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A Leitura Que Me Fez Bem! As Indicações de 2021!

Em todo mês de dezembro, surgem as famosas “listas dos melhores do ano”. Ano passado, resolvemos criar algo diferente e juntamos um time de pessoas que fazem parte da mídia de quadrinhos, ou então que fazem quadrinhos ou que são leitores, e criamos A Leitura que Te Fez Bem. Aquele gibi ou livro que te fez bem no ano que passou, que tenha mexido com você de alguma forma.

Esse ano juntamos uma galera de primeira linha e pedimos para realizar a mesma coisa. E o resultado foi muito bom.

Principalmente, por que esse ano reuniu algumas resenhas de quadrinhos nacionais e de uma galera que… digamos… é mais “underground”. O que é bom, por que se tem uma coisa que eu adoro é divulgar a galera dos quadrinhos nacionais. Principalmente a galera lá da labuta.

Mas também temos arrasa quarteirões como X-Men do Jonathan Hickman, Incal, temos mangá, livros e a maravilhosa Berlim. Ou seja, tem para todos os gostos. Se te fez bem, se colocou sua massa para pensar, se te deu um alivio e te divertiu. Então o gibi cumpriu a sua missão.

Um time lindo, cheiroso e talentoso, colocou aqui suas leituras que, de alguma forma, marcaram ou que ficou na mente esse ano e indica para você, queridaço leitor! E aqui está a leitura que fez bem para todos nós:

Quadrinhos Azedos Vol. 0 (Felipe Limão) – Por Ricardo Ramos

O quadrinista e professor Felipe Limão não fez uma coletânea com suas histórias. Ele agiu como a música da banda Engenheiros do Hawaii chamada Armas Químicas e Poemas: “Eu abri meu coração, como se fosse um motor. E na hora de voltar, sobravam peças pelo chão. Mesmo assim eu fui à luta…” sim, Felipe foi a luta e apresenta um dos quadrinhos mais sinceros que transbordam sentimentos que li esse ano. Ele junta tudo que vivenciou na pandemia do COVID-19 desde o ano passado, em relação a seu relacionamento, vida financeira, raiva do negacionismo, medo de perder pessoas queridas, conviver com perdas cada vez mais próximas… e também a alegria de reencontrar parentes, amigos e uma retornada a “vida normal”.

Quadrinhos Azedos V.0 reúne essas passagens e também trabalhos do Felipe Limão publicados em 2019 como a excelente Tempo Acúmulo. Em uma viagem existencial, onde tudo depressão e desanimo batem de frente com esperança e a alegria de uma vida simples, Quadrinhos Azedos é um espelho para muita gente que se vê nas situações do Felipe.

Para poder ter o seu exemplar, você pode entrar em contato direto com o autor pelo Twitter ou assinando a sua campanha no Padrim.


Manual do Minotauro (Larete) – Por (Laura Athayde – designer, ilustradora e quadrinista)

Eu adoro quadrinhos, mas eu AMO tirinhas! Não é à toa que esse é o formato que mais exploro no meu trabalho. Acho que tirinhas têm um potencial imenso de provocar reflexões e sentimentos com poucos e bem pensados quadros. Por isso, a minha leitura preferida do ano (que, na verdade, ainda não terminei) é o Manual do Minotauro, da Laerte. Bem conhecida pelas tirinhas com personagens engraçados e charges de cunho político, em 2004 Laerte começou a testar formas diferentes de fazer quadrinhos.

Ela foi pra um caminho mais filosófico e experimental, e são esses trabalhos que estão compilados no Manual do Minotauro. O livro tem mais de 1.500 tirinhas, a maioria delas composta de 4 quadros. E é incrível ver tantas formas diferentes que a autora encontrou de preencher esse espaço!

Manual do Minotauro é uma publicação da Quadrinhos na Cia.


X-Men (Jonathan Hickman) – Por Konema (Podcaster do HQ Corp e comentarista de NBA no Twitter)

Meu prêmio de melhor quadrinho do ano vai para os X-men de Jonathan Hickman!

Não é de hoje que a gibisfera rasga elogios ao Hickman e nessa fase dos mutantes não poderia ser diferente! Depois de anos de história de sofrimento com lapsos de sucesso, Jhonathan vem para escrever um épico mutante onde a raça Homo-Superior finalmente irá PROSPERAR no universo Marvel!

Tem como isso ser ruim?

Esse foi o melhor título que li esse ano, disparado, chegava a da crise de ansiedade esperando a próxima edição, coisas como a formação da nação mutante Krakoa a planos “sem falhas” do futuro da raça mutante arquitetado por Magneto e Xavier em cima de uma pilha de segredos.

Um dos pontos mais altos para mim é como o Hickman escreve o Ciclope, Scott Summer tomou no meu coração o primeiro lugar antes conquistado pelo Logan, neste título ele contempla que FINALMENTE a raça mutante chegou a um patamar onde não está mais se matando, onde não a mais necessidade de revolução ou guerras e que finalmente eles têm uma terra para chamar de sua, ele nunca teve isso e vai lutar com tudo o que tem para manter, é apaixonante ver a evolução do personagem de aluno, líder, revolucionário para agora protetor!

Eu poderia perder horas falando desse título, até já fiz isso em outras mídias, mas fica aqui para vocês a melhor leitura do meu ano de 2021.

X-Men é publicado no Brasil pela Panini Comics.


