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Cinema

Taika Waititi dirigirá Akira após Thor: Love and Thunder

A vindoura adaptação em live-action de Akira, que terá Taika Waititi na direção, começará as suas filmagens logo após o término das gravações de Thor: Love and Thunder, filme no qual Taika também comanda. A informação é do The Wrap.

Anteriormente, as filmagens da produção estavam programadas para começarem no final desse ano, uma vez que Akira estava previsto para estrear em 2021.

Akira é um mangá de autoria de Katsuhiro Otomo, que também dirigiu a animação japonesa lançada em 1991. No original, o protagonista é dublado por Nozomu Sasaki.

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Quando a telecinese de um jovem garoto é descoberta pelos militares, ele é levado por eles para se tornar uma super arma, cabendo a seu irmão correr para resgata-lo, antes que Manhattan seja destruída por seus poderes. Kaneda é dono de um bar em Neo-Manhattan, que fica aturdido quando seu irmão Tetsuo é abduzido pelos agentes do Governo que são liderados pelo Coronel. Desesperado para recuperar seu irmão, Kaneda se une à Ky Reed e seu movimento ilegal que pretendem revelar ao mundo o que realmente aconteceu em Nova York há 30 anos, quando ela foi destruída.

Akira não possui data de lançamento.

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Cinema

Taika Waititi é anunciado como diretor de Thor 4 | Akira é adiado indefinidamente

Segundo informações do The Hollywood Reporter, o diretor Taika Waititi foi contratado pela Marvel Studios para dirigir e roteirizar um quarto filme do Deus do Trovão.

Thor 4 será uma sequência de Thor: Ragnarok, filme de 2017.

Isso teve um custo: Akira, que estrearia em 21 de maio de 2021, com produção da Warner Bros., teve que ser colocado em pausa por choque de cronogramas entre os dois filmes.

Taika Waititi deu prioridade à produção do MCU. A Warner espera que Taika retorne o projeto de adaptação do mangá de Katsuhiro Otomo, quando o mesmo concluir seus compromissos com Thor.

Chris Hemsworth está confirmado para reprisar o papel de Thor no filme.

Antes disso, Taika Waititi vai estrear seu novo filme, Jojo Rabbit, no dia 18 de outubro, com Scarlett Johansson e ele, dirigindo e atuando.

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Anime

Otomo anuncia anime para TV do seu mangá Akira pelo estúdio de Gundam

Adaptado em animação para o cinema, em 1988, a obra máxima de Katsuhiro Otomo, Akira, finalmente terá toda a sua história contada em série da Sunrise, mesmo estúdio dos animes do universo de Gundam e Code Geass.

Segundo informações da revista nipônica Newtype, o anúncio foi feito pelo próprio autor da obra em painel na Anime Expo 2019, nos Estados Unidos.

O anime televisivo de Akira vai adaptar os 6 volumes do mangá, atualmente, publicados no Brasil pela Editora JBC.

O mangá já tinha lançado aqui no Brasil, durante os anos 1990, pela Editora Globo, em 38 edições, no formato americano, com páginas totalmente colorizadas.

Akira terá também um filme em live action, dirigido por Taika Waititi (Thor: Ragnarok), com lançamento marcado para 2021. A animação de 1988 será relançada remasterizada em 4K na próxima primavera japonesa.

Code Geass, Akira e Gundam Unicorn estão disponíveis na Netflix.

Os mangás da Editora JBC podem ser comprados na Amazon, clicando aqui.

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Cinema

Leia a descrição do Kaneda no live-action de Akira

O Discussing Film revelou a descrição de Kaneda no live-action de Akira, que será dirigido por Taika Waititi e produzido por Leonardo DiCaprio.

”Kaneda não deve ser tão legal ou muito difícil de se lidar. Ele é um menino maltrapilho que não está nem ai com nada. Sinta-se a vontade no papel do personagem divirta-se. Improvise o quanto achar necessário.”

Akira é um mangá de autoria de Katsuhiro Otomo, que também dirigiu a animação japonesa lançada em 1991. No original, o protagonista é dublado por Nozomu Sasaki.

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Quando a telecinese de um jovem garoto é descoberta pelos militares, ele é levado por eles para se tornar uma super arma, cabendo a seu irmão correr para resgata-lo, antes que Manhattan seja destruída por seus poderes. Kaneda é dono de um bar em Neo-Manhattan, que fica aturdido quando seu irmão Tetsuo é abduzido pelos agentes do Governo que são liderados pelo Coronel. Desesperado para recuperar seu irmão, Kaneda se une à Ky Reed e seu movimento ilegal que pretendem revelar ao mundo o que realmente aconteceu em Nova York há 30 anos, quando ela foi destruída.

Akira estreia em 21 de Maio de 2021.

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Cinema

Live-action americano de Akira ganha data de lançamento

Foi confirmado através do Deadline, a data de lançamento da versão em live-action americana de Akira.

Dirigido por Taika Waititi e produzido por Leonardo DiCaprio, o filme estreia em 21 de Maio de 2021 em todos os cinemas mundiais.

Akira é um mangá de autoria de Katsuhiro Otomo, que também dirigiu a animação japonesa lançada em 1991. No original, o protagonista é dublado por Nozomu Sasaki.

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Quando a telecinese de um jovem garoto é descoberta pelos militares, ele é levado por eles para se tornar uma super arma, cabendo a seu irmão correr para resgata-lo, antes que Manhattan seja destruída por seus poderes. Kaneda é dono de um bar em Neo-Manhattan, que fica aturdido quando seu irmão Tetsuo é abduzido pelos agentes do Governo que são liderados pelo Coronel. Desesperado para recuperar seu irmão, Kaneda se une à Ky Reed e seu movimento ilegal que pretendem revelar ao mundo o que realmente aconteceu em Nova York há 30 anos, quando ela foi destruída.

