14 temporadas. 300 episódios. Quem imaginaria que Supernatural alcançaria tal feito? Acredito que nem a própria CW tinha ideia de que naquele 13 de setembro de 2005 estaria lançando um dos maiores hits de sua trajetória como emissora aberta.
Muitas coisas bizarras, loucas, insanas, felizes e tristes aconteceram desde que Dean Winchester apareceu na porta de Sam pedindo ajuda para encontrar seu pai. Passamos pelo 100° episódio e toda a problemática de Dean em aceitar que é a Espada de Miguel. Tivemos o 200° episódio que respeitou numa simbólica peça de teatro tudo que os irmãos viveram até então. O que levaremos do 300° episódio?
[SPOILERS DEMONÍACOS ABAIXO]
Que o conceito de família continua sendo uma base extremamente inabalável após inúmeras temporadas. Já presenciamos demonstrações de amor, afeto e fraternidade entre os irmãos de formas que encheram os olhos de nós fãs, como por exemplo, o pacto feito por Dean para salvar o caçula morto ainda no final da segunda temporada. Só um sacrifício de muitos.
Depois de 12 longos anos, tivemos o retorno do personagem que tanto pedimos para reaparecer: John Winchester. Muita coisa tinha ficado pendente com a sua morte no início da segunda temporada e em Lebanon, recebemos o maior e melhor presente que a produção da série poderia ter dado. E não foi puro fan-service para nos agradar. Foi muito além disso. Foi lindo. Emocionante. Marcante.
Para quem estava desesperado e fazendo altos textos reclamando sobre o seu retorno, acredito que a lamentação tenha cessado após descobrir o motivo de sua aparição e melhor, tudo temporariamente. Os Winchester descobriram uma pérola capaz de conceder um desejo e ansiosos para utilizá-lo para deter Miguel, acabam tendo uma grande surpresa.
Antes de mais nada, esse sentimento de ter os pais de volta e uma vida mais tranquila já se encontrava enraizada nos meninos conforme foram se deparando com as mortes constantes de grandes amigos. Dean provou disso em Apenas um Sonho (2.20), onde por efeito de um Djinn, ele se viu numa vida sem caça com sua mãe e irmão. Só que o célebre episódio tratou de ser bem real. Não era sonho e muito menos realidade alternativa.
Não tivemos tempo de ver há alguns anos uma conversa sincera entre John e seus filhos. Neste episódio, tudo que tinha ficado pendente foi jogado na mesa e rasgando aquelas antigas feridas. Porém, de forma definitiva, curando-as. Dean se tornou um soldado muito jovem e precisava ainda cuidar de Sammy. Enquanto um teve sua infância intacta, o outro precisou virar um adulto. Enquanto um queria se manter longe dessa vida, o outro permanecia obediente àquele que o criou em meio a tudo isto.
Jeffrey Dean Morgan, Jared Padalecki, Jensen Ackles e Samantha Smith brilharam do início ao fim. Suas expressões foram mistas em questão de plenos segundos e isso foi muito bonito de ver. Ainda mais que a trama pedia uma dose em dobro de emoção para esta família tão conturbada. Dean recebeu o reconhecimento que sempre quis. Sam pôde expôr a culpa por não ter dito adeus para o pai no leito de morte. Mary teve a chance de rever o seu marido. Cada um teve o seu momento. A conversa definitiva.
Rever o Castiel temente a Deus trouxe nostalgia para uma quarta temporada excelente e ouvir Eu sou o anjo do Senhor deu aquela leve arrepiada de sua revelação para Dean após retirá-lo do Inferno. Além disso, tivemos Zachariah. Nem tive tempo de reclamar deste, uma vez que o humor inserido para ele não deu brecha para tal.
Cuidem um do outro.
Apesar de reciclagens de plots e mesmo ciclo Deus ex Machina em tramas que parecem impossíveis de resolver, Supernatural ainda possui fôlego para produzir episódios bons a excelentes, como este que aqui escrevo sobre. Portanto, seus 14 anos de estrada dentro do Impala não foram em vão.