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Primeiras Impressões | Roku de Nashi Majutsu Koushi to Akashic Records

É hora da aula com o Professor Vinicius, e hoje nós vamos aprender alguns motivos que fazem com que japonês seja um povo estranho. E claro que um dos principais motivos são as benditas Light Novels de nome enorme. É o caso de Roku de Nashi Majutsu Koushi to Akashic Records.

Acho interessante começarmos com uma breve introdução. Não sobre o show, nem sobre quem trabalha na obra, mas sim sobre o que diabos são REGISTROS AKÁSHICOS.

Economizando uns cinco minutos da sua vida, eu mesmo procurei no Google e contarei do que se trata: basicamente, estamos falando de uma parte importante da corrente de estudos da Teosofia, que diz que existe um “Compêndio” onde tudo que já aconteceu, tudo que vai acontecer, e tudo que poderia ter acontecido, está arquivado. Esse compilado de informações sobre todas as almas que existem em todos os sistemas planetários se encontra no “Plano Etéreo“, e pode ser acessado por qualquer “portador de alma”, desde que ele esteja sob condições ideais (como em transe ou meditação, por exemplo).

Agora, no que isso tudo se encaixa com o anime que estamos discutindo no dia de hoje? Não faço a menor ideia.
Não, sério, eu realmente não sei como o conceito de “Registros Akáshicos” faz parte do show. O nome da série (que, como sempre, deveria ser um resumo da trama) nos sugere que o Professor de Magia, nosso protagonista, devia ter acesso aos Registros Akáshicos. Mas nada que aconteceu no primeiro episódio passou essa impressão.

Já um ponto que passou uma forte impressão, foi a ambientação do mundo. Enquanto fica claro desde os primeiros minutos que estamos em um mundo mágico, as cidades e as pessoas parecem estar numa Inglaterra vitoriana comum. Não sei se essa diferença brutal entre os dois “núcleos” é proposital ou não, mas o resultado acabou ficando extremamente desconfortável. Isoladamente, cada um funciona muito bem e tem uma qualidade acima da média para o gênero, mas quando tentamos mesclá-los, um verdadeiro choque cultural ocorre. Não apenas um, mas dois: o choque interno, onde ambas as realidades não conversam muito bem no próprio anime; e o choque externo, onde a audiência não sabe como lidar com essa diferença.

Animes ruins me obrigam a beber.
Animes ruins me obrigam a beber.

Deixando as inconsistências de lado e focando naquilo que foi realmente sólido, temos um trabalho técnico impressionante. Um nível incrivelmente alto para algo do tipo, que chegou até a me espantar, confesso. Uma animação fluída e com movimentação bonita (do estúdio LIDENFILMS, com direção de Makoto Iino), em conjunto com cenários e backgrounds de tirar o fôlego (arte por Aojashin). Tudo isso para cercar os personagens cujo design é carismático e não te deixa esquecer que estamos assistindo um harém escolar mágico genérico (por Satoshi Kimura), e ambientado por uma excelente trilha sonora, quase boa o suficiente para disfarçar a ruindade da história (composta por Hiroaki Tsutsumi).

O outro lado da moeda, que anda de mãos dadas com o problema da ambientação, é a total antítese entre a aparência e a personalidade dos personagens. Como já dito, os personagens são bonitos pra caramba, bem animados e com uma dublagem excelente, mesmo com o elenco de pouca experiência. Mas… São todos tão planos, tão simples… Esteriótipos andantes que não conseguem sair de sua zona de conforto em momento algum. A melhor personagem da série até aqui é uma garota que teve uma fala só no episódio inteiro, mas mostrou mais personalidade em suas faces como figurante do que todos os protagonistas juntos.

O que falar dessa guria que eu nem conheço e já considero pakas?
O que falar dessa guria que eu nem conheço e já considero pakas?

Poderia também comentar sobre a história, mas acredito ser muito cedo para isso. O primeiro episódio serviu para simplesmente jogar a premissa de o que virá pela frente, e terminou de uma forma inimaginável: eu não achei que poderia odiar o protagonista mais do que eu já estava odiando, mas… Ah, eu consegui. Apesar disso, toda a estruturação da trama pareceu cliché, e toda aquela exposição feita preguiçosamente através de narrações e diálogos desnecessariamente detalhados não ajudaram nisso.

Se quiser ver o copo meio-cheio, pode imaginar que, por estarmos no fundo do poço, o único caminho possível é pra cima. Eu meio que concordo, por isso acabei dando 5/10 para o primeiro episódio. Se as qualidades técnicas se mantiverem por todo o percurso, e eles tentarem fazer os protagonistas deixarem de ser sacos de batata ambulantes, talvez o show tenha salvação.

O anime possui transmissão simultânea pela Crunchyroll, com novos episódios todas as terças-feiras.

Por Vini Leonardi

Cavaquinho na roda de pagode da Torre. Químico de formação, blogueirinho por diversão e piadista de vocação. "Acredito que animês são a mídia perfeita para a comédia, e qualquer tentativa de fazer um show sério é um sacrilégio", respondeu ao ser questionado sobre o motivo de nunca ter visto Evangelion.