Para futuras informações a respeito de Akira, fique ligado aqui, na Torre de Vigilância.

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Cinema

Live-action de Akira dirigido por Taika Waititi começará a ser gravado em Julho

Dirigido por Taika Waititi e produzido por Leonardo DiCaprio, a adaptação cinematográfica de Akira começará a ser gravado em julho de ano, em Los Angeles. A informação foi dada através do Discussing Film.

Akira é um mangá de autoria de Katsuhiro Otomo, que também dirigiu a animação japonesa lançada em 1991. No original, o protagonista é dublado por Nozomu Sasaki.

Quando a telecinese de um jovem garoto é descoberta pelos militares, ele é levado por eles para se tornar uma super arma, cabendo a seu irmão correr para resgata-lo, antes que Manhattan seja destruída por seus poderes. Kaneda é dono de um bar em Neo-Manhattan, que fica aturdido quando seu irmão Tetsuo é abduzido pelos agentes do Governo que são liderados pelo Coronel. Desesperado para recuperar seu irmão, Kaneda se une à Ky Reed e seu movimento ilegal que pretendem revelar ao mundo o que realmente aconteceu em Nova York há 30 anos, quando ela foi destruída.

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Kaneda acredita que as teorias deles são ridículas, mas depois de encarar seu irmão novamente, fica chocado quando ele exibe seus poderes telecinéticos. Ky acredita que Tetsuo está indo libertar um garotinho. Akira, que assumiu o controle da mente de Tetsuo. Kaneda enfrenta as tropas do Coronel à sua maneira para impedir que Tetsuo liberte Akira, mas chega tarde demais. Akira rapidamente foge de sua prisão graças a Tetsuo, enquanto Kaneda corre para salvar seu irmão antes que Akira destrua a ilha de Manhattan novamente, assim como ele fez trinta anos atrás.

Akira será lançado entre 2020 e 2021.

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Cinema

Produzido por DiCaprio e dirigido por Waititi, live action de Akira ganha a sua primeira sinopse

Dirigido por Taika Waititi e produzido por Leonardo DiCaprio, a adaptação cinematográfica de Akira ganhou a sua primeira sinopse oficial que você pode ler logo abaixo.

Akira é um mangá de autoria de Katsuhiro Otomo, que também dirigiu a animação japonesa lançada em 1991. No original, o protagonista é dublado por Nozomu Sasaki.

Quando a telecinese de um jovem garoto é descoberta pelos militares, ele é levado por eles para se tornar uma super arma, cabendo a seu irmão correr para resgata-lo, antes que Manhattan seja destruída por seus poderes. Kaneda é dono de um bar em Neo-Manhattan, que fica aturdido quando seu irmão Tetsuo é abduzido pelos agentes do Governo que são liderados pelo Coronel. Desesperado para recuperar seu irmão, Kaneda se une à Ky Reed e seu movimento ilegal que pretendem revelar ao mundo o que realmente aconteceu em Nova York há 30 anos, quando ela foi destruída.

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Kaneda acredita que as teorias deles são ridículas, mas depois de encarar seu irmão novamente, fica chocado quando ele exibe seus poderes telecinéticos. Ky acredita que Tetsuo está indo libertar um garotinho. Akira, que assumiu o controle da mente de Tetsuo. Kaneda enfrenta as tropas do Coronel à sua maneira para impedir que Tetsuo liberte Akira, mas chega tarde demais. Akira rapidamente foge de sua prisão graças a Tetsuo, enquanto Kaneda corre para salvar seu irmão antes que Akira destrua a ilha de Manhattan novamente, assim como ele fez trinta anos atrás.

Akira será lançado entre 2020 e 2021.

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Cultura Japonesa Quadrinhos Torre Entrevista

Torre Entrevista | Steve Oliff

Nesta semana de aniversário de Akira, aqui na Torre esmiuçamos a versão brasileira do mangá. Mas uma particularidade ainda carecia de maiores explicações: As cores. Steve Oliff, possivelmente o mais famoso colorista dos quadrinhos também foi o primeiro a colorir digitalmente uma HQ, exatamente em Akira. Para falar mais sobre o assunto, conversamos com ele que, diretamente da Califórnia, nos contou seu lado sobre os bastidores de um dos seus mais famosos trabalhos e explica por que tantos leitores até hoje preferem sua versão colorida pela Marvel/Epic à obra original de Katsuhiro Otomo.

Akira foi o primeiro mangá de muitos leitores. A primeira pergunta é simples: Você teve algum contato com mangá, seja como leitor ou colorista antes de Akira?

Não. Resposta simples [risos]. Havia pouquíssimos mangás naquela época disponíveis por aqui quando comecei a colorir Akira.

Quando Archie Goodwin o indicou para ser o colorista de Akira, você já era um candidato ou nem sabia sobre essa publicação?

Ele [Archie] me pediu para fazer algumas páginas de teste. Eu já estava na Marvel desde 1978 e eles procuravam alguém para fazer essa nova HQ que seria longa. Me mandaram 4 páginas e fiz algumas amostras. Mas algo sobre Akira me chamou atenção de que parecia ser um trabalho importante. Então me empenhei muito no meu guia de cores e amostras para ver se eu conseguia a vaga, e as minhas foram escolhidas.

Durante esse processo, [Katsuhiro] Otomo viajou aos Estados Unidos e ficou uns dias por aí…

Sim, ele viajou!

E quanto tempo você trabalhou pessoalmente com ele?