Dez Dias num Hospício (Nelly Bly) – Por Raphael Fernandes (Editor-Chefe da Editora Draco e sangue bom demais)

Dez Dias num Hospício, de Nelly Bly, foi uma grata surpresa e acredito que foi o livro mais interessante que li este ano. Trata-se de uma reportagem de 1887 sobre o sistema manicomial norte-americano, que foi escrita por uma das pioneiras do jornalismo investigativo.

A jovem Bly conseguiu forjar facilmente a própria condição mental e testemunhou como funcionava o encarceramento de mulheres em instituições para “tratamento” de pessoas com algum tipo de distúrbio mental. Uma reportagem brutal, muito bem escrita e que revela que o inferno somos nós.

Dez Dias num Hospício é uma publicação da Editora Fósforo.


Tecnodreams (Isaque Sagara) – Por Monique Mazzoli ( Podcaster Yellow Paper, HQ Corp e redatora da Torre de Vigilância)

Meu quadrinho escolhido do ano de 2021, entre muitos que eu também gostaria de falar, é o Tecnodreams do Isaque Sagara. Tecnodreams aborda um cenário futurista, mas que infelizmente ainda está preso em questões do passado, uma realidade ainda muito atual para todos nós, como a desigualdade social e a ideia errônea da meritocracia.

A HQ narra como a possibilidade de obter um pouco mais de poder sobre o próprio destino, ainda que em um mundo de realidade virtual, faz com que o ser humano passe rapidamente de oprimido a opressor. Com o Slogan: “Seja o que você quiser” a tecnologia Orion, da empresa Tecnodreams, faz com que seus maiores sonhos e desejos estejam a um passo de distância, basta desejar.

O trabalho do professor e quadrinista Isaque Sagara, sempre aborda questões sociais, mostrando como ainda vivem boa parte dos brasileiros, com temas pertinentes a serem debatidos, independente do cenário apresentado. Recomendo demais, não apenas esta HQ, como também seus outros trabalhos.

Tecnodreams é uma publicação do selo Negrogeek.


Dampyr (Mauro Boselli e Maurizio Colombo)  – Por  Caio Oliveira (Cantinho do Caio e o mais amado pelo fãs do Snydercut)

Quando me pediram pra resenhar o melhor gibi que li em 2021, eu tive que parar e pensar bastante pra lembrar qual foi. Não que não tenha lido coisas incríveis esse ano, mas: 1- queria evitar cair em Demolidor do Zdarsky ou Hulk do Ewing; 2- o grosso do que tenho lido nos últimos anos são compilações gringas de gibis velhos que li nos anos 80 e 90, e não sabia se isso funcionaria na proposta que me pediram. Foi então que me decidi por Dampyr, da Editora 85, que tá fazendo um excelente trabalho editorial em suas publicações. Dampyr nem sequer é meu fumetti favorito em bancas atualmente (esse seria Mágico Vento), mas eu tenho um carinho especial por Harlan Draka e seus companheiros por ter sido o primeiro fumetti que comprei em bancas, em 2004, quando ainda era publicado pela Mythos. Eu já lia Ken Parker, Dylan Dog e Mágico Vento que comprava em sebos, mas comprar a edição na banca me pareceu na época um ato de traição contra os gibis americanos, meu xodó na época! Me senti ousado e aventureiro!

Mas do que trata Dampyr? É a velha história de um caçador de vampiros filho de um vampiro mais poderoso. O diferencial de Dampyr é a ambientação, quase sempre as histórias se passam em cidades do leste europeu (em especial Praga) onde eclodem guerras civis, um prato cheio pros vampiros, que se banqueteiam. Na edição 7 da Editora 85, nós temos 4 histórias, 3 delas escritas por Mauro Boselli e uma escrita por Maurizio Colombo, os criadores do personagem. Eu prefiro a escrita do Boselli, acho mais fluida, em especial na história que abre a edição, “Pesadelo Flamengo”, sobre dois amigos idosos envoltos no mistério  do assassinato de seus velhos conhecidos de infância, numa trama de terror que deixaria Dylan Dog orgulhoso! Isso com a arte magistral de Luca Rossi (aliás, todos os artistas dessa edição 7 são fantásticos!).

Enfim, Dampyr é um bom gibi pra quem procura ação, terror e até um pouco de tramas históricas. Recomendo demais!

Dampyr é publicado no Brasil pela Editora 85.


Laura Dean Vive Terminando Comigo (Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O’Connell) – Por Fabi Marques (Colorista e podcaster do 1001 Crimes e DFP)

Laura Dean Vive Terminando Comigo é uma daquelas hqs que a gente lê de uma vez só e depois fica olhando pra parede se sentindo órfão.
Os personagens são tão bem escritos que a gente vive todo o ciclo de estar preso em um relacionamento tóxico e sente o frio do coração de gelo de uma pessoa que não está emocionalmente disponível, no caso, a Laura Dean.

O enredo é muito bem construído, no meio existe uma certa confusão que é exatamente o sentimento de um relacionamento abusivo não linear, com seus altos e baixos muito baixos mesmo.

Um quadrinho que mostra que todes nós estamos sujeitos a cair em armadilhas tóxicas e não é nossa culpa. Um quadrinho que pode ajudar a curar um coração partido mas também ensinar outras pessoas a terem mais empatia, enquanto mostra o verdadeiro valor das amizades e que você não está só.

Laura Dean Vive Terminando Comigo é uma publicação da editora Intrínseca.


