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Skybourne: um quadrinho de ação e humor que mistura Rei Arthur com H. P. Lovecraft

Minissérie em cinco partes escrita e ilustrada pelo famoso Frank Cho – uma das figuras mais polêmicas da indústria moderna dos quadrinhos – Skybourne foi lançada em 2016 pela editora norte-americana BOOM! Studios e chegou ao Brasil recentemente através de uma bela edição encadernada da Mythos Editora.

E apesar de o nome não deixar nada muito claro sobre o teor desta série, a história de Skybourne reúne um vasto número de ideias que são apresentadas com muito humor negro e ação desenfreada, onde Cho e seu colorista Márcio Menyz criam um mundo bem ousado que trará elementos principais de Rei Arthur, que movem a história central, e até mesmo de H. P. Lovecraft.

Propositalmente raso, este quadrinho possui uma trama simples e direta: os três filhos de Lázaro são Abraham, Thomas e Grace Skybourne, e todos são dotados de habilidades incríveis como superforça e imortalidade. A Fundação Topo da Montanha foi criada para proteger a Terra de ameaças sobrenaturais, e há muito tempo a principal ameaça enfrentada foi um mago louco que visava acabar com a humanidade: o mago Merlin.

Todos os clichês de filmes de ação e espionagem são os pontos focais de Skybourne. Ação interminável, caracterização de elenco que se desenvolve com poucas imprevisibilidades e muitas cenas divertidas, dramas manjados, entre outros. Entretanto, essas características podem parecer empecilhos para a qualidade da história, mas encarando-a como se deve e da forma como o autor se propôs a apresentá-la, esta se transforma em uma surpresa agradabilíssima e descompromissada.

Frank Cho é dono de um traço extremamente limpo (e bonito) e como roteirista não perde tempo com muitos detalhes, mergulhando o leitor em uma narrativa cinematográfica após poucas páginas de leitura. A trama principal se desenrola com investigações e treinamentos com eventuais descobertas acerca do passado de alguns protagonistas, e rapidamente torna-se perceptível que além dos super-humanos, esta é também uma incrível história de monstros mitológicos.

Skybourne se inicia como uma aventura de ação com superseres, e termina trazendo seres míticos gigantescos (dragões, minotauros, centauros, ciclopes), com uma subtrama ainda mais apoteótica que pode liberar entidades cósmicas de suas prisões secretas, trazendo caos ao mundo. As lendas arturianas, vivas no mundo moderno, misturam-se aos avanços da tecnologia. E as cinco edições são de tamanha fluidez que a leitura passa literalmente voando.

E apesar da imprevisibilidade quase nula no desenrolar da história, o humor negro e bastante ácido é um dos pontos de destaque, tanto quanto as batalhas. Cho é muito exitoso em desenvolver contextos para quebrar a expectativa do leitor em seguida, entregando viradas de página que te pegam de surpresa e provocam risos ou choque sincero.

Thomas e Grace Skybourne são os heróis da aventura, com destaque especial para o primeiro. A enigmática Fundação Topo da Montanha também é desenvolvida com pinceladas de protagonismo por parte de alguns membros-chave da mesma, e o autor possui em suas mãos um universo que renderia mais histórias no mesmo teor desta primeira, com foco na ação e no deslumbrante visual.

Esta é a criação de um Frank Cho mais contido em alguns aspectos, porém extremamente livre e confortável em outros. Em momento algum esta aventura tenta reinventar a forma como os quadrinhos são encarados pelo público, e a sinceridade em se apresentar quase como um storyboard para um épico de ação dos cinemas é o maior mérito da produção.

As cores de Menyz são compatíveis com os traços claros do autor, e revezam muito bem as tonalidades entre os flashbacks, o presente e as monstruosidades. Os diálogos são competentes e batem com a premissa, e a forma como Excalibur e as lendas arturianas foram representadas ao longo dos anos nunca foi tão diferente e criativa quanto aqui.

Skybourne chegou ao Brasil em uma edição de 164 páginas encadernadas em capa dura com verniz aplicado e formato americano (26 x 17 cm), reunindo toda a série original, e o preço sugerido é R$ 72,90. Clique aqui para adquirir o encadernado com 35% de desconto.

Por Gabriel Faria

Assistente Editorial, apaixonado por quadrinhos, redator da Torre de Vigilância, criador do blog 2000 AD Brasil e otaku mangazeiro nas horas vagas.