No início, o que aconteceu quando eu recebi a autorização para continuar com o trabalho, fui até Nova York para conhecer os editores e o Otomo. Um amigo meu tinha aqueles volumes grossos em preto e branco, acho que eram os volumes 1 e 2, e um amigo dele falava japonês e traduziu esses volumes para ele! Os peguei emprestado já traduzidos e durante o voo da Califórnia para Nova York eu li o primeiro antes mesmo de me encontrar com a equipe. Passamos de algumas horas para até um dia ou dois em reunião. Depois de estabelecer contato, voltei para casa e comecei a minha parte para valer.

Steve Oliff (agachado na ponta esquerda) e Katsuhiro Otomo (em pé na ponta direita) com convidados em um dos encontros (Reprodução: youtube.com)

Ainda sobre o Katsuhiro, ele passou alguns dias nos EUA e, pelo que dizem, falava inglês muito bem…

Posso acrescentar algo? Quando fomos ao hotel e discutimos sobre as páginas, ele parecia que não falava muito inglês. Depois fomos a um sushi bar e foi a primeira vez que comi sushi. Após relaxarmos um pouco e dizer que fui aceito na equipe ele se soltou e falou muito mais!

Quais eram as maiores preocupações dele sobre esse processo de cores?

Se eu seria capaz de contar a história com as cores, pois haveriam transições evidentes e como o ritmo da história, uma vez que era uma longa história, não seria a afetado e [as cores] não seriam um problema e sim uma contribuição para a narrativa.

Os Japoneses são conhecidos por trabalhar muito. Os mangakás mais conhecidos têm 5 ou 6 assistentes para desenhar junto com eles e nesse processo chegam a produzir 20 páginas por semana…

Otomo desenha mais sozinho. Ele tinha alguns assistentes, mas quando o visitei no Japão e pude ver como era sua produção, às vezes até seus editores o ajudavam, passando a noite preenchendo a arte-final dos cenários e fazendo o letreiramento dos balões para que ele pudesse cumprir os prazos.

E sobre a cores. Qual era a média de tempo que se levava para terminar uma página?

Não é exato pois houve dois processos. O que aconteceu com Akira foi que ele seria adaptado para as HQs da Marvel, que são quadrinhos com cores mais vivas e chapadas. Fizemos alguns testes para o guia de cores, porque era minha função na época. Feito isso, eu enviava as páginas junto com um sistema numérico para Connecticut. Lá, avaliavam o que eu fiz, que era compatível a um sistema equivalente a 64 cores diferentes. Fizemos alguns testes, mas ninguém ficou satisfeito com o resultado. Então lembrei de um amigo que tinha um programa de cores para computador e sugeri à Marvel se poderíamos usar um sistema digital, que me daria a possibilidade de usar milhões de cores ao invés das 64 anteriores. Eles aceitaram e, na História das HQs pelo que sei, com exceção de alguns casos isolados como Richard Corben que faz suas próprias seleções, foi a primeira vez que o artista do guia de cores também foi o selecionador. Esses eram dois processos distintos.

O projeto durou de 1988 até 1996. Quando o Katsuhiro voltou ao Japão, como funcionou o processo de edicão da HQ?

O equivalente ao primeiro volume original de Akira, que tinha umas 300 páginas, ele me mandava em fotocópias alguns “mini-guias de cores”. Nada muito específico ou que eu era obrigado a seguir à risca, mas para mostrar as ideias que ele tinha. E então eu já com papeis de qualidade superior, usava airbrush, caneta hidrográfica, guache e outros artifícios e os mandava ao Japão para ele olhar como ficou. Após sua aprovação, ele mandava de volta para nós e aí começava o processo por computador. Foi dessa forma até ao número 6 da edição Norte-americana. Depois disso, ele disse: “Está bem, você entendeu o que queremos por aqui” e eu não precisava mais mandar meu guia de cores ao Japão.

Exemplo de página de Akira colorida à mão por Oliff (Reprodução: Twitter.com)

Então os guias viajavam o mundo?

Sim, pelas primeiras seis edições da Epic. Outro fator no começo da produção foi que eu não tinha uma impressora ou scanner. Apenas a máquina para guia de cores. Kenny Giordano escaneou todas as páginas, me mandava em disquetes para eu colorir no processo digital. Eu devolvia dos disquetes para Kenny, ele imprimia as provas de impressão e as enviava para a Marvel. Aqui na Califórnia nós não tínhamos visto estas provas. Só víamos o a versão final impressa. Isso só mudou à partir da edição 11 quando no nosso estúdio chegou uma impressora Mitsubishi G650-10 e nos deu a chance de marcar as cores por conta própria. Antes disso, estávamos completamente cegos. Se cometêssemos algum erro, não saberíamos até ver a versão final impressa.

Um elemento importante foi quando a publicação entrou em hiato na época que Katsuhiro foi trabalhar em outros projetos…

Foi pela edição 33 da versão da Epic.

Aqui no Brasil Akira só voltou em 1997, após muita preocupação por parte dos leitores da HQ de ela ficar incompleta por aqui. Mas por parte da Marvel, esse medo também foi real?

Sim. Não estávamos seguros que Otomo retornaria, mesmo que já tínhamos ido tão longe. Na época, o mercado estava mudando, com a Image Comics surgindo com Spawn, The Maxx, Savage Dragon e toda a equipe que criei para mexer com Akira saiu da minha companhia para outras empresas. Então tive que recomeçar com uma nova equipe para as últimas edições e, infelizmente, o resultado não foi bem o que eu queria. A edição 32, que é minha favorita de toda a série, eu tinha a melhor equipe que treinei desde o começo e foi muito satisfatório, falando tecnica e artisticamente. Para as últimas edições, só pudemos mexer com elas quando ele [Katsuhiro] as mandou revisadas e até redesenhadas para nós.