Detrito – do caos a lama (João Carpalhau, Alex Genaro e Cristiano Ludgerio) – Por Paloma Diniz (Desenhista e quadrinista)

Sinopse: a história se passa na Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, e narra o dia a dia de Renato Barros, um professor que está num momento muito ruim e delicado em sua vida pessoal e profissional. Como se não pudesse piorar mais, acontece um acidente químico após um assalto a um carro com carga radioativa na cidade. O que mudará completamente a vida do Renato e das pessoas na história. Baseada em fatos trágicos e reais que ocorreram em 2012 na cidade de Duque de Caxias-RJ, apesar de ficcional, traz muito da realidade brasileira.

Pessoalmente, é uma HQ na qual me identifico e que gostei muito em todos aspectos: uma HQ brasileira, feita por brasileiros, ficcional e bem embasada na nossa vida; uma história completa (com começo, meio e fim), num formato fácil de manusear, confortável de ler, e o melhor: preço acessível. Pra mim, o melhor de uma produção brasileira em todos os quesitos. Precisamos de mais HQs como estas.

Detrito – do caos a lama é uma publicação da Capa Comics.


Ao No Flag (Kaito) – Por Bruno Fonseca (Editor-Chefe do site Proibido Ler)

Sabe aquelas leituras que não exige nada do leitor? Você não tem que ter conhecimento prévio de nada, nem precisa se esforçar muito pra entender a trama. É sentar, ler e se divertir de um jeito simples e prazeroso. Assim é Ao No Flag, mangá escrito e ilustrado por Kaito.

Na história, três jovens estão naquele período de se formar no Ensino Médio e entrar na faculdade. Um período cheio de dúvidas e incertezas, mas que ficarão menos pesado por conta dos protagonistas. Aqui, todo mundo gosta de todo mundo, mas ninguém tem coragem de assumir e eles vão de um jeito único se entendendo e te cativando. Leitura boa para desestressar e relaxar.

Ao No Flag é publicado no Brasil pela Panini Comics.


Incal (Alejandro Jodorowsky  e Moebius) – Por Carlos Pedroso (Yellow Paper poscast)

Um dos quadrinhos que me marcou em 2021 foi Incal, escrita por Jodorowsky e desenhada por Moebius, da editora pipoca e nanquim. Incal apresenta um futuro distópico cheio de bizarrices, ação e aventura capazes de me fazer imaginar no mundo real como tudo isso seria. Com uma visão particular para um futuro a autor nos apresenta a uma intriga intergaláctica ala Star Wars, cheio de inimigos perigosos que querem dominar o universo e aliados inesperados. Incal conseguiu me prender da primeira à última página com maestria, e conforme fui entrando e conhecendo seus personagens fiquei de boca aberta com o roteiro e artes casam de uma forma única, construindo todo universo e com seus personagens cheio de camadas e história bizarras.

Particularmente o querido Jonh Difoo que mais parece um velho rabugento que só sabe reclamar, foi sem dúvida o melhor personagem. Sempre reclamando de algo, o duvidando o tempo todo e sendo o herói improvável. Outro que me cativou foi o Metabarão, personagem frio e calculista, cheio de manias mais parecido com o “Hitman do jogo”, o Metabarão deu um ar de filmes dos anos 80 para a trama. O mais interessante é que todos os outros personagens são importantes para o desenvolvimento da trama e tem seu momento. E meu, que história concisa, densa e cheia de reviravoltas e surpresas que te prende e te faz querer chegar ao final para descobrir o que vai acontecer com nossos heróis.

Com uma arte impecável e roteiro sensacional, Incal sem dúvidas é uma das melhores leituras que fiz nesse ano fácil. Um adendo, cara que cores tem esse quadrinho, com uma coloração viva que realça todos os ambientes, além de destacar em detalhes os ambientes, planetas e pessoas. Esse é o tipo de quadrinho, com uma combinação perfeita na minha opinião como fã de ficção científica e tem tudo para quem gosta do gênero, viagem espacial, tramas bem elaboradas, uma visão distópica do futuro e muita ação.

Incal é uma publicação da editora Pipoca & Nanquim.


Berlim (Jason Lutes) – Por Léo Palmieri (Podcaster Gibi Nosso de Cada Dia e fundador do site Crossover Nerd)

Imagine acompanhar algumas vidas durante o conturbado período de 1928 a 1938 em Berlim. Neste incrível quadrinho, Jason Lutes conseguiu sintetizar de forma magistral, acontecimentos incríveis na vida de pessoas comuns na cosmopolita Berlim dos anos 30. Aqui, vemos como foi a ascensão do Nazismo frente a todas as situações ideológicas possíveis, bem como este regime totalitário se utilizou de toda a cultura e informação para, aos poucos, estabelecer o seu poder.

Jason Lutes demonstra neste trabalho, que além de uma narrativa sem igual (beirando a cinematográfica em algumas situações), domina muito da história da Alemanha. Os Embates dos Nazistas contra os comunistas, a troca de situações quase novelescas, o auge e queda de pessoas, comércio, cultura e liberdade. Berlim não é uma obra fácil de se digerir, se você não for uma pessoa empática. Esse quadrinho me tocou muito nesse ano.

Berlim foi publicada pela Editora Veneta.


Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria (Max Andrade) – Por Gabriel Ávila (Jornalista do site Jovem Nerd)

Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria é a típica HQ que engana o leitor. Se você confiar na sinopse, vai achar que está comprando um “mangá sobre aceitação e amadurecimento em uma realidade” – o que não é mentira, mas não é toda a verdade. Partindo desta ideia, que parece simples, Max Andrade (Tools Challenge) constrói uma história que é ao mesmo tempo grandiosa e metalinguística, como também é intimista e sincera.

