Estamos em 1991! Sim, viajamos no tempo e chegamos no início da década onde a famigerada ditadura militar não pairava mais na liderança do Brasil e tínhamos um presidente escolhido por meio de votos depois de décadas de chumbo. Era a época de Collor como presidente e seu nefasto plano econômico que estava aterrorizando os brasileiros. Sim amigos, estamos em 1991!
No setor musical, felizmente, em escala mundial, 1991 foi um ano de verdadeiros tesouros. Grandes álbuns, músicas e excelentes artistas debutaram nesse ano. O tanto que ele ficou marcado como o ano que influenciou o rock em mais de duas décadas seguintes. E podemos falar não somente no rock ocorreu a evolução musical. Mas também foi o ano de despedidas. Foi o ano em que foi lançado o Innuendo, o último disco do Queen com Freddy Mercury ainda vivo. O Dire Straits lançou o On Every Street, seu último álbum de estúdio. Assim como o Pixies que lançou o Trompe le Monde, seu quarto e último álbum de estúdio.
Foi o ano em que recordes foram estabelecidos. Em novembro de 1991, Michael Jackson iniciava a lendária com o multi-produtor musical Quincy Jones e lançam Dangerous. O disco se torna o mais vendido de um artista masculino na década de 1990. O trabalho é recheado de sucessos como “Black or White”, “Jam” e “Heal the World”.
A banda Guns N’ Roses inicia a Use Your Illusion World Tour, que se tornou a maior turnê mundial da história do rock com 192 shows em 27 países. Ela iniciou justamente no Brasil, durante o Rock in Rio II, no Maracanã. A turnê era o lançamento mundial dos álbuns Use Your Illusion I e Use Your Illusion II, que tem sucessos como “Live And Let Die”, “Don’t Cry”, “November Rain”, “The Garden”, “Garden Of Eden” e “Dead Horse”.
1991 também foi o ano em que bandas e artistas se reafirmaram e lançaram seus discos de maiores sucessos, seja de crítica ou na parte financeira. A banda Motörhead, do icônico vocalista e baixista Lemmy Kilmister, lançam o disco 1916 que tem as faixas “Going to Brazil” (feita após a primeira vinda da banda ao país), “R.AM.O.N.E.S” e “1916”. É um dos trabalhos mais elogiados da banda.
O Red Hot Chili Peppers lançou o seu quinto álbum intitulado Blood Sugar Sex Magik, onde conseguiram alcançar o topo do rock mundial. Depois de saírem da EMI e assinarem com a Warner Bros. Records, o RHCP lança seu quinto álbum de estúdio. O trabalho tem produção de Rick Rubin. Com letras que tocam em temas que variam de insinuações sexuais passando por drogas e morte, luxuria e preconceitos. A mistura de funk e rock contribuiu para a ascensão do rock alternativo naquela década. Os sucessos “Give It Away”, “Under The Bridge”, “Suck My Kiss” e “Breaking the Girl” viraram hits rapidamente. Juntamente com o sucesso e reconhecimento mundial, também veio problemas ardidos como pimenta. Como brigas entre os integrantes da banda, uso excessivo de drogas e até expulsão de palco na turnê europeia.
O R.E.M. lança o álbum Out of Time, sétimo álbum da banda e recheado de sucessos que atravessam gerações: “Losing My Religion”, “Shiny Happy People” e “Country Feedback”. Graças a esse disco, o R.E.M. abocanhou três Grammy Awards no ano seguinte. A dupla sueca Roxette lança o seu terceiro trabalho de estúdio, Joyride. Que tem sucessos como “Fading Like a Flower (Every Time You Leave)”, “The Big L.”, “Spending My Time”, “Church of Your Heart” e a faixa título do álbum. O Roxette alcançou o topo dos rankings musicais em mais de 20 países.
O U2 lançou o seu sétimo álbum Achtung Baby, o disco que foi um marco para a banda. Nesse trabalho os caras propuseram a se reinventar onde substituíram a imagem de “fechados” para “descontraídos e autodepreciativos” frente ao público. Além de vender mais de 18 milhões de cópias mundialmente, o trabalho levou um Prêmio Grammy em 1993 de Melhor Performance de Rock por Duo ou Grupo com Vocais. Quem também lançou um disco icônico e até hoje celebrado pelos fãs foi o Metallica. The Black Album é considerado como a “verdadeira essência” da banda, com faixas como “The Unforgiven”, “Enter Sandman” e “Nothing Else Matters”, tornou-se no álbum de maior sucesso do grupo sendo campeão de vendas ao redor do mundo e colecionador de prêmios da música.
Em 1991, as bandas/artistas não afetaram e atingiram somente o lado musical, mas também foram importante para ditar a moda dos jovens. Estávamos nos despedindo das roupas extravagantes e coloridas da década de 1980 e abraçando a cor preta e os casacos quadriculados do grunge. Isso mesmo, era o Nirvana e a tchurma de Seatle chegando.
