de sangue e socos. O jogo violento é ilustrado por David Finch. O artista apresenta um desempenho levemente inferior ao seu trabalho em Eu Sou Gotham, mas ainda assim, entrega a pancadaria. As cores de Jordie Bellaire mais uma vez fazem grande diferença na composição artística, assim como a distribuição de painéis proposta por King.

 

Para finalizar, é incrível como o roteirista entrelaça todos os eventos até aqui através de um gigantesco e brilhante monólogo de uma personagem bastante conhecida. Essa gigantesca fala a qual percorre a última parte do arco, define o Batman trazido pelo autor e sua jornada. O Batman sofre, quer sofrer e precisa sofrer. É a sua morte, ele está buscando por ela, pois acredita na vitória após o sofrimento. Recitando o que é dito pela mensageira misteriosa: “Você sofreu tudo isso pela possibilidade de vitória.”

Eu Sou Bane finaliza com maestria o primeiro ano do Cavaleiro das Trevas por Tom King. Impossível não elevar as expectativas para o segundo ano com A Guerra das Piadas e Charadas. O arco foi publicado por aqui entre as edições 10 à 12 da revista Batman, pela Panini. Para saber sobre tudo o que acontece na Editora das Lendas, fique ligado na Torre de Vigilância.

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Confira a lista completa de quadrinhos Gold Edition da Mythos Editora

Em outubro de 2017 a Mythos Editora deu início a um novo selo editorial: o Gold Edition. Com intuito de publicar quadrinhos europeus em grand format e acabamento de luxo (com capa dura e detalhes gráficos como verniz aplicado e hot stamp), de lá pra cá a editora vem realizando uma verdadeira curadoria de material produzido na Europa visando o lançamento apenas de séries/volumes únicos de alta qualidade.

Abaixo, confira a lista completa de quadrinhos Gold Edition da editora, que continua lançando e anunciando novidades a cada mês, que serão inseridas nesta postagem conforme derem início às pré-vendas e chegarem às lojas especializadas.


Elric: O Trono de Rubi

Produzido por um time de autores de ponta, Elric: O Trono de Rubi adapta a obra máxima de Michael Moorcock de forma, tida por muitos (inclusive pelo próprio autor), tão boa que chega a superar o livro que deu origem ao quadrinho. Narrando a história do imperador Elric em meio a traições, feitiços e uma luta acirrada pelo poder e domínio do trono de Melniboné, esta aventura vai além de tudo feito com o personagem até então e entrega uma verdadeira obra-prima dos quadrinhos europeus.

O segundo (e, até o momento, último) volume foi publicado em 2022 pela editora.

Saiba mais sobre este quadrinho clicando aqui.


Red Skin – Vol. 1: Bem-Vinda à América

Enviada pelo Kremlin para Los Angeles, a agente soviética Vera Yelnikov possui a missão de espalhar a propaganda comunista na terra do Tio Sam. Como Red Skin, ela empunha a Foice e o Martelo em defesa da verdade, da justiça e do modo de vida comunista. Escrita por Xavier Dorison com arte de Terry Dodson, esta divertida série apresenta a heroína mais inusitada do mundo dos quadrinhos.

Saiba mais sobre este quadrinho clicando aqui.


A Guerra dos Mundos

Adaptação em quadrinhos do clássico literário de H. G. Wells que narra a primeira história de invasão alienígena de todos os tempos, A Guerra dos Mundos é uma edição de volume único com roteiro de Dobbs e arte de Vicente Cifuentes, que juntos contam com drama e humanidade esta história tão conhecida da nossa cultura, adaptada para diversas mídias ao longo dos anos.

Saiba mais sobre este quadrinho clicando aqui.


Elfos

Uma das mais famosas e cultuadas séries dos quadrinhos franceses, Elfos possui tudo que uma boa história fantástica tem a oferecer. Com narrativa rotativa e dividida entre diversas espécies de elfos, onde cada história possui foco num tipo específico (são eles: azuis, silvestres, brancos, negros e meio-elfos), os autores constroem aos poucos uma trama maior e cheia de nuances e interconexões. O primeiro volume possui duas histórias, uma focada nos elfos azuis e outra nos elfos silvestres.

O segundo volume já foi lançado pela editora e apresenta duas novas histórias, uma com foco nos elfos brancos e outra nos meio-elfos.

