“Joe, agora que conseguiu, o que você pretende fazer?” “Não pensei nisso. Mas tenho certeza de que vou aproveitar cada segundo.”
No dia 25 de Dezembro, a Pixar nos presenteou com sua nova animação lançada diretamente no serviço de streaming da Disney Plus. O último título da empresa, Soul: Uma Aventura com Alma, é um filme diferente de tudo que já foi visto na empresa.
Na trama acompanhamos Joe Gardner, um professor de música para o ensino médio que sempre sonhou em tocar jazz. Quando finalmente consegue a oportunidade, um acidente acontece e Joe acaba morrendo – isso tudo logo nos 10 minutos iniciais de filme. Acordando em outra dimensão e com sua alma separada do seu corpo, o músico acaba se encontrando com 22, uma alma em treinamento que não quer ir para a Terra de jeito nenhum – enquanto Joe quer retornar para aproveitar a chance da sua vida.
Com isso, Joe e 22 precisarão trabalhar juntos para conseguirem uma forma de fazer com que a alma do professor retorne para seu corpo e ele consiga almejar seu sonho. O longa apresenta um roteiro bem estruturado e divertido onde tudo o que o filme quer passar é exposto durante sua exibição da forma mais natural possível.
Tecnicamente falando, a fotografia e a animação do filme são absurdamente lindas: a iluminação do longa e sua variação entre o mundo real e o plano etéreo, os detalhes nas articulações do protagonista e das roupas, a ambientação; tudo é feito com muita precisão e é nítido o carinho de sua realização. É incrível ver também as claras diferenças entre o mundo real e as dimensões: enquanto a vida na Terra é extremamente colorida e iluminada, o mundo pós-morte apresenta uma paleta de cor fria e clara. Além disso, a passagem para a dimensão pós-morte sendo marcada por uma esteira e por uma luz branca, o centro de treinamento sendo semelhante ao paraíso e as caracterizações dos seres do outro plano são tão bem elaboradas que é impossível assistir sem um brilho nos olhos.
Acaba que o longa apresenta uma narrativa suave e bem elaborada, destacando com precisão a lição que quer passar e as diferenças entre a vida e o pós-vida, seus detalhes e a beleza de viver.
Por narrar uma trama a respeito de uma questão sensível como o que acontece após a vida, acaba que outro ponto extremamente positivo é a forma que o longa trata todos os elementos, não priorizando uma crença religiosa para apresentar sua visão e utilizando conceitos que é de fácil entendimento ao público infantil. O trabalho de Pete Docter, diretor do longa, merece destaque e inúmeros parabéns por trabalhar esse assunto de forma sensível e prática.
Então, é bom?
Soul é um título divertido, cativante e único – sem dúvida alguma, um dos melhores filmes de 2020 e uma das melhores animações da Pixar. Além de apresentar uma beleza visual inacreditável, o longa carrega também consigo uma mensagem de esperança e uma lição tanto para os adultos como para as crianças, procurando responder as perguntas essenciais da vida em um ano tão conturbado que foi esse que se passou. Todos os elementos agem em sintonia para contribuir com o objetivo do longa e fazer com que o título tenha uma alma linda.
Por fim, quando acaba a exibição, é impossível não se sentir mais leve e com uma tremenda vontade de seguir todo o aprendizado do longa: o propósito da vida é apenas algo que forjamos no caminho e o mais importante é apenas desfrutar cada detalhe que a jornada nos oferece.
Nota: 5/5