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TONIKAWA: “Fofura” e “Vergonha alheia”, faces de uma mesma moeda

O satélite natural do nosso planeta empresta seu nome para diversos ditados populares. Um deles, “Nascer virado para a Lua“, significa que a pessoa é bastante sortuda; Já outro, “Viver no mundo da Lua“, quer dizer que o indivíduo é muito distraído ou avoado. São ditados intrinsecamente brasileiros, mas que acabaram calhando de combinar perfeitamente com o protagonista desta história japonesa que também se baseia nesse corpo celeste.

Inicialmente um mangá, “Tonikaku Kawaii” (abreviado para “Tonikawa“) está em publicação desde 2018, com autoria de Kenjiro Hata (que também escreveu Hayate no Gotoku!/Hayate The Combat Butler). Em outubro de 2020, recebeu uma adaptação em animê, animado pelo estúdio Seven Arcs, e dirigido por Hiroshi Ikehata.

A Crunchyroll fez a transmissão simultânea do show, além de disponibilizar uma versão dublada em português (que vou comentar em maiores detalhes daqui a pouco). A sinopse e trailer do animê, disponibilizada pelo próprio serviço de streaming:

Após um encontro com a misteriosa Tsukasa, Nasa Yuzaki se apaixona à primeira vista. Nasa decide se declarar pra garota, mas ela responde: “Só vou sair com você se a gente se casar.” Assim começa a vida  cativante e amorosa destes dois recém-casados!

Tonikawa é um animê, acima de tudo, fofo. E quando digo fofo, quero dizer aquele tipo de história doce de doer o dente. Passamos boa parte do show com trocas tímidas de amor entre os dois protagonistas, Nasa e Tsukasa. A sensação de que eles realmente gostam um do outro é nítida a todo o momento, e soa genuína o bastante para não parecer forçada, mesmo quando acontece numa intensidade muito maior do que se julgaria “normal“.

Não conseguia não me divertir quando Nasa apontava para Tsukasa e, com um largo sorriso no rosto, dizia de boca cheia: “a minha esposa é linda“. Da mesma forma, todas as reações de Tsukasa para com a simples existência do Nasa, também trazia a quintessência de uma série piegas. Uma overdose de fofura.

Por outro lado… Sempre acompanhado de coisas fofas, vem também a vergonha alheia. É um sentimento bem fácil de entender, mas difícil de colocar em palavras. Cada declaração ousada do marido se torna um constrangimento para o espectador; Muitas vezes, até mesmo a esposa acaba ficando embaraçada com toda a situação, e a vergonha que ela sente acaba passando da fofura pra se tornar simplesmente… vergonhoso. Constantemente, a série se apoia em insinuações sexuais que abrangem desde pequenas piadinhas que te arrancam um riso, até pensamentos que te fazem questionar a moralidade das personagens e até mesmo a sua, por estar assistindo isso.

Captura de tela do episódio 7 de TONIKAWA: Over The Moon For You, mostrando Tsukasa e Nasa
Quando o amor por sua esposa é tanto que você manifesta SFXs na vida real (Reprodução: Crunchyroll)

Exageros à parte, a carga de conteúdo fofo e vergonhoso existe num equilíbrio quase perfeito, e é isso que faz com que o animê seja tão bem encaixado. Eles se intercalam com uma maestria, que não permite que nenhum fique tempo demais na tela. Cada cena existe num contexto onde faz sentido ela existir, e dura apenas o suficiente para ter o efeito desejado, sem sobrecarregar a pessoa assistindo. Na maioria das vezes, é claro. Vez ou outra, alguma coisa passa, o que me deixou um pouco desconfortável quando aconteceu. Mas foi raro o bastante para não afetar a experiência como um todo.

Então, você soma a essa equação um timing humorístico acima da média, que não tenta te fazer rir o tempo todo, pois sabe que quando precisar, vai conseguir entregar uma boa piada. Acabamos por ter uma comédia-romântica que se preocupa muito mais no balanço entre seus aspectos românticos, e a comédia surge naturalmente como resultado disso.

O show pode ser meio vago, com grandes buracos de roteiro que estão lá propositalmente… Mas todo o resto se complementa de uma forma tão excepcional, que acabam servindo de pontes para atravessar esses abismos, fazendo com que no final do episódio, você nem se lembre das perguntas que tinha.

Captura de tela do episódio 9 de TONIKAWA: Over The Moon For You, mostrando Tsukasa de costas
A Tsukasa de costas ser super parecida com um Among Us é uma das “referências” que provavelmente aconteceram por acaso… (Reprodução: Crunchyroll)

Outro ponto que gostaria de comentar é sobre a bagagem midiática que Tonikawa possui. O autor fez questão de inserir uma quantidade exorbitante de referências, salpicadas ao longo de toda a série. É o tipo de conteúdo que, caso você tenha o contexto necessário para entender, acaba adicionando ao humor, pois muitas vezes, são referências que soam naturais de serem feitas (como, por exemplo, comparar Nasa com Tony Stark), dando ainda mais autenticidade ao dia-a-dia do elenco.

Já algumas outras, existem como uma homenagem aos referenciados, sendo usadas como meros recursos visuais para uma narrativa dentro da história (é o caso do uso das silhuetas de personagens de “Danganronpa”, por exemplo). Nos dois usos de referências, porém, elas existem apenas como um extra, um conteúdo bônus para quem foi capaz de reconhecê-las, e não o centro da atenção ou da piada.

Levemente relacionado com o ponto anterior, é o enorme contexto cultural que o animê exige. Ele é uma história japonesa, que se passa no Japão, e nem a obra original, nem a dublagem, tentam “localizá-la” para um público internacional. Não quero (e nem devo!) entrar no mérito de se isso é uma coisa boa ou ruim, mas é claramente algo que precisa ser comentado.

O show fala de franquias de lojas japonesas; de bairros famosos de Tóquio; sobre pontos turísticos e históricos de todo o país; de costumes e tradições culturais pouco conhecidas no ocidente; e nenhuma dessas coisas são explicadas para você. A maioria delas é entendível dentro do contexto da cena, e muitas delas são coisas que se você for um fã de animê de longa data, já deve ter ouvido ou se acostumado ao longo dos anos. Mas fica claro que a intenção é ser uma história para quem já tem uma bagagem anterior, fazendo com que não seja uma boa escolha para “iniciantes”.