Saiba mais sobre este quadrinho clicando aqui.


Anões – Volume 1

Assim como Elfos, Anões é uma série dividida em histórias curtas que englobam os diferentes tipos de anões deste universo fantástico. Sim, Elfos e Anões fazem parte do mesmo universo! Existem quatro ordens principais: a Forja, Retaliação, Templo e Escudo. Além delas, uma quinta ordem foi criada e inclui proscritos e desfavorecidos: a Ordem dos Andarilhos. O primeiro volume conta uma história da Ordem da Forja e outra da Ordem da Retaliação.

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O Fio da Navalha

O maior dos Gold Edition (até o momento), O Fio da Navalha de Francesco Dimitri e Mario Alberti é uma história fechada em volume único integral, porém contada em quatro tomos, narrando a execução do Dodecatlo, como a saga mítica dos Doze Trabalhos de Hércules. Composta de doze tarefas extremamente difíceis, quem completar todas elas será o vencedor. O desafio foi lançado pela empresa Leviathan, que não diz por que estão organizando o desafio. E só o vencedor saberá.

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Orks

Buscando a sobrevivência, uma guerra iminente pode afetar toda a tribo. De Nicolas Tackian com arte de Nicolas Guénet, Orks é mais um Gold Edition de volume único contando uma história fantástica focada nos que, quase sempre, são representados como vilões: os Orks. Muitas vezes violentos e bárbaros, porém também conectados ao planeta e a natureza, os protagonistas desta história devem lidar com humanos e anões expansionistas que visam escravizar outras raças antigas.

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Réquiem: Cavaleiro Vampiro

Um soldado nazista renasce após ter morrido no front da Rússia, em 1944. Com tal acontecimento, Heinrich Augsburg descobre que outras pessoas também retornaram como Lobisomens, Zumbis, Vampiros, Demônios e outras criaturas, dependendo de como foram suas vidas anteriores na Terra. Este soldado, agora um sugador de sangue, se alista para se tornar um Cavaleiro Vampiro, um guerreiro que mantém a “caótica ordem” desta realidade. De Pat Mills e Olivier Ledroit, este Gold Edition apresentará aos leitores brasileiros mais uma série cultuadíssima na Europa, com um verdadeiro show visual e narrativo.

O segundo volume de Réquiem, intitulado O Baile dos Vampiros, já foi lançado pela editora e continua a saga de Heinrich e criaturas demoníacas.

Em março de 2022, o terceiro volume foi publicado pela editora, que retomou a série alguns depois da pausa.

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Okko: O Ciclo da Água

O primeiro de cinco ciclos da série Okko, O Ciclo da Água mostrará aos leitores uma fantástica e exótica versão do Japão feudal. Apresentando um império místico chamado Pajão, esta série criada por Humbert Chabuel (HUB) vai fundo na mitologia japonesa para criar uma aventura de resgate que homenageia do início ao fim toda a riqueza cultural do país, com katanas, samurais, deuses e magias. O protagonista, Okko, é um ronin habilidoso que lidera um grupo de caçadores de demônios.

Okko: O Ciclo da Terra, segundo volume da coleção, já está disponível para compra com lançamento marcado para o primeiro semestre de 2019.

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Blue Note

Uma história que mergulha fundo no período da Lei Seca, Blue Note possui todas as características que marcaram uma época: jazz, boxe, gângsteres, suborno, Nova York e venda ilegal de álcool. Com um roteiro carregado com a atmosfera da época (especificamente 1933) por Mathieu Mariolle e uma arte sinestésica de Mikaël Bourgouin, o destino de dois personagens, um boxeador aposentado que retornará aos ringues e um músico que chamou atenção do dono de um clube famoso, se entrelaçam, metendo-os em negócios escusos gerados pelo mal que habita a cidade grande.

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Konungar: A Guerra dos Reis

O Reino de Alstavik está dividido em uma guerra civil. Dois irmãos, Rildrig e Sigvald, lutam pelo direito ao trono numa disputa que perdura há anos. Porém, ambos terão que deixar as rixas de lado para defender o reino de uma invasão do Rei Celta e da ameaça imponente da tribo dos Centauros. Mais uma edição linha Gold Edition repleta de aventura e fantasia, escrita por Sylvain Runberg e ilustrada belamente por Juzhen: a joia da coroa em qualquer coleção.