Página de Akira nº 32. Marvel/Epic Comics. Abril de 1992.

Sobre seu estúdio, hoje as páginas são coloridas usando Photoshop. Na época de Akira, apesar do programa que vocês usavam, era diferente. O quanto você acha que a forma com que as páginas de quadrinhos feitas hoje, seu estúdio Olyoptics tem influência?

O que tínhamos era um software muito primitivo chamado Kaleidoscope, depois chamado de sistema Codd/Barrett e não chegava perto do poder do Photoshop. Como analogia, o que usávamos era como um carro de três marchas e câmbio manual. Photoshop é uma Ferrari ou Maseratti. Tínhamos que achar formas de compensar as limitações de nosso software com a criatividade de nossas escolhas. Quando começou a era digital muitos não tinham a expertise e nós já estávamos calejados. Desenvolvemos um novo estilo de coloração chamado The Cut Color. Com o Photoshop e bitmap, nosso software foi fragmentado. Tínhamos que saber a representação numérica que cada cor tinha porque era necessário saber se o que era apresentado em nossos monitores casava com o sistema CMYK. Quando se pintava com Photoshop no começo muitos se maravilham com as cores na tela, mas não entendiam as diferenças do sistema RGB do monitor com o CMYK que ia para a impressão final. Sei que é uma explicação bem técnica, mas esse era nosso diferencial.

Todos sabem que o processo de cores de Akira tinha o aval do seu autor. Há fãs que não gostam quando uma obra é modificada dessa forma, quando é colorida ou descolorida. O que acha dessa situação?

Quando a Marvel veio até mim falar de Akira, sendo este seu primeiro mangá, eles estavam convictos de que o público norte-americano não estava pronto para o material em preto e branco. Então vi que meu trabalho de colorir Akira era de comunicar com o autor e tentar o meu melhor em entregar uma versão colorida digna da história. Na Olyoptics pensamos que quanto melhor se desenha, melhor colorimos, e o traço de Otomo é fabuloso. Sempre tentávamos nosso melhor. Eu respeito quem prefere a obra original, mas para mim se o espírito essencial da obra está lá preservado mesmo que a colorindo, acho que não há nada errado nisso. Eu prefiro a versão colorida à preto e branco. A versão original é linda mas acho que as cores deram uma dimensão extra à forma de contar a história. Porque eu sempre considerei cores uma “trilha sonora silenciosa”. Vou contar a você um segredo: Quando colori Akira, eu tinha um estúdio com poucas pessoas e muito espaço. Então peguei 56 páginas, o que equivalia a uma edição da Epic, as coloquei no chão em ordem e observei cada segmento da história, cada parte e corte e o que vi é que precisávamos de “cores de cena” para determinados personagens. Quando mudava de um personagem para outro havia uma mudança de cores que, você pode não perceber, mas nosso subconsciente capta que a história está mudando. E dessa forma nós narrávamos a trama usando as cores.

Em 2012, a Norma Editorial lançou na Espanha uma caixa celebrando os 30 anos de Akira. Essa versão era colorida. Você soube ou teve algum envolvimento nesse projeto?

Não. Ninguém nunca sequer me disse sobre as versões internacionais de Akira, apenas as da Marvel. Cheguei a ver somente uma edição alemã.

Versão alemã de Akira (Reprodução: Abebooks.com)

Já nos EUA agora em 2017 será lançada uma caixa parecida para os 35 anos de Akira…

Essa será em preto e branco. Porque eles teriam que usar os filmes que usamos para impressão e eu não tenho certeza se esse material sobreviveu na Marvel. Entretanto, eles levaram os filmes para França, Espanha, Brasil… por isso, em outros países há cópias desses filmes e há a possibilidade de eles terem os conservado melhor do que a Marvel fez.

Caixa comemorativa de 35 anos de Akira sem as cores de Oliff. Kodansha Comics. 2017 (Reprodução: Amazon.com.br)

Em vários casos, as cores precisam ser restauradas ou refeitas em novas edições. Como você mesmo fez no Thor por Walter Simonson e Miracleman. Além do processo digital, o que você acha que fez as cores de Akira serem tão atuais até hoje?

Você chegou a ver algum dos meus guias de cores originais?

Sim! Em Felixcomicart!

Isso. Eu vendi alguns por lá! Pois bem: Os guias foram tratados como arte totalmente pintada e renderizada. Colori esses guias junto com meus assistentes então passamos aos responsáveis pelo processo digital e esse trabalho era de casar todos os artifícios que tínhamos feito manualmente. Depois eram feitas provas de impressão já que nessa época, como disse, tínhamos uma impressora Mitsubishi G-650, então eu sabia que as provas de impressão iam sair bem. Sabia que ia “traduzir” bem. No final, atuei como um diretor de arte passando pelo processo de pintura, impressão e revisando para ver o que precisava ser consertado. Ainda tenho algumas daquelas provas de impressão com notas nas margens dizendo o que era preciso ser feito. Por todo esse esquema, éramos uma equipe rigorosa como nunca se havia antes visto na indústria dos quadrinhos.

Impressora Mitsubishi G650-10 igual àquela usada por Oliff (Reprodução: PC Magazine nº7. Março de 1988)

Os Estados Estados Unidos ainda é um país muito fechado em sua própria cultura. Há, por exemplo, versões estadunidenses de filmes em língua estrangeira ou até de produções britânicas porque não é comum nos EUA o público consumir produtos dublados ou legendados. No Japão, de certa forma é parecido: Há personagens da Marvel e DC que foram adaptados ao mangá. Por que você acha que Akira uniu esses dois mundos e ainda por cima fez sucesso no resto do planeta?