Captura de tela do episódio 7 de TONIKAWA: Over The Moon For You, mostrando Tsukasa
Para não dizer que o animê é só coisas doces, toma: Tsukasa chupando limão (Reprodução: Crunchyroll)

Finalmente falando da dublagem: A versão brasileira foi feita no estúdio Som de Vera Cruz (também responsável por Re:ZERO; Tokyo Revengers; entre outros), e contou com a direção de Leonardo Santhos (diretor das dublagens de Re:ZERO e Konosuba).

No elenco, queria destacar as duas personagens principais, que tiveram uma performance muito acima da média. Eu fiquei genuinamente surpreso com o quão bem a voz da Isabella Simi encaixou com a Tsukasa. Ela conseguiu trazer todas as nuances que a complexidade da personagem exigia, com uma interpretação que não perde em nada para a contraparte japonesa (voz de Akari Kito); Já para Nasa, a voz de Pedro Alcântara me soou um pouco estranha a princípio, principalmente por conta do original (voz de Junya Enoki) ter um tom tão mais grave que a da versão brasileira. Mas imediatamente após ouvir o primeiro solilóquio do rapaz, fui convencido de que o Pedro era o dublador perfeito para ele. 

Outros nomes no elenco de vozes foram Jeane Marie, Jéssica Marina, Vitória Crispim, Gabriela Medeiros, Lhays Macêdo, Milton Parisi e Tonia Mesquisa.

De forma geral, tanto a escolha de vozes como a interpretação dos dubladores foi excelente, e não estou exagerando quando digo que é, na minha opinião, o melhor animê dublado que eu assisti. Confesso que ainda tem muita coisa dessa “nova leva” de dublagens que eu preciso conferir, mas a qualidade de Tonikawa está assegurada.

Claro que o trabalho não foi perfeito (nada é!), e para não parecer que estou apenas elogiando cegamente, tenho uma reclamação: Todos os nomes e termos japoneses do animê foram estranhamente pronunciados, como se os dubladores estivessem se forçando a falar com um certo estrangeirismo. Cada vez que alguém falava “Chitose” (nome de uma das personagens), eu precisava checar para ver se entendi o que tinha sido dito. E lembram das diversas referências à cultura japonesa que eu comentei acima? Todas elas foram mantidas com seus nomes japoneses, e todos eles foram pronunciados de uma forma estranha. Uma gota de crítica num oceano de elogios.

Captura de tela do episódio 5 de TONIKAWA: Over The Moon For You, mostrando Nasa e Tsukasa
Todo casal é formado por uma pessoa que acredita que Sharknado é a melhor franquia que existe, e uma pessoa que está errada. (Reprodução: Crunchyroll)

Tonikawa funciona. Funciona pois escolheu um nicho e se aperfeiçoou nele, dando uma experiência ideal para qualquer um que esteja no clima que ele oferece. “Fofura” e “Vergonha alheia” são dois lados de uma mesma moeda, mas nesse cara-ou-coroa, o animê conseguiu um raro empate. Com muito mais qualidades do que problemas, e problemas que podem ser relevados (se você entender que eles existem para serem resolvidos num futuro que ainda não foi adaptado do mangá), o show se mostra como uma experiência gentil e alegre que passa voando por você. A nota do redator é de 4/5, junto com uma recomendação de assistir a versão dublada.

TONIKAWA: Over The Moon For You está disponível na Crunchyroll, completo em 13 episódios, com opções de áudio em português e japonês (e legendas em português para o segundo caso).

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O problema de se prolongar demais em Hamefura X

Uma das citações mais famosas da ficção é aquela que você provavelmente já ouviu em vários contextos: “Ou você morre herói, ou vive o bastante para ver você mesmo virar vilão“. É comum, no mundo do entretenimento, a criação de histórias longas, e, enquanto algumas delas não duram tanto quanto gostaríamos (ou quanto era necessário…), o caso oposto também é recorrente: histórias que se estendem muito mais do que precisavam.

Diversas franquias estão presentes há anos, até décadas, e continuam gerando novos conteúdos. Mas chega um momento em que até mesmo o mais aficionado fã vai encarar o seu novo filme (ou quadrinho, livro, temporada, álbum…) e pensar “Putz, esse aí já foi pura ganância“.

Vários exemplos podem ter passado pela sua cabeça (e eu até prefiro não citar nenhum para não causar uma polêmica, mas cada um sabe, lá no fundo, do que estamos falando), só que eu queria dar um exemplo que você provavelmente não conhece, e um exemplo que talvez não seja tão radical quanto esse começo fez soar, mas que precisa ser dito antes que chegue nos patamares acima.

Captura de tela do episódio 1 de "Hamefura X", mostrando Catarina, com a legenda "Por que as coisas acabaram assim?!"
A pergunta que muitas fãs fazem… (Reprodução: Crunchyroll)

Ano passado, eu comentei sobre “My Next Life as a Villainess: All Routes Leads to Doom!” (abreviado para “Hamefura”, por seu nome japonês), um animê isekai que me divertiu horrores com sua premissa absurda e execução impecável.

A primeira temporada teve uma história com início, meio e fim. Seu clímax foi interessante e me deixou intrigado pela sua resolução, e o que foi entregue conseguiu encaixar perfeitamente todas as peças, numa conclusão satisfatória e eloquente. Acompanhar a vida da Catarina, desde sua infância, até o momento de sua “programada” morte, era um conceito interessante: Cada evento tinha importância, nos fazia pensar em como isso alteraria o futuro que já estava escrito. Até que ponto as mudanças que ela causou a ajudariam? A parte “séria” da história funcionava por causa dos conhecimentos prévios que ela tinha.

Por outro lado, o humor funcionava em cima da incapacidade da Catarina de entender qualquer coisa ao seu redor, que não fosse tentar sobreviver. Ela é abobada e sem nexo parcialmente por sua inexperiência, mas principalmente por realmente não estar dando bola para qualquer coisa que não seja evitar sua própria morte. A própria ideia de ter todas aquelas pessoas gostando e se interessando por ela era absurda, afinal, elas seriam as responsáveis por seus “fins de destruição”.

