“Você pode encontrar amor, medo, amigos, inimigos, violência, dança, sexo, demônios, anjos, solidão e companheirismo, tudo isso tarde da noite.”
– The Weeknd descrevendo After Hours.
The Weeknd, lançou hoje (20) seu novo álbum de estúdio After Hours. 3 anos e alguns meses desde seu último trabalho, Starboy (2016). O disco que já conta com o hit single número 1 das paradas americanas, Heartless e o provável também hit número #1 das próximas semanas, Blinding Lights é focado no amadurecimento da persona de Abel Tesfaye nos últimos anos. Se em Starboy, The Weeknd estava contando sobre a fama, expondo os lados positivos e negativos e se gabando por ser uma estrela. Em After Hours, depois de algumas mudanças conturbadas na sua vida pessoal e profissional como o polêmico relacionamento com Selena Gomez, a recepção morna do público do seu EP My Dear Melancholy, de 2018 e outras coisas, o canadense está disposto a colocar o pé no chão e sair de um pedestal que ele mesmo ficou após criar o alter ego do seu último álbum. Antes, ele se sentia no topo do mundo, afinal ele realmente estava, e cantava sobre isso, cantava sobre ser inalcançável e inatingível. Porém, parece que por agora, ele começou a aprender mais sobre como as coisas realmente funcionam. Tanto que na última música do disco, Untill I Bleed Out, Abel confessa que “Eu não quero mais tocar o céu / Eu só quero sentir o chão quando estiver descendo”.
Durante a jornada de descobrimento de uma humildade, as músicas possuem certo tom melancólico acompanhado com o medo dá uma solidão. Umas mais do que outras é claro. Algumas como Scared to Live conseguiram me passar até a sensação banzeira que um Vaporwave consegue transmitir. Essa questão da melancolia, não está ligada a apenas a sonoridade do projeto, ela é bem presente em todo conteúdo lírico. O que pode ser visto já na primeira faixa, Alone Again.
“Eu não sei se posso ficar sozinho de novo Não sei se consigo dormir sozinho de novo
Verifique meu pulso pela segunda vez
Tomei demais, não quero morrer”
Ainda sobre a sonoridade, After Hours têm um grande acerto e um grande erro. O grande acerto é a aposta da sonoridade oitentista completamente inspirada pelo synth-pop da época. Abel e seus produtores conseguiram mergulhar nessa sonoridade de forma tão majestosa que, se o álbum tivesse um pouquinho mais dessa pegada, não restaria dúvidas que seria o melhor de sua carreira. Blinding Lights, que de longe é a melhor música desse trabalho é o melhor exemplo disso. Também há canções maravilhosas como In Your Eyes e Save Your Tears. Que estão em uma sequência muito bem pensada dentro da tracklist, fazendo com que qualquer um que ouça o álbum se teletransporte imediatamente para década de 80.
Já o grande erro, se assim podemos dizer, é a repetição de uma sonoridade já conhecida de The Weeknd. Talvez essa fosse a minha maior preocupação quando ouvi Heartless, o primeiro single, assim que foi lançado. Heartless, assim como Snowchild, Escape From L.A e Faith poderiam facilmente estar no Starboy ou em qualquer outro trabalho antigo de Abel. Embora elas tenham produções mais sofisticadas. As 4 músicas só não podem ser consideradas fillers pelo storytelling presente entre as faixas 6 e 10.
Quem acompanha o trabalho de The Weeknd há um bom tempo, sabe que ele gosta de contar narrativas através de seu trabalho. Seu álbum Beauty Behind the Madness de 2015, tem os clipes de Tell Your Friends, The Hills e Can’t Feel My Face contam só uma história. Em Starboy, no clipe da faixa título e no de I Feel It Coming o mesmo acontece. E agora, em After Hours já temos os vídeos de Heartless e Blinding Lights que também contam uma história só. Entretanto, a visão que eu tive enquanto ouvinte de uma arte é que nesse projeto, The Weeknd está mais ambicioso.
Escape From L.Asoa como pontapé de toda história que Tesfaye quer contar. Não é a toa que nos clipes já lançados do álbum ele realmente está tentando fugir de Los Angeles. As letras de Escape, Heartless, Faith, Blinding Lights e In Your Eyes estão interligadas de forma cronológica. O que deixa tudo mais genial e faz perdoar a decepção com as produções nada inéditas na discografia do mesmo.
After Hours que mostra a visão e a reflexão de um popstar, ou melhor, de um starboy, nos seus recém completos 30 anos sobre toda jornada que ele passou nesse curioso e estranho mundo da fama. Mistura muito bem todas as referências acumuladas desses últimos anos e vira um trabalho de identidade singular. É honesto, humilde, forte e inovador. Pode ser um álbum que com o passar do tempo, torne-se ainda maior para muitos, e até mesmo o maior de toda discografia. The Weeknd desconstruiu a armadura que tinha criado anos atrás e abraçou um novo doloroso processo de amadurecimento, seja na forma lírica ou sonora. É realmente um álbum perfeito para servir de companhia durante a madrugada. Sejam elas felizes, tristes, melancólicas, psicodélicas ou pós-festivas.
Desde seu início de carreira no One Direction, Harry Styles já apontava ser um dos membros que mais chamaria a atenção em seu futuro. E realmente, com seu primeiro álbum solo, Styles já buscava sua própria identidade visual na música, explorando vários ritmos, estilos musicais e diferentes abordagens em cada faixa. Agora, em seu segundo álbum, Fine Line, Harry consegue com maestria juntar seu conceito e misturar com vários estilos diferentes.
Nós começamos o disco com a faixa ‘Golden’, e acho que não teria forma melhor de começar; aqui vemos as primeiras formas do estilo criado pelo cantor britânico. Já é possível ver a inspiração do músico nas trilhas dos anos 70, e como ele consegue misturar um pop-rock que gruda. Vale lembrar que também já começamos a ver como Harry tem uma habilidade incrível na parte lírica.
“Tastes like strawberries on a summer evening ,and it sounds just like a song“, ‘Watermelon Sugar’, uma faixa mais voltada para o pop e para o comercial. Tem uma musicalidade bem doce e que cativa facilmente a atenção do ouvinte. Também mostra como o Styles sabe variar de forma boa e sem perder seu foco de música em música.
‘Adore You‘ é provavelmente a faixa mais romântica do álbum, e que mais chamou a atenção do público. Voltada para o pop, sua lírica é marcante e provavelmente a que ficará na mente de todos por um bom tempo. Em seguida, temos ‘Lights Up‘, que também é uma das mais populares e que mostram muito como o cantor está mais maduro, e que agora só quer olhar para o seu futuro.
Quase como uma transição, somos apresentados a faixa ‘Cherry‘, a primeira faixa melancólica e sensível do disco, que é inspirada pelo término do namoro de Harry com a sua ex-namorada, Camille Rowe. “Não o chame de amor. Não estamos nos falando ultimamente. Não o chame pelo que você costumava me chamar“. O violão, as distorções e também a voz da modelo trazem um sentimento delicado e doce para a música.
Enquanto tentamos nos recuperar de Cherry, o som de ‘Falling‘ começa e quebra nosso coração em segundos. Com uma forte presença de um piano e guitarras ao fundo, o vocal de Styles traz mais dor à parte lírica da música. “O que eu sou agora? O que eu sou agora? E se eu for uma pessoa que não quero por perto? Estou desabando de novo, desabando de novo, desabando“. Com toda certeza, uma das mais bonitas e dolorosas do álbum. Vale ressaltar que nessa, o cantor consegue abandonar de certa forma o pop que seguia nas faixas anteriores, e atingiu uma musicalidade que lembra mais uma faixa do Snow Patrol.
Com um dedilhado doce e mais alegre, ‘To Be So Lonely‘, traz uma das faixas mais amáveis do disco. Lembrando muito o estilo musical do Sufjan Stevens, vemos uma junção de algo parecido com um folk-pop. Sendo praticamente uma continuação de Falling e Cherry, o cantor fala sobre a superação, ou quase, do término. Em partes da música como “Não me culpe por me apaixonar, eu era só um garotinho. Não culpe a ligação embriagada, Não estava pronto para tudo isso.” e “Não me chame de “amor” novamente. Você tem seus motivos, sei que você está tentando que sejamos amigos, sei que está sendo sincera. Não me chame de “amor” novamente, é difícil para eu ir para casa, ficar tão solitário.” remetem as faixas anteriores.
Sedutora e sensual, ‘She‘ é uma das faixas que mais se destacam no álbum. Com uma musicalidade extraordinária com várias guitarras, distorção, traz uma sensação nostálgica de um Blues-rock dos anos 70. “Ela (Ela) , ela vive sonhando acordada comigo (Ela). Ela é a primeira que eu vejo, e eu não sei o porquê.“, a letra conta sobre um novo relacionamento de Harry. Em seguida, temos provavelmente a faixa que mais passa despercebido, ‘Sunflower, Vol. 6‘, traz muito da inspiração do cantor no Prince, com vários efeitos, guitarras e sintetizadores.
