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Crítica | Do jeito que o Diabo gosta.


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O Diabo pode tirar suas férias? Claro que pode. Gerenciar todo o Inferno e torturar almas alheias se torna algo bem rotineiro para quem comanda o Lar dos Condenados. Chega uma hora que é preciso transparecer e tomar um novo rumo na vida. É isso que o querido Lucifer faz. Desiste do seu imponente cargo para tentar se adaptar a vida em Los Angeles, onde é dono de um bar chamado Lux e se depara com questionamentos humanos, além de esbarrar com conhecidos de origem sobrenatural.

Antes de mais nada, deixe-­me explicar. A Fox pegou os direitos da HQ criada por Mike Carey para a Vertigo no final dos anos 90 até 2000. Atualmente, é a quarta série adaptada de histórias da Vertigo (Constantine durou apenas uma temporada, iZombie está em sua segunda temporada e Preacher se encontra em filmagens). Com isso, vem toda aquela histeria que estamos tão bem acostumados e toda a expectativa no que diz respeito à adaptação. Perguntas como ‘Será que vão adaptar tal arco?‘ ou ‘Nhá, já sei que não ficará legal‘ são bastante ouvidas/lidas em podcasts e fóruns de inúmeros grupos no Facebook. Diante dessas indagações, a pergunta de maior relevância é: a série mostrou a essência dos quadrinhos?

Após assistir o Piloto da série, podemos concluir imediatamente que a sinopse descrita acima será o único elemento semelhante entre a HQ e sua adaptação para a TV. E isso pode ser legal. Sei como alguns fãs podem ser exigentes em relação ao material original, mas às vezes é preciso se desvincular do mesmo para contemplar algo que possa ter potencial. Não posso dizer que Lucifer será um grande sucesso, porém tem chances de dar certo caso seja trabalhada da maneira correta.

Tenho certeza que alguns entortaram o nariz de cara ao descobrirem que o Príncipe das Trevas seria o personagem principal, não é mesmo? Até porque, com a excelente interpretação de Mark Pellegrino como o tal em Supernatural, quem precisaria aturar outro ator fazendo o mesmo papel?

Tom Ellis roubou a cena de início. Seu sotaque britânico combinado com sua forma de agir durante todo o Piloto não passaram despercebidos. A forma como ele consegue dobrar as pessoas ao seu bel prazer só reforça aquela expressão que o Diabo está nos detalhes. Além disso, seu humor é bastante afiado. Essa é a fórmula perfeita para criar aquela criatura que fica no nosso ombro dizendo coisas ruins.

Lucifer tem a Lux e também Mazikeen, que é apaixonada por ele. Mazi pode ser considerada aquela que lembra seu chefe de sua verdadeira natureza. Essa atitude traz um ponto interessante para o futuro da série. Lucifer acostumou-se com a humanidade e pode ter ficado amolecido como consequência, mas no final do episódio vimos sua verdadeira face. Ele tem essa balança diante de si. Em algum momento, o seu ‘eu’ primitivo vai aflorar e quando isso acontecer, será o inferno na terra (perdão pelo trocadilho).

Amenadiel é um anjo servente ao Senhor que deixa claro para seu desafeto que sua saída do Inferno causou um grande desequilíbrio e que tal ato terá consequências. A rivalidade entre os dois é bem evidente e deixa explícito que ambos poderão entrar numa futura guerra.

Chloe entra na vida de Lucifer após Delilah ser assassinada brutalmente em frente a Lux. A química entre os personagens é notável, mas o que intriga bastante é o fato dela não se persuadir ao seu dom. Esse mistério também o deixa totalmente desconsertado. Qual a verdadeira razão disso? Um bom plot para ser desenvolvido.

Outro elemento na vida do personagem principal será Trixie, filha de Chloe que veio para mostrar que crianças não são esses monstros que ele tem em mente. Ela é fofa e simpatizou com Morningstar de forma instantânea. Já prevejo boas risadas com os dois.

Com a detetive e o dono da Lux se tornando parceiros, confirma o que muitos temiam: a série terá uma pegada procedural, ou seja, a temporada se desenvolverá com casos da semana. O que contribuirá com uma trama direta e sem enrolação será a encomenda de apenas 13 episódios. Dei meu voto de confiança para a série e estou otimista para com a sua evolução. Querem uma fórmula para conseguirem gostar? Esqueça o que leu nos quadrinhos e foque apenas na série. Dica dada e fico por aqui.



Por Tassio Luan

Biólogo. Explorador do horror cósmico e de universos desconhecidos.