Durante a maior parte do ano, a grande maioria dos animes vivem de clichês e sempre repetem uma fórmula; mas há casos em algumas obras que ganham destaque, pois fogem de tais clichês. Desta vez venho falar de uma obra chamada “Boku dake ga inai machi – Erased“, merecedora de todo o destaque que ganhou durante a temporada atual de animes, assim como já foi explicado pelo meu colega Vini (clique aqui).
Boku dake se destacou por tratar de um tema muito polêmico, a violência infantil, mas com uma sensibilidade gigantesca, visto poucas vezes em qualquer obra audiovisual.
A SINOPSE
”Satoru Fujinuma é um mangaká recluso sem planos para o futuro, que enquanto não consegue emplacar o sonho de ser mangaká, trabalha como entregador de pizza. O que o distingue dos outros preguiçosos em sua cidade é uma habilidade de viagem no tempo involuntária, que lhe permite prever acontecimentos futuros, sendo assim, capaz de evitar acidentes e até mortes. Satoru possui um arrependimento de infância, o de não ter feito nada sobre acontecimentos do seu passado que levaram a uma série de mortes de crianças. Ele finalmente começa a questionar o que trouxe a sua capacidade para a superfície, e se é ou não poderoso o suficiente para mudar o passado, que provoca acontecimentos que podem trazer prejuízos a sua própria vida e a quem está ao seu redor, lembrando muito o filme “Efeito borboleta”.
Só que “o herói” da trama não é perfeito, pois está longe de ser um policial ou um detetive. Ele é uma pessoa comum, que não possui know-how para a maioria das coisas que precisa fazer.O que torna a trama mais interessante é que durante sua infância nos são apresentados vários personagens,que mesmo com a inexperiência de lidar com problemas reais e, teoricamente, de responsabilidade adulta, causa uma tensão típica do gênero suspense; mas mesclado com momentos que são bastante divertidos, quebrando bem a tensão e desenvolvendo os personagens com situações corriqueiras, desde os mais participativos aos coadjuvantes, que não têm tanto tempo de tela mas que, quando aparecem, roubam a cena.
Outra qualidade muito relevante a obra é a abordagem da relação do personagem principal com a primeira vítima dos assassinatos, Hinazuki Kayo. Quando Satoru volta ao passado, ele tem a mentalidade adulta, mas em um corpo de criança, e isso gera um pouco de polêmica pelo fato de, em alguns momentos, ter alguma insinuação amorosa entre os personagens; mas vejo que tais críticas não fazem sentido, pois o que há é um sentimento de proteção, mais do que um sentimento amoroso entre os personagens. Mas, enfim, a cultura japonesa tem as suas bizarrices e aqui abre tal possibilidade, apesar de achar ridícula.
Outro destaque do roteiro é quanto ao suspense sobre quem é o assassino. Esse tipo de fórmula sempre nos prende a atenção, e sempre queremos teorizar quem é o real causador de todos os males e isso é algo que estimula, e muito, a curiosidade. Mas o maior ponto que o anime tem é a relação familiar da Kayo e a mãe dela em contraste com a relação do Satoru com mãe dele, que aborda, como já dito acima, a violência doméstica, com alguns momentos em que a animação nos comove profundamente.
Por fim, tenho que dizer que o anime vale muito a pena, pois acima de tudo é uma história sobre amizade, sem ser algo que fique piegas, que soe como aquele espírito do “gambaré” ,visto em vários desenhos japoneses, mas que nos faz refletir como pessoas comuns que somos e o quanto isso reflete nas nossas vidas.
Boku Dake ga inai machi – Erased
Estudio: A1 Pictures
Número de episódios: 12
Pode ser visto aqui