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Re:Zero: Começando uma Vida em Outro Mundo – Livro 4

Se você achou que eu tinha desistido de Re:Zero, achou quase certo! Infelizmente por motivos contratuais sou obrigado a dizer apenas a verdade e contar pra vocês que eu vou continuar lendo independente do rumo que o livrinho tomar. Além dos japoneses, eu também sou um pouco estranho.

Para você que está totalmente perdido e caiu aqui de paraquedas, essa é a Re:Zenha (ai meu deus) do quarto volume de “Re:Zero: Começando uma Vida em Outro Mundo“, Light Novel publicada no Brasil pela editora NewPOP e que atualmente conta com cinco (5) volumes publicados. Estamos um pouco atrasados mas vamos chegar lá. Os volumes anteriores foram cobertos (todos sem spoilers de seu respectivo conteúdo) aqui: 1 | 2 | 3

Viemos do terceiro tomo com uma promessa: que agora, finalmente ganharíamos a nossa merecida recompensa por ter aturado Subaru por quase mil páginas; que iríamos receber mais desenvolvimento de mundo, informações faltantes para entendermos onde estamos e para onde vamos.

Podemos dizer que, de certa forma, a promessa foi cumprida. Mas assim como um serelepe gênio da lâmpada, o autor usa da pior interpretação possível das palavras que usamos para nossos desejos: o mundo foi desenvolvido e descobrimos que ele é terrível; e que o único caminho para qual rumamos tem destino o caos, logo ao lado do desespero sem fim, esquina com a agonia eterna.

Queria começar pelo world-building, mas pra isso preciso passar pelas novas personagens, então… Uma enxurrada de pessoas novas, com todos os tipos de aparência, posição social e ganha-pão, mas com uma coisa em comum: terem personas terríveis. Menos o Al, o Al é gente boa.

Se o Al, por baixo da máscara, não for ESTE HOMEM, eu ficarei bravo.

Tá bom, tá bom, posso estar forçando um pouco a barra. Algumas delas não são TÃO ruins assim. Aliás, deixar claro que quando eu digo “ruim”, não estou querendo dizer “mal escrita” ou “pessimamente desenvolvida“, mas sim “coração ruim“, pessoas que têm a alma maldosa mesmo. Porém, isso já era uma característica esperada: quando o maior ponto de exaltação de sua heroína é, justamente, a sua gentileza e seu coração bom, é normal imaginar que seus arredores serão cobertos por tudo quanto existe de ruindade no mundo, para fazê-la se destacar. E Re:Zero faz justamente isso.

Cada um tem sua peculiaridade, e claro, algumas coisas boas para poderem ter salvação, pelo menos. Ao menos, é o que eu gostaria de pensar. É muito triste imaginar que existem tantas pessoas inteiramente ruins em um lugar só, então espero que esses pequenos detalhes que foram trabalhados pelo autor sejam sinais de que no fundo, cada uma dessas personagens sejam boas. Embora admita que algumas não tem salvação…

A grande questão é que, mesmo com o esforço colossal de fazer todo mundo parecer ruim para elevar a bondade da Emilia para níveis Hollywoodianos, uma única pessoa é o suficiente para isso, e não é nenhuma das novas personagens… Meu Deus do céu Subaru, como você consegue?

Eu venho falando mal do nosso amigo protagonista desde os primórdios da criação, e fico feliz de saber que minha expectativa nunca é falha. Ele realmente sempre faz tudo errado, o tempo todo. Ele se esforça de uma forma colossal para conseguir obter o pior resultado possível em suas ações. O cara precisa morrer de duas a quatro vezes ao dia pra entender o que diabos ele tá fazendo de errado. E isso, como você lerá, se torna um problema (gritante) neste volume.

Só que chega desse blá-blá-blá e vamos ao que interessa: World-building. Levou só quatro volumes, mas finalmente começamos a entender o motivo da história inteira acontecer. Não, não tô falando sobre como o Subaru foi isekai-zado, mas logo depois disso. Afinal, tudo começou com o roubo da insígnia, não é?