Captura de tela do episódio 1 de "Hamefura X", mostrando Catarina, e com a legenda "Escapei!"
Mas convenhamos, é a junção da história e da bobeira da Catarina que me fez gostar da primeira temporada (Reprodução: Crunchyroll)

Então, chegamos na segunda temporada, que estreou em julho deste ano (e está na Crunchyroll)… O anime tenta se manter o mesmo, e fez isso com bastante maestria. O problema é que o clima não é mais o mesmo. As coisas não funcionam mais tão bem na atmosfera que foi criada num mundo de Hamefura pós-primeira-temporada.

A história de “Fortune Lover“, o jogo que Catarina conhecia, já terminou. Os conhecimentos prévios dela se esgotaram. A partir desse ponto, a trama se torna um mistério comum. Ele perdeu parte do charme, pois não temos mais uma “base” para comparar e perceber o quanto as coisas mudaram.

Para piorar, a ambientação acaba impondo um limite de quantas coisas diferentes você pode fazer para gerar tensão. Quando você me conta que, pela terceira vez, alguém foi sequestrado por um usuário de magia negra… Eu não vou ficar preocupado, eu vou é revirar os olhos.

Captura de tela do episódio 3 de "Hamefura X", mostrando Catarina, e com legenda "Não posso dizer que estava tão confortável que até esqueci que fui raptada."
Admiro a coragem de fazer um meta-humor com isso, mas poxa vida… (Reprodução: Crunchyroll)

Essas são apenas algumas das coisas que eu pensava enquanto assistia aos novos episódios. O questionamento geral sempre era: “Precisava de mais?“. Mesmo a segunda temporada tendo sido até que divertida, trabalhando em cima dos pontos fortes da série, e explorando seu rico elenco (além das excelentes adições), ela não chegou nem perto da genialidade da primeira.

A impressão que eu tive é que o primeiro episódio deveria ter sido um “especial“, um extra para a primeira temporada. Um clássico “agora que nossas crianças salvaram o mundo, vamos deixá-las se divertir um pouco!“, e então, encerrar por ali. A criação de uma nova narrativa não só pareceu forçada, ela era totalmente desnecessária.

No geral, Hamefura X foi uma existência que não precisava existir, mas já que existiu, pelo menos se esforçou para dar o seu melhor. E, enquanto o seu melhor não é tão bom quanto o seu antecessor, ainda é melhor do que muita coisa que se encontra por aí. A história ainda não se tornou vilã, mas está tentando perigosamente viver por tempo demais. Para a segunda temporada, a nota do redator é 3,0/5,0.

Hamefura X (e também sua primeira temporada) está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, completo em 12 episódios (24 com as duas temporadas), e com legendas em português.

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Demon Slayer: “Mugen Train” e “Entertainment District” estreiam na Crunchyroll este ano

O sucesso mundial “Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba“, mangá de Koyoharu Gotouge e adaptado para animê em 2019 pelo estúdio ufotable, vai receber novos episódios em 2021!

Em release para a imprensa, a Crunchyroll, plataforma de streaming especializada em animê, anunciou que dois novos arcos, “Mugen Train” e “Entertainment District”, chegarão à plataforma ainda este ano. Confira os detalhes:

Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba Mugen Train Arc

Data de estreia no Japão: 10 de outubro (domingo), às 23:15 JST (11:15 no horário de Brasília).

Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba Mugen Train Arc é uma reedição em 6 episódios do filme com nova trilha sonora, além de um inédito episódio 1 de duração estendida, onde Kyojuro Rengoku embarcará numa nova missão a caminho do Mugen Train.

LiSA retornará para cantar o tema de abertura “Akeboshi” e o tema de encerramento “Shirogane“.

Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba Entertainment District Arc

Data de estreia no Japão: 5 de dezembro, às 23:15 JST (11:15 no horário de Brasília).

Em Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba Entertainment District Arc, Tanjiro e seus colegas embarcam numa nova missão no Distrito Yoshiwara, onde eles enfrentarão a demônio Daki, interpretada por Miyuki Sawashiro. A série estreará logo após a conclusão do arco Mugen Train, com um episódio especial de uma hora.

A cantora Aimer interpretará os temas de abertura “Zankyosanka” e encerramento “Asa ga kuru“.

A plataforma já conta com a primeira temporada, completa em 26 episódios. No Brasil, o mangá é publicado pela Editora Panini.

Novas informações, como a disponibilidade e datas de estréia na plataforma, poderão ser reveladas no futuro. Para ficar por dentro das novidades, fique de olho na Torre de Vigilância!

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #12

Acabou! Hoje foi o último episódio, e com isso, teremos a última resenha semanal de “The Detective is Already Dead“. Se você me acompanhou até aqui, agradeço a parceria! E se chegou depois, fico surpreso de ter chegado até aqui… As resenhas anteriores, como sempre, seguem:  #01 | #02 | #03 | #04 | #05 | #06 | #07 | #08 | #09 | #10 | #11.

Numa tentativa de encerrar a temporada com chave de ouro, o animê acabou mostrando exatamente todos os problemas que os assombraram ao longo de toda sua exibição. Se for para fazer um elogio, porém, poderia dizer que pelo menos eles foram consistentes nesses pontos? Vamos comentar o episódio da semana, e dar um apanhado geral do show!

Captura de tela do episódio 12 de "The Detective is Already Dead", mostrando Kimihiko
Pois é, Kimihiko. Terminou. Para o bem ou para o mal, não tem mais resenha semanal. (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 12: “Aqueles três anos estonteantes que passei com você”

A primeira metade fez uma construção completa: da preparação emocional com o flashback; ao reencontro surpreendente; passando pela já clássica interação entre Kimihiko e Siesta que eu tanto elogiei; chegando ao clímax com uma nostálgica onda de memórias; e encerrando com uma pose épica enquanto um discurso sobre o poder da amizade é narrado ao fundo; tudo isso enquanto enfrentam um lagarto gigante dentro de um navio em chamas. Honestamente, a ideia inteira da cena é perfeita.

Faço questão de destacar, porém, que apenas a “ideia” é perfeita. Mais uma vez, temos um problema de execução por parte do animê, que tirou grande parte do impacto que a cena precisava ter. Os movimentos são desengonçados; o monstro não tem a presença ameaçadora nem a coreografia que precisava ter para fazer sua existência ali relevante; toda a conversa entre os dois protagonistas teve sua importância diminuída pois eles falavam sobre coisas que aconteceram apenas dois episódios atrás… Foi um desastre de direção do início ao fim.

