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Primeiras Impressões | Holmes of Kyoto

Quem não gosta de um conto de detetive? Faz sucesso há anos, tem que ser bom! E claro que, como tudo que faz sucesso (e as vezes até coisas que não fazem), tem que vir algum japonês transformar o negócio em alguma coisa estranha. É o caso de Holmes of Kyoto.

Pois bem… Elementar, meu Caro Watson… Só que dessa vez o Watson é uma garota de 16 anos ressentida com a vida e que não ajuda em nada nos casos. E o próprio Holmes também é um jovem adulto ressentido com a vida. Sério, tá todo mundo depressivo nesse show, bicho?

O animê vem baseado em uma obra já antiga: o material original é uma Novel com início de publicação em 2015 por Mai Mochizuki. Se considerarmos que Sherlock Holmes é de 1887, dá pra chamar de velho né? De qualquer maneira, a novel de Mochizuki também foi adaptada em versão mangá em 2016, com um design muito mais próximo do que vemos na animação. Não que isso importe muito para o caso em questão.

Assim como uma obra de investigação faz, Holmes of Kyoto mostra algo para te enganar no começo, te dar pistas falsas e te convencer de que sabe o que está acontecendo. Quando na verdade, você está sambando na mão do assassino o tempo inteiro.

Mas o que exatamente é pura lábia no animê? Elementar, pois: o primeiro episódio te faz acreditar que teremos uma temporada inteira de Trato Feito Quioto, dentro da loja de antiguidades que nos é apresentada. E sinceramente? Acho que isso seria muito bom. Quem não gosta de Trato Feito? É um dos melhores programas da TV fechada atual.

Infelizmente não é isso que acontece. A partir do segundo episódio, temos uma série de “casos” que precisam ser resolvidos pelo protagonista (que aliás nem se chama Holmes de verdade, mas achei uma boa sacada o motivo do apelido), e todos surgem tão repentinamente quanto acabam. Em momento algum nós somos apresentados aos motivos que fazem esses casos serem levados especificamente para o Yashigara (que é o nome real do Holmes, aliás). E nunca nos é explicado como que essas pessoas conseguem se sustentar, tendo em vista que todos os casos até então foram resolvidos na base da “troca de favores” e eles aparentemente ignoram a existência da loja por longos períodos de tempo.

Quem fez melhor?

Mesmo com uma trama aparentemente episódica que serve mais para mostrar a vasta gama de trívias de rodapé de livro que o protagonista leu, as personagens conseguem ser interessantes. Digo, as duas personagens que apareceram por mais de cinco minutos na tela. Temos o mocinho, que abertamente admite ser uma pessoa ruim; e temos a mocinha, que é totalmente uma adolescente gótica da cidade grande que se mudou pro interior. São pequenos traços de personalidade, sim, mas que são bem explorados e conseguem te definir como são as pessoas que estamos lidando.

Acontece que mesmo com um elenco legal, as investigações não são tão divertidas como deveriam ser. Passamos quinze minutos gastando tempo com alguma coisa que parece ser relevante, para no final o caso ser resolvido com alguma coisa nunca antes mencionada, literalmente tirada da cartola do protagonista. Não existe nenhuma forma de você chegar na mesma conclusão que o caso toma. O mistério deixa de ser divertido e se torna frustrante. Você passa a pensar: “Que coisa minúscula e idiota vai ser a chave para resolver esse caso?“. Você precisa ignorar todas as pistas reais que são dadas (e que ocupam 80% do episódio sendo mostradas) e apontar para a coisa mais não-relacionada que aconteceu.

Na parte técnica, temos uma animação razoável. Não é ruim, e tem até algumas cenas bonitas, mas peca em algumas outras. Cortesia do estúdio Seven com direção de animação de Yosuke Ito. Sobre músicas… Eu sinceramente nem percebi se tinha algo tocando no fundo ou não. Acredito que é um sinal negativo para a OST. Mas ao menos a dublagem é bem bacaninha, com Kaito Ishikawa no papel do mocinho e Miyu Tomita no papel da assistente-peso-de-papel.

Eu assistindo aos casos sendo desvendados magicamente.

No final das contas, não é mistério nenhum que eu não fui muito com a cara do show. Mas é claro que você pode acabar gostando. Afinal, nem todo mundo gosta das mesmas coisas, e não precisa ser um xeroque rolmes pra saber disso. Pra mim, ao menos, a nota inicial para o animê é de 4/10. Pode melhorar, com certeza, se decidir ser mais racional, mas por enquanto…

Você pode conferir por si mesmo assistindo ao show, que está disponível na Crunchyroll com novos episódios lançados todas as segundas-feiras.

Por Vini Leonardi

Cavaquinho na roda de pagode da Torre. Químico de formação, blogueirinho por diversão e piadista de vocação. "Acredito que animês são a mídia perfeita para a comédia, e qualquer tentativa de fazer um show sério é um sacrilégio", respondeu ao ser questionado sobre o motivo de nunca ter visto Evangelion.