Canyon Moon segue a linha de musicas bem humoradas e de alto astral. Com uma musicalidade que lembra muito The Beach Boys, e até Fleetwood Mac. Com toda certeza, é impossível não ficar feliz escutando essa faixa. Nela, Styles conta sobre a saudade e em formas bem poéticas, com uma lírica digna dos anos 60/70.
Treat People With Kindness e Fine Line são casos tão opostos, porém, tão unidos e únicos. Poderia dizer que as duas faixas mostram bem o que o Harry quis criar para sua identidade musical, ela mostra que ele sabe conduzir virtuosamente entre a felicidade e a melancolia em suas faixas. Se for para fazer seus fãs chorarem ou dançarem, ele consegue fazer bem os dois casos. Talvez não sejam as musicas mais icônicas ou as melhores do disco, mas com toda certeza, são as mais importantes.
Fine Line é uma balada, é uma melancolia, é um adeus à alguém que Harry era; é um amadurecimento, uma superação, um grande passo. Com toda certeza, esse é o tipo de álbum que até para quem não gosta de pop, será memorável.
É notável que Harry se encontrou nesse álbum, que sabe o que ele faz de melhor e como fazer para progredir. É extremamente dificil ter que unir gêneros, conceitos e aprender a lidar e melhorar o seu estilo. Parece que ele não tem dificuldade alguma para fazer isso. Cada faixa tem seu toque, seu estilo e fica na cabeça durante dias. Também é merecido citar como a utilização de inspirações do cantor ajudaram esse álbum e seu estilo, você percebe a grande influencia de David Bowie, Prince, Fleetwood Mac, e vários outros. Por mais que algumas fiquem mais apagadas, isso não interfere na qualidade delas, e na importância. É com tranquilidade que se pode dizer que esse disco é um dos melhores do ano, por ser tão diversificado, bem produzido, criativo e marcante. O que mais intriga é a forma que a carreira do Styles seguirá, pois esse álbum abriu um leque de possibilidades infinitas para um artista que com certeza marcará a história do pop.
Após um conturbado período de sua vida, Kanye fez promessa de um novo projeto, Yandhi, que teve uma longa história, com dois adiamentos. Após o seu terceiro adiamento, o álbum mudou e se tornou Jesus is King, lançado em 25 de outubro. O álbum é o primeiro que West faz inteiramente dedicado ao hip-hop gospel.
Contendo onze faixas, e 27 minutos, o álbum mostra muito sobre o amadurecimento de Kanye, mentalmente e espiritualmente. Logo após seu oitavo álbum de estudio, o cantor se dedicou à ligar-se ao mundo religioso, com seu projeto Sunday Service, Ye entrava em uma nova era em sua vida e carreira. E mal ele sabia, que iria revolucionar o conceito que tinhamos de músicas gospels.
Com sua faixa inicial, Kanye abre o disco com ”Every Hour”, cantado inteiramente pelo coral do Sunday Service, e sinceramente é uma das suas melhores aberturas, chegando ao nível de Dark Fantasy, em My Beautiful Dark Twisted Fantasy, a produção dessa música é um nível absurdo de tão bem trabalhado.
Logo após uma introdução incrível, somos apresentados a ”Selah”, que com toda certeza é uma das faixas mais bem produzidas aqui. Com uma das frases mais icônicas do álbum “Todo mundo queria o Yandhi, então Jesus Cristo lavou a roupa suja”, Kanye mostra que ele realmente pegou as coisas que ele gostou no seu tão aguardado e adiado álbum, Yandhi, e o transformou em um álbum gospel; participação de vários artistas que estavam presentes em Yandhi foram cortadas, como XXXTentaction e Nicki Minaj. Selah, assim como Every Hour, lembram muito a musicalidade do álbum My Beautiful Dark Twisted Fantasy.
Então, seguimos para a terceira música, ”Follow God”, onde temos West cantando. Essa é uma das faixas que mais chamam a atenção em todo o álbum, com um sample de “Can You Lose By Following God”, do Whole Truth, a música toma forma de como o álbum vai prosseguir. A sonoridade é algo viciante e com toda certeza é um dos motivos dessa faixa ser uma das mais escutadas nos serviços de streaming. E a música se finaliza no maior estilo de Yeezus possível. A música conta sobre Kanye entrando para sua vida religiosa.
“Closed on Sunday’‘ também é um caso que chama bastante atenção no álbum. Com um ritmo mais lento, acompanhado por um sintetizador e um dedilhado no violão, Kanye canta sobre uma rede de fast-food americana, Chick-Fill-A, e compara com sua amada; ao mesmo tempo que conta sobre como é necessário dar atenção à fé de sua familia, e sobre dedicar sua vida para o Senhor. Com toda certeza, uma das faixas mais bonitas do álbum.
“Eu tenho dito a todos desde 2005, o maior artista morto ou vivo“. Em ”On God”, West fala sobre seus projetos e como Deus o ajudou desde o inicio de sua carreira, como cantor e estilista. Com um sintetizador que lembra bastante músicas dos anos 80, e de videogames, é quase impossível não lembrar dos álbuns 808 and Heartbreak’s e Graduation, e a música Paranoid do Kanye. Jesus is King, assim como 808, não há um palavrão sequer. Também é notável a presença de um sample da música ”Mercy”, do seu álbum colaborativo Cruel Summer.
Retirado totalmente de Yandhi, a faixa ”Everything We Need” originalmente se chamava ”The Storm”. Com a participação de Ty Dolla $ign e Ant Clemons, a música ganha um espirito totalmente único e bonito. A música fala sobre seguir em frente, e de superação. “A vida é muito curta, vá cuidar de você mesmo. Aproveite essa sensação, divirta-se, porque, nós temos tudo o que precisamos“.
Novamente com Ant Clemons, “Water” é uma das músicas com a sonoridade mais diferente de todo álbum. Com uma letra reflexiva, a música conta sobre Deus e como Kanye se sente é tão puro como água, que consegue atravessar as dificuldades que aparecem em sua vida. Na parte onde Kanye canta sozinho, a música remete até mesmo uma reza.
Sente saudades do ‘old‘ Kanye? Então ”God Is” está aqui para matar sua saudade. Numa musicalidade maravilhosa que se assemelha muito com a época dos álbuns The Collage Dropout e Late Registration, é impossível não se apaixonar por essa faixa. Kanye fala sobre o que Deus é, e o que ele faz por Kanye e quem a Ele segue. “Obrigado, Jesus, venci a luta. Isso é o que Deus é”.
“O que você tem ouvido dos cristãos? Eles serão os primeiros a me julgar. Fazendo parecer que ninguém me ama“. “Hands On” é uma ressalta do Kanye para todos que duvidaram dele, e um pedido para que o aceitem. A sonoridade distorcida e com sintetizadores lembra muito novamente o seu trabalho em 808 and Heartbreak’s , porém, de uma forma mais “madura”. Provavelmente, uma das músicas com a letra mais bonita do álbum.
Uma coisa que todos os fãs do tão polêmico Kanye queriam era uma música tão poderosa quanto ”Runaway”, considerada por vários sua melhor música. “Use This Gospel” com toda certeza é a resposta de West para os fãs que tanto esperavam isso. Com uma produção nível My Beautiful Dark Twisted Fantasy, e com participação do Clipse (Pusha T e No Malice) e Kenny G, a faixa é poderosa e com toda certeza arranca arrepios até quem não é fã de músicas de rap/hip-hop. O solo de Kenny é o mais marcante, com toda certeza, em todo álbum.
Então, o álbum finaliza com a faixa “Jesus Is Lord“. Mesmo sendo curta, com a duração de quarenta e nove segundos, a sonoridade aqui é fantástica, e deixa aquela sensação de que você quer mais e mais. Essa faixa prova que, Deus entrando na vida do Kanye, foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido na carreira do rapper.
É muito dificil ter que falar sobre Jesus Is King, pois não é só a música, não é só o que Kanye produziu ou não. Isso é uma história de superação, é como uma nova chama acesa na vida de West. Um homem de 41 anos diagnosticado com bipolaridade, que tem vários problemas com a mídia, ainda assim consegue criar obras de arte, consegue ter uma familia e uma marca de bilhões de doláres. Para quem é fã, esse álbum simboliza bem mais do que só mais um álbum na extensa carreira do Kanye.
Jesus Is King pode ser entendido como um vinho, que quanto mais passa o tempo, melhor ele fica. Assim como Yeezus, o álbum pode não ser de agrado geral, e até visto como algo ruim, mas ao longo do tempo, verão o quão importante esse álbum é para a história do hip-hop gospel e do rap. Dissecando este álbum, é possível dizer que Kanye conseguiu pegar toda sua carreira e aprimorar toda sua habilidade musical e nos entregar o espetáculo que é esse disco. Uma mistura principalmente de Yeezus com The Life of Pablo, Jesus Is King mostra o amadurecimento de West em sua vida, tanto pessoal quanto profissional. Cada faixa arrepia, emociona e faz com que qualquer fã do rapper fique com um sorriso no rosto após escutar essa obra. E, idependente de sua religião, vale a pena escutar o novo trabalho de Kanye, e ver o tamanho amor e respeito pela fé que ele tem.
