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Resenha | Hazuki Kanon wa Amakunai (Vol. 01)

Japonês é um povo estranho. Um dos esteriótipos que é muito marcado na cultura doentia deles é a dos “Valentões de Colégio“. Diferente do ideário ocidental (principalmente o Estadunidense), os valentões de olhos puxados não saem por ai derrubando livros de nerds. Eles vão atrás de confusão pela rua enquanto vestem seus uniformes, para trazerem fama de durões para seu local de estudo – e demarcar território, quase como você fazia no GTA San Andreas.

E claro que, como tudo que existe na face da terra, algum mangaká louco conseguiu transformar esse conceito em algo moe. O trabalho de Kobashiko (autor não muito conhecido, mas trabalhou em alguns mangás spin-off da série iDOLM@STER.) em “Hazuki Kanon wa Amakunai” (“Hazuki Kanon is not sweet“, em inglês) é o exemplo perfeito disso. Ele fez tal tema – normalmente com cara de Shounenzão das massas – virar um mangá de comédia-romântica (kind of) em 4-koma.

Aliás, o mangá é um 4-koma… Coisa que eu só percebi na metade do capítulo 2… Eu realmente tava achando o negócio sem sentido nenhum, e bem… Claro que não teria sentido, eu estava lendo errado! Voltei pra reler e foi tipo usar Flash na Digglet’s Cave, saca?

Caso não saibam, um 4-koma é um tipo de mangá onde cada página possui duas colunas de quatro quadros cada (daí o nome). O sentido de leitura é diferente do mangá original: Normalmente, se lê da direita para a esquerda, de cima pra baixo. Num 4-koma, se lê por coluna: primeiro os quatro quadros da coluna da direita, e depois os quatro quadros da coluna da esquerda. O restante das regras se mantém.

Abaixo, uma imagem altamente trabalhada por especialistas de edição, mostrando resumidamente a ordem de leitura de um 4-Koma:

Vemos o dia-a-dia escolar da protagonista, Hakuzi Kanon, dar uma reviravolta. Sempre de cara fechada, ela tem fama de delinquente. Pode não ser inteiramente verdade, mas também não é inteiramente mentira. Seus motivos, muitas vezes, acabam sendo mais nobres do que aparentam.
Sempre por ai arranjando brigas sem querer e matando aulas na enfermaria, suas diversas fachadas começam a cair quando sua vida se encontra com a dos amigos de infância Tamaki Daichi (um cara meio sem noção que nunca larga sua câmera de vídeo) e Kihou Tomoka (a típica garota animada mas que esconde uns segredinhos bizarros).

Depois que Tamaki acaba se fascinando por Hazuki, e a filma sem permissão, ele vai atrás dela, para poder realizar seu recém-formado sonho de filmá-la mais vezes. Atrás de seu amigo, Kihou acaba se juntando ao novo grupo que se encontra na enfermaria em todos os intervalos.

Enfermaria, aliás, que é o reino, império, território e capitania do lendário (auto-proclamado) Blackhole Jun, aka BJ. O enfermeiro da escola, que parece estar na casa dos 30, mas age como um adolescente desiludido. Kuroanada (seu nome “real”, por mais que não goste) age como o professor que é, quando necessário. Esse tipo de personagem acaba sendo um dos meus prediletos em qualquer obra, por adorar o giro extremo que ocorre nas personalidades delas.

Nos treze capítulos do primeiro volume, somos apresentados aos personagens, e rapidamente nos envolvemos com eles. Não por termos alguma trama envolvente ou uma história bem elaborada, mas justamente pelo contrário: é um mangá leve, tranquilo, que sempre te dá um ar fresco. É uma ótima pedida para relaxar. Muita gente chama obras assim como simplesmente “chatas”, mas é por não gostar do gênero, por preferir coisas mais pesadas, com mais ação. Não os culpo, gosto é algo que varia muito. Tem gente que gosta do que eu gosto, e tem gente com gosto ruim.

Atualmente, existem dois volumes lançados no Japão, com o primeiro (e parte do segundo) traduzido pela Doki para o inglês. Caso você esteja meio pra baixo, arranje um pirulito (não o da Hazuki, por favor!) e pegue pra ler esse mangá.

Por Vini Leonardi

Cavaquinho na roda de pagode da Torre. Químico de formação, blogueirinho por diversão e piadista de vocação. "Acredito que animês são a mídia perfeita para a comédia, e qualquer tentativa de fazer um show sério é um sacrilégio", respondeu ao ser questionado sobre o motivo de nunca ter visto Evangelion.