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Torre Entrevista: Bruno Brunelli

No início do ano começou a campanha de financiamento coletivo para , HQ com roteiