Ok, eu admito. Essa crítica demorou um pouco pra sair, já que a série estreou em Outubro, mas como já é de praxe da Torre de Vigilância, eu não queria trazer uma coisa superficial, sem sal nem açúcar, para você fiel leitor. Fui atrás de algum material necessário, e devo confessar que, pra mim particularmente, foi algo que fiz com muito prazer, já que assassinos em série é um assunto que me fascina demasiadamente. Se você ainda não assistiu e tem problemas com spoilers, aconselho clicar no aviso acima, pois a seguir, por força de informação completa, existirão alguns spoilers de cenas pertinentes. Feitos os avisos e as considerações iniciais, vamos ao que interessa.
Baseado no livro homônimo do experiente agente do FBI Jhon Douglas e do novelista e escritor Mark Olshaker, Mindhunter nos transporta para as décadas de 1970/80 de uma forma que só a maestria do diretor e produtor David Fincher (Se7en e Clube da Luta) poderia nos trazer. Inclusive, a atmosfera lúgubre e tensa lembra muito o clima de Se7en. A atuação de Jhonatan Groff no papel do Agente Holden Ford, diretamente inspirado no autor do livro com algumas licenças poéticas, óbvio, é impressionante. O roteiro também ajuda, transformando o Agente Ford em uma espécie de novo Sherlock Holmes, com sua capacidade dedutiva e de leitura das pessoas sendo o seu ponto forte. Apesar de seu personagem ser um dos pontos altos da série, ele não ofusca de todo os outros personagens, que também possuem seu brilho. Holt McCallany e Ana Torv também desempenham bem seus papéis, McCallany como o rabugento agente veterano Bill Tench e Torv como a consultora oficial da Divisão de Estudo Comportamental do FBI, Dra. Wendy Carr.
Mas, entretanto, não é isso que torna a série tensa, instigante e hipnotizante. Os ASSASSINOS EM SÉRIE que a fazem assim. Os atores que foram escolhidos para os papéis dos assassinos Edmund “Big Ed” Kemper (Cameron Britton), Jerome “Jerry” Brudos (Happy Anderson) e Richard Speck (Jack Erdie), além de serem muito parecidos com os assassinos reais, conseguiram emular de forma excepcional seus personagens.
Abaixo, uma galeria onde pode-se observar como a escolha dos atores, fisicamente, foi acertada.
[spoiler]Essa semelhança pode ser constatada, por exemplo, durante a cena em que Kemper narra os assassinatos e seus modus operandis, demonstrado no vídeo abaixo, em uma comparação. Pode-se notar a semelhança física e no modo de falar, além da total ausência de emoções do excelente Britton. Infelizmente não consegui o vídeo dublado ou legendado, mas dá pra notar as semelhanças sem problemas.
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A série segue por um emaranhado que alterna entre casos a serem resolvidos, como, por exemplo, um caso em Altoona, Pensylvania, onde Ford e Tench têm a oportunidade de experimentar pela primeira vez em uma investigação, seus métodos de mapeamento da psicologia de um (neste caso, mais de um) assassino com distúrbios psicológicos.
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Durante dois episódios, Ford e Tench se envolvem na investigação do assassinato de uma jovem de 22 anos. No decorrer da investigação, Ford começa a desconfiar das histórias do cunhado de Benjamin, o noivo da vítima, e do próprio Benjamin, o que o leva a fechar um pouco mais o cerco. A irmã de Benjamin, não suporta a pressão policial e resolve contar (quase) tudo, o que criou o cenário perfeito para que Ford e Tench armassem o cenário perfeito para que os dois confessassem. [/spoiler]
A cada cena com os assassinos sendo entrevistas, fica no ar uma tensão de que algo pode acontecer a qualquer momento, principalmente nas cenas que envolvem Kemper.
Além dos já citados assassinos em série, vários outros são citados ou aparecem rapidamente, como Ed Gein, Charles Manson e Monte Rissell.
[spoiler]Em vários episódios, por alguns segundos, aparece um homem misterioso, com um uniforme da ADT. Este homem, na verdade, é Dennis Rader (Sonny Valicenti), conhecido como o BTK Killer (“Bind-Torture-Kill”, amarrar-torturar-matar), apelido que descreve o seu modus operandi. Ele será um dos assassinos que cruzará o caminho dos agentes Ford e Holden na segunda temporada.
Dir.: Dennis Rader real; esq.: Sonny Valicenti como Dennys Rader.
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Se você gosta de séries policias que seguem o estilo “crime da semana”, acredito que possa não gostar do andamento de Mindhunter, mas peço que dê uma chance, pois a série é realmente envolvente. Já se você gosta do assunto serial killers e de filmes e séries thrillers, com certeza vai adorar, assim como eu. É impossível não maratonar os 10 episódios em um só dia e não ficar com água na boca para a próxima temporada, que infelizmente ainda não tem data de lançamento confirmada mas já foi assinado um contrato para a produção da segunda temporada.
Fica a dica pro final de semana: pipoca, Mindhunter e o número de um bom psiquiatra para impedir que você enlouqueça e saia matando gente por aí.