O terror, o medo do desconhecido e como isso é refletido numa aparente sociedade bem pacata, mas cheia de preconceitos, sempre foi um tema interessante nos mangás. Se bem trabalhado, pode conseguir um sucesso instantâneo facilmente e, quando esse acontece, vemos o surgimento de um fenômeno em tal seguimento.
Ajin é a mais nova aposta da editora Panini, num gênero que é ainda pouco explorado em terras brasileiras, e esperamos que mais obras do gênero ganhe o destaque que merecem.
A obra com roteiro de Tsuina Miura e com a arte de Gamon Sakurai, é uma obra do gênero seinen, onde o mistério é a palavra chave para o que o ele quer nos apresentar, mas que tem muito potencial e um plus: o anime foi parar no catálogo da Netflix e, apesar do conceito estranho de uma animação 3D, conseguiu angariar o seu público.
SINOPSE
Ajin são seres de aparência humana, mas que possuem uma habilidade bem peculiar: eles não morrem. Dezessete anos atrás, eles apareceram pela primeira vez em um campo de batalha na África. Desde então, mais de sua espécie são descobertos no seio da sociedade humana. Sua raridade na aparência significa que, para fins experimentais, o governo vai recompensar generosamente quem capturar um. Nos dias atuais, para que um aplicado estudante chamado Kei Nagai do ensino médio que espera ter um feriado típico de verão pra um aluno aplicado e um tanto antissocial, a sua vida está prestes a virar algo inesperado…
A HISTÓRIA
Ajin no seu primeiro volume consegue ser um mangá que sabe alternar muito bem entre o mistério, lançando mais questionamentos do que propriamente respostas no seu inicio, seguindo meio que uma fórmula do gênero, e consegue apresentar muitos elementos de ação, típicas de histórias de fuga, pois é esse o foco inicial como já disse acima; a sociedade ver tudo que não entende com muitos preconceitos, ou como algo negativo, e os Ajins nesse universo ao ponto de serem raros e de certa forma ainda incompreendidos pelos humanos, se tornam alvos de caçadas e da ganância, pois os mesmos não são tratados como serem humanos.
Os personagens principais da obra são o que o que chamaria de personagens de tons de cinza, que possuem alguns clichês, como o mal encarado diretor de uma agência governamental e sua seguidora, o velho misterioso que sabe o que está acontecendo, o psicótico caçador… Mas tem alguns que despertam nossa simpatia, principalmente Kai, o renegado amigo do Nagai Kei (a criatividade dos nomes… enfim), o único que fica ao seu lado, apesar de não ter motivos apresentados para isso.
Inicialmente não nos é mostrado quem é bom ou quem é mau, evitando muito o maniqueísmo e causando ainda mais mistérios, mas que consegue nos mostrar certa crueldade, quando focam nos personagens secundários e sua ganância, principalmente na caça ao recém descoberto Ajin.
Outra coisa que chama muita atenção é o traço, utilizando perspectivas de visão que não muito convencionais e que conseguem definir com clareza a situação vivida pelas personagens, e isso é algo muito positivo e poucos mangás conseguem oferecer este impacto. Como estamos falando de uma obra de mistério em que a premissa é não morrer, não poderiam faltar as mortes, com uma violência gráfica explicita, mas que não chega a ser gore, e que enriquece muito com os detalhes.
A Panini fez um ótimo trabalho com Ajin. A edição é semelhante às de One-Punch Man e Vagabond (com resenha feita por esse que vos fala), com orelhas e papel off-set. O título do mangá e a imagem estão em hot stamp, dando um efeito muito bacana, contrastando com o fundo escuro da capa. Além do glossário que dá um norte para algumas expressões citadas.
Ajin, além de tudo é, uma história sobre auto-conhecimento e isso fica bem evidente na jornada de Nagai. Ele não sabe em quem confiar, e tem que se virar da maneira que pode, apesar da ajuda do amigo Kai, mesmo que isso seja algo que não o leve por um melhor caminho mas, enfim, é um caminho necessário para o seu desenvolvimento como personagem e para que possa ter uma solução para os seus problemas, mesmo que sejam soluções que possam ser dolorosas.
FICHA TÉCNICA
Nome: Ajin (Vol. 1 de 8)
Publicado em: Julho de 2016
Editora: Panini
Gênero: Seinen
Autor(a): Tsuina Miura (roteiro)/Gamon Sakurai (arte)
Status: Série em andamento/ Bimestral
Número de páginas: 232 paginas (papel off-set) / Leitura Oriental
Formato: 13,7×20 cm / P&B com páginas coloridas / Lombada quadrada com orelhas
Preço de capa: R$ 17,90