Vale a pena falar também que o filme que acompanhou o álbum em seu lançamento, de mesmo nome, virá ao Brasil a partir do dia 28 de novembro em sessões limitadas (Segundo a conta oficial da IMAX via Twitter). Kanye também confirmou que o Sunday Service lançará um álbum com ele no dia 25 de dezembro, intitulado “Jesus Is Born“.
Ao longo de sua carreira, Charli XCX vem se mostrando extremamente flexível quando a questão é talento. Sua capacidade de transitar entre uma música comercial, como ‘Boom Clap’ e ‘Boys’ para algo totalmente conceitual, como ‘Delicious’ e ‘Vroom Vroom’; e único é totalmente perceptível, feito com maestria. Em seu terceiro álbum de estúdio, Charli, sua evolução musical é o que mais chama atenção, e sua visão tão fora de seu tempo.
O álbum começa com a faixa ‘Next Level Charli‘, onde somos levamos em uma música mais festiva, para principalmente ser tocada em festas e ser mais comercial. Não decepciona, logo que sua letra é viciante, e sua musicalidade é diferente da grande maioria de músicas pop comerciais.
E logo em seguida, uma das mais queridas entre os fãs, ‘Gone‘, ao lado de Christine and The Queens, é focada em sua letra, que aborda a insegurança de Charli , de como mesmo estando em lugares lotados, ela se sente tão sozinha, em um ritmo de balada. A própria cantora disse o quão importante é o significado dessa música para ela: “A canção é sobre aquelas situações em que você se sente isolado e sozinho. Eu me sinto assim muitas vezes em situações sociais. Eu nunca sei o que fazer comigo mesma. Me sinto tão insegura, deslocada e perdida. Sinto que muitas pessoas que conheço se sentem assim. Quando é comigo, faço uma festa para escapar dos meus sentimentos ou vou totalmente desmoronar. As emoções que acompanham a ansiedade são tão grandes e incapacitantes. Essa música é sobre desmoronar, mas também sobre se libertar. Parece um grande grito de exteriorização. Tanto a canção como o clipe são uma grande liberação de energia para mim. Quando eu a escuto e danço, me sinto verdadeiramente eufórica e viva, como se puxasse dos pensamentos ruins da minha cabeça. É como se estivesse canalizando toda a raiva e frustração (às vezes tristeza) para dançar.“
‘Cross You Out‘ é uma slow-dance, fazendo pela primeira vez uma colaboração com a cantora Sky Ferreira; que conta sobre o término e superação de um relacionamento, sua sonoridade é uma das melhores do álbum. Sinceramente, até parece algo que entraria para trilha sonora de algum filme sci-fi, como Blade Runner 2049.
Apenas a Charli é capaz de nos levar para o passado. ‘1999‘ é um dos maiores hits do álbum, uma música extremamente festiva e com elementos da época, tanto em música quanto elementos da cultura história em geral; isso é perceptível no vídeo clipe, onde é inteiramente feito em referências a coisas do ano. Na faixa, temos a colaboração do cantor norte-americano, Troye Sivian, que é uma adição incrível ao álbum.
Voltando sua colaboração com Tommy Cash e Kim Petras, ‘Click’ junta versos de rap com uma composição futurista e também começando a colocar seus elementos de PC Music. Mencionando seu EP ‘Vroom Vroom‘ e a primeira faixa do álbum, essa música foi feita para se escutar no volume máximo.
Provavelmente a que passa mais em branco no álbum inteiro, ‘Warm‘ já é mais voltada à uma música mais lenta, que conta sobre um amor não compatível. Junto com a banda HAIM, a harmonia da música é extremamente bela, e mesmo sendo a música menos aclamada, ela ainda é incrível, e entrega o que propõe. Com um beat que dá marcação de tempo bem feita, conseguimos ter um bom destaque tanto para a Charli quanto para as garotas do HAIM.
Chegando a ‘Thoughts‘, temos uma música marcada por seus sintetizadores e por uma letra marcante. Sendo bem nostálgica, a música conta sobre os pensamentos da cantora, sobre amizade, sobre dor e perda. O vocal de Charli nessa faixa é também muito bem produzido, combinando muito com o tom da música.
‘Blame It On Your Love‘ pega uma das melhores músicas de seu álbum anterior, ‘Pop 2 – Track 10‘, e a retrabalha em um single que cativa e que com toda certeza é a que vai mais se popularizar entre as rádios. Sem ser facilmente enjoativa, o final com a cantora Lizzo só adiciona mais qualidades à música. A cantora já veio a mencionar que ‘Track 10’ é um remix de Blame It On Your Love, e que ela decidiu lançar o remix primeiro do que a faixa original, Charli realmente está em 2099!
Tendo uma das letras mais emocionantes e tristes do álbum, ‘White Mercedes‘ é uma das melhores músicas do álbum, que cativa do início ao fim. Toda a musicalidade e produção dessa música é extremamente bem feita, e a Charli prova mais uma vez que sua voz é única. E também mostrando como a diversidade no álbum funciona muito bem. É tocante, é triste, é como um desabafo pessoal da cantora aos seus fãs.
Construído usando elementos de Nightcore e um Techno dos anos 2000’s/1990’s, ‘Silver Cross‘ traz uma música feita para baladas e festas. É impossível escutar essa música e não sentir uma vontade enorme de dançar, Charli consegue juntar a estética sonora que traz em seu álbum com esses elementos com pura maestria.
Indo um pouco mais para trás no tempo, com seu estilo mais synthwave e uma pegada mais dos anos 80, ‘I Don’t Wanna Know‘ é marcante. Sendo pelo sua escolhas de sintetizadores, um vocal extremamente bem trabalhado, e com uma letra melodramática. Em uma música você já pode dançar, e na outra, te confortar nos momentos difíceis.
‘Official‘ também chegou um tanto quanto apagada quando o álbum saiu, porém, ela é amavél e tem seu próprio estilo. Ela parece ser um sample de várias músicas de video-games, com uma doce melodia, e uma das letras mais bonitas de todo álbum; uma letra sobre o amor.
Ousado, provocante, estranhamente e maravilhosamente, ‘Shake It‘ é uma canção de amor da Charli ao PC Music que funciona da melhor forma possível. Sendo uma das músicas que mais lembram ao seu EP “Vroom Vroom” e “Pop 2“, os elementos colocados na música, os efeitos e as colaborações de todos os artistas combinam perfeitamente. O highlight da música é a participação da brasileira Pabllo Vittar, que tem sua parte lírica sendo uma das mais icônicas entre os artistas que colaboraram no álbum. É indescritível como Shake It consegue ser tão única, provavelmente a música que mais chama a atenção diante das músicas mais dançáveis do álbum.
Continuando em um ritmo mais animado e com as letras maravilhosas, Clairo, Yaeji e Charli se unem em ‘February 2017‘, uma música sobre a dor de lembrar de seus erros do passado e acabar perdendo o que se ama. O que mais chama atenção nessa música é o final, que ocorre a parte cantada pela Yaeji, que tem um vocal maravilhoso.
Fechando de forma surpreendente o álbum, ‘2099‘ tem novamente a colaboração de Troye Sivian e traz um estilo futurista, extremamente diferente de ‘1999‘. Em uma música mais conceitual, onde dialoga sobre como as coisas são rápidas, troca de informações, ritmos e sintonia. Uma das mais destemidas e avançadas de Charli, só mostra como ela já está preparada para o futuro e de como ela sempre consegue revolucionar e inovar a música pop.
É realmente difícil ter que classificar esse álbum, é uma mistura sem coesão entre uma faixa e outra, e isso é o mais engraçado disso tudo: Funciona extremamente bem. Enquanto uma música se apoia em elementos dos anos 90, outra é um PC Music dos anos 2010’s totalmente futurista. Uma te faz querer dançar a noite toda, e a outra a com uma melodia e letras tristes para ser escutados nos dias ruins. Essa é a maior conquista de Charli, ter uma identidate em meio a várias, não usufruir de apenas um estilo, de não ter medo de arriscar. Vários artistas e bandas que tentam fugir um pouco do seu estilo acabam falhando, e muitas vezes deixando de tentar trocar a sonoridade e diversidade musical. Esse álbum só confirma que a cantora britânica já dominou com maestria seu talento, e que sempre está evoluindo e revolucionando seu meio, e deixando a sua própria marca.
‘Charli’ é original, envolvente e provocante. Um dos melhores trabalhos feitos pela Charli XCX e com toda certeza um dos melhores do ano, e da década. A evolução da cantora desde seu primeiro álbum de estúdio é claro, e mostra como ela nasceu para fazer o que fazer, ela é a melhor nisso. Cada música tem sua magia, sua energia, sua imagem; o que é extremamente difícil de funcionar.
Com certeza esse é o álbum que marcará a vida profissional de Charli. Como será que depois de uma obra-prima tão única, como ela prosseguirá agora? Será instigante ver o futuro de sua carreira, e aguardar por mais trabalhos dela.
Nota do álbum: 5/5
Charli já está disponível no Spotify, Deezer, Amazon Music, Apple Music, iTunes Store, TIDAL e mídia física.
Há exatos 10 anos, estávamos perdendo não só o Rei do Pop. Estávamos perdendo o ícone que revolucionou a produção de videoclipes e a maneira de se vestir durante a importante era da Disco Club, trazendo também grandes nomes como Bee Gees, Diana Ross, Marvin Gaye e ABBA, por exemplo.
Michael Jackson conseguiu dominar o mundo musical com clipes grandiosos e performances de dança invejáveis. É importante ressaltar que seu legado permanece nas vozes e estilos de Beyoncé, Bruno Mars e Justin Timberlake. Para isto, trago para vocês os clipes com as maiores visualizações do cantor no YouTube.
Billie Jean (655 milhões de visualizações)
They Don’t Care About Us (610 milhões de visualizações)
Thriller (597 milhões de visualizações)
Beat It (511 milhões de visualizações)
The Way You Make Me Feel (313 milhões de visualizações)
Remember The Time (308 milhões de visualizações)
Black Or White (292 milhões de visualizações)
Bad (282 milhões de visualizações)
Love Never Felt So Good (249 milhões de visualizações)
Smooth Criminal (236 milhões de visualizações)
Michael começou a cantar e a dançar aos cinco anos de idade, iniciando-se na carreira profissional aos onze anos como vocalista do grupo Jackson 5. Em 1971, iniciou a carreira solo, mesmo permanecendo como membro do grupo. Reconhecido nos anos seguintes como Rei do Pop, cinco de seus álbuns de estúdio se tornaram os mais vendidos mundialmente de todos os tempos: Off the Wall (1979), Thriller (1982), Bad (1987), Dangerous (1991) e HIStory (1995). Lançou-se em carreira solo no início da década de 1970, ainda pela Motown, gravadora responsável pelo sucesso do grupo formado por ele e os irmãos.
Segundo o Guinness World Records, MJ é o maior e mais relevante artista da história da música popular. Ele continua na lista dos 100 mais vendidos desde 1969, sem interrupção.
Ao lado de músicas Indies, as melodias geradas a partir de um computador foi algo que sempre me agradou e fez parte das minhas playlists. De tanto escutar esse estilo e me aprofundar mais no assunto, a música eletrônica acabou virando o meu gênero favorito, deixando o Indie em segundo plano. Então, como um bom amente dessas eufonias, irei te indicar 10 Djs desconhecidos que merecem a sua total atenção e quem sabe, possam se juntar no seu aplicativo de música, no qual merecem o seu ”play” antes de você for fazer qualquer atividade.
De preferencia, é preciso que vocêsaiba que a música eletrônica é dividida em vários gêneros e subgêneros, como por exemplo o House, que tem como objetivo fazer o seu ouvinte dançar; o Future Bass, que aparece apenas em músicas mais tranquilas e seria um refrão futurista agitado e triste; o Tropical AF, que como o próprio nome diz, remete a uma paisagem tropical e dentre outros. Portanto, além de indicar os artistas, terá uma pequena nota dizendo qual o gênero que cada um produz. Então, coloque o seu fone de ouvido no último volume, e curta ao máximo essa lista.
10-Flume
Gênero:Não possui, a maioria das suas composições seguem uma linha de raciocínio mais independente, tendo em mãos, um artista que produz partituras de diferentes estilos, mesmo se ”dedicando” mais ao Tropical AF.
Começando pelo mais famoso dessa pauta e o rosto que ilustra a capa dessa coluna, Flume é um nome bem conhecido no ramo, mas claro, para aqueles que estão familiarizados apenas com Skrillex, Martin Garrix, Calvin Harris e outros renomados, sentirá uma pequena estranheza ao ouvir o nome artístico do rapaz. O australiano já realizou diversas parcerias com renomados artistas , como por exemplo: Tove Lo, Lorde, Disclosure, Chet Faker e dentre outros. Em 2017, Harley Edward Streten (seu nome verdadeiro) ganhou o Grammy por melhor álbum, o Skin.
Posto que, Never Be Like You é considerado o seu som mais conhecido, Insane é a sua deixa para começar a acompanhar o artista, no qual ele utiliza elementos dos anos 80 com um toque moderno para dar vida ao cântico.
Ouça logo abaixo:
9-San Holo
Gênero: Future Bass com toques de House.
Sander van Dijck, também conhecido como San Holo, ficou popular após fazer um remix da música The Next Episode, de Dr. Dre. Com isso, o DJ chamou a atenção de grandes empresas, como a VEVO e Heroic Recordings, lançando em 2013, o seu primeiro EP,Cosmos, que na época, ficou entre os 100 artistas mais escutados do iTunes. Atualmente, o artista tem tocando em várias festivais, deixando a sua marca nessa esfera tão vasta.
O artista vem fechando várias parcerias com diversos famosos, e atualmente, o seu último lançamento foi o EP, The Trip e a música One Thing, que você pode conferir logo abaixo:
8-Porter Robinson
Gênero: Progressive House, Future Bass e Synthpop.
Amante da cultura japonesa, Porter Robinson começou a produzir sonâncias eletrônicas a partir dos seus 12 anos de idade, no qual usava o ACID Pro para caracterizar as suas canções. Atualmente, o artista vem fazendo a sua trajetória a partir de músicas com vocal chops melancólicos e com ritmos alegres e contagiantes, como é o caso da canção Shelter produzida em parceria com o músico Madeon.
Sad Robot faz parte da sua nova ”identidade” musical, mas, não se deixe enganar, ela ainda produz os seus famosos traços citados logo acima e como o mesmo já declarou, o objetivo dele não é fazer composições com gêneros, mas sim, gerar sons bonitos e marcantes.
7-Fakear
Gêneros: Vocal Chops e Tripical AF.
O DJ francês Théo Le Vigoureuxnão possui muitas informações a respeito de sua vida na Internet, porém, com o nome de Fakear, o músico começou a sua carreira em 2013 e segue até hoje, fazendo shows mais privados para rádios e emissoras de televisões.
Give Me A Sign está longe de ser o hit mais famoso do artista, mas é o mais recente e conta com uma letra doce acompanhada da voz calma e fina da Dana Williams.
6-ILIVEHRE.
Gênero: House e Future Bass.
As informações presentes sobre ILIVEHRE na internet são quase nulas. O mais relevante que se tem ao seu respeito, é que ele e San Holo são grandes amigos e que um vive remixando a música do outro.
Coming Home é a sua melodia de maior sucesso, que quando a ouvi pela primeira vez, fiquei em um relacionamento muito sério com o replay e aposto que você também ficará.
5-Møme
Gênero: House.
Mais um francês na nossa lista! Jérémy Souillart, começou a sua carreira em 2015 e já conta com vários hits de sucesso, como é o caso de Aloha e Gravitation, gravado em parceria com o artista Isaac Delusion.
O seu sucesso mais recente é o single Playground, que lembra uma versão mais estilizada da trilha sonora do excelente Interestellar, composta por Hans Zimmer.
4-DROELOE
Gênero: Future Bass, Tropical AF, Industrial e Techno.
A dupla californiana e também amigos de San Holo, é composto pelos artistas Hein Hamers, Vincent Rooijerse seu hit de maior sucesso é Lines of the Broken, composta em parceria com Dijck.
Porém, como o objetivo dessa coluna é apresentar músicas solos de cada DJ, Lilypads é o som ideal que você deve começar a acompanhar deles, onde é remetido uma paisagem mais lúcida, lembrando até mesmo, a trilha sonora de um sonho.
3-Faux Tales
Gênero: House, Future Bass e Tropical AF.
Natural da Suíça, Faux Tales se consolidou gravando múscas ”a la” cinematografias, mas, quando chega em seu refrão, o músico faz uma bela composição misturando meios eletrônicos com algo mais natural e simplório.
Abaixo, você pode escutar Beacon, uma trilha sonora com toques nórdicos que me chamou a atenção e me fez escutar várias outras composições do DJ.
2-Madeon
Gênero: Synthpop, House e Nu-disco.
Madeon é um DJ e produtorfrancês de apenas 24 anos, e ganhou um destaque maior após o hit Pop Culture, no qual misturava várias músicas pops em um único som. Após isso, ele lançou o seu primeiro EP em 2012 intitulado The City, ganhando um enorme destaque no ramo.
Com traços de uma música de vídeo game dos anos 80, ouça Brings, um som totalmente autoral do artista lançado em 2015.
1-Petit Biscuit
Gênero: Tropical AF e House.
Apesar de não ser o meu DJ favorito, o francês de apenas 18 anos de idade chamado Petit Biscuit, me conquistou através de suas músicas simples e tocantes, que com certeza se você estiver em um dia não muito bom, não será complicado arrancar algumas lágrimas de você.