É nesse equilíbrio de coisas que parecem antagônicas que esse quadrinho sustenta em uma história cativante as infinitas referências que habitam a mente de um dos maiores talentos dos quadrinhos. E faz tudo isso com uma sinceridade vibrante que torna a experiência memorável e o Juquinha um dos mais queridos personagens das HQs.

Vida longa ao Juqs!

Juquinha: O Solitário Acidente da Matéria é uma publicação da Editora Draco.

 

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É GOTY! Confira os grandes vencedores do The Game Awards 2021

Na noite de ontem, dia 9, ocorreu o aguardado The Game Awards 2021, edição anual da premiação dos principais games do ano, com diversos gêneros abarcados, incluindo os e-sports, que contam com premiação até ao coach do Jogador/Time.

A premiação foi balanceada com algumas surpresas aqui e ali, e teve como o vencedor do prêmio mais aguardado do evento, o Jogo do Ano ( o famoso GOTY).

Além disso, o evento contou com importantes anúncios, que você pode conferir aqui.

Segue a lista de indicados com destaque para o vencedor de cada categoria:

Jogo do ano

  • Deathloop (Arkane Studios/Bethesda)
  • It Takes Two (Hazelight Studios/EA)
  • Metroid Dread (Mercury Steam/Nintendo)
  • Psychonauts 2 (Double Fine/Xbox Game Studios)
  • Ratchet & Clank: Rift Apart (Insomniac Games/SIE)
  • Resident Evil Village (Capcom)

Melhor direção

  • Deathloop (Arkane Studios/Bethesda)
  • It Takes Two (Hazelight Studios/EA)
  • Returnal (Housemarque/SIE)
  • Psychonauts 2 (Double Fine/Xbox Game Studios)
  • Ratchet & Clank: Rift Apart (Insomniac Games/SIE)

Melhor jogo em andamento/como serviço

  • Apex Legends (Respawn/EA)
  • Call of Duty: Warzone (Infinity Ward/Raven/Activision)
  • Final Fantasy XIV Online (Square Enix)
  • Fortnite (Epic Games)
  • Genshin Impact (MiHoYo)

Melhor jogo independente

  • 12 Minutes (Luis Antonio/Annapurna Interactive)
  • Death’s Door (Acid Nerve/Devolver Digital)
  • Kena: Bridge of Spirits (Ember Lab)
  • Inscryption (Daniel Mullins Games/Devolver Digital)
  • Loop Hero (Four Quarters/Devolver Digital)

Melhor estréia independente

  • Kena: Bridge of Spirits (Ember Lab)
  • Sable (Shedworks/Raw Fury)
  • The Artful Escape (Beethoven & Dinosaur/Annapurna)
  • The Forgotten City (Modern Storyteller/Dear Villagers)
  • Valheim (Iron Gate/Coffee Stain)

Melhor narrativa

  • Deathloop (Arkane Studios/Bethesda)
  • It Takes Two (Hazelight Studios/EA)
  • Life is Strange: True Colors (Deck Nine/SQUARE ENIX)
  • Marvel’s Guardians of the Galaxy (Eidos Montreal/SQUARE ENIX)
  • Psychonauts 2 (Double Fine/Xbox Game Studios)

Melhor direção de arte

  • Deathloop (Arkane Studios/Bethesda)
  • Kena: Bridge of Spirits (Ember Lab)
  • Psychonauts 2 (Double Fine/Xbox Game Studios)
  • Ratchet & Clank: Rift Apart (Insomniac Games/SIE)
  • The Artful Escape (Beethoven & Dinosaur/Annapurna)

Melhor trilha sonora

  • Cyberpunk 2077 (Marcin Przybylowicz, Piotr T. Adamczyk, Composers)
  • Deathloop (Tom Salta, Composer)
  • NieR Replicant ver.1.22474487139 (Keiichi Okabe, Composer)
  • Marvel’s Guardians of the Galaxy (Richard Jacques, Composer)
  • The Artful Escape (Johnny Galvatron & Josh Abrahams, Composers)

Melhor design de som

  • Deathloop (Arkane Studios/Bethesda)
  • Forza Horizon 5 (Playground Games/Xbox Game Studios)
  • Ratchet & Clank: Rift Apart (Insomniac Games/SIE)
  • Resident Evil Village (Capcom)
  • Returnal (Housemarque/SIE)

Melhor performance

  • Erika Mori as Alex Chen, Life is Strange: True Colors
  • Giancarlo Esposito as Anton Castillo, Far Cry 6
  • Jason E. Kelley as Colt Vahn, Deathloop
  • Maggie Robertson as Lady Dimitrescu, Resident Evil Village
  • Ozioma Akagha as Julianna Blake, Deathloop

Jogo de impacto

  • Before Your Eyes (GoodbyeWorld Games/Skybound Games)
  • Boyfriend Dungeon (Kitfox Games)
  • Chicory (Greg Lobanow, Alexis dean-Jones, Lena Raine, Madeline Berger, A Shell in the Pit/Finji)
  • Life is Strange: True Colors (Deck Nine/SQUARE ENIX)
  • No Longer Home (Humble Grove, Hana Lee, Cel Davison, Adrienne Lombardo, Eli Rainsberry/Fellow Traveler)

Melhor apoio à comunidade

  • Apex Legends (Respawn/EA)
  • Destiny 2 (Bungie)
  • Final Fantasy XIV Online (Square Enix)
  • Fortnite (Epic Games)
  • No Man’s Sky (Hello Games)

Melhor jogo Mobile

  • Fantasian (Mistwalker)
  • Genshin Impact (MiHoYo)
  • League of Legends: Wild Rift (Riot Games)
  • Marvel Future Revolution (Netmarble)
  • Pokemon Unite (TiMi Studios/The Pokemon Company)

