ou, “como fazer uma história de viagens no tempo dar errado“.
Japonês é um povo estranho? Já sabemos. Sejam bem-vindos a mais um “Primeiras Impressões“, aquela coluna que parece não ter padrão de postagem, mas que se você analisar direitinho, notará que sempre sai um monte delas de três em três meses. Iniciaremos as análises iniciais da Temporada de Verão com uma cor mais leve, já que no calorzão (lá do Japão, pelo menos) ser gótico não rola, então a moda diz que Laranja é o novo Preto (Perdão).
Com um mangá de extremo sucesso, e com publicação nacional pela editora JBC, Orange é um dos raros casos onde o nome não diz bulhufas sobre a obra (Parei pra pensar por uns vinte segundos aqui, e não me veio nenhum outro exemplo a cabeça… Esse negócio é raro mesmo). Pelo menos não inicialmente. Muitos estavam esperançosos para essa adaptação, e ela finalmente chega em nossas mãos, para podermos fazer piadinhas com aquela série sobre presidiárias.
Não me levem a mal pela primeira frase. Sei que muitos de vocês nem ligam tanto pra esse aspecto tirado de filme da Sessão da Tarde (Não, sério, esse anime não é quase a mesma coisa que aquele “A casa do lago”, filme de 2006 com o Keanu Reeves e a Sandra Bullock?). Mas eu tenho um problema pessoal com viagens no tempo, e vou matalas explicar os pontos que não gostei, mas daqui a pouco.
Vamos começar com a arte do show, que pode ser dividida em dois pontos: Uma animação fluida e bem adornada em todos os aspectos, com cenários de deixar qualquer um boquiaberto, cortesia da Telecom Animation. Por outro lado… Um design de personagens horrendo. Não sei o que houve com o responsável, Nobuteru Yuuki (que fez alguns designs bons no passado, como de Sakamichi no Apollon e Mushishi), mas o que ele entregou para Orange foi simplesmente medonho. Não é nem questão de os personagens serem ruins… Inclusive não são! Todos são bem característicos, com pontos que deixam seu design marcante, e fácil de fazer associações. Mas… Os personagens são mal desenhados, mal adaptados. Qual o problema com a cara dessa menina?
Um outro tópico que posso levantar é o musical. Existe esse senhor de idade chamado Yukio Nagasaki, que por algum motivo desconhecido, está no mercado de direção de áudio para animes. O maluco deve ser um palhaço, aquele tiozão que faz a piada do pavê na festa de fim de ano da empresa. Não vejo outro motivo pras escolhas de músicas de fundo pra Orange. Por mais que elas não sejam totalmente fora de lugar, e funcionem bem para as cenas que são colocadas… Elas são esculachadas demais. É tipo um “Mano, ele tá zoando com a nossa cara, MAS ELE TÁ CERTO, então não podemos fazer nada a respeito“.
São músicas com pegada circense, de chacota, até um Country tem espaço na discografia do moço.
Sobre os personagens, todos tem seus pontos fortes. Não é um forte geral do anime, como foi com Netoge na temporada passada, mas é consistente. Sempre tenho aquela pulga atrás da orelha, de “eu duvido que pessoas de personalidade e estilos tão diferentes, seriam tão amigos assim”, mas na ficção nós relevamos esse aspecto, para dar maior diversidade ao elenco.
Apesar dessa diversidade e tudo mais, não vejo algo ‘novo’ em nenhum personagem. Todos os protagonistas são facilmente enquadrados em esteriótipos típicos, e não se esforçam nem um pouco em fugir deles. Autora foi bem feijão com arroz nesse quesito.
Agora o que eu queria ter falado desde o começo, e o que vocês não estavam afim de ler, por isso joguei pro final: A bendita viagem no tempo. Não gosto de dar sinopses ou contar o que acontece no decorrer do episódio, quando estou escrevendo um “Primeiras Impressões” (isso eu faço nos shitposts do Twitter, se alguém se interessar), mas vou abrir uma exceção pra esse caso.
Não vou nem entrar no mérito de COMO DIABOS ENVIARAM UMA CARTA PRO PASSADO sem usar um microondas, e pular pros problemas reais: A carta foi feita num ponto da linha do tempo, onde todos os acontecimentos que querem ser evitados, já ocorreram. Ela só deveria apontar o futuro com precisão, até o momento em que a protagonista do passado faz uma escolha diferente pela primeira vez. Efeito borboleta, conhecem? É improvável (para não dizer impossível) que os acontecimentos futuros continuem seguindo um padrão, depois de uma mudança drástica em um dos pontos. A autora tenta mostrar isso, passando sutilmente a ideia de que “o esqueleto se mantém, mas algumas coisas vão mudando, conforme ela muda suas escolhas“, mas o exemplo que tivemos até agora, poderia muito bem ser respondido com simples soluções, e mantém o problema da Teoria do Caos.
Porém, o maior problema de todos, é a apatia da garota principal, Naho. Eu fiquei simplesmente indignado com o desenvolvimento inicial do anime. A guria recebe uma carta, supostamente do futuro, que prevê com perfeição o futuro próximo dela… E não tem a mínima curiosidade de ler o resto? Absurdo. Pior: Depois de ler a primeira página (de muitas, visto que a história começa em abril e deve ir até… janeiro?), ela simplesmente ESQUECE DA EXISTÊNCIA dela por DUAS SEMANAS? Abobrinha. Garotas colegiais são loucas por coisas sobrenaturais e pitorescas, ainda mais quando envolvem algo que soe romântico. Em nenhuma situação isso soa plausível.
Mas se você não levar a mecânica quântica em consideração, até que dá pra engolir. Isso, claro, se você tiver afim de acompanhar uma história tearjerker com paradoxos temporais. Coisa que eu não sou muito chegado. Por isso, esse começo fecha com 6/10 pra mim. Se não fosse a Hanazawa Kana dublando a garota principal, pioraria um pouco.
A série pode ser assistida pelo site da Crunchyroll, com novos episódios todos os domingos.