Apesar de ser mais acústico do que eletrônica, o conheci através do single Sunset Lover, que transmite uma ambientação de paz e tranquilidade ao seu ouvinte.
É meu caro leitor, eu sentia uma vontade imensa de fazer essa coluna com o objetivo de te fazer conhecer músicas que eu tanto amo e gosto, e no final, aposto que você não se arrependeu e que com certeza, adicionou pelo menos metade dessa lista em sua playlist do cotidiano (ou não).
Espero que tenha gostado, até a próxima e nunca ouça a música, mas sinta-a com o seu coração. <3
No último dia 25/08 foi lançado oficialmente Villains, o novo disco do Queens of Stone Age. O sucessor do incrível …Live Clockwork(2013) chegou depois de uma extensiva campanha nas redes sociais com a massiva divulgação das (belas) artes do álbum por cidades da Europa e dos Estados Unidos.
Uma dessas campanhas um vídeo lançado em 14 de junho na página da banda onde o vocalista e líder Josh Homme é submetido a um teste de polígrafo e a medida que ele vai respondendo as perguntas, as suas mentiras vão confirmando os detalhes sobre o novo trabalho. A última pergunta do teste é: “Você gosta de dançar?”. Homme, com um tom de voz irônico responde: “Sim, eu gosto”, e pisca para a câmera.
Bem, Villains se trata de realmente isso. Dançar.
Com produção de Mark Ronson, famoso por trabalhar com Amy Winehouse, Adele, Bruno Mars, Robbie Williams, Lily Allen, Christina Aguilera entre outros artistas um tanto quanto distantes do estilo do Queen of Stone Age, mas que se tornou um belo casamento. O novo trabalho da banda tem um quê de dançante, remexe com sonoridades, digamos, vintages, e ao mesmo tempo mantém a banda com um som atual.
As músicas brincam com elementos dos anos 60, 70, 80 e entrega um produto moderno e gostoso de ouvir. Algumas faixas, como “Feet Don’t Fail Me”, são três estilos de músicas diferentes, e que em momentos remetem (sem comparar, é claro) a David Bowie.
Os fãs mais antigos podem sentir falta dos diversos riffs hipnotizantes pesados tradicionais de trabalhos anteriores do grupo. Agora, o fator dominante é o groove, que corre solto durante praticamente todas as músicas de Villains, e diga-se de passagem, fez bem para os caras. A excelente música “Domesticade Animals” é um excelente exemplo de como o groove é importante nesse trabalho. Quando você pega um produtor, que está acostumado a trabalhar com artistas popstars que não são de arriscar muito em suas gravações, e compra a ideia da banda e ainda incrementa o bolo, tem resultados fantásticos.
Pode-se dizer também que a parceria entre Josh Homme com Iggy Pop ano passado (o vocalista produziu o ultimo disco Post Pop Depression) deu frutos. Ele deve ter escutado muitas conversas da lenda do punk com o Bowie durante os dias históricos que passaram em Berlim gravando o iconico The Idiot. Devem ter acentuado o gosto pelo retrô.
Mas não se engane que é um álbum de ode ao passado. As guitarras e o gingado do Queens of Stone Age ainda se encontram lá. “The Evil Has Landed” tem uma pitada de Led Zeppelin com riffs ferozes típicos do DNA da banda. Já “The Way You Used to Do” traz a rockabilly onde são distribuidos riffs à vontade, dando um ar agitado, dançante e vivo para a canção. Ambas as canções vemos o dedo de Ronson na produção. Apesar da guitarra enfurecida de Troy Van Leeuwen, que sempre está em boa forma, ditar o ritmo e o destacado groove que sai do baixo de Michael Shuman, uma personagem estende a mão e coloca o ouvinte para dançar: a bateria de Jon Theodore. Frenética, enlouquecida e incendiária, o instrumento não soa como o normal e torna as músicas convidativas para “remexer as cadeiras”. O produtor deu uma importância peculiar para ela.
Entre as nove faixas, encontram-se as baladas “Fortress” e “Hideaway” que dão uma cortada no ritmo de Villains, algo que parece até proposital. Já em “Un-reborn Again” apesar de ser meio cansativa, vale o destaque para o vocal de Homme, que interpreta a canção com variados tons. “Head Like A Haunted House” reencontramos a rockabilly depois de uma possível reformulação, em um riff rápido e mortal. E o encerramento com “Villains of Circunstance”, um tom intimista sobre um poema que fala sobre as coisas improváveis que acontecem na vida. Como o caminho é feito de vitórias e derrotas e nos apresenta diversos vilões das circunstâncias. Ela chega ser melancólica em alguns pontos, e dançante em outros.
Se você, lindo leitor(a), não conhece a carreira do Queens of Stone Age, e pedisse minha singela opinião, eu falaria que Villains não é um bom álbum para começar a ouvir os caras. O disco de estreia Queens of Stone Age (1998), Rated- R (2000), Songs for the Deaf (2002) ou o já citado aqui …Like Clockwork (2013) seriam melhores escolhas. Villains faz mais sentido para quem já conhece a banda e acaba sentindo essa “evolução” musical dançante proposta por eles e bem executada em vários pontos. Mas ao mesmo tempo, os fãs ardorosos da banda irão torcer o nariz para o recente trabalho. Sim, aquele papo de perder a identidade, não serem mais o que eram antes, flertando com o pop… ele nunca morre no rock.
Mas se o Queens of Stone Age faz um Villains um trabalho marcante e sólido na carreira, e quer colocar a galera para dançar… bem, é melhor os headbangers deixarem o mal humor de lado e começar a se remexerem. E muito.
Inaugurado com morte do famoso cantor Robert Johnson, em 1930, o clube dos 27 (Grupo de artistas que faleceram aos 27 anos em circunstâncias perturbadoras, quase inexplicáveis) carrega diversos mistérios e afim de deixar uma pulga maior atrás da sua orelha, a Conrad editora decidiu lançar no Brasil, no ano de 2013, o primeiro volume de uma série de quadrinhos feitas em homenagem aos membros do clube, lançada originalmente pela editora Jungle.
Para inaugurar a coleção, o primeiro gibi que a editora nos trouxe conta a história da, até então, última cantora a fazer parte do Clube, a rainha do Soul, Amy Whinehouse.
Capa do encadernado da Conrad Editora
Escrito por Cristoph Goffette e Patrick Eudeline, o gibi mostra de forma bastante resumida, a vida pessoal e profissional da cantora, desde a separação dos seus pais, até o momento da sua morte. Há também uma enfase no relacionamento abusivo com seu marido Blake Fielder, que, como os fãs sabem foi uma das maiores causas para o declínio da cantora.
Além de uma espécie de biografia, o gibi também foca no Clube, e em seus mistérios. Dentro dele é possível observar citações sobre alguns membros como Janis Joplin e Kurt Cobain e a fim de incrementar mais sobre o tema na vida de Amy, os autores também inseriram diálogos e acontecimentos fictícios, como conversas sobre o clube e a criação de um personagem novo, um homem cinza com sobretudo, possível responsável pela morte dos membros.
Amy e Pete Doherty falando sobre o clube dos 27, e no quadro ao lado Amy fala sobre o homem misterioso.
Um drama confuso e trágico, assim como foi a vida da cantora, o gibi consegue em alguns momentos te colocar na pele de Amy, mas em outros momentos ele te tira de lá e te leva a perguntar o porque de algumas decisões tomadas por ela.
Para quem é fã, indico como uma ótima complementação, para quem não é, mas procura saber mais sobre a vida da cantora, é um ótimo meio de pesquisa e também de divertimento.
Foi no ano de 1984 que os irmãos Max Cavalera e Igor Cavalera, em Belo Horizonte, deram o pontapé inicial para a considerada a melhor banda brasileira e de maior repercussão em todo mundo. O Sepultura. A influência musical dos irmãos eram bandas como Black Sabbath, Van Halen, Iron Maiden, Motörhead, AC/DC entre outras do heavy metal. Só que depois de uma viagem para São Paulo, onde ouviram Venom pela primeira vez, os ouvidos passaram a escutar Kreator, Megadeth, Exodus e as brasileiras Stress, Sagrado Inferno e Dorsal Atlântica. Sons que se tornaram base musical do Sepultura.
O Sepultura em 1985.
Com Max na guitarra, Igor na bateria, Paulo Jr. no baixo e Wagner Lamounier no vocal, a primeira formação do Sepultura estava pronta. Logo depois, Wagner saiu para formar a banda de black metalSarcófago, Max então assumiu de vez os vocais e Jairo Guedez foi recrutado para a segunda guitarra. O Sepultura em 1985 participa de um festival de bandas em Belo Horizonte, onde é contratada pela Cogumelo Records. A partir desse momento para frente a Torre de Vigilância tem o orgulho de trazer para você, estimado leitor, a discografia e um pouco da história da banda que sempre foi referência do Brasil lá fora, influenciou diversos artistas nacionais e internacionais, chegou ao posto até hoje nunca alcançado por nenhuma banda brazuca e construindo assim uma carreira mais do que sólida no mercado fonográfico mundial.