Melhor realidade virtual/realidade aumentada

  • Hitman 3 (IO Interactive)
  • I Expect You To Die 2 (Schell Games)
  • Lone Echo II (Ready at Dawn/Oculus Studios)
  • Resident Evil 4 (Armature Studio/Capcom/Oculus Studios)
  • Sniper Elite VR (Coatsink/Just Add Water/Rebellion Developments)

Melhor jogo de ação

  • Back 4 Blood (Turtle Rock/WB Games)
  • Chivalry II (Torn Banner Studios/Tripwire Interactive)
  • Deathloop (Arkane Studios/Bethesda)
  • Far Cry 6 (Ubisoft Toronto/Ubisoft)
  • Returnal (Housemarque/SIE)

Melhor Jogo de ação/Aventura

  • Marvel’s Guardians of the Galaxy (Eidos Montreal/SQUARE ENIX)
  • Metroid Dread (Mercury Steam/Nintendo)
  • Psychonauts 2 (Double Fine/Xbox Game Studios)
  • Ratchet & Clank: Rift Apart (Insomniac Games/SIE)
  • Resident Evil Village (Capcom)

Melhor RPG

  • Cyberpunk 2077 (CD Projekt Red)
  • Monster Hunter Rise (Capcom)
  • Scarlet Nexus (Bandai Namco)
  • Shin Megami Tensei V (Atlus/Sega)
  • Tales of Arise (Bandai Namco)

Melhor jogo de luta

  • Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- The Hinokami Chronicles (CyberConnect2/Sega)
  • Guilty Gear -Strive- (Arc System Works)
  • Melty Blood: Type Lumina (French-Bread/Delightworks)
  • Nickelodeon All-Star Brawl (Ludosity/Fair Play Labs/GameMill)
  • Virtua Fighter 5: Ultimate Showdown (Sega)

Melhor “jogo família”

  • It Takes Two (Hazelight Studios/EA)
  • Mario Party Superstars (NDcube/Nintendo)
  • New Pokémon Snap (Bandai Namco/The Pokémon Company/Nintendo)
  • Super Mario 3D World + Bowser’s Fury (Nintendo)
  • WarioWare: Get It Together! (Intelligent Systems/Nintendo)

Melhor jogo de esporte/corrida

  • F1 2021 (Codemasters/EA Sports)
  • FIFA 22 (EA Vancouver/EA Sports)
  • Forza Horizon 5 (Playground Games/Xbox Game Studios)
  • Hot Wheels Unleashed (Milestone)
  • Riders Republic (Ubisoft Annecy/Ubisoft)

Melhor simulação e estratégia

  • Age of Empires IV (Relic Entertainment/Xbox Game Studios)
  • Evil Genius 2: World Domination (Rebellion Developments)
  • Humankind (Amplitude Studios/Sega)
  • Inscryption (Daniel Mullins Games/Devolver)
  • Microsoft Flight Simulator (Asobo Studio/Xbox Game Studios)

Melhor Multiplayer

  • Back 4 Blood (Turtle Rock/WB Games)
  • It Takes Two (Hazelight Studios/EA)
  • Knockout City (Velan Studios/EA)
  • Monster Hunter Rise (Capcom)
  • New World (Amazon Games)
  • Valheim (Iron Gate Studio/Coffee Stain)

Jogo mais aguardado

  • Elden Ring (FromSoftware/Bandai Namco)
  • God of War Ragnarök (Sony Santa Monica/SIE)
  • Horizon Forbidden West (Guerrilla Games/SIE)
  • Sequel to The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Nintendo)
  • Starfield (Bethesda Game Studios/Bethesda)

Inovação e Acessibilidade

  • Far Cry 6 (Ubisoft Toronto/Ubisoft)
  • Forza Horizon 5 (Playground Games/Xbox Game Studios)
  • Marvel’s Guardians of the Galaxy (Eidos Montreal/SQUARE ENIX)
  • Ratchet & Clank: Rift Apart (Insomniac Games/SIE)
  • The Vale: Shadow of the Crown (Creative Bytes Studios/Falling Squirrel)

Criador de Conteúdo do Ano

  • Dream
  • Fuslie
  • Gaules
  • Ibai
  • TheGrefg

Melhor E-Sport

  • Call of Duty (Activision)
  • CS:GO (Valve)
  • DOTA2 (Valve)
  • League of Legends (Riot Games)
  • Valorant (Riot Games)

Melhor atleta de E-Sport

  • Chris “Simp” Lehr
  • Heo “ShowMaker” Su
  • Magomed “Collapse” Khalilov
  • Oleksandr “s1mple” Kostyliev
  • Tyson “TenZ” Ngo

Melhor time de E-Sport

  • Atlanta FaZe (COD)
  • DWG KIA (LOL)
  • Natus Vincere (CS:GO)
  • Sentinels (Valorant)
  • Team Spirit (DOTA2)

Melhor Coach/treinador

  • Airat “Silent” Gaziev
  • Andrey “ENGH” Sholokhov
  • Andrii “B1ad3” Horodenskyi
  • James “Crowder” Crowder
  • Kim “kkOma” Jeong-gyun

Melhor evento de E-sport

  • 2021 League of Legends World Championship
  • PGL Major Stockholm 2021
  • PUBG Mobile Global Championship 2020
  • The International 2021
  • Valorant Champions Tour: Stage 2 Masters

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A Leitura Que Te fez Bem! As Indicações de 2020!