Pelo meu histórico na indústria, recordo que a cultura Japonesa foi introduzida aos quadrinhos norte-americanos após a Segunda Guerra Mundial com a ocupação do país pelos EUA (1945-1952). Os soldados, que eram representados em HQs, também levaram quadrinhos para lá e os japoneses adoravam. Mas, por sua economia estar sofrendo com o pós-guerra, eles não tinham capital para investir em impressões em cores e todo o estilo em preto e branco foi desenvolvido a partir daí. Portanto, o desenvolvimento cultural com quadrinhos foi diferente com o que acontecia nos EUA. Nesse cruzamento de culturas eu sei que, por exemplo, foi publicado um mangá do Homem-Aranha e dessa vez em preto e branco. Tanto aqui quanto lá em seu estilo de publicação e traço. Akira era especial por duas razões: 1 – Por trazer o conceito de narrativa do mangá aos EUA. 2 – A sua versão animada era um passo adiante em seu meio e isso mudou como a audiência por aqui pensava sobre anime e esse assunto. Muitas pessoas que vêm até mim em convenções de quadrinhos sabem que fiz Akira e várias não sabem sobre a versão em quadrinhos, somente a animação. Então, Akira inovou em dois níveis: Na questão do anime e na forma de colorir mangá. Entre essas duas formas, mudou como a audiência daqui pensava sobre anime e mangá.

Influência estadunidense nos mangás (Reprodução: Gijoecomicsinternational.com)

O quanto a versão animada influenciou nas cores do mangá?

Um pouco. O que houve foi que, quando consegui o emprego, Otomo já estava bem adiante no desenvolvimento da animação. Então o que ele me mandou foi uma série slides com frames destaVendo isso e os guias de cores eu poderia escolher minhas cores para a versão da Marvel/Epic. Era uma referência, então não foram trabalhos isolados. A animação influenciou o mangá.

Amostra de Slide da animação de Akira (Reprodução: pinterest.com)

Mas apesar do sucesso de Akira, por que você acha que nunca mais teve um projeto como esse pela Marvel ou nenhuma outra editora? Por exemplo, a Dark Horse lançou vários mangás nos Estados Unidos inicialmente com formato similar: Número reduzido de páginas, formato americano, leitura ocidental… mas não em cores.

Bem… uma vez que Akira saiu, este tinha sua individualidade. Ele abriu o caminho para o mangá e materiais em preto e branco, como Lobo Solitário e similares. Editoras, como a Dark Horse, viram que nem todos poderiam colorir tão bem como nós fizemos. Isso sem falar dos custos de produção. Então produziram em preto e branco para poupar investimento e também para dar aos leitores a sensação de como é o mangá em sua forma natural. Foi uma combinação, mas acho que Akira mostrou às pessoas todo esse universo do mangá poderia ser apreciado nos EUA. Além disso, houve uma explosão de quadrinhos em preto e branco e influenciados pelo estilo por aqui, como As Tartarugas Ninja. Isso ajudou ao mercado daqui a aceitar os quadrinhos em preto e branco.

Em 2016 uma caixa similar à versão espanhola também foi lançada na Alemanha. Em cores, esta edição ainda está disponível e custa ‎€199,00.

Semanas após a entrevista, enviei 4 edições de Akira da Globo junto com um exemplar de Astronauta – Magnetar (cores da Cris Peter) a Oliff pelos correios. Nunca soube se chegou a seu destino final, mas se sim, espero que ele tenha gostado. Oliff também me informou o desejo de vir ao Brasil em alguma convenção. Espero que essa entrevista chegue à alguma organização de evento sobre HQs e pensem no assunto.

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Grande Império Akira

O história vista pelo lado brasileiro do mangá que conquistou inclusive os leitores que queriam detestá-lo. 

Em 20 de dezembro de 1982, o primeiro capítulo de um dos mangás mais famosos do planeta foi publicado em seu país de origem. A obra nipônica rendeu muito mais que o reconhecimento de seu autor: Akira é um mangá que atende até quem não gosta desse estilo. O reconhecimento é tanto que Katsuhiro Otomo se tornou o primeiro autor japonês de quadrinhos a ser agraciado com o Grand Prix de AngoulêmeMas a França é um país que trata as HQs de uma forma muito mais respeitosa. Por lá, quadrinhos são assunto até em revistas de fofoca. E no Brasil? Como deu certo num mercado que quase não tinha leitores de mangá e até hoje tem vários colecionadores que repudiam essa escola da nona arte? A resposta é longa.

A Estrada

Não gosto de chegar a esse ponto, mas desta vez se faz necessário: Meu depoimento pessoal sobre minha relação com uma história em quadrinhos.

Lembro exatamente a primeira vez que ouvi falar de Akira: Na semana que precedeu o sábado de 8 de abril de 2000, data que o Cine Band exibiu a animação. Passou foi muito tarde, não aguentei e fui dormir antes do fim, ainda mais porque estava compromissado com o desfile de aniversário da minha cidade natal que aconteceria exatamente no dia seguinte. Não reclamei de ter que acordar cedo naquele domingo, mesmo que 9 de abril sempre era feriado. Eu ainda estava extasiado pelo (pouco) que tinha visto de Akira na noite anterior. Explicando: Eu era um garoto com ainda 10 anos incompletos, não tinha visto até então algo tão absurdo mesmo já tendo experimentado os animes que passavam na já finada Rede Manchete. Aquilo realmente chamou minha atenção.

No mesmo ano, numa data que não lembro exatamente, encontrei uma edição do mangá em Santos. Era o nº 8 publicado pela editora Globo. Depois de certa insistência, convenci minha mãe a pagar os R$4,00 que o jornaleiro queria. Ouvi ela reclamando até o fim da viagem de volta para casa, mas valeu a pena.

