O Juiz Dredd vem sendo publicado no Brasil através de uma série de encadernados. É uma prática comum a presença de textos introdutórios ou extras, feitos para melhorar a experiência do leitor, nos quadrinhos em capa dura lançados por aqui e no exterior. Os compilados da Mythos Editora, casa nacional do personagem, não fogem desta prática.
Porém, muitas vezes a falta de espaço (ou páginas) impede que alguns materiais extras componham os quadrinhos, como é o caso do texto de introdução que não esteve presente no encadernado Juiz Dredd: Origens, de 2013. Apesar desse empecilho, você pode conferir este texto – que também serve como uma introdução ao universo do Dredd – com exclusividade abaixo! As imagens não ilustravam o texto original, cedido pelo tradutor e editor-assistente Pedro Bouça.
“Quando foi criado, em 1977, ninguém imaginava que o Juiz Dredd duraria muito tempo. Naquela época, os quadrinhos tradicionais britânicos enfrentavam uma profunda crise, que praticamente os destruiria. Dredd, porém, era um sobrevivente e tanto a série quanto a revista em que é publicada, a famosa 2000 AD, existem até hoje.
No entanto, isto significa que nos seus primeiros anos a série não se deu ao trabalho de estabelecer detalhadamente o personagem e o seu universo. O Juiz Dredd era um superpolicial com autoridade de juiz, júri e executor, impondo a lei em uma gigantesca metrópole futurista que era por sua vez cercada por um meio ambiente desolado, a Terra Maldita, consequência de um confronto nuclear que muitos viam como inevitável naqueles tempos de Guerra Fria. Mas pouco mais foi estabelecido e quando os autores (tanto o criador do personagem John Wagner quanto o editor – e principal escritor da série nos seus primórdios – Pat Mills) se referiam ao passado era geralmente de forma vaga e inconsistente. Um quebra-cabeça em que muitas peças faltavam e as poucas que existiam não se encaixavam muito bem.
Trinta anos depois, John Wagner decidiu botar ordem na história do seu personagem e finalmente detalhar o passado de Dredd e seu mundo, juntando os elementos apresentados anteriormente para criar uma história consistente. Ao seu lado estava o outro criador da série, o desenhista Carlos Ezquerra, para quem o passar dos anos apenas refinou o talento e a disciplina de trabalho. Nesse ponto, pode se dizer que foi um mérito que esta história tenha levado 30 anos para ser contada, já que a dupla Wagner/Ezquerra de 2007 é bem mais talentosa do que era em 1977.
Outro fator importante diz respeito à situação política em 2007. Ao criar o “último presidente americano” Robert L. Booth em 1978 e responsabilizá-lo pela guerra atômica que devastou o mundo de Dredd, Pat Mills parecia apenas demonstrar o seu lado iconoclasta. O presidente americano na altura, Jimmy Carter, era (e é) um conhecido pacifista e os seus equivalentes soviéticos pareciam muito mais propensos a iniciar um conflito nuclear. Em 2007, porém, o então presidente americano George W. Bush era um modelo muito melhor para a mistura de corrupção, beligerância e incompetência que caracteriza Booth nesta história. Claramente Mills estava à frente do seu tempo…
Mas Origens não se limita apenas a contar o passado do personagem. Nela Wagner lança também as bases de boa parte das tramas futuras da série, cujas ramificações são visíveis nas histórias publicadas até hoje em dia no Reino Unido. Por isso ela foi escolhida para iniciar o que esperamos que seja uma duradoura história de publicação do Juiz Dredd no Brasil.
E é essa a história que a Mythos Editora tem a honra de apresentar ao público brasileiro. Esperamos que vocês gostem e não deixem de acompanhar a revista mensal do personagem, que estará em breve em uma banca perto de vocês. Boa leitura!“
E aí? Se você não estava certo de que este material é excelente, foi convencido agora? Juiz Dredd: Origens chegou às livrarias em 2013, contendo 196 páginas em capa dura, e foi o primeiro encadernado do Bom Juiz lançado pela Mythos, marcando o início de uma duradoura série de publicações que continuam a proporcionar experiências de leitura fascinantes aos seus fãs. E que siga dessa forma até o fim dos tempos, trazendo a Lei para os Sem-Lei.
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