Olá pessoal! Que ano né? Nossa parece até que estamos somente esperando o 2021 começar para soltarmos um grande “UFA!” por tudo que aconteceu em 2020. Lá no réveillon de 2019, quando todos comemoravam, brindavam e projetávamos o 2020, nunca imaginaríamos que iriamos estar passando pano com álcool em pacote de arroz.

Esse foi um ano marcado com a morte. E em uma escala em que afligiu à todos no mundo inteiro. De forma direta ou indireta. Alguém sofreu ou presenciou o sofrimento de alguém. As políticas controversas. As pessoas que insistiam em “desafiar” e desacreditar no que estava acontecendo. Ficar em um isolamento. Longe dos amigos, dos familiares, foi e estar sendo difícil. E não pense que o tal grande UFA! se passa à meia-noite de 31 de dezembro. Não, o ano seguinte ainda terá muitas dificuldades e ninguém aqui está esperando que seja diferente e nem enganando ninguém.

Mas nada impede de tentarmos fazer algo melhor. De tentar ser melhor. Pelo menos, alguns de nós, aprendemos a limpar melhor as mãos.
Essa lista de indicações fala muito sobre se sentir melhor. É uma lista de leitura que em algum momento desse ano, fez uma pessoa sorrir, refletir, pensar ou mesmo se distrair. Aqui tem publicações que nem foram lançadas em 2020. Mas o intuito não é nem esse. É apresentar/indicar uma leitura que fez bem para a gente em algum momento do ano. Que mexeu com a gente. Que fez entender (ou aceitar) melhor o que está acontecendo.

Agradeço a todos que participaram dessa lista (até mesmo porque foi idealizado aos 45 do segundo tempo). Nomes importantes que produzem quadrinhos, que divulgam quadrinhos, que falam sobre quadrinhos e principalmente os que “somente” leem quadrinhos! Pois no final de tudo, somos todos leitores.

Confira a nossa lista de indicações e que 2021 seja uma jornada mais leve para todos!

O Azul Indiferente do Céu (Shiko) Por Ricardo Ramos

Francisco José Souto Leite, mais conhecido como Shiko, conta em um clássico dos quadrinhos brasileiro, por meio de ficção os fatos que antecederam o assassinato do ativista colombiano, jornalista e especialista em saúde pública Héctor Adad Gómez. A “encomenda” pela vida de Héctor aconteceu após ele publicar como funcionava o universo dos matadores de aluguel naquele país que agiam para o forte narcotráfico e a tensão política da América Latina mergulhada em conflitos.

Mas o que me chamou muito atenção com Azul Indiferente do Céu, foi o final do último texto escrito por Héctor Abad Gomez em 1987: “El Facismo por más que quisiéramos, no há desaparecido de la faz de la tierra”. Sentir que um continente, que desde do México para baixo, sofreu com mazelas das ditaduras militares que bebiam e se fortaleciam de religiosidade, ter uma frase, escrita em 1987, que apresenta o fascismo ainda forte em pleno 2020 é assustador. E quando vemos alguns governantes, vemos que o pavio já está acesso, mas a bomba realmente ainda não explodiu para valer.

O Azul Indiferente do Céu é um publicação da Editora Mino



Um Conto de Natal (Carlos Giménez) – Por Marcelo Naranjo (Universo HQ e COACH DE QUADRINHOS)

Uma das HQs que mais me impactou em 2020 foi Um Conto de Natal, de Carlos Giménez (Comix Zone). O motivo está nas últimas páginas, que mostram as opções que a vida nos oferece e a maneira com a qual lidamos com elas – esquecendo, por vezes, que o capítulo final é igual para todos nós. Em um ano tão complicado, ficou impossível não lidar com escolhas difíceis.

Um Conto de Natal é uma publicação da Editora Comix Zone.


Habibi (Craig Thompson) – Por Eduardo Bautitz (Leitor, baterista e churrasqueiro)

Desde o início, Thompsom parece ter a intenção de abalar o psicológico do leitor, de rasgar a simplicidade e de enaltecer a relação entre os personagens protagonistas de forma trágica, fazendo com que você adentre a história não só por empatia, mas muito por conta do envolvimento com o paralelismo que entoa em cada retomada da narrativa. O desenrolar da trama demonstra uma beleza que caminha ao lado de cortes profundos no imaginário, ilustra consciências e posicionamentos sobre qualquer estigma que podemos carregar. Em preto e branco, a obra arrebata, cativa, enfurece, ensina, oferece conhecimento e transforma, da melhor e pior maneira possível, demonstrando uma maestria de condução e de construção de um cenário tão próprio.

Com passagens lindíssimas e um trabalho de pesquisa invejável, Habibi trabalha mais do que uma simples narrativa, ela choca, machuca, cura, renova e fere mais uma vez as únicas coisas que podem ser preservadas em um ser humano; sensibilidade, integridade, honestidade e caráter.

Habibi é uma publicação da Quadrinhos na Cia


Cais do Porto (Brendda Maria) – Por Pablo Sarmento (Podcast Emoções Misturam Ovos, ComicPod e Terra Zero)

Cais do Porto foi um dos gibis mais bonitos que eu li esse ano. Com texto e arte da quadrinista premiada esse ano 2020 com HQ Mix melhor desenhista revelação o quadrinho mostra a encontro de duas amigas, falando sobre vida e coisas mundanas. Apesar a premissa simples, em tempos de pandemia um gibi de slice of life é algo que pode lembrar como coisas simples no mundo como andar de ônibus e falar sobre rotinas pode ter um peso tão na grande. Esse quadrinho mudou demais meu ano e me fez muito bem.