Na segunda metade, destaco mais uma escolha estranha por parte do autor: Sério mesmo que depois de tudo que aconteceu, nem o Kimihiko nem a Charlotte conseguiram chegar à conclusão de que a Siesta já tinha planejado morrer desde o começo? Para quem estava escrevendo uma história sobre protagonistas absurdamente poderosos, as duas pessoas que mais passaram tempo ao lado da “Lendária Detetive” não terem herdado nem uma fração da esperteza dela… soa um pouco estranho. Faz até parecer que a ideia era emburrecer as pessoas ao redor de Siesta, para que a sua inteligência parecesse maior.

Por fim, o encerramento pareceu servir como um soco no estômago, um último recado de que o show poderia ter sido bom, mas continuou no “quase” a temporada inteira. A apresentação de slides com o que aconteceu nos doze episódios nos mostrou como tivemos pouca coisa acontecendo de fato, com mais episódios de preparação de terreno do que terrenos sendo usados. O meta-comentário do Kimihiko, de que “É muito cedo para chamar isso de um epílogo” me causou uma reação visceral de ódio: Estou acostumado a adaptações de Light Novel terminarem com uma enorme placa de “vá ler o material original“, mas “The Detective is Already Dead” se esforçou para, em doze episódios, mostrar a menor quantidade possível de material. Esse final foi um grande dedo do meio para quem acompanhou o animê, quase como uma confirmação de que ele fez todas as coisas erradas propositalmente, e não por incompetência.

Captura de tela do episódio 12 de "The Detective is Already Dead", mostrando Nagisa com os olhos azuis
Não sei nem mais o que colocar na legenda das imagens da “Nagisa”… Coitada, a protagonista menos protagonista da história da ficção… (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais (Dessa vez, “finais” mesmo)

Depois de três meses, eu confesso que fiquei confuso. Será que foi mesmo culpa do show? Será que “The Detective is Already Dead” que está errado, com uma direção e execução falhas? Ou será que sou eu que não tenho mais paciência para esse tipo de ladaínha? Gostaria de dizer que sou eu, mas o próprio anime me desmentiria. Veja o primeiro episódio! Leia os comentários que eu fiz sobre ele, lá atrás! Eu adorei a ladaínha, achei super legal toda a parte brega e exagerada que fizeram. Eu também vejo isso acontecendo em outros shows! A única explicação acaba caindo, de novo, na direção e na execução dos episódios 2 a 12. Uma pena.

Com uma aparência de “história de detetive“, mas uma proposta de “história de protagonista absurdamente poderoso“, o animê acabou arranhando a superfície de ambas as partes, sem se aprofundar em nenhuma delas. Coisas “genéricas” funcionam, mas só funcionam quando elas são genéricas o suficiente para abrangir um público enorme, fazendo com que essa grande área superficial compense a falta de profundidade. “The Detective is Already Dead” não foi nem largo, nem fundo, e acabou sendo um show que não agrada tanto quanto poderia.

Por outro lado, uma rápida pesquisa te mostra que a adaptação deu uma chacoalhada bem grande na Light Novel, trocando grandes blocos de ordem e trazendo uma visão bem diferente da mesma história. Se você ficou frustrado com o modo como o animê apresentou as aventuras de Siesta, Kimihiko e Nagisa, talvez a versão original seja justamente o que você precisa. Afinal, como já comentei antes, a realidade normalmente muda de acordo com a expectativa que você tem.

Captura de tela do episódio 12 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta
A cara de todos os envolvidos no comitê do animê, ao ver que todo o plano de empurrar as pessoas para a Light Novel deu certo, mesmo que pelos motivos errados (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

E como a história terminou, acho justo fazer o que sempre fazemos e dar uma nota para o que acabamos de assistir: Para mim, “The Detective is Already Dead” fica com um 2,5/5,0, e eu nunca tive tantas postagens para esclarecer o meu ponto, quanto como hoje.

O animê, agora completo, está disponível na Funimation, com legendas em português.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #11

Na penúltima semana, temos nossa penúltima resenha semanal de “The Detective is Already Dead“! O animê está chegando ao fim, e se você deixou a coisa acumular para maratonar tudo no final, esse é um bom momento de ir assistir os episódios anteriores, e ler as resenhas anteriores:  #01 | #02 | #03 | #04 | #05 | #06 | #07 | #08 | #09 | #10.

Como estamos quase acabando a temporada, o animê faz um esforço para tentar concluir seu raciocínio. Esforço sempre dá resultados, mas, de vez em quando, não dá resultados positivos. Com alguns acertos e alguns erros, vamos comentar o episódio da semana!

Captura de tela do episódio 11 de "The Detective is Already Dead", mostrando Yui
Parece que o olho-que-tudo-vê da Yui conseguiu ver o plano do Kimihiko dessa vez (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 11: “Uma luz em meio à esperança”

Continuando de onde paramos na semana passada, o Kimihiko salva o dia com o poder da enrolação estratégica. Comprar alguns preciosos minutos fazendo um discurso emocionado, e forçando o seu vilão a fazer outro discurso emocionado é uma tática mais velha que andar para frente, e foi o que o nosso ajudante predileto fez para salvar a Nagisa. E o animê fez questão de te mostrar que ele tinha planejado as coisas só até aqui.

Seguimos com mais um pequeno acerto: Uma boa utilização de flashback. Viu gente? Não é tão difícil assim! Um flashback não precisa ter mais que um minuto de duração, e ele pode ir direto ao ponto que será utilizado logo na sequência. É uma construção que nos faz lembrar que sim, de fato, a detetive já está morta, e que o importante é o presente, e não o passado. Mas também mostra que ela continua sendo relevante no hoje, por meio de suas filosofias e lições. A ideia não era essa?

O que eu não gostei, porém, foi a segunda enrolação estratégica. O garoto estava lá, enrolando o nosso camaleão (que aliás, era um camaleão mesmo né? Esse autor gosta de ser literal) depois de ter salvo a Nagisa. Essa era a oportunidade perfeita para fazer justamente o que o autor disse que era o objetivo dele desde o princípio: contar uma história de um protagonista super-poderoso e bem-preparado. Se tivessem me falado um “Ahá! Eu sabia desde o princípio que eu não tinha como enfrentar um mutante por conta própria, e sabia que a Charlotte iria aparecer com reforços! Por isso eu passei um flashback no meio da cena de combate! Eu sou muito esperto!“, eu teria aplaudido. Seria uma atitude incrivelmente corajosa por parte da história, e por mais cafona que seja, se alinharia com o que a história pretende ser.