Formação clássica
Mas nem tudo são flores na longa estrada do Sepultura. Brigas, mudanças de formação, membros fundadores que saíram… bem, continue a sua leitura, ligue o som no talo e vamos viajar nos riffs de guitarras e vocais guturais que são uma identidade da banda!
Bestial Devastation (1985)
Poucas pessoas sabem, mas o primeiro registro em estúdio para valer do Sepultura foi esse EP em formato de vinil lançado no mês de dezembro de 1985. Com produção de Tarso Senra, João Guilherme e da banda, o LP foi gravado e mixado em apenas dois dias em Belo Horizonte. Max, Jairo e Paulo tinham na época 16 anos e Igor tinha 14. Com poucos recursos a banda usou instrumentos emprestados de amigos.
O LP ainda era dividido com a banda Overdose (procurem saber sobre a banda é muito boa), com cinco músicas do Sepultura no lado A e três da Overdose no lado B. O disco no total vendeu 8 mil cópias, com destaque para a faixa título que já dava um gostinho do que vinha para o futuro.
Formação:
Max“Possessed”Cavalera – Vocal, guitarra base Jairo“Tormentor”Guedez – Guitarra solo Paulo“Destructor”Jr. – Contra Baixo Igor “Skullcrusher”Cavalera – Bateria
Sim. Eram esses os nomes que os caras usavam na época.
Morbid Visions (1986)
O álbum (pra valer) de estreia do Sepultura foi gravado, produzido e mixado por Eduardo Santos, Zé “Heavy” Luiz e a própria banda. O estilo death metal percorre por todo o trabalho e foi bem aceito na critica especializada na época do lançamento, apesar de ser uma produção em tanto quanto pobre.
A arte da capa foi feita por Alex, um antigo amigo da banda. Com o disco embaixo do braço a banda sai em turnê por alguns lugares do país. Pouco depois a Cogumelo Records relança o Bestial Devastation. “Troops of Doom” é um dos destaques do disco.
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra Jairo Guedez – Guitarra Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: O guitarrista Jairo Guedez, alegando problemas particulares, deixa a banda. No seu lugar assume Andreas Kisser, que já vinha tocado em alguns shows com a banda como uma espécie de terceiro guitarrista. Ainda em 86, o Sepultura processa a gravadora Shark por lançar os discos da banda fora do país sem nenhum acordo.
Schizophrenia (1987)
O segundo álbum oficial do Sepultura, sai novamente pela Cogumelo Records, é o primeiro trabalho com o Andreas Kisser na guitarra como membro oficial. Com produção da banda é do velho conhecido Tarso Senra, o som vai contra o Morbid Visions (que era um disco mais death metal), o novo álbum tem mais influências de trash metal.
Foi com o Schizophrenia que o Sepultura ficou mais conhecido. Nas primeiras semanas de venda, foram comercializados cerca de 10 mil cópias, e a gravadora New Renaissance lançou o disco nos Estados Unidos. O sucesso fez que houvesse um lançamento pirata do disco por uma produtora europeia, que vendeu 30 mil cópias, mas a banda não pode usufruir dos direitos autorais. Mas de um jeito ou de outro, abriu as portas desses mercados. O álbum virou uma sensação da critica tanto na Europa quanto na América do Norte.
https://www.youtube.com/watch?v=AUdFMV7yqYA
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra base Andreas Kisser – Guitarra solo Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
Nota na História: A gravadora Roadrunner Records, conhecida por ter grandes nomes do heavy metal em seu cast, assina com o Sepultura e lança o Schizophrenia oficialmente em todo o mundo. O detalhe é que todo o processo foi feito sem que ninguém da gravadora tivesse encontrado com a banda pessoalmente.
Beneath the Remains (1989)
Com letras escritas por Andreas Kisser e Max Cavalera, o terceiro disco do Sepultura é lançado. E do jeito que eles sempre queriam: por uma grande gravadora e uma grande distribuição. A história de Beneath the Remains começa com Max indo para Nova York em fevereiro de 1988, para negociar com a Roadrunner o orçamento da gravação. Apesar de terem fechado com o Sepultura, a gravadora ainda tinha um pé atrás com o potencial de vendas da banda. Depois de uma semana de conversas, o orçamento inicial foi de U$ 8.000, mas no final custou quase o dobro.
Para a produção foi escolhido Scott Burns, que aceitou trabalhar por uma quantia bem abaixa do normal na época. O produtor mesmo disse em diversas ocasiões que estava curioso sobre o som que era feito no Brasil, por isso aceitou. O som apresentado em Beneath the Remains é bem mais limpo do que os seus antecedores. A melhora da técnica dos músicos e os belos solos de guitarras são destaques do disco, que vendeu 800 mil cópias ao redor do mundo. Foi com esse trabalho que o Sepultura provou que era sim um dos grandes no rock mundial, e que poderia vender milhões.
Contra-capa de Beneath the Remains
O álbum foi muito celebrado por toda a critica especializada, a revista britânica Terrorizer o classificou com um dos “20 melhores álbuns de thrash metal de todos os tempos”, o disco, após seu lançamento, acabou sendo comparado com o clássico álbum do Slayer, Reign in Blood. E pela primeira vez, o Sepultura sai em uma turnê internacional, tocando junto com os alemães do Sodom. Os shows aconteceram na Áustria, Estados Unidos e México. A turnê foi marcada pelos diversos conflitos entre os membros das duas bandas.
Mas foi nessa série de shows internacionais que a banda aumentou sua popularidade. O mundo já sabia quem era o Sepultura e o som pesado e bem feito que se resumia em um tapa na orelha, muito lindo e perfeito, dos fãs. Foi nessa época que eles conheceram Lemmy Kilmister e o Motörhead, passaram por Berlim e seu muro durante a Guerra Fria e conheceram o Metallica que estava no auge da carreira.
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra base Andreas Kisser – Guitarra solo Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: Em 1990 durante a apresentação no Dynamo Open Air Festival, eles conhecem a Gloria Bujnowski, empresária do Sacred Reich. Então, ela passa a lidar com os negócios do Sepultura e dos integrantes também. Depois se tornaria Gloria Cavalera ao se casar com o vocalista Max.
Arise (1991)
Em agosto de 1990, o Sepultura se juntou novamente com Scott Burns na Flórida para gravar o novo disco, a essa altura todos os membros da banda já moravam nos Estados Unidos. A essência de Arise é praticamente o estilo death/thrash metal de Beneath the Remains (o trabalho anterior), mas claramente mostra que a banda buscava também um “quê” experimental. Elementos de música industrial, hardcore punk e até percussão latina são presentes no álbum.
Os membros da banda falavam na época que o Arise tem a mesma direção do disco anterior, mas percebesse que o ritmo estava um pouco mais lento e a bateria de Igor tinha estilos mais carregados para o groove. E marca também o inicio da “fase tribal” do Sepultura com a música “Altered State” e o hardcore dá as caras em “Subtraction” e “Desperate Cry”.
Arise recebeu excelente criticas ao redor do mundo e carimbou de vez o lugar do Sepultura como grande banda do rock mundial. O trabalho ficou em 119º na Billboard, algo inédito na carreira da banda, o primeiro a conseguir uma certificação musical (estatuto de ouro em 1992 por vender 25 mil cópias na Indonésia). Quando chegou o ano de 1993 já tinha atingido a marca de 1 milhão de unidades vendidas no mundo. E em 2001, mantendo o fôlego, ganhou a segunda certificação, estatuto de prata no Reino Unido por mais de 60 mil cópias vendidas. É particularmente o disco que mais gosto dos caras.
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra base Andreas Kisser – Guitarra solo Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: O Sepultura, apenas um dia após encerrar as gravações de Arise, começou uma pequena turnê com as bandas Obituary e Sadus. Foi o inicio da maior série de promoções feita pela banda, que correu o mundo e durou dois anos. Em 1991, eles se apresentaram no Rock in Rio 2 para uma plateia de 70 mil pessoas. No mesmo ano tocaram gratuitamente em São Paulo no fatídico show do dia 11 de maio na Praça Charles Miller. Os organizadores e a policia militar estimavam que tivessem cerca de 10 mil pessoas presentes, quando apareceram 30 mil. O que tornou o controle da multidão algo praticamente impossível. Na confusão seis pessoas ficaram feridas, 18 presas e uma foi morta a tiro. Há apenas uma semana antes, durante uma briga entre headbangers e skinheads um jovem foi morto a facadas durante uma apresentação dos Ramones também em São Paulo. Ambos os eventos repercutiram muito mal na mídia, criando um falso mito sobre o publico dos shows de rock. O Sepultura em particular tinha uma pequena dificuldade de tocar no Brasil por que produtores temiam que fosse acontecer alguma tragédia. Em compensação, a turnê internacional do Arise foi longa e passou por lugares como Grécia e Japão.