Assim como na minha introdução à animação, meu início no mangá de Akira foi fragmentado. Li uma edição aqui, outra ali… mas cada capítulo se juntava como um quebra-cabeças e eu lembrava exatamente cada edição e as reunia mentalmente à medida que ia lendo-as.  Ainda em 2000, achei uma cópia do VHS mofando em uma locadora. Aluguei dois dias depois pagando R$1,50 pelo serviço.

VHS de Akira lançado no Brasil pela Europa Home Video (Reprodução: mercadolivre.com.br)

E esse artigo é exatamente para isso: Juntar as peças sobre a história de publicação do primeiro mangá que eu e muitos colecionadores de HQ leram. No Brasil e fora dele.


O Despertar

A versão de Akira mais conhecida pelos leitores brasileiros espelha-se na edição norte-americana, que foi lançada em agosto de 1988 pelo selo Epic, uma divisória da Marvel Comics fundada em 1982 e capitaneada por Jim Shooter e Archie Goodwin. Oriunda da publicação Epic Illustrated, o selo visava dar maior autonomia aos seus colaboradores e publicar obras mais adultas, nacionais e internacionais. Sem maior fiscalização do Comics Code Authority, essa foi a chance de ouro para sair (ou entrar) no papel HQs que se tornariam clássicos com republicações até hoje: Elektra AssassinaElektra Vive, Legião Alien e Dreadstar, de Jim Starlin, este o primeiro título publicado pelo selo na data de novembro de 1982. Buscando essa diferenciação, os lançamentos da Epic eram publicados em edições em melhor qualidade comparadas às mensais tradicionais da Marvel.

Assim, a Marvel introduziu no (até então) fechado e conservador mercado norte-americano materiais de Alejandro Jodorowski (O Incal) e Moebius (A Garagem Hermética). Curiosamente, essa conexão entre o velho e o novo mundo gerou um posterior intercâmbio e, pelo mesmo selo, Moebius publicou Surfista Prateado – Parábola. Faltava então o oriente. O Japão já levava algumas animações aos cinemas de todo o mundo, mas mangás eram uma raridade. Juntando as duas mídias, o escolhido foi Katsuhiro Otomo. Com um longa em animação batendo na porta dos cinemas, a obra escolhida (claro) foi Akira, que por sua vez foi toda impressa em papel off-set, lombada quadrada e preço de capa no valor de U$3,50, chegando às lojas especializadas em agosto de 1988, mês seguinte à estreia do filme nos cinemas.

Peça publicitária para o lançamento de Akira pela Epic Comics (Reprodução: pinterest.com)

Guerra de Gangues

O tratamento diferenciado dado às HQs lá fora mudou inclusive o nosso mercado, fazendo a Editora Abril lançar seus selos de Graphic Novel, Graphic Album e Minissérie de Luxo à partir de 1988. Se tornou constante a publicação com acabamentos nesse padrão, que até então raramente se via nas bancas brasileiras. A primeira referência sobre a publicação de Akira do Brasil partiu da própria Abril, que na seção de cartas da HQ Homem-Aranha nº69 de março 1989, a editora Sadika Osmann anuncia o título junto com outros que estavam por vir. Por algum motivo desconhecido, essa foi a única HQ da lista a não ser publicada pela então editora de Victor Civita.

Seção de cartas de Homem-Aranha nº69. Editora Abril. Março de 1989. Em destaque, o anúncio do lançamento de Akira que não aconteceu.

Veio então a Editora Globo, que publicou outros títulos da Epic antes e depois de Akira. A Guerra de Luz e Sombras, Moonshadow e O Último Americano são alguns exemplos. Todos seguiram o padrão de luxo adotado pela editora concorrente.

Com os direitos de Akira, a Globo explorou de diversas formas a divulgação do material. Com base em um briefing desenvolvido pelos editores da Globo, um vídeo de propaganda da HQ era exibido como uma espécie de Trailer no vídeo VHS da animação e nos intervalos comerciais de emissoras de televisão:

https://www.youtube.com/watch?v=k41tuoL1FTs

Pôsteres gigantes foram pendurados nas bancas brasileiras. Um padrão para as publicações da Globo na época era que as 6 primeiras edições terem essa forma de divulgação, mas como se confirma pelas imagens, os cartazes de Akira foram bem além:

Cartazes de banca. Contribuição do colecionador William Shibuya

Propagandas de Akira eram estampadas em vários produtos da Globo, inclusive HQs de estilo totalmente oposto como Tex. Neste título, a propaganda de Akira apareceu pela primeira vez na edição 261 e estampou a contracapa ininterruptamente do número 268 até o 273, sendo interrompida na edição 274 para uma propaganda de Sandman e voltando pela última vez no número 275.

Akira como propaganda de Tex Nº261. Julho de 1991

Além disso, uma festa de lançamento do mangá foi realizada no Hotel Nikkey, situado no bairro da Liberdade, reduto asiático no centro da cidade de São Paulo. Após tanto investimento, a primeira edição veio às bancas em dezembro de 1990 com o preço de capa de Cr$350,00, equivalente a R$18,04 na cotação de 2017.

Imperador do caos

Como em várias mídias, os quadrinhos também sofrem muito preconceito. No Brasil não é diferente: Até os dias atuais há leitores que instantaneamente não gostam de Fumetti, Bande Dessinée, Manhwa, Quadrinhos nacionais e… mangá. É comum ver leitores que não gostam de determinada escola de narrativa gráfica simplesmente por não gostar. Se hoje as coisas são dessa forma, quase 30 anos atras era ainda pior.