A sucessão real foi o assunto principal do volume (se excluirmos a teimosia do Subaru, que sempre é o número um), e rapaz, não é que dessa vez o autor acertou em cheio? Conseguiu nos dar um panorama geral da situação, mostrar muito bem quem está envolvido e por quais motivos, e ainda teve a audácia de meter uma meta-piada de quebra de quarta parede no meio da sala do trono do castelo. Eu faço críticas a rodo sem dó nem piedade, mas quando elogios são merecidos, eu não faço descaso. Nesse quesito (e convenhamos, só nesse), tá de parabéns.

Não apenas a sucessão real, mas também aprendemos muito sobre a capital, seus habitantes, suas ordens e grupos, e até mesmo sobre o mundo de Subaru. Confesso que fiquei realmente chocado (ainda é cedo pra dizer se positiva ou negativamente) com as surpresas que envolvem o “mundo real“. Além disso, temos a oportunidade de conhecer mais sobre política, magia e história do mundo alternativo. Foi extremamente produtivo nesse aspecto.

Aos poucos, vão sendo reveladas as peças necessárias para montar o grande quebra-cabeça do mundo de Re:Zero. Afinal, convenhamos: não estamos lendo essa novel por causa de seu protagonista cativante, né? O grande atrativo é o seu mundo rico e cheio de mistérios. O charme está em justamente não ter muitos mistérios de verdade, mas ser um grande mistério por nós não o conhecermos, e irmos descobrindo-o uma parte de cada vez.

Eu sobre a história de Re:Zero, mesmo depois de quatro volumes lidos…

De novo mais uma vez novamente tivemos a edição impecável da NewPOP que já conhecemos. Papel, capa, ilustrações, acabamento, etc etc etc. Eu já cansei de falar sobre a qualidade não só das Novels como de todos os produtos da editora.

Inclusive, dessa vez gostaria de deixar um elogio a mais: a adaptação que a equipe escolheu para os “sotaques” dos personagens. No volume, fomos apresentados a diversos personagens, como citado, mas dois em especial são bem marcantes (por diversos motivos): Priscilla e Al. A garota se encaixa no esteriótipo de “dama chique”, e fala como tal no original; enquanto o homem é a própria definição de “tiozão de anime“, e usaria uma camiseta havaiana se não estivéssemos em outro mundo. Como isso foi localizado para o papel? A garota fala em segunda pessoa como em novelas de época; o homem fala com gírias dos anos 80 e parece ter saído da TV Manchete.

Sério, ficou muito bom, e adorei a escolha. Não sei se foi ideia do Thiago Nojiri (o tradutor) ou foi sugerido a ele por outrem, mas dou os parabéns a equipe pela excelente localização. Não só nisso, como nas “frases antiquadas” da Emília e nas piadas do Subaru.

Agora voltamos a programação normal e damos o nosso já costumeiro puxão de orelha sobre a revisão. Confesso que deu uma melhorada nesse volume, nada muito gritante como no anterior, mas ainda assim, diversos erros bobos, principalmente nos capítulos finais. Depois de notar esse padrão pela quarta vez, fica impossível de negar que o prazo é o culpado. O começo é revisado com calma, e quando a água bate na bunda e a data de entrega aperta, a revisão afrouxa. Tem que ver isso aí, Júnior.

No geral, foi tanto o melhor como o pior volume da série até aqui, dependendo de que parte do livro você pegar pra ver. O que isso significa? De verdade, nem eu sei mais. Acho que dá pra recomendar mais do que o último.

Por Vini Leonardi

Cavaquinho na roda de pagode da Torre. Químico de formação, blogueirinho por diversão e piadista de vocação. "Acredito que animês são a mídia perfeita para a comédia, e qualquer tentativa de fazer um show sério é um sacrilégio", respondeu ao ser questionado sobre o motivo de nunca ter visto Evangelion.