Chaos A.D. (1993)
O Sepultura já era considerado uma das melhores e maiores bandas de thrash metal do mundo. Foi então que a banda se juntou com o produtor Andy Wallace e nasceu o quinto álbum de estúdio da carreira. Dessa vez, eles realmente abraçaram o experimentalismo no som com um estilo groove metal que acabou os tornando uma grande influência para as bandas de groove, alternative e nu metal.
Os hinos “Refuse/Resist”, “Territory” e “Manifest” (que fala sobre o massacre do Carandiru) são destaques em Chaos A.D. que tem em suas letras assuntos geopolíticos mundiais. O estrondoso sucesso do álbum rendeu mais de 1 milhão de cópias por todo o mundo, levando o Sepultura em um patamar nunca alcançado por nenhuma banda brasileira. Foi a primeira banda do Brasil a se apresentar na Rússia, a primeira metal da América Latina a se apresentar no Monster of Rock na Inglaterra e depois de um abaixo-assinado organizado pelo fã clube oficial brasileiro, o Sepultura voltou a se apresentar no Brasil no festival Hollywood Rock. Vencendo assim o boicote de parte dos organizadores do evento, o incidente em São Paulo anos antes ainda amedrontava.
O lançamento foi feito em um castelo medieval na Inglaterra com a presença de convidados especiais e a imprensa mundial. O clipe de “Territory” foi gravado em Israel e eleito o melhor videoclipe do ano pela MTV Brasil. O álbum ainda conta com a participação de Jello Biafra, ex-vocalista do Dead Kennedys, na música “Biotech Is Godzilla” escrita pelo próprio, uma faixa onde os integrantes ficam rindo e gritando e na versão brasileira do álbum temos uma versão de “Polícia” dos Titãs.
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra base Andreas Kisser – Guitarra solo Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
Roots (1996)
Os fãs tiveram um gostinho do novo disco do Sepultura quando foi lançado compacto Roots Bloody Roots no começo de 1996. O EP tem a inédita faixa título, além de versões ao vivo de “Refuse/Resist”, “Territory” e um cover de “Procreation (Of The Wicked)” do Celtic Frost. Eis que então fevereiro do mesmo ano, com produção de Ross Robinson, Roots chega as lojas. E o novo trabalho marca uma mudança significativa no som da banda.
Com elementos como percussão, berimbau, a participação de Carlinhos Brown na música “Ratamahatta” e duas músicas gravadas com os índios Xavantes. É com certeza o trabalho mais experimental da carreira do Sepultura. A música “Itsari” foi gravada às margens do Rio das Mortes no estado do Mato Grosso na Aldeia Pimentel Barbosa em 1995. Os experimentos fizeram alguns fãs mais antigos da banda torcerem o nariz, mas não impediu o sucesso do Roots e tornou o trabalho referência para várias bandas que posteriormente seguiram o estilo nu metal. A versão brasileira do álbum contém os covers de, novamente, “Procreation (Of the Wicked)” do Celtic Frost e “Sympton of the Universe” do Black Sabbath, e a música “Lookaway” escrita pelo vocalista do Korn, Jonathan Davis.
Formação:
Max Cavalera – Vocal, guitarra base Andreas Kisser – Guitarra solo Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
Nota na história:Dana Wells, filho de Gloria Cavalera, é assassinado em meados de 1996, Max e Gloria vão para os Estados Unidos e no festival Donnington o Sepultura toca em trio. O grupo cancela três semanas de shows em solo americano e encerra a turnê participando no OZZfest.
O furacão Max Cavalera
Andreas, Igor e Paulo estavam insatisfeitos com o modo que Gloria Cavalera estava lidando com a banda. O trio alegava que ela estava dando espaço apenas para o seu marido Max, e não para a banda como um todo. E a demissão da empresária foi colocada na mesa. Max por sua vez se sente traído e resolve sair da banda.
Gloria e Max Cavalera
A discussão chegou à mídia e o publico ficou apreensivo com um possível final do grupo, o trio decidiu não renovar o seu contrato de trabalho. Existiu a opção de que ela continuasse a cuidar dos interesses do vocalista em separado, mas ele não aceitou a decisão dos companheiros e se sentiu injustiçado. A separação estava sacramentada.
Com o passar do tempo, a banda decidiu continuar os trabalhos e começou a escrever o novo álbum, como um trio. E Max formou o Soufly.
Os fãs temiam o final da banda…
O gigante Derrick Green
O trio Sepultura começava a trabalhar na nova formação, o baixo de Paulo Jr. ganhou mais força nas músicas e Andreas Kisser assumiu os vocais. Mas este não se sentiu a vontade no posto e o impasse estava formado. Então decidiram buscar um novo vocalista, milhares de fitas chegavam aos escritórios da RoadRunner, houve uma seleção e um pequeno grupo de finalistas foi escolhido e receberam uma fita com as músicas que deveriam trabalhar antes dos testes com a banda.
Derrick Green
Tendo como principais tópicos para os testes finais, saber cantar no estilo proposto, é claro, integração e afeição com todos no grupo, Derrick Green foi o que mais impressionou. Em sua estadia no Brasil durante os testes finais, o norte-americano, se entendeu muito bem com os membros e se sentiu em casa. Com a pressão de gravar logo um novo trabalho e boa parte das músicas prontas (só faltando um vocal) o novo disco já estava no forno.
Against (1998)
A estreia de Derrick Green no vocal aconteceu no sétimo álbum de estúdio do Sepultura. Produzido por Howard Benson, o novo trabalho chegava ao mercado cercado de desconfiança por causa da saída de Max Cavalera. Algo que, ao que parecia, se estendia aos membros do grupo.
Igor Cavalera, na época do lançamento, disse que ainda estavam em dúvidas em manter o nome Sepultura. Então decidiram fazerem as musicas primeiro, se não soasse com a identidade da banda, trocariam de nome. Mas ao modo que tocavam, que produziam, mas viram que o Sepultura estava ainda vivo e com muita lenha para queimar.
A turnê de Against passa roda o mundo e acaba com as desconfiança em torno do futuro da banda. O Sepultura tinha passado por uma tempestade e conseguido sobreviver ao período mais difícil de sua carreira.
Formação: Derrick Green – Vocal Andreas Kisser – Guitarra Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
Nation (2001)
O oitavo álbum do Sepultura é produzido por Steve Evetts e é também o ultimo da banda a ser lançado pela RoadRunner Records. Nation é recheado de participações especiais como do vocalista Jamey Jasta da banda Hatebreed, Jello Biafra ex-vocalista do Dead Kennedys, Cristian Machado vocalista do Ill Niño, João Gordo do Ratos de Porão e da banda Apocalyptica.
O álbum tinha uma temática que contava a história de uma nação utópica ao longo das faixas. Mas as vendas do Nation não foram grandes coisas, mas não desanimou os integrantes que entendiam o momento de transição em que passavam. Alem disso o Sepultura acusou a RoadRunner de não promover o álbum, um exemplo foi que o videoclipe de “One Man Army” estava programado para ser filmado em agosto de 2001, nunca foi realizado, por falta de apoio da gravadora.
Formação: Derrick Green – Vocal Andreas Kisser – Guitarra Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: A turnê do Nation foi iniciada em janeiro de 2001 no festival Rock in Rio III. No ano seguinte, o Sepultura assinou contrato com a SPV Records.
Roorback (2003)
No primeiro trabalho junto com a gravadora SPV Records, o Sepultura novamente recrutou o produtor Steve Evetts, e assim Roorback foi lançado. A influência ao som groove/alternativo continua forte no decorrer das faixas.
Mas as vendas ainda continuavam baixas, apesar de Roorback ter tido analises melhores do que o anterior Nation. A versão brasileira do disco tem o cover de “Bullet the Blue Sky” da banda U2.
Formação: Derrick Green – Vocal Andreas Kisser – Guitarra Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: em 2005 o Sepultura grava o show Live in São Paulo, comemorando os 20 anos da banda. O disco tem participações especiais de B-Negão, Alex Camargo, João Gordo, Jairo Guedez e Zé Gonzáles.
Dante XXI (2006)
Com produção de André Moraes, o novo álbum do Sepultura é completamente baseado na obra A Divina Comédia de Dante Alighieri. O tema foi sugerido pelo vocalista Derrick Green, pois a banda passava por um período sem ideias para suas composições. É o terceiro disco temático na carreira do Sepultura. O primeiro foi Roots (1996) inspirados nas culturas brasileiras e africanas, Nation (2001) onde falam sobre uma nação utópica e agora em Dante XXI.
A odisseia pelo inferno, purgatório e paraíso feita pelo personagem Dante é refeita musicalmente pelo som pesado, a ideia era fazer algo como uma “trilha sonorapara o livro”. Para diferenciar as passagens do purgatório e paraíso, instrumentos como Celo e Piano foram usados com arranjos mais elaborados. Na sonoridade que marca o inferno, a bateria, baixo e guitarra soam mais pesadas.