Captura de tela do episódio 11 de "The Detective is Already Dead", mostrando Camaleão (esquerda) e Kimihiko (direita)
Eu depois de duas doses da vacina vs eu antes de tomar a vacina (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais

Eu não sei mais o que dizer, apenas sentir. No caso, sinto pena do animê. A direção artística do show não está dando conta de fazer o que precisava fazer. Todas as cenas são anti-climáticas, sem emoção e sem intensidade. Eu acredito seriamente que você precisa de um certo talento para conseguir fazer uma cena onde um cara se transforma em um camaleão-mutante enorme e é então alvejado por uma submetralhadora dentro de um navio em chamas, ser uma sequência totalmente sem impacto.

Por outro lado, a segunda metade do episódio serviu como réplica ao meu comentário da semana passada: Finalmente justificaram os cinco episódios de flashback que eu tanto reclamei sobre. Foi uma conclusão que precisava de uma certa construção para funcionar, e que só teve impacto justamente pela longa duração. Mas com o porre que foi acompanhar essa construção sem aviso prévio, e com o problema de direção artística já mencionado… A conclusão pareceu muito menos impactante do que precisava ser. Isso faz com que eu não tenha certeza se a justificativa tenha valido a pena.

Ao menos deram uma justificativa, né? Agora só resta um episódio.

Captura de tela do episódio 11 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta
Quando finalmente o seu jogo de Xadrez 5D, que você vem planejando há anos, finalmente chega à conclusão que você já tinha calculado 27 passos a frente de todos… (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #10

Dá para acreditar? Essa é a décima semana que estamos fazendo resenhas de “The Detective is Already Dead“! Parece que vamos mesmo sobreviver até o final, ein? Caso não tenha visto, as resenhas anteriores podem ser lidas aqui:  #01 | #02 | #03 | #04 | #05 | #06 | #07 | #08 | #09.

Como uma fênix que resurge das cinzas após morrer, o animê decidiu voltar ao presente após cinco semanas de flashbacks. E, assim como a fênix, meu interesse no show pareceu renascer. Vamos comentar o que vimos essa semana:

Captura de tela do episódio 10 de "the Detective is Already Dead", mostrando Charlotte (direita) e uma parte de Kimizuka (esquerda)
Dessa vez, a Charlotte serviu de algo! Isso que é desenvolvimento de personagem! (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 10: “Então, não posso me tornar um detetive”

O episódio começa com uma reflexão da Nagisa – que o autor levou muito ao pé da letra, fazendo ela ficar de frente para o seu reflexo num espelho por toda a cena… E a sutileza? – onde vimos ainda melhor dois detalhes opostos de episódios anteriores: Nos mostrou, de novo, que aquela introdução da garota, no episódio 2, foi completamente sem pé nem cabeça… e também nos mostrou que a escolha de direção do episódio 3, que eu tanto elogiei, foi feita propositalmente. A própria Nagisa admitir que ela é o completo oposto da Siesta é um ponto óbvio, mas que impacta quando é dito de forma tão descarada assim.

Outra coisa que eu já comentei antes, mas que se mostrou novamente nesse episódio, foi a inversão de papéis. Depois de cinco episódios vendo a Siesta ser a “provocadora” e o Kimizuka ser o “provocado”, ver o Kimizuka no papel de “provocador”, mesmo que acidentalmente, é como uma brisa de ar fresco. E o animê estava precisando mesmo de uma refrescada de ares.

A aparição – dessa vez, com alguma utilidade pra trama – da Charlotte também foi interessante, ao trazer ainda mais destaque para o conflito interno da Nagisa, e de servir como ponto de início para a trama do arco. E qualquer personagem que seja necessária para nos levar até um vilão dublado pelo Takehito Koyasu é uma personagem importante, na minha opinião.

E já que citei o vilão, toda a história do episódio pareceu extremamente fora de lugar, mas não de uma forma ruim. É normal as coisas parecerem fora de lugar, pois, no presente, estamos acompanhando as coisas por um ponto de vista que é muito mais próximo do da Nagisa (que não tem muita ideia do que está acontecendo, por ter chegado de paraquedas) do que do Kimizuka. Esse sequestro repentino, esse item misterioso da Siesta que aparentemente está no barco, a aparição de um vilão que fica invisível e lhe dá um ultimato… Tudo isso acrescenta ao ar de mistério que circunda a nova e antiga vida da Nagisa.

Captura de tela do episódio 10 de "the Detective is Already Dead", mostrando Nagisa
E não se pode ter um drama sem um pouco de charme, não é? E de charme, a Nagisa está cheia (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais

Caso não tenha ficado óbvio até agora, o ponto que eu tenho achado mais interessante em “The Detective is Already Dead” é o drama da Nagisa. É por isso que eu fiquei tão revoltado quando tivemos cinco episódios de flashback seguidos, e é por isso que eu fiquei tão feliz quando finalmente voltamos para o presente.

A volta ao presente, inclusive, nos mostrou ainda mais como aquela retrospectiva gigante foi inútil. Aprendemos mais sobre o passado? Sim, mas eles não estão usando essas informações para nada. Espalhar essa história ao longo dos acontecimentos presentes, mostrando apenas a parte que seria útil, parece muito mais interessante do que foi feito. Espero que tenhamos um desfecho colossal para me fazer calar a boca por reclamar tanto, mas não sei se eles terão a qualificação para fazê-lo…

Mas também, deixa eu elogiar quando se é devido: As cenas pontuais de humor estão fluindo muito melhor agora, do que nos primeiros episódios. Elas soam mais naturais, e se encaixam no roteiro como tendo importância. Talvez seja o reflexo de estarmos adaptando um volume mais avançado da Light Novel, onde o autor já pegou melhor o jeito de escrevê-las? Não sei, mas fico feliz.

