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Estivemos no lançamento de Valerian da SESI-SP Editora

Após meio século de seu lançamento original, Valerián finalmente é publicada no Brasil em coletâneas para as livrarias. Para celebrar este feito, a SESI-SP Editora promoveu um evento dia 13/05 da Livraria Cultura da Avenida Paulista.

Era uma manhã de sábado daquelas que é complicado levantar da cama. Ainda mais quando a página oficial sobre o evento no Facebook pouco (ou quase nada) informava sobre como seria a cerimônia de lançamento do álbum. Mas, para quem gosta de quadrinhos e foi ao evento, com certeza saiu satisfeito.

Apresentado por Silvio Alexandre, o evento começou com a exibição de slides para se ter uma ideia do que se trata essa obra de ficção científica. A cada imagem que passava mais e mais “coincidências” com o universo de Star Wars eram apresentadas. Inclusive, uma charge feita pelo próprio Jean-Claude Mézières, ilustrador da série:

Até os próprios autores já brincaram com as semelhanças de cenário, trajes e personagens de Valerian e Star Wars.

Além disso, vídeos foram exibidos, um deles possivelmente o principal motivo para Valerian finalmente ser publicada no Brasil: A adaptação cinematográfica baseada na série que tem data de estreia marcada para 10 de agosto de 2017 no Brasil, e o mais interessante para os fãs de HQs: Um trecho do documentário L’Histoire de la page 52, lançado em 2013 que mostra parte do processo criativo entre os dois autores.

Depois das devidas apresentações, veio o mais interessante de todo o evento: Um debate sobre a obra e outros assuntos relacionados à HQs e cinema com o ilustrador Marcelo Campos, o colunista de quadrinhos e cinema Roberto Sadovski, o tradutor de Valerian no Brasil Fernando Paes e o editor da SESI-SP Rodrigo de Faria e Silva. Sidney Gusman, jornalista e hoje editor-chefe da Maurício de Sousa Produções estava também escalado para participar mas não pôde comparecer por problemas de saúde dos quais já está se recuperando.

Campos comentou que descobriu Valerian nas páginas do jornal O Globo, que publicou uma parte da saga nos anos 80 no suplemento O Globinho. A obra chamou sua atenção por tratar de assuntos sérios e críticas sociais mesmo sendo uma ficção científica com um traço mais cartunesco. Característica também vista nas páginas de Tintim, trabalhos de Moebius e Asterix, porém esta última sendo voltada ao humor. Na época ainda poderia ter acesso a este material nas bancas do país. Hoje, quadrinhos europeus são exclusivos de livrarias e lojas especializadas. Campos também informou que hoje em dia 60% das HQs vendidas em banca são provenientes de São Paulo. E desta fatia, 90% das bancas situadas na Avenida Paulista.

Mais semelhanças com Star Wars.

Sadovski manteve seus comentários direcionados à adaptação cinematográfica de Valerian. Afirmou que o diretor Luc Besson possui vasta bagagem cultural e pegou os elementos da HQ que podem ser transpostos ao cinema, pois hoje absolutamente mais nada é impossível de ser feito nas películas. Também informou que existem roteiros há mais de 25 anos engavetados por, na época, não ser possível fazer adaptações cinematográficas que atendessem o proposto. Respondendo uma perguntada plateia sobre o possível plágio que Star Wars pode ter feito em cima de Valerian, Sadovski acredita que não seja um plágio propriamente, e sim uma inspiração entre várias que George Lucas teve em sua biblioteca privada, que é uma das maiores coleções do mundo.

As notícias mais animadoras vieram de Faria, que edita quadrinhos no SESI desde 2013 após conversas com a Quanta Academia de Artes inicialmente de publicar obras autorais. Diferente dos lançamentos da editora até então, Valerian segue a versão Integrále publicada na França. Versões Integrále são como “encadernados” de quadrinhos franceses, contendo geralmente mais de três álbuns por edição. Esse formato já se tornou tendência nas editoras francesas. Faria afirmou que esta decisão foi feita por decisões comerciais, pois sairia mais barato esse tipo de publicação. Dos cinco Integráles publicados até agora na França, três já foram comprados pela SESI-SP e o volume 2 já foi traduzido, com data de publicação prevista para o fim de 2017.

Sobre a tradução, Fernando Paes lembrou que o maior desafio em traduzir a HQ foi encontrar expressões equivalentes às expressões francesas da época, e que foram necessárias, no total, 20 a 30 horas de trabalho para traduzir cada álbum.

Outro responsável pela SESI-SP que estava na platéia (mas não no palco), José Carlos Júnior respondeu a uma pergunta do público sobre distribuição de outras formas além de livrarias. Respondeu que a editora já tem contrato com a Dinap e pode nos próximos 2 meses iniciar sua distribuição de títulos em bancas, porém estes diferentes do que vemos nas livrarias e lojas especializadas. Um dos citados é O Garoto Vivo, mas não deixou claro se são novas edições ou a já publicada. Júnior explicou que a operação é custosa e um problema é ter apenas um distribuidor hoje em dia e o fato do retorno financeiro de uma banca hoje ser 20% comparado com o retorno de 20 anos atrás.

Perguntei se o formato Intégrale será adotado em mais publicações da editora e Faria informou que serão feitas enquetes por parte da SESI-SP para saber o que o leitor prefere. Blacksad, por exemplo, está para ser lançado e vai adotar a publicação de álbuns individuais. Em outra pergunta realizada pela platéia, respondeu que Marsupilami deve estar entre as opções das enquetes a serem realizadas sobre futuros títulos da editora.

Valerian – Volume Um já está disponível nas melhores livrarias, como Amazon, Fnac e Saraiva. O encadernado contém 160 páginas encadernadas em capa cartão, com orelhas e laminação brilhante, no formato 28,8 x 22 cm. O preço de capa sugerido é R$ 58,00.

Por Marcus Santana

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