Foi na turnê desse álbum que o Sepultura tocou pela primeira vez na índia, além dos locais tradicionais como Europa, América do Norte e América Latina. Em 2007, foram atração de festivais no Brasil como Abril Pro Rock em Recife e no Porão do Rock em Brasília. Dante XXI foi disco de ouro no Chipre, o primeiro desde Roots (1996).
https://www.youtube.com/watch?v=_hUM2YH41jE
Formação: Derrick Green – Vocal Andreas Kisser – Guitarra Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
A saída de Igor Cavalera
No inicio da turnê de Dante XXI, o Sepultura teve mais uma baixa da sua formação original. O baterista e membro fundador Igor Cavalera decidiu sair da banda. Ele foi substituído temporariamente por Roy Mayorga. Mais tarde Jean Dolabella assumiu as baquetas de forma definitiva.
Jean Dolabella
A saída de Igor, segundo Andreas Kisser, não foi tão traumática como a do seu irmão Max. O guitarrista falou que ele já tinha dividido com pessoas próximas o desejo de deixar a banda. Foi apenas uma questão de tempo.
A-Lex (2009)
Seguindo a linha de Dante XXI, um álbum temático, o Sepultura lança o interessante A-Lex, que é inspirado na obra A Laranja Mecânica de Anthony Burgess. Com produção de Stanley Soares o disco é lançado pela SPV Records e pela Atração Records no Brasil, sendo o primeiro trabalho sem Igor Cavalera, que foi substituído por Jean Dolabella.
O título é um trocadilho com Alex, personagem central da obra, e o latino para a expressão “sem lei”. Ab(longe de, sem) + Lex (lei). O disco foi bem recebido pela critica e vendeu 5 mil cópias no Brasil e 1.600 nos Estados Unidos. E a turnê, como de praxe, rodou mais uma vez o mundo.
Formação: Derrick Green – Vocal Andreas Kisser – Guitarra Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
Kairos (2011)
O primeiro trabalho na gravadora Nuclear Blast e com produção de Roy Z marca por ser algo como “de volta as origens” do Sepultura. Pode se dar bom credito disso ao produtor, que é considerado um dos melhores no segmento de Metal no mercado fonográfico.
Bem recebido pela critica, Kairos tem um som mais pesado e cru do que os dois últimos trabalhos da banda, e é considerado como o álbum que trouxe o Sepultura de volta. A participação especial é do grupo francês Les Tambours Du Bronx na faixa “Structure Violence (Azzes)”, e o disco contém duas covers: “Just One Fix”, da banda Ministy e “Firestarter” do The Prodigy.
Formação: Derrick Green – Vocal Andreas Kisser – Guitarra Paulo Jr. – Baixo Igor Cavalera – Bateria
Nota na história: O baterista Jean Dolabella deixa a banda ainda em 2011, falando que quer procurar rumos diferentes para sua carreira.
Eloy Casagrande
Em seu lugar entra o excelente Eloy Casagrande, que tinha 21 anos na época, e termina a turnê de Kairos.
The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart (2013)
O novo álbum marca a volta do produtor Ross Robinson ao trabalho junto com a banda e o primeiro disco de Eloy Casagrande na bateria do Sepultura. Também é o primeiro disco a ser todo gravado nos Estados Unidos desde o Against (1998).
“Sinistro, sombrio e metal pra caramba!” assim o vocalista Derrick Green descreve o som do disco. A critica e os fãs ficaram satisfeitos com o resultado final, muitos consideraram o melhor trabalho do Sepultura nesse milênio. Em sua primeira semana de vendas nos Estados Unidos o álbum vendeu mais de 1.800 cópias.
Andreas Kisser disse que o disco foi inspirado no filme Metropolis (1927) do austríaco Fritz Lang. O título é baseado em uma frase que significa a principal mensagem da história: “O Mediador entre a Cabeça e as Mãos deve ser o Coração”.
Formação: Derrick Green – Vocal Andreas Kisser – Guitarra Paulo Jr. – Baixo Eloy Casagrande – Bateria
Machine Messiah (2017)
O elogiado novo trabalho do Sepultura foi lançado no começo desse ano e chegou com o pé na porta total. Para a gravação, a banda se refugiou na casa do produtor Jens Bogren em Estocolmo onde não tinham muito o que fazer, a não ser pensar em música 24 horas por dia.
Machine Messiah foi bem recebido pela critica como um disco bem sólido com a cara do Sepultura, mas ao mesmo tempo se propõe a mostrar algo novo na longínqua estrada da banda. Destaques do álbum são as faixas “I Am The Enemy”, “Alethea”, a instrumental “Iceberg Dances” e a incrível “Phanton Self”.
Formação: Derrick Green – Vocal Andreas Kisser – Guitarra Paulo Jr. – Baixo Eloy Casagrande – Bateria
Foi lançado o documentário Sepultura Endurance dirigido pelo cineasta Otávio Juliano. Confira AQUI. Apesar de não ter depoimentos dos irmãos Cavalera, o filme vai contar a trajetória da banda desde o inicio em Minas Gerais até sua afirmação como gigante no rock mundial.
Atual formação do Sepultura.
O grande resultado sobre a carreira fonográfica do Sepultura é com certeza o legado que eles deixam para todos. A forte influência em diversas bandas mundiais, muitas até chegaram ao estrelado como Slipknot, Godsmack e System of a Down. E levando o nome do Brasil para o ponto mais alto do rock mundial, por mais que sejam músicas cantadas em inglês, a banda nunca escondeu e renegou suas origens. Se você procura algo para ouvir pesado e de boa qualidade, o Sepultura é prato cheio!
O ano era 2000 e o consagrado estilo nü-metal estava na posição de perda fôlego, muito por causa das idiotices egomaníacas de Fred Durst no Limp Bizkit ou pelo excesso de drama do Korn em Issues (1999), os seus dois maiores representantes na época. Foi quando o Linkin Park surgiu como uma bomba e sacudiu todo o gênero. Os dois primeiros álbuns Hybrid Theory (2000) e Meteroa (2003), elevaram o grupo a super-estrelas da música mundial com sua saraivada de sucessos e seus clipes exibidos a exaustão na MTV. E deram também a confiança necessária para que os anos seguintes fossem usados para desbravar as fronteiras musicais e buscar novos estilos além da mistura de rock com hip-hop e eletrônico. Que já saturavam àquela altura do campeonato.
Depois de três álbuns buscando crescimento e maturidade musical, Minutes to Midnight (2007), A Thousand Suns (2010) e Living Things (2012) e um que voltava às raízes The Hunting Party (2014), o Linkin Park mais uma vez tenta se reinventar e evoluir, às vezes soando até como um grupo mais pop do que o habitual. O novo trabalho intitulado One More Light, lançado no ultimo dia 19 de maio, traz uma sonoridade algo um tanto pessoal e sincero. Mas ao decorrer das faixas parece faltar um pouco da identidade conquistada pela banda no inicio da carreira.
Temas como política, guerra, desigualdade social e racial são abordados nas letras de One More Light, algumas pessoas vão se identificar com algumas das letras, mas não espere um disco para pular e bater cabeça. Ele é para se ouvir relaxado e tranquilo.
O primeiro single divulgado foi “Heavy” gravada em parceria com a cantora Kiiara, uma levada meio pop meloso com direito a refrão grudento que pega na cabeça. Confesso que quando ouvi pela primeira vez fiquei esperando entrar os riffs de guitarras e esperei em vão. Penso eu que os saudosistas seguidores do Linkin Park não tenham curtido muito não.
O clima meio pop continua em “Good Goodbye”, “Battle Symphony” e “Invisible”. Ouvindo as faixas eu fiquei imaginando a pessoa que tem de lembrança a banda nos tempos de “In the End” escutando essas músicas. Obviamente tudo muda, para melhor ou para pior. Depende do que a pessoa quer ouvir e/ou gosta de ouvir. Mas o bacana é sentir que temos uma evolução, um passo adiante na carreira da banda. Pois o disco não é mal trabalhado, e as canções não são feias, mas faltou a identidade dos caras nesse trabalho.
“Talking To Myself” dá uma agitada no disco com suas guitarras unificadas e sua percussão. “Sharp Edges” tem uma levada harmônica graças ao piano e um toque extrovertido por causa do violão. uma batida eletrônica bem leve no fundo acompanha o ritmo. O piano também dá o ar da graça na diferente “Halfway Right”.
Vale resaltar que Chester Bennington e os programadores Mike Shinoda e Joe Hahn fazem um bom trabalho e são os destaques do One More Light. Apesar de não ser aquele Chester de antigamente, o que é normal, a voz se desgasta com o tempo e as vezes não é necessário berrar sempre. Agora o resto da banda praticamente passa despercebida no trabalho.
No conjunto da obra, One More Light, não é um disco ruim, e sim estranho. Mas é estranho para a carreira do Linkin Park. O problema não é tentar algo novo. Não é arriscar nos campos do pop, do eletrônico, ou aonde for. O grande X da questão é que em muitos momentos (momentos demais até) não lembra o Linkin Park de outrora. A identidade da banda ficou perdida em algum lugar, só resta agora que o novo trabalho seja o principio para reencontra-la.