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Crônicas de Excalibur

Excalibur, o roteirista Jean-Luc Istin, consagrado autor da série Elfos, mostra sua visão da mítica saga da espada mais famosa do mundo com a bela arte de Alain Brion. No primeiro volume, vemos o Mago Merlin entregando Excalibur para Uther Pendragon, visando a união dos reinos bretões contra os invasores. Ao mesmo tempo, a influência da igreja busca influenciar os futuros líderes, atacando as tradições antigas e as Damas de Avalon!

A série foi concluída pela editora, que publicou o segundo volume, encerrando a coleção.

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Os Cavaleiros de Heliópolis

Nostradamus, Imhotep, Lao-Tze, Fulcanelli, Ezequiel… são só alguns dos nomes dos integrantes da sociedade secreta de alquimistas chamada de Os Cavaleiros de Héliopolis! Unidos para descobrirem os segredos do universo e para poderem viver por 300 séculos guiando a humanidade. Para auxiliá-los nessa jornada, eles recrutam Dezessete, um misterioso jovem que seria a chave central para alcançarem seus objetivos finais! Os Cavaleiros de Héliopolis é uma das mais recentes criações do multitalentoso artista chileno Alejandro Jodorowsky, que além de escrever HQs é conhecido mundialmente por seus roteiros para filmes e peças de teatro, por seus livros e poemas e sua longa contribuição na cultura e na arte global. Complementando a história, estão os desenhos de Jérémy, que trazem a vida esse mundo que mistura o místico com o histórico, além de garantir cenas de ação embasbacantes!

No fim do ano de 2021, a Mythos Editora encerrou a série com a publicação do segundo volume encadernado.

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A Morte Viva

Joachim, um jovem cientista que realiza pesquisas proibidas, é sequestrado por uma poderosa e misteriosa mulher reclusa na velha Terra: Martha. Para se recuperar do drama que a assombra há meses, ela ordena que ele faça o impossível: ressuscitar sua filha, Lise, que morreu durante escavações arqueológicas. Joachim, que vê aí uma oportunidade de continuar seu trabalho em total liberdade, aceita esse papel de pai criador. Depois de recuperar o equipamento necessário graças à fortuna de Martha, ele embarca nessa experiência que pode ser irreversível. Porque não se devolve a vida à Morte impunemente…

Publicado em um volume pela Mythos, A Morte Viva é uma obra de Olivier Vatine e Alberto Varanda que adapta um famoso livro. A edição da Mythos traz a história na íntegra em sua versão em preto e branco.


“Silver” Edition

A Mythos Editora também optou por trazer materiais franceses em um acabamento gráfico mais simples, com formato reduzido e capa cartão. A coleção foi apelidada informalmente de “Silver Edition”, e teve apenas dois volumes, sendo eles:

A Noite dos Mortos-Vivos

Quando Lizbeth e seu irmão, Leland, vão visitar o túmulo de seus pais, eles esperavam apenas mais uma viagem de rotina. Porém, algo estranho acontece e subitamente os defuntos levantam de suas tumbas, famintos por carne humana. A Noite dos Mortos-Vivos é um dos maiores clássicos do cinema, responsável por praticamente criar o gênero de horror zumbi. A obra foi reinterpretada para os quadrinhos por Jean-Luc Istin, o criador da renomada série Elfos!


Nós, os mortos

Século XVI. A Europa é vítima de uma epidemia que transforma os homens em zumbis. Quinhentos anos depois, do outro lado do oceano, o povo inca, poupado das ameaças da colonização, continua a se desenvolver. Seu único elo com a Europa é um grupo de homens estranhos, que chegaram de barco pouco tempo após a epidemia. A surpreendente sobrevida desses homens intriga o imperador inca. Ele então decide enviar uma expedição para compreender tal mistério.

Uma obra de terror e aventura criada por Darko Macan e Igor Kordey, Nós, os mortos revisita a história da humanidade (com foco nos espanhóis e incas) inserindo a temática zumbi nela.


Ficou interessado? O selo Gold Edition da Mythos Editora está em expansão, com novos títulos já anunciados que devem pintar nas livrarias até o fim do ano. Portanto, continue acompanhando a Torre de Vigilância para se manter atualizado conforme novidades surgirem!