Assim, a Globo decidiu publicar Akira no Brasil seguindo os padrões da edição estadunidense. Nosso primeiro Akira tinha cerca de 68 páginas por volume publicadas em formato americano. “A série AKIRA sempre foi tratada como uma série de luxo e, por este motivo, desde o início, o projeto foi concebido para ter um acabamento gráfico diferenciado. Em vez do couchê, que era um papel muito caro naquele período, optamos por um papel chamado LWC. Seminobre, mas melhor do que o papel adotado nas revistas em quadrinhos comuns”, afirma Leandro del Manto, editor do mangá pela Globo. As edições (assim como as da Epic) eram coloridas por Steve Oliff, escolhido pelo editor Archie Goodwin para a tarefa, já que publicar a obra em preto e branco como no original era um risco grande. Até a tradução seguiu esse padrão, já que as edições da Globo foram traduzidas do inglês e continham muitos palavrões e linguagem coloquial. A diferença de linguajar foi escolhida graças à ser um título destinado ao público adulto.

Mas, um detalhe foi diferente: As capas. Estas foram feitas no Brasil. As capas da edição Epic foram consideradas pouco atraentes pela Globo e no começo gostariam de ter publicado como a versão de luxo japonesa, porém na época estas não se adequavam por conter imagens que seriam censuradas. Com isso, a solução proposta foi de fazer suas próprias capas. O logo na vertical foi uma referência à forma japonesa de leitura, apesar de, como nos EUA formato adotado ser o sentido ocidental. O design foi inspirado pela edição espanhola de Akira.

Exemplo de capa da versão espanhola (reprodução: todocolleccion.net)

O responsável foi José Moreno Capucci e do diretor de arte Helcio Pinna de Deus. O Capista era Kim Oluf Jorgensen. Nesta época, ele lembra que “Recebia uma montagem em xerox e uma indicação de colemetria em tamanho 1 por 1, tamanho da capa final. No caso da primeira capa me chamaram para fazer apenas esta, por problemas com a chegada dos fotolitos dos Estados unidos. Portanto, fiz a primeira capa nesta proporção. O desenho eu passava para papel Scheller poroso, usando mesa de luz e uma lapiseira com grafite duro sem marcar o papel. Montava a folha numa placa de madeira com fita crepe, para evitar que o papel enrugasse ao pintar. Poderia ter usado papel premontado da scheller, mas precisava de algumas das características mais frágeis da folha. Preparava uma base com tintas acrílicas, dos tons mais claros da ilustração, para revelar o brilho com pincel e água, lavando a camada de guache e tirado excesso de água com um rolo de papel toalha. Resultava num resultado mais poroso”.

O trabalho feito na confecção das capas foi bem mais minucioso: “Brilhos menores recebiam um tratamento com lápis de borracha; A pintura geral era feita com aerografia tradicional, máscaras de Friskfilm; As tintas eram guache, acrília, ecoline e aquarella para filetar os traços. Achava que aquarella me dava uma resistência que combinava mais comigo. Depois que ficou determinado que faria as demais capas passei a fazer as ilustrações maiores. A minha capa favorita deveria ser a primeira, por ser aquela que abriu portas para mim por toda a minha carreira, mas como fiz no tamanho 1 por 1, passei a gostar mais de outras. Olhando para trás… realmente gosto das capas e eu estou entre a número 10 e/ou 21″ acrescenta o capista, que acabou ficando até a edição 25.  Capucci continuou sozinho com o design das capas até a edição 33 com eventual ajuda de outros profissionais.
Akira 10 e 21: As capas favoritas de Kim Jorgensen

Akira teve uma venda constante nas bancas brasileiras. Cerca de 7.000 exemplares eram vendidos todos os meses e era um valor satisfatório para a época levando em consideração o tratamento escolhido e preço mais caro. A publicação ocorreu mensalmente sem muitos obstáculos. Em novembro de 1992 as distribuidoras de materiais às bancas entraram em greve e várias cidades ficaram sem receber o volume 23, mas fora isso, tudo ia bem. A situação mudou na edição 33, lançada em setembro de 1993 quando após essa, assim como na trama original, Akira desapareceu em um longo período de hibernação.

Em meio às ruínas

Outubro de 1993. Quem foi às bancas atrás da edição 34 de Akira, não a encontrou. Era uma época diferente, não havia como ter tanta informação. Vários leitores brasileiros não sabiam que, há mais de um ano da data descrita, quem ficou sem entender o que estava acontecendo eram os leitores dos Estados Unidos mesmo com a série já ter se encerrado no Japão em junho de 1990.

A paralisação foi global. O pai de Akira deixou de supervisionar sua obra para trabalhar em outros projetos. Nesse período, Otomo dirigiu os filmes World Apartment Horror (1991), Memories (1995) e Steamboy, esse último que só estrearia nos cinemas em 2004. Otomo fez poucas HQ nessa época, sendo a mais famosa uma curta para a coletânea Batman Preto e Branco.

Batman por Katsuhiro Otomo. Tradução/adaptação feita por Mary Jo Duffy, mesma pessoa que realizou este trabalho em Akira (Reprodução: pinterest.com)

Uma particularidade do mercado editorial japonês é a rigorosa supervisão que fazem em todas as versões de seus mangás ao redor do mundo. Quase todas as editoras japonesas exigem receber inclusive uma cópia física de cada volume independente de onde é publicado até os dias atuais. Até a Marvel sofreu com isso: A tradução da obra era feita no Japão por funcionárias da Kodansha, que enviavam o texto aos EUA para a editora Mary Jo Duffy adaptá-lo para os padrões norte-americanos. Feito isso, o texto era introduzido nas provas de impressão já com os balões pré estabelecidos pela Kodansha e Otomo e enviados novamente ao Japão. Depois, passava por mais um processo de aprovação para só assim ir para a fase de colorização digital realizada por Oliff em seu estúdio Olyoptics. Somado a isso, vinha o perfeccionismo de Otomo em querer redesenhar algumas páginas do mangá para esta nova versão. Todo o processo de idas e vindas era feito por serviço postal e até hoje vários mangás são produzidos assim para sua versão em outras partes do mundo.