Cais do Porto é publicado pela Conrad Editora


Chainsaw Man (Tatsuki Fujimoto) – por Rodrigo Cândido (quadrinhista e membro do Coletivo Sarjeta)

Chainsaw Man é meu quadrinho no ano! Dentre muitas história fechadas bem especiais que me surpreenderam (a maioria, quadrinhos nacionais), acabei sendo pego por essa série que começa como típico “mangá de lutinha” para um misto de ação e terror totalmente inesperado, com reviravoltas na trama totalmente imprevisíveis e muitas, muitas tripas voando. Pra mim foi uma aula de onde se pode levar um personagem, que mesmo sendo reflexo de um clichê ainda traz elementos que nos fazem querer ler mais e mais sua história e ate torcer para seu sucesso. Mesmo que ele seja um diabão com cabeça de serra elétrica.

Chainsaw Man (Tatsuki Fujimoto) – por Bruno Brunelli (ilustrador, diretor de arte e membro do coletivo Sarjeta)

A leitura que mais me impactou esse ano horrendo de 2020 foi o mangá Chainsaw Man. Esse projeto é totalmente desgraçado da cabeça, cara! Não tem uma parte que eu não pensei QUE PORR@ É ESSA! Todo mundo é vilão, é mocinho, é humano, é demônio, daí aparece um anjo, depois uns 20 cachorros, conspiração política, trairagem, e também repleto de humor e “non sense”.

Casou perfeito para 2020, te asseguro 😉

Chainsaw Man é uma publicação da Panini


A Grande Farsa (do Carlos Trillo e Domingo Mandrafina) – Por Jean Jefferson (Leitor e Comix Zoner Boy)

Pra mim a leitura que mais curti no ano foi a Grande Farsa, do Carlos Trillo e Domingo Mandrafina. Incrivelmente divertido, ágil e com uma arte incrível, eu fiquei absurdamente envolvido e li numa tacada só. Acho que é o mesmo sentimento de assistir um filme massa do Tarantino pelo ritmo, com uma pegada latina que faz lembrar novela da Globo. O Iguana merece ser reconhecido com um dos maiores vilões dos quadrinhos e seria personagem cult se o gibi fosse adaptado pros cinemas (algo que eu torço fortemente).

A Grande Farsa é uma publicação da Comix Zone


Grama (Keum Suk Gendry-Kim) – Por Maria Eduarda Maggi (podcaster do HQ CORP)

Pensar no quadrinho que mais marcou meu 2020 não foi difícil. Geralmente essa é uma decisão árdua, pois com tantas leituras na bagagem, nossa mente acaba se perdendo em tantas histórias que, no fim, acabamos chegando no mesmo ponto que começamos. No meio desse pensamento, Grama me veio instantaneamente à memória: uma leitura diferente de tudo que eu havia conhecido, tanto em narrativa, traço, e, principalmente, abordagem. A autora, Keum Suk Gendry-Kim, nos apresenta à real história da pequena Ok-sun Lee, uma menina sul-coreana que foi vendida pela própria família e acabou sendo forçada a virar uma escrava sexual do Exército Imperial Japonês durante a Segunda Guerra Mundial. Além de Ok-sun, muitas outras mulheres foram forçadas à escravidão sexual no período, sendo comumente chamadas de “mulheres de conforto” – um eufemismo profundamente machista.

A HQ nos mostra, além da triste história da protagonista, um panorama histórico da Coreia durante a guerra, bem como o retrato – muito sofrido – de outras mulheres vítimas do Exército Japonês. Além de uma história sobre mulheres de conforto, Grama é a história de superação de toda uma vida. Ok-sun Lee, hoje já idosa, continua lutando bravamente para que esse período jamais seja esquecido, e para que as vítimas recebam o pedido de desculpas que merecem, pois “mesmo derrubada pelo vento e pisoteada por muitos, a grama sempre se reergue”.

Grama é uma publicação da editora Pipoca & Nanquim


Berlim (Jason Lutes) por Lucas Fazola (Vortex Cultural)

Berlim foi uma HQ que me impactou sobremaneira desde as primeiras páginas. Contudo, apenas ao finalizar a leitura da obra pude entender o que me pegou tanto ali: a assustadora semelhança do contexto da capital alemã nos anos vinte e trinta com os tempos que vivemos atualmente. O descrédito nas instituições, a escalada política do autoritarismo chancelada por uma parcela considerável da população, o obscurantismo cerceando qualquer possibilidade de diálogo e de pensamento crítico e pluralista… todo o contexto que permitiu a ascensão de Adolf Hitler ao poder encontra semelhanças indigestas com o absurdo representado pelo ressurgimento da extrema-direita na contemporaneidade. A “Berlim” de Jason Lutes fala do passado, sim, mas alerta também sobre o presente, afinal de contas, como diria Bertold Brecht, “a cadela do fascismo está sempre no cio”, e diante de uma ameaça tão nefasta, precisamos estar sempre atentos e fortes.

Berlim foi publicada pela Editora Veneta


1Q84 (Haruki Murakami) e muitos outros – Por Felipe Coutinho (escritor, artista, professor e membro do coletivo Sarjeta)

Olá, pessoal do Torre de Vigilância! Tudo bom? 2020 foi o ano que todo mundo que esquecer por motivos óbvios, mas ao mesmo tempo, foi o ano em que ficou evidente o papel das artes em tornar nossas vidas melhores, mais leves; essa é sem dúvidas uma grande lição para levarmos adiante e que acho que prendemos como público. Saímos de 2020 valorizando mais as manifestações artísticas. Por aqui, ouvi muita música e li bastante. Nas leituras, normalmente, me relaciono com essa coisa kafkiana. Adoro um absurdo e tramas psicológicas, mas neste ano foi relativamente diferente: alternei entre a habitual desgraceira de mente e coisas mais leves para distrair. Destaco alguns na literatura: 1Q84, do Haruki Murakami; A arte de produzir efeito sem causa, do Mutarelli; Abusado, de Caco Barcellos; Estação Carandiru, do Dráuzio Varella e Trainspotting, de Irvine Welsh.

