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Otimismo e Esperança | Precisamos falar sobre o Universo Estendido da DC

É notável que este universo compartilhado ainda não caiu 100% nas graças da comunidade geek e tudo isso se aplica ao mostrar uma atmosfera mais densa e fria, o que traz um certo estranhamento. O lançamento de Homem de Aço em 2013 veio como o início de uma nova era para os filmes de super-heróis, onde a Warner Bros. traria os personagens conhecidos e amados dos quadrinhos. Quem nunca sonhou em ver a Liga da Justiça em live-action enquanto assistia a série animada? Pois é. A DC Films veio para trazer luz à este universo, porém onde está essa Luz?

Os fãs ainda esperam a humanidade se unir ao Superman no sol.
Os fãs ainda esperam a humanidade se unir ao Superman no sol.

A versão que o diretor Zack Snyder deu para o escoteiro não foi muito bem aceita, pois o principal argumento era a descaracterização feita sobre um dos maiores super-heróis de todos os tempos. Vimos um Kal-El inseguro e com dilemas pessoais como qualquer terráqueo teria em seu dia-a-dia. Seu apoio moral era através de seus pais, Jonathan e Martha Kent junto com a repórter Lois Lane. Eles eram o seu porto seguro no momento de suas principais dúvidas e questionamentos.

O filme até hoje é base de inúmeras discussões, seja para abordar a forma que Zack apresentou o personagem ou toda a personalidade do mesmo, se era algo que poderia ser considerado como canônico na trajetória dele. Não entrarei no mérito de dissecar argumentos positivos e negativos sobre a trama. Apenas quero salientar a forma como o primeiro longa do UEDC foi recebido.

O plano original era o lançamento da continuação do filme, porém a ideia de colocar os Melhores do Mundo num confronto foi bem mais sedutora. E assim, saiu parte da história de Batman vs Superman: A Origem da Justiça.

 San Diego Comic-Con 2013. Zack Snyder chama Harry Lennix ao palco e este começa a ler uma das frases mais icônicas do Cruzado Encapuzado. A galera fica empolgada e quando o primeiro logo de BvS surge na tela, todos vão à loucura. Naquele dia, estávamos diante de um sonho começando sua trajetória para se tornar realidade. Cavaleiro das Trevas, obra do mestre Frank Miller, sendo adaptada para os cinemas. Surreal demais, certo?

Um ano depois, foi exibido um teaser que mostrava Batman ligando o bat-sinal e Superman no céu. Com um vídeo sendo lançado faltando menos de dois anos para o seu lançamento, a expectativa em cima da ”continuação de Homem de Aço” foi massiva. Todos queriam presenciar a melhor produção dos super-heróis até então e estimativas de bilheteria alcançava mais de $1 bilhão mundialmente. Só que tudo isso caiu por terra. Mais uma recepção mista e até num nível mais acalorado quanto o filme anterior. Uma das críticas envolveu o modo como Bruce Wayne agia como vigilante. Afinal, o Batman mata?

Além disso, a versão picotada no cinema prejudicou completamente aquele que deveria trazer o ar heróico e melhor entendimento sobre a trama. Como consertar isso? Versão estendida, baby. Os 30 minutos adicionais clarearam os planos de Lex Luthor e mostrou mais de Clark Kent/Superman. Um certo alívio percorreu nosso interior com essa saída, só que mais uma vez não era o que se esperava. O estrago, posso colocar dessa forma, já tinha sido causado. Algo precisava ser feito urgentemente e o nome disso foi: reestruturação.

Jon Berg e Geoff Johns.
Jon Berg e Geoff Johns.

Com as inúmeras críticas negativas, vários rumores encheram a internet sobre o futuro da DC Films e um deles sempre envolvia a saída de Zack como diretor em Liga da Justiça: Parte 2. Não demorou muito para a Warner Bros. apresentar seu novo plano, onde Jon e Geoff (que também já era Chefe Criativo da DC Comics) foram nomeados como supervisores de todos os filmes da DC. Função esta que era de Snyder. Em sua primeira entrevista após a novidade, Johns quis deixar claro que pretendia trazer o otimismo para as vindouras produções. Mais tarde, ele ganharia o mérito de se tornar o Presidente da DC Entertainment.

No final de junho, o estúdio permitiu que os principais sites de jornalismo relatassem tudo que viram durante a visita ao set de Liga da Justiça em Londres. Deborah Snyder relevou que o tom sombrio tinha sido deixado para trás por não se adequar à proposta do primeiro filme da equipe. O tom leve e até divertido fariam parte do roteiro. Só que não demorou muito para os fãs se sentirem incomodados com essa mudança, pois estariam seguindo o contrário que a editora é. Entretanto, temos que estar dispostos a aceitar modificações para um bem maior. Ser divertido não significa um besteirol americano. Significa uma atmosfera mais leve e descompromissada. O vídeo apresentado na Comic-Con deste ano teve justamente essa função.

Recentemente, Johns se sentou com o The Wall Street Journal para falar sobre sua nova função e o relatório deixou claro que seu objetivo é mudar a forma como esses personagens são percebidos. Um claro esforço para tornar os filmes mais inspiradores, onde terá início com a Liga.

”Equivocadamente, no passado, acho que o estúdio disse: ‘Oh, os filmes da DC são corajosos e sombrios, tornando-os diferentes. Isso não poderia estar mais errado’. É uma visão esperançosa e otimista da vida. Mesmo o Batman tem um vislumbre disso. Se ele não achasse que poderia tornar o amanhã melhor, ele pararia.”

Falando no personagem, o site acrescentou que o filme abordará as ações dele mostradas em Batman vs Superman, no que diz respeito a tortura de criminosos e a tentativa de assassinato ao Homem de Aço.

Berg também teve a oportunidade de comentar um pouco sobre a sua visão daqui pela frente. Quando perguntado sobre a reação aos dois primeiros filmes, ele respondeu:

”Para ter esses personagens fazendo parte da cultura pop é tão gratificante, embora, é claro que estamos desapontados pela forma como os filmes não obtiveram melhores avaliações.”

O Wall Street também confirma que a dupla trabalhou com Snyder e o roteirista Chris Terrio para fazerem algumas alterações no objetivo de mudar o tom do filme.

“Nós aceleramos a história para chegar à esperança e otimismo um pouco mais rápido.”

Os planos para dividirem a história da Liga da Justiça para uma possível sequência em 2019 foram abandonados.

”Estamos tentando ter um olhar em tudo e ter a certeza de permanecermos fiéis aos personagens e contar as histórias que os celebrem.”

Para finalizar, foi informado que é esperado não vermos nenhuma cena que quebre a narrativa da trama, ou seja, somente aquilo que seja necessário para o desenvolvimento dos personagens e dos plots apresentados.

Zack Snyder nos bastidores de Batman vs Superman.
Zack Snyder nos bastidores de Batman vs Superman.

Será que a redenção do UEDC virá com a Liga da Justiça? Não só em questão de um filme agradável para todos, mas também em termos de reconhecimento com o diretor que deu início ao universo. Teremos que esperar até novembro do próximo ano para concluirmos se o otimismo e esperança finalmente foi imposto ou se era apenas a mentira mais antiga da América.

Por Tassio Luan

Biólogo. Explorador do horror cósmico e de universos desconhecidos.