Sem esse serviço, Akira entrou em hiato. Apesar do contrato em vigor, a Globo ficou impossibilitada de continuar. Segundo Del Manto, “O contrato foi feito uma vez com a Kondansha e a interrupção ocorreu por causa da falta de material disponível para a reprodução. Quando esse problema foi resolvido, a Kodansha propôs uma extensão do contrato para o término da publicação. Houve o risco da série não ser mais publicada porque não existia uma definição de quando haveria mais material para licenciamento.” Ainda de acordo com o editor, um fato que por muitos anos foi tratado como lenda urbana é verdade: Uma reclamação no Procon foi feita por um leitor exigindo o prosseguimento da publicação. Mas, como explicado, esse não foi o motivo da Globo ter retomado Akira de onde parou.

Akira está de Volta!

Desfeito o imbróglio, Akira voltou aos EUA em outubro de 1995. No Brasil, a edição 34 só chegou em dezembro de 1997. A editora publicou na segunda página da edição brasileira um comunicado explicando o que havia acontecido:

Mesmo com o plano real já em vigor, o valor de capa ainda era alto para a época: R$7,00. Corrigido pela inflação, era aproximadamente R$32,00. Esse é apontado como um dos fatores para as edições de 34 em diante serem as mais raras da coleção brasileira, sendo vendidas por valores que, ainda em 2017, chegam a R$100,00 por exemplar. Del Manto, que voltou a editar Akira em seu retorno às bancas brasileiras, ainda diz que “Por causa das crises econômicas que assolaram o país durante o tempo em que a série ficou interrompida, as tiragens e as vendas dos quadrinhos tiveram de ser adequadas ao novo momento do mercado de revistas. As tiragens de todas as revistas diminuíram. Por causa disso, os preços de capa ficavam mais elevados. Quando menor a tiragem de uma revista, maior é o preço de capa.”

Akira teve sua derradeira edição publicada em março de 1998 no Brasil, totalizando 38 exemplares. Como nos EUA, esta teve alguns extras com histórias curtas e pin-ups de vários artistas homenageando o mangá; Dentre eles, Michael Allred, Joe Madureira, Warren Ellis, John Romita sr., Kevin o’Neill e Moebius:

A única baixa foi a não publicação do último encadernado. Akira no Brasil e em outros países tinha seus capítulos reunidos em edições mais grossas, cada uma com cerca de 7 a 8 edições mensais. Com o hiato, o último encadernado nunca foi lançado no Brasil. Nos EUA, a mesma coisa aconteceu com a versão encadernada por lá. “As edições encadernadas eram feitas reaproveitando o encalhe das revistas. Para a distribuição de bancas naquela época eram impressas muitas revistas já se prevendo uma perda com o encalhe. Como a história de AKIRA era contínua, podíamos reunir volumes na sequência. Após a interrupção da publicação e a diminuição da tiragem, sobraram pouquíssimos exemplares de encalhe. Por causa disso, houve bem menos exemplares para se fazer uma edição encadernada. Assim, não conseguiram uma quantidade suficiente para se fazer um volume. Também por causa disso, há bem menos exemplares disponíveis no mercado paralelo de atrasados.”, completa o editor.

Por quase 20 anos Akira não foi mais publicado no Brasil, apesar de reedições em outros países, inclusive com a versão em cores. Apenas em 2015 a editora JBC garantiu os direitos de uma nova publicação por aqui. O lançamento era previsto para dezembro de 2015 durante a segunda edição da Comic Con Experience, mas só aconteceu em julho de 2017 devido à uma exigência da editora Kodansha de que a nova versão brasileira seguiria os padrões de uma edição que estava ainda em preparação. O Brasil foi o segundo país do exterior a publicar essa nova versão, ficando apenas atras da França. O “Novo Akira” tem previsão de ter, ao todo, 6 volumes como o original japonês, publicado em preto e branco com volumes que variam de 350 a 500 páginas cada e ordem de leitura original. Apenas o primeiro volume foi publicado até agora, o segundo era previsto para dezembro de 2017, mas ainda não foi lançado.

Agradecimentos mais que especiais à Leandro Del Manto e Kim Jorgensen pelos depoimentos prestados que, sem estes, não teria como concluir este trabalho.

E ainda não acabou. Um detalhe muito importante do “nosso Akira” ainda necessita de melhores respostas. Em breve aqui no Torre de Vigilância algo muito especial será publicado. Aguardem!

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Taika Waititi está em negociações para dirigir live-action de Akira

Segundo informações da Deadline, a Warner Bros. está conversando com o diretor de Thor: Ragnarok, Taika Waititi, para dirigir a adaptação em live-action da obra máxima de Katsuhiro Otomo, Akira.

Waititi tem o drama de comédia na Segunda Guerra Mundial, Jojo Rabbit, para filmar na sequência. Caso ele feche acordo, a produção deve demorar um pouco para iniciar.

Akira é publicado no Brasil pela Editora JBC.

Akira ainda será produzido pela empresa de Leonardo DiCaprio, Appian Way. Ainda é incerto se o roteirista de Book of Eli, Gary Whitta, está na equipe para escrever o texto do filme.