Em termos de quadrinhos, li bastante umas Webtoons que acho muito interessantes, elas são: My Giant Nerd Boyfriend, de Fishball; Hellper, de SAKK; Lorem Olympus, de Rachel Smythe; Aisopos, de Yangsoo Kim/DOGADO e reli alguns clássicos dos quadrinhos, como New York, do Eisner e a trilogia sobre quadrinhos do Scott McCloud. Também folheei algumas vezes o Dois irmãos, dos Gêmeos Bá e Moon e Estórias Gerais, de Wellington Srbek e Colin. Esses clássicos estão sempre na minha mesa de trabalho, leio e releio com frequência, além de usar muito como referência. Sobre música: Nine inch Nails, risos.

Desejo a todos um ano novo melhor. Saúde, paz e harmonia. Um abraço.


Ten Years (Randall Munroe) – Por Érico Assis (Tradutor e colunista)

A leitura que mais me marcou em 2020 tem só uma página – ou seja lá como você chamar uma tripa só de webcomic. Chama-se Ten Years, faz parte da série XKCD, e é uma história autobiográfica de Randall Munroe e companheira comemorando dez anos desde que ela descobriu um câncer. E se recuperou, claro. Munroe é um engenheiro, técnico, objetivo, pragmático, com uma sensibilidade artística e narrativa que a gente não costuma ver em engenheiros técnicos objetivos e pragmáticos. E essa noção de engenheiro das coisas entra no jeito como ele faz quadrinhos pra emocionar. É único.

*“Quando me mostraram o gráfico de expectativa de vida em dez anos, eu nunca achei que fosse chegar aqui. Não entendo como você casou comigo quando eu estava horrível. Mas foi muito fofo.”“Você é a pessoa mais legal que eu já conheci. Eu só queria todo o tempo que a gente pudesse ter junto.”“Bom, boas notícias: vou seguir inabalada na minha existência horrenda e inexplicável! Toma essa, biologia!”*

Você pode ler Ten Years clicando AQUI.


Blue Note: Os Últimos Dias da Lei Seca (Mathieu Mariolle e Mikaël Bourgouin) – Por Roberto Siqueira (Leitor e futuro quadrinista)

Por se tratar de algumas temática que eu adoro como, música, lutas, máfia e o período histórico em que se passa, meados dos anos 1920-1933. Período este que sempre rendeu boas histórias, sobretudo para o cinema, e é aí a grande homenagem desse quadrinho europeu para o cinema noir. Roteiro cativante do Mathieu Mariolle e Mikaël Bourgouin, apresentando duas histórias paralelas que se conectam. E a arte e cores do já citado Mikaël Bourgouin e o ponto alto do quadrinho, com uma narrativa envolvente que não deixa o leitor se perder. Uma obra para ser lida e estudada.

Blue Note: Os Últimos Dias da Lei Seca foi publicado pela editora Mythos.


Sabrina (Nick Drnaso) por Vinicius (2Quadrinhos)

“Ninguém retratou os nossos tempos tão bem quanto o Nick Drnaso”. Esta foi a frase que me ocorreu assim que eu acabei a leitura de Sabrina. Na mesma hora, olhei atrás da graphic novel para ver se não foi dali que saiu e… não. Então, por enquanto, vou atribuir a mim mesmo esta frase maravilhosa. A tal Sabrina mal aparece na HQ, na verdade a história vai mostrar as repercussões do desaparecimento da garota na vida das pessoas próximas. Sem nenhum monstro ou criatura sobrenatural, este é o quadrinho mais apavorante que li nos últimos anos.

Em Sabrina vemos como uma vida humana é transformada num suculento espetáculo para alimentar sites famintos por cliques. Além de ilustrar como este mesmo espetáculo dá força a conspiracionistas que, no Brasil, usam termos como “extrema imprensa”, entre outras sandices.

Sabrina foi publicada pela Editora Veneta.


Paracuellos (Carlos Giménez) por Ricardo Ramos

Esse foi um ano em que li bem menos do que eu queria, mas as minhas leituras deram um salto considerável de qualidade. E fico com o misto de emoções em que senti quando li Paracuellos do Carlos Giménez. A história autobiográfica dos meninos nos abrigos, chamados de Auxílio Social, faz você se sentir um deles. Você sente a angustia de estar lá, o medo das governantas, a expectativa perto da visita dos pais, a alegria de alguma brincadeira entre eles, os sonhos de cada um, a violência que sofriam… até quando sentem fome, você sente também.

E sem contar a importância histórica de apresentar para o brasileiro, que parece que esqueceu, como funcionava as ditaduras e suas mazelas. Ela em certos momentos é muito difícil e faz você engolir seco. Em alguns momentos e arranca risos. E te faz sonhar juntamente com as crianças. Que apesar de estarem vivendo o pior momento de todos, são apenas crianças. Com sonhos, brincadeiras e desejos. Foi como estar em 2020. Em 2020, nos fomos essas crianças sonhando e desejando algo melhor.

Paracuellos foi publicado pela Editora Comix Zone