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Ler O Jogo Mais Difícil do Mundo é como estar com a Sessão da Tarde nas mãos

Uma época onde ainda a internet não era uma coisa comum na vida de todos, ainda existiam as brincadeiras de rua, que pesquisas escolares eram feitas em livros nas bibliotecas e jogar videogame era dividir com um amigo o espaço no sofá ou rachar a hora na locadora. É assim que nos ambientamos em O Jogo Mais Difícil do Mundo. A HQ de Eduardo Ribas apresenta esse mundo tão comum na década de 90, não de forma tão explicita como Kombi 95 do Thiago Ossostortos, mas essa também não é a intenção do quadrinho. A verdadeira intenção eu vou falar mais abaixo.

 

Na trama o trio de amigos: Joaquim, Ana e JC se metem em uma aposta com Luizinho, o moleque mais mimado e mala do bairro. A aposta consistia em disputar uma partida do jogo mais difícil que tinha na locadora, mas acontece que Luizinho é super-viciado no tal game, e é um dos maiores pontuadores do mesmo. Mas o que o mimado não sabe é que o trio conhece a lenda das Pedras dos Navegadores, artefatos que uma vez unidos podem conceder um desejo para o seu portador. Então, Joaquim, Ana, JC e Gordo (o fofo cachorro de Joaquim), começam a perigosa saga de encontrar as tais pedras. Elas se encontram nas ruínas que estão perto de sua cidade.

 

A arte de O Jogo Mais Difícil do Mundo que Eduardo Ribas faz é uma mistura de mangá com um estilo cartunesco que sempre faz questão de lembrar que temos um produto divertido e colorido em mãos. Com páginas duplas, quadrinhos exagerados que parecem que vão saltar das páginas, o visual da HQ fluí bem dentro da proposta. Mas ao mesmo tempo, o visual colorido típico de um desenho da Cartoon Network, não esconde que a trama é recheada de perigos reais para os personagens, lembrando ao leitor que a história tem sim seu nexo sério.

A maior satisfação de ler O Jogo Mais Difícil do Mundo é o prazer de ler algo leve. Parece que estamos com um filme gostoso da Sessão da Tarde nas mãos. Muitos momentos, é impossível não lembrar de produções como Os Goonies, Conta Comigo, Indiana Jones e Uma Noite de Aventuras. E como nesses filmes, a diversão e aventura rola solta, até que chega um momento que a trama fica séria. E na HQ não é diferente. Algo que nenhum leitor no decorrer da história pensa que vai acontecer.

Divertir. Essa é a intenção da HQ. Com uma aventura de caça ao tesouro tão habituais nas produções Hollywoodianas da década de 80. Em tempos em que as produções estão complexas, com viradas mirabolantes, algo vem “simples” que funciona muito bem, conquista fácil o leitor, que fica ávido para concluir a leitura e chegar logo ao seu final, que deixa um gostinho de quero mais.

O Jogo Mais Difícil do Mundo é uma divertida HQ que vai te fazer lembrar daquele prazer de ler algo com gostinho de infância. Principalmente para quem viveu os anos 80 e 90. É um acerto de mão cheia do Eduardo Ribas.

 

Por Ricardo Ramos

Gibizeiro, escritor, jogador de games, cervejeiro, rockêro e pai da Melissa.

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