O Nirvana lançou o histórico Nevermind que catapultou a banda para um dos mais altos patamares do rock mundial, transformando o vocalista Kurt Cobain em ídolo da uma geração. O disco foi tão poderoso que desbancou o Dangerous de Michael Jackson (já citado aqui) do primeiro lugar das paradas da Billboard 200, no ano seguinte. Outra banda que se firmou de vez foi o Pearl Jam. O seu disco de estreia Ten marcou a trajetória da banda e apesar de ser muito celebrado por diversos clássicos como “Even Flow”, “Jeremy”, “Black” e “Alive”, o trabalho não foi um sucesso imediato, e os caras ainda foram acusados de usar o grunge para se promoverem na época. Muitas pessoas consideram o Ten como a popularização do rock alternativo no mainstream. No final das contas, o disco vendeu mais de 20 milhões de cópias no mundo e é o mais bem sucedido do Pearl Jam.
Muitas outras bandas fizeram o seu debute em 1991. Os britânicos do Blur lançaram o Leisure. Que fez sucesso apesar das pessoas não entenderem direito a proposta da banda, com seu rock baladeiro e guitarras distorcidas. Mas que nos trabalhos seguintes inspiraram muitas cenas musicais. Foi o ano que a banda Smashing Pumpkins estreiam com seu disco Gish, o álbum foi elogiado na época, mas não foi um estouro comercial, mas já pintava a proposta da banda que se consolidou nos anos seguintes.
Foi uma época que as gravadoras buscavam as chamadas “bandas de garagem”, todas buscavam um “novo Nirvana”. Na Inglaterra, o subgênero shoegaze ficou em evidência após o My Bloody Valentine lançar o seu segundo disco, intitulado Loveless. O estilo de rock alternativo foi um que cresceu muito com o grunge. E esse disco foi um dos pilares.
Vale lembrar que 1991 foi o ano em que a música eletrônica saiu do underground e se consolidou no mainstream. E um dos responsáveis foi a banda britânica Primal Scream com o seu terceiro disco chamado Screamadelica. Esse disco é considerado como um dos melhores álbuns que mudaram a música com os arranjos eletrônicos misturando com rock, blues e soul music. Fazendo a crítica especializada abrir mais os olhos para a Dance Music e o Techno, algo que muitos relutavam muito para digerir.
O 2Pacalypse Now foi o primeiro disco do rapper americano 2Pac, onde ele aborda as questões sociais enfrentadas pelos negros nos EUA, como racismo, brutalidade policial, pobreza, crimes etc. O disco não atingiu nenhum grande sucesso e por isso ficou meio que “esquecido” por todos durante anos. Somente em 1995 o disco foi certificado como Ouro, um ano antes do rapper ser assassinado.
Aqui no Brasil, como dito antes, estávamos saindo dos anos de chumbo e começando a pisar em terras que não conhecíamos em questão de liberdade de expressão. Os discos não eram mais censurados pelos militares (apesar de algumas rádios colocarem o famigerado PIII em algumas músicas ainda) para um modo em que íamos ainda nos acostumar e até mesmo torcer o nariz às vezes.
Foi o ano da despedida de Arnaldo Antunes da banda Titãs no sexto álbum Tudo ao Mesmo Tempo. A cena do hardcore melódico começava a surgir em Vitória, Espírito Santo, com a formação do Dead Fish. Foi também o ano em que o sertanejo tomaria de assalto, juntamente com o pagode e o Axé as paradas de sucesso e a TV brasileira. A dupla Sandy e Junior, respectivamente com oito e sete anos, lançaram o seu primeiro disco intitulado Aniversário do Tatu, que tem o clássico Maria Chiquinha. O disco vendeu mais de 1 milhão de cópias.
Foi também em 1991 que Zezé di Camargo & Luciano lançaram o seu primeiro disco, atingindo quase dois milhões de cópias vendidas, embalado pelo hit “É o Amor”. A cantora baiana Daniela Mercury lançou o seu primeiro disco autointitulado com o sucesso “Swing da Cor“, que tem a participação especial do Olodum. Já o pagode era representado com a estreia do Raça Negra debutando no seu primeiro disco, depois de oito anos na estrada. Você com certeza já cantarolou “Caroline”, “Chega” e “Volte Amanhã”, iniciando à era da trindade pagode/axé-music/sertanejo que invadiu as rádios populares naquela década.
O Sepultura lançou o Arise, marcando assim seu nome no metal mundial. O disco foi o primeiro da banda a conseguir uma certificação mundial, em 1992 vendeu mais de 265.000 cópias na Indonésia.
O ano musical de 1991 moldou toda a década seguinte. Mas as influências também aconteceriam em outros pontos como mídias e moda. Foi os estilos musicais iniciados em 1991 que ditaram por exemplo, as trilhas sonoras dos programas populares da TV brasileira durante a década de 90 e suas semanais brigas por audiências. Foi o ano em que pessoas foram alçadas ao ponto de estrelas mundiais do rock e algumas dessas pessoas sofreram com a pressão e algumas sucumbiram às mesmas. Mas a influência ainda está por aqui mas principalmente na cultura e registro de excelentes discos e músicas lançados.
Aqui temos uma playlist com algumas músicas que fizeram sucesso nesse ano dourado: