Perfeição, admiração, sutileza e sofrimento são as quatro principais características que melhor descrevem o filme Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name) do diretor italiano Luca Guadagnino. O drama contemporâneo está concorrendo a quatro indicações no Oscar, que são: Melhor Ator, Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Canção Original, e sendo sincero, não será difícil para o longa levar para a casa ao menos duas estatuetas, já que a trama consegue criar um laço com o seu telespectador, ou seja, consegue transmitir com facilidade os sentimentos dos personagens ao decorrer de sua trajetória um tanto quanto parada e necessária.
Na trama, nós conhecemos um rapaz de 17 anos chamado Elio, que enfrenta suas férias de forma apática na casa de seus pais na Itália. Mas, tudo muda com a chegada de Oliver, um acadêmico que veio passar cerca de dois meses na casa da família para ajudar o patriarca com a sua pesquisa.
Como a excelente canção original diz: ”Eu te amei pela última vez, É um vídeo? É um vídeo?” É exatamente o que o filme retrata quando a atração de Elio pelo Oliver é descoberta, que mesmo tendo dificuldades para se assumir para os seus pais, amigos e outras pessoas que tem uma relação afetiva com a família, o personagem vivido por Timothée Chalamet se poupa de seguir uma linha de raciocínio mais comum e chata, indo para o lado mais natural da situação, que, apesar de perceber desde o início a opção sexual do personagem, tudo é tratado de uma forma mais leve e em alguns casos, mais realistas.
É perceptível que Guadagnino dirigiu um projeto cinematográfico para premiações e não para ser exibida em salas de cinemas comuns. Isso fica claro com a sua fotografia um pouco quanto sem foco, que lembra bastante as técnicas de filmagens usadas na década de 70 à 90. Outro fator que dá indicio de algo mais contemporâneo, é a sua história longa e arrastada, que em certos momentos, lembra a narrativa de um livro de romance dramático, tando que faz com quem estiver o assistindo, deseje que tudo aquilo acabe logo e que parta para outra. Mas é claro, tudo feito de uma maneira proposital.
Só que no segundo ato em diante, é que tem-se uma mudança drástica no cenário e ambientação, mas, antes disso, tudo é apresentado no ponto de vista de apenas uma cidade com diferentes lugares, onde os personagens gostam de passar as suas férias e até mesmo relaxar.
O jeito como o drama e a tristeza são tratados aqui, é muito mais que uma simples experiência cinematográfica, provando que é possível sentir melancolia e mal-estar sem fazer grandes cenas marcantes, demonstrando assim, os fatores apenas por simples e subjetivos olhares. O amor do protagonista pelo personagem secundário do excelente Armie Hammer é desenvolvido com mais calma e sutileza, se diferenciando dos famosos filmes de romance onde os dois personagens principais já demostram compaixão um pelo outro logo em seu epílogo.
Apesar de não ter uma marcante trilha sonora, as Mystery of Love e Visions Of Gideon, ambas compostas pelo músico Sufjan Stevens, criam uma ambientação mais melosa e harmônica em situações mais tensas e fortemente marcantes. Pode-se dizer o mesmo dos clássicos dos anos 80, que são tocados em situações mais descontraídas e alegres.
Me Chame Pelo Seu Nome não é uma simples história de amor que foi adaptada através de um livro do mesmo nome. Não! Ele é mais do que isso, pois conta os segredos de um amor sensível através de um ponto de vista menos clínico e mais humano possível. Após o seu desfecho, permanece na mente de quem assistiu e consegue de forma pontual te fazer pensar e refletir em suas pequenas ações afetivas com outra pessoa. Pode ficar tranquilo, pois isso será usado para o bem e não para o mal.
Espero que tenha gostado, até a próxima e bendito seja os mistérios do amor.