Agora, as cenas possuem tensão, há impacto num ultimato como o que foi feito pelo vilão. A morte da Nagisa poderia acontecer, já que o futuro ainda não está escrito. Terminar o episódio em um cliffhanger onde coisas estão mesmo em jogo é muito mais interessante do que em um onde não se está apostando nada. Na pior das hipóteses, esse arco já será muito melhor do que o anterior, e por isso, eu fico animado com a expectativa dos próximos episódios.

Captura de tela do episódio 10 de "the Detective is Already Dead", mostrando Yui
Nem mesmo o olho-que-tudo-vê da Yui é capaz de prever o futuro. Mas o passado é fácil de se prever… (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #09

Em contraste à semana passada, hoje eu serei breve. As resenhas anteriores de “The Detective is Already Dead” estão aqui:  #01 | #02 | #03 | #04 | #05 | #06 | #07 | #08.

Lembra do flashback das últimas quatro semanas? Que falamos que tinha durado três semanas a mais do que deveria? Pois então, ele continua. Breves comentários sobre o episódio:

Episódio 9: “SPES”

Acredito que o que vimos essa semana resume bem o que tem sido “The Detective is Already Dead”, desde o seu segundo episódio: Diálogos descritivos e com falas pseudo-filosóficas, mas que não carregam nenhum peso ou significado; cenas de ação medíocres e que te fazem questionar o que aconteceu com a incrível luta que vimos no avião; e algumas poucas interações divertidas que se perdem no meio de todo o resto.

Tudo nesse episódio pareceu extremamente esquisito, como se as próprias personagens estivessem desconfortáveis de estar ali. E não digo isso num ponto de vista da narrativa (o que faria sentido!), mas sim, tecnicamente: É um problema de composição de cenas, que já discuti anteriormente, e tem se mantido semana a semana, mas que ficou especialmente visível hoje, pela natureza do episódio que tivemos.

Captura de tela do episódio 9 de "The Detective is Already Dead", mostrando Kimihiko e um pedaço da cabeça de Charlotte
Aliás, qual foi a utilidade da loirinha no episódio de hoje? Servir de Uber? Pois nem a conversa dela valeu muita coisa… (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais

O episódio de hoje deveria ter sido um clímax, a emocionante conclusão de um looooooooooongo arco que se passa no passado. O que foi entregue, porém, não chegou aos pés do que ele se propôs a fazer. Houveram algumas ideias legais, mas elas não foram executadas tão bem quanto poderiam, fazendo com que tudo ficasse meia-boca.

A melhor demonstração disso é o quão anti-climática foi toda a cena com a “morte” e a morte da Siesta. O dublador do Kimihiko, Arata Nagai, se esforçou para fazer a parte dele, e para isso, eu dou os parabéns, mas todo o resto da cena simplesmente não contribuiu para o impacto que era necessário. O jeito como a Hel simplesmente aparece ali, do nada, para interromper a conversa, chegou quase a ser engraçada… Sem contar que não só uma, mas duas vezes, eles decidiram fazer coisas literalmente brotar do chão para dar uma sacudida na cena que já tinha perdido todo o gás.

Se bem que uma coisa funcionou: Com o coração da Siesta roubado pela vilã, a história me deixou intrigado em tentar entender como aquele órgão vai acabar indo parar na outra protagonista, que não aparece há tanto tempo que eu já esqueci seu nome. Mas, torrar a paciência do seu público com cinco episódios seguidos de flashback, e ainda gastar todo o combustível “do passado” que você tinha de uma vez, não parece ter valido a pena, quando você pensa que esse questionamento foi a única coisa que você ganhou.

Estamos tão perto do final, que me sentiria mal de desistir agora, então vou continuar até o fim. Mas que esse episódio me deu vontade de nem postar nada, isso deu…

Captura de tela do episódio 9 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta
Depois de estar supostamente morta no início, mas aparecer no início de qualquer jeito, e aí estar morta de verdade, mas voltar a estar viva por cinco episódios, só para fingir morrer e então morrer mesmo no mesmo episódio… Finalmente podemos dizer que a Detetive Está Morta (Reprodução: Twitter Oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #08

Temos bastante coisa para falar essa semana, com o oitavo episódio de “The Detective is Already Dead“, então vamos direto ao assunto. As resenhas anteriores estão aqui:  #01 | #02 | #03 | #04 | #05 | #06 | #07.

Com o que parece ter sido o fechamento desse arco de flashback, o animê se transformou bastante desde a última vez. Mas essa transformação não se deve a alguma mudança na direção ou no roteiro: O que mudou foi a minha percepção do show. E nossa, tudo faz muito mais sentido, depois de entender o que estava sendo proposto. Faço questão de gastar um tempo explicando o que rolou para você.

Captura de tela do episódio 8 de "The Detective is Already Dead", mostrando Alicia
Vou te dar uma informação útil, assim como o Kimihiko deu um anel para a Alicia (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

No começo da semana passada, dia 16, o site de notícias Anime News Network publicou uma entrevista (em inglês) com o autor da Light Novel de “The Detective is Already Dead”, Nigojū; e também com o diretor da adaptação animada, Manabu Kurihara. O texto completo é muito interessante, e vale a leitura para quem está interessado no animê. Porém, o que eu gostaria de destacar é a essência dessa entrevista: A minha interpretação é de que nunca foi a intenção do autor escrever uma história de detetive.

O que ele queria era fazer mais uma das clássicas histórias de “protagonista absurdamente poderoso“, que faz bastante sucesso no submundo das light novels. E, parando para pensar, a Siesta é exatamente isso: Uma protagonista absurdamente poderosa, simplesmente usando o tema de “detetives” como molde. Vi comentários de algumas pessoas que desgostaram do primeiro episódio, pois a lendária detetive pareceu “ter tirado a solução do caso da cartola” (para não usar um termo de baixo calão), e achei bastante engraçado quando, na entrevista, o autor faz questão de citar justamente esse acontecimento como algo “legal e empolgante“.

Ou seja, o meu problema com “The Detective is Already Dead” (e, talvez, o seu também) não era a produção, mas sim, a expectativa. Já falei bastante sobre esse assunto numa outra postagem, só que dessa vez, o problema foi o oposto: Estávamos esperando uma história de detetives, e analisando o animê como se ela fosse uma… Quando na verdade, ela nunca se propôs a ser uma. Agora que sabemos o que deveríamos estar pensando ao assistir o show, a história muda de figura. E os resultados foram imediatos. Vamos comentar o episódio da semana!

