Quarto episódio de “The Detective is Already Dead“, o que significa que estamos aqui já tem um mês. Então vamos pular as introduções: As resenhas anteriores estão aqui (#01, #02, #03).
Com o final do arco da idol, conseguimos entender como o resto do animê vai funcionar, e respondemos a pergunta da semana passada: Esse show vai ser um ótimo mistério de detetives, ao mesmo tempo que vai ser o pior mistério de detetives possível. Vamos conversar sobre o episódio pra entender melhor!
Episódio 4: “O que vejo nesse olho”
O episódio começa frenético, como era de se esperar. Entre o final da semana passada e o começo dessa semana, o protagonista, Kimihiko, descobriu “a verdade“, e está agindo em cima disso. Mas como nós, espectadores, ainda não sabemos sobre a tal “verdade“, tudo fica propositalmente confuso. É uma última chance que o animê está te dando para você desvendar o mistério, usando as frases soltas da conversa entre os dois para te dar uma pista do que está acontecendo. E eu consegui ligar os pontos graças a isso (e a uma rápida espiada no episódio anterior), então agradeço pela oportunidade!
Duas cenas que se complementam aconteceram em momentos diferentes, mas acho necessário trazê-las de uma vez para comentar ambas juntas: No meio do show da Yui, o Kimihiko não consegue localizar o atirador que precisava, por conta da música alta e de todas as luzes piscantes na escuridão. Mas quem precisa de audição ou visão quando se tem um sonar ambulante? Com a ajuda do amigo sequestrador de aviões, ele encontra quem precisava e consegue salvar o dia. E qual a relevância dessa cena? Ela só vem a tona após o encerramento, quando vemos um novo flashback com a Siesta. O último ensinamento que a detetive deixou para Kimihiko foi justamente esse: Eles trabalham em equipe para que eles possam cobrir os pontos fracos uns dos outros. Foi mais um exemplo de como o garoto absorveu as diversas lições e manias da parceira, e como isso fez dele um assistente melhor.
A conclusão do arco aconteceu de forma bastante satisfatória. E não falo sobre como o mistério foi resolvido (isso eu vou comentar no próximo tópico), mas sim, sobre como as coisas se encerraram. Apesar de tudo, a Yui ainda é apenas uma garota de 14 anos. Ela é jovem, e embora não seja ingênua, é certamente influenciável e manipulável emocionalmente. Sinto que o Kimihiko tentou racionalizar demais a situação, quando se tratava de uma coisa que precisava ser resolvida com emoção. Ou, se me perdoarem o trocadilho… com coração. E por isso que a Nagisa foi essencial, pois ela é o coração da dupla. Gostei de como o próprio animê tratou a cena com bastante naturalidade, mostrando que os dois protagonistas são mais maduros e conseguiram interpretar perfeitamente a situação pela qual a Yui estava passando.
Considerações Finais (Bem, “parciais”, mas vocês entenderam)
Agora, precisamos analisar a resolução do mistério, né? E pra isso, vamos ter que separar o mistério em duas partes.
Primeiro, vamos falar do mistério de verdade. O roubo da safira, junto com a mentira da Yui, foi um mistério de detetive perfeito. Como conversamos semana passada, o mistério de detetive precisa te dar todas as informações necessárias para se chegar na conclusão, ou ele perde a graça. E fiquei impressionado com como, de fato, todas as pistas foram dadas. Os pontos foram dados, você só precisava ligá-los, e a graça de coisas de detetive é justamente essa.
Com a ajuda do começo frenético, eu consegui fazer essa ligação: A carta de desafio não citava em nenhum momento que a safira roubada era o colar. Quando ligamos esse ponto com o nome da música (que, eu conferi, e é sim citado no episódio anterior!), a interpretação de que o que realmente quer ser roubado é o segredo da Yui, aquele que “é revelado durante a música“, fica claro. E saber que ela já sabia disso fica ainda mais claro quando você lembra que todos os seguranças dela estariam no show, protegendo-a, e não na mansão, protegendo a joia. Como o próprio Kimihiko comenta, numa irônica observação, “o mistério estaria perfeitamente resolvido“…
O problema é a segunda parte do “mistério”. Aqui, o animê fez o oposto de tudo que eu elogiei na primeira metade. E a pior parte, acredito eu, é o quão ciente do problema o próprio show se faz. Usando a Nagisa como um ponto de reconhecimento com a audiência, a garota fica completamente perdida, e até solta a frase “Você não me contou isso!“, como se o autor estivesse rindo da nossa cara. Inventar que a Yui estava, na verdade, sendo chantageada pela organização maligna e que ela foi enganada a tentar matar os dois protagonistas, por conta de um olho-ciborgue? Pelo amor de Deus…
Assim, ok, vamos dar crédito onde se é devido, e dizer que pelo menos eles nos deram informação o suficiente para descobrirmos que a idol tinha plena visão com o olho esquerdo. Mas fazer toda a associação com os ciborgues e a associação maligna? Isso não foi dito em momento algum! E pra piorar, toda a história de estarem tentando matar o Kimihiko? De onde isso saiu? Claro que, depois que “a verdade” foi exposta, você consegue ligar os pontos e entender a situação… Mas o problema é justamente esse! Os pontos precisam ser dados para você durante o mistério, e não só na resolução dele! Vocês fizeram isso tão bem nesse mesmo arco, tá dois parágrafos acima! Pra quê ferrar as coisas desse jeito?
Ou seja, estou feliz e puto, e, como já estou aqui, pretendo continuar assistindo “The Detective is Already Dead“. Porém, a questão que levarei para os próximos “mistérios” será: existem duas camadas de mistério, e eles provavelmente só vão me deixar brincar com uma delas.
O animê está disponível na Funimation, com novos episódios aos domingos, e legendas em português. Além de “The Detective is Already Dead”, a Funimation também anunciou diversos outros títulos para a temporada de verão de 2021, incluindo algumas dublagens para o português.