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Crítica | O Contador

“Solomon Grundy. Nasceu numa segunda. Batizou-se numa terça. Casou-se numa quarta. Adoeceu numa quinta. Piorou numa sexta. Morreu num sábado. Enterrou-se no domingo. E este foi o fim de Solomon Grundy.”

 O Contador apresenta a história de Chris Wolff (Ben Affleck), um contador que trabalha para organizações criminosas e que sofre de Síndrome de Savant. Com uma narrativa coerente, surpreendente e bem desenvolvida, além de um elenco excepcional, este é um dos melhores filmes do ano e que quase chegou à perfeição… quase.

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Ben Affleck está criando uma carreira de sucesso. Escolhendo minuciosamente os papéis que irá atuar e trabalhando muito para ser o mais agradável possível nas telas. Pode-se dizer que Wolff é um dos personagens mais difíceis que Affleck já protagonizou. Por causa da síndrome, o contador sofre com problemas sociais, psicopatia, manias, etc…  mas também é super inteligente com capacidades físicas impressionantes. Tudo isso compõe o personagem, e Affleck entrega. Os holofotes ficam no protagonista. Sua história é contada por flashbacks nos momentos certos e precisos da trama, criando reviravoltas a todo momento, deixando o desfecho cada vez mais imprevisível.

J.K. Simmons (Ray King) , Jon Bernthal (Braxton) e Anna Kendrick (Dana Cummings) são integrantes relevantes no elenco. Se esperava um pouco mais de Kendrick pela sua forte presença  nos trailers, mas ficou na sombra no fim das contas. Bernthal é um ator de ação de primeira  qualidade e é o antagonista que o filme precisa.  Simmons decepciona no começo, mas é aplaudido no final. Só vendo para entender.

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O roteiro ficou na responsabilidade de Bill Dubuque, que pode ser um forte candidato ao Oscar. Redondinho, sem furos ou erros, conta uma história de ação movida por dramas familiares com um debate inteligente sobre autismo e fraudes. Referências ao universo da DC Comics nos quadrinhos não faltam, qualquer nerd que for assistir não vai se arrepender. Também não há nenhum gancho para uma continuação, e não seria uma boa ter uma franquia como Jason Bourne novamente. Dirigido por Gavin O’Connor, as edições e mixagens de som assustam e colocam o espectador no meio de um tiroteio que parece real. Contudo, O’Connor peca em tentar colocar  o filme em uma faixa etária de 14 anos para conseguir aumentar o público nos cinemas.

Se o script estivesse nas mãos do Tarantino, talvez levaria o Oscar para casa. Faltou violência e muito sangue. São tiros para todo o lado e lutas  mão a mão acontecendo ao longo do filme, e incomoda ficar vendo os dublês apenas caindo no chão sem nenhum arranhão. Uma classificação 16 anos, ou até mesmo 18 anos seria mais apropriada. A trilha sonora também ficou a desejar, já que estava muito presente no trailer, mas ficou apagada sem nenhuma relevância nos 128 minutos.

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Ao final, o resultado é positivo mesmo assim. O Contador é um dos melhores filmes de drama do ano. Apresentou uma história coesa, repleta de flashbacks, reviravoltas surpreendentes e personagens acima da média. Falando em personagens, a cada momento em que aparecia Affleck e Simmons nas telonas, ambos não aparentavam ser Ray King e Chris Wolff, mas Batman e Gordon no telhado do Departamento de Polícia de Gotham.

Por Thiago Pinto

‘’E quando acabar de ler a matéria, terá minha permissão para sair’’

-Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)