Captura de tela do episódio 8 de "The Detective is Already Dead", mostrando Kimihiko
Posso dizer que, assim como o Kimihiko, eu não estava VENDO DIREITO o que a história queria me contar. Ha… haha… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 8: “Com isso, retomamos nossa jornada”

Essa semana, tivemos um molde bem comum para encerramentos de arco, embora eu possa argumentar que as coisas aconteceram um pouco rápido demais. E isso é irônico, pois passei os últimos três episódios dizendo que as coisas estavam muito lentas. Poderiam ter ajustado melhor a distribuição de “coisas acontecendo” ao longo do flashback.

Com a solução do mistério dos assassinatos, tivemos mais um gostinho da temática de detetive que claramente não é o foco da história. Mais uma vez, aconteceu de termos um caso que poderia ser resolvido com as informações que foram dadas, mas que ainda acabou ficando no quase no quesito satisfação. A diferença dessa semana? Eu não fiquei frustrado com ficar no quase, pois agora sei que não era a intenção da história chegar lá.

O que foi mais importante, na minha opinião, porém, não foi a resolução do caso. Acredito que a parte de maior importância foi o desenvolvimento de personagem que foi dado à Siesta essa semana. Boa parte da primeira metade do episódio foi focada em mostrar um lado mais humano da detetive, e a demonstração funcionou tão bem justamente por ter sido feita através de contradições.

Com a revelação de que a Alicia era, na verdade, um disfarce da Hel, temos uma das profecias cumpridas: O tal livro mágico da vilã tinha dito que o Kimihiko seria o parceiro dela, não é? E foi justamente isso que aconteceu, quando Kimihiko decidiu ser o assistente dela, deixando Siesta sozinha. Isso nos mostra que as previsões do livro tecnicamente se realizam, mas no clássico modus operanti da “Pata do Macaco”, elas não funcionam do jeito que se espera. Ainda bem que teremos ao menos um pouco de liberdade nessa história de “destino traçado”.

Captura de tela do episódio 8 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta
Uma coisa não muda, porém: A Siesta ainda é uma personagem super divertida, e as interações dos dois protagonistas continuam a melhor parte do animê (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais

Talvez isso tivesse sendo feito desde o princípio, e eu só percebi agora por conta da minha mudança de mentalidade, mas… Esse episódio mostrou claramente um dos temas abordados em histórias de “protagonistas absurdamente poderosos”, que é o da solidão. Quando se está no topo, não há ninguém com você. Como a Siesta é essa detetive que realmente merece o título de “Lendária”, ela assume o posto absoluto de número um, e isso faz com que ela possa se sentir sozinha num ponto de vista empírico.

O Kimihiko existe como um apoio para a Siesta. Ela mesma diz que ele é alguém que ela “podia confiar“, alguém que ela poderia se dar ao luxo de se abrir, de se aproximar. Do ponto de vista dela, o assistente era uma pessoa que estava próxima do topo, próxima o suficiente para que ela pudesse se identificar e se sentir acompanhada. Mas o episódio usou a Alicia para mostrar que mesmo com essa proximidade e intimidade entre os dois, o Kimihiko ainda está muito mais próximo das pessoas normais do que da genialidade da Siesta. Ao colocar a garotinha como um ponto de comparação, tanto o público como a própria detetive conseguiram identificar que o assistente pendeu pro lado que ele se identifica mais.

A qualidade de gênio da Siesta, porém, é a dedução e o raciocínio. Por causa disso, ela consegue entender a posição que estava e a posição de seu confidente, e decide ceder um pouco, para conseguir se manter próximo da única pessoa que, até hoje, conseguiu dar a ela ao menos algum tipo de companhia. Estar no topo é solitário, mas apenas se o dono da força quiser que seja assim. O “poder da amizade” não é usado à exaustão sem motivo.

O animê ficou cem vezes melhor e mais divertido para mim, agora que entendo o que eu deveria estar assistindo. Espero que isso te ajude também.

Captura de tela do episódio 8 de "The Detective is Already Dead", mostrando Kimihiko (esquerda) e Alicia (direita)
O Chad Kimihiko que entende a intenção do autor vs The Virgin Alicia que está passando nervoso com a história (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #07

É o início da segunda metade da temporada, e então, temos a sétima postagem sobre “The Detective is Already Dead“. Como sempre, as resenhas semanais dos primeiros episódios estão aqui:  #01 | #02 | #03 | #04 | #05 | #06.

Insistindo no flashback que parece não nos levar a lugar nenhum, passamos um terceiro episódio no passado. Mas dessa vez, eles ao menos tentaram corrigir o problema que vimos nas semanas anteriores. Vamos comentar!

Captura de tela do episódio 7 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta.
Minha cara de bolado assistindo mais um episódio de flashback… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 7: “Na hora, você se lembrará desse dia”

O que eu comentei nas outras vezes foi a falha principal de um flashback: Você já saber o que vai acontecer remove totalmente a tensão da história. Essa semana, o animê se esforçou para contornar esse problema, ao focar no que acontece com a Alicia. Afinal, o que acontece com a Alicia? Não sabemos, e o ponto é justamente esse. Qual é o destino dela? Qual o passado dela? Não temos essas informações, e por conta disso, mesmo uma história que se passa no passado consegue ter algum tipo de drama.

Além disso, o episódio ainda trabalhou, com certo grau de sucesso, em um “caso de detetive”. O olho esquerdo do Kimihiko estar machucado e a Alicia “resolver esse mistério” serviram como um aperitivo, para nos lembrar que, mesmo com eles não se esforçando em mostrar, isso ainda é um animê de detetive. Claro que foi um golpe um pouco baixo, pois não estávamos pensando nesse mistério, mas foi um mistério que começou na nossa frente, mostrou pistas para nós ao longo de todo o episódio, e foi resolvido com as informações que nós tínhamos. Então bem… Um ponto positivo?

Mas como não dá pra deixar só com elogios, tenho que reclamar do enorme desperdício que foi gastar metade do episódio com seja lá o que aquilo deveria ser. Pra começar, quem que deixou essas crianças beber? Não sabemos a idade da Siesta, tudo bem, mas o Kimihiko é menor de idade! E toda a cena que transcreveu com os dois bêbados e as várias insinuações sexuais não serviu para nada! Por um momento, achei que poderia ser uma preparação para algum acontecimento, não sei, talvez um ataque inimigo enquanto eles estavam fora de si, ou o fato de estarem agindo de forma diferente do normal fosse um catalisador para um momento de epifania. Mas não, a cena acabou e a história prosseguiu como se nada tivesse acontecido. Foi uma cena puramente de fanservice. Não vejo problema em fanservice, mas poxa, pelo menos escolhe um momento mais oportuno né? Não coloca no meio de um flashback que já está muito mais longo do que deveria ter sido…

Captura de tela do episódio 7 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta.
Eu fiquei a cena inteira pensando “isso vai servir para algo, né?” só para o Kimihiko literalmente ir dormir de calça jeans… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Considerações Finais

Continuo com a impressão das postagens anteriores: O animê está tão próximo de conseguir fazer algo legal, mas não tá conseguindo firmar o pé no chão. Pra mim, a única coisa que realmente me diverte é o fato de o autor fazer questão de que todas as garotas destratem o protagonista. Pois o Kimihiko tem uma personalidade combativa, então ele retruca de volta, e esse humor tem sido o ponto salvador de “The Detective is Already Dead“. Isso, e a piada de que eles estão sempre sem um único tustão furado no bolso. Eu também sempre dou risada disso.

Mas, de resto, a história está caminhando num ritmo absurdamente lento. Isso, se pudermos considerar que está caminhando, afinal, já é o terceiro episódio em que estamos no passado. Para quem estava achando que teríamos uma curta retrospectiva para introduzir o novo caso, isso está sendo um martírio.

Uma luz no fim do túnel, porém, parece ser que a história vai engrenar no próximo episódio. Só que nessa altura do campeonato, estar esperando o negócio engrenar? A maior parte das pessoas já desistiu, você não pode se dar ao luxo de demorar tanto.

Captura de tela do episódio 7 de "The Detective is Already Dead", mostrando Alicia.
Não precisa ser um Xeroque Rolmes para saber que a galera desiste fácil das coisas hoje em dia (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.

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Resenha Semanal | The Detective is Already Dead #06

Com o sexto episódio, chegamos na metade da temporada de “The Detective is Already Dead”, e também, na metade das resenhas semanais. As anteriores, como de praxe, estão aqui: #01 | #02 | #03 | #04 | #05.

Continuando no passado, seguimos aventuras sem peso e sem emoção, apenas como preparação para um acontecimento futuro. Como o animê parece não respeitar o nosso tempo, eu irei respeitar o seu, falando bem mais brevemente do que nas semanas anteriores. Vamos comentar o que vimos:

Captura de tela do episódio 6 de "The Detective is Already Dead", mostrando Hel.
Monstrão gigante só pode significar uma luta irada, né? Bem… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Episódio 6: “Demônio Carmesim, Rainha do Gelo”

Voltando de onde paramos semana passada, vimos a luta de um robô gigante contra um monstro maligno mais apática da história do entretenimento de massas. Eu fiquei impressionado com o nível do “combate” e da “perseguição” que aconteceu, principalmente por saber que eles podem fazer melhor do que isso. Eles já fizeram! Ambos os grupos se movimentavam de forma esquisita, protagonizando uma cena anti-climática de assistir e que beirou a paródia, mas que esqueceram de fazer com que fosse engraçada.

A segunda metade nos apresentou a uma nova personagem, Alicia, que parece ser importante para o futuro da série, mas que no momento, aparenta ser apenas uma criação para ticar vários pré-requisitos de uma lista. É claro que o anime baseado em uma light novel precisava de uma garota de 19 anos (a idade que ela terá no presente, quando voltarmos para lá) que aparenta ter oito. E é claro que ela precisa apontar para o protagonista e imediatamente assumir que ele é um tarado. É um tipo de humor que, pra mim, não cola. E olha que eu sou bem aberto com humor!

Aliás, um comentário rápido sobre interações: Que conversinha mais sem-vergonha essa da Hel com a Siesta, ein? Esse papo da vilã de “aceitar ser o lado ruim da história“, e a insistência dela com essa história de “destino” me cansam. Existe uma linha a ser cruzada quando você quer ser espalhafatosamente melodramático, mas eles não conseguiram cruzá-la com a Hel, fazendo com que ela soe apenas como um esteriótipo. Pelo menos tivemos mais da famosa interação da Siesta com o Kimihiko, que tem sido a salvação do animê.

Captura de tela do episódio 6 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta.
Não sei, é a câmera numa posição estranha? Pois o resto funciona… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

Considerações finais

Mesmo com diversos acontecimentos, o episódio pareceu não ter importância nenhuma para a história geral. Não sou contra algum tempo tranquilo entre momentos de ação, para acalmar os ânimos e dar uma chance das personagens (e dos espectadores) descansarem. Mas um episódio de repouso é o que você normalmente esperaria após um episódio tenso e cheio de nervosismo. E o episódio passado claramente não foi isso.

Outro problema que eu tenho observado desde o segundo episódio, mas que se mostrou descaradamente no sexto, é a falha na composição de cenas. As coisas parecem que não “se encaixam” na tela, elas não parecem estar nos lugares certos. Não sou profissional da área e nem entusiasta de animação, então fica apenas como um pressentimento, mas que as cenas parecem não “clicar comigo… Ah, isso parece. Tanto aquela perseguição estranhíssima que comentei acima, como a – supostamente – emocionante cena onde Siesta e Kimihiko conversam entre escombros e chamas, pareceram não estar aptas a transmitir as emoções que precisavam. A música combinava com o momento, a dublagem é de alto nível, e a animação é bonita, mas mesmo assim… As coisas não combinam.

A impressão que eu tenho é que “The Detective is Already Dead” está muito, mas muito próximo de conseguir fazer algo legal. Eles estão a margem de ser um animê interessante e divertido. Mas eles só conseguiram cruzar essa linha no primeiro episódio. Desde então, estão parando no quase.

Captura de tela do episódio 6 de "The Detective is Already Dead", mostrando Siesta.
Também me sinto assim com esses flashbacks, Siesta. Eu te entendo… (Reprodução: Twitter oficial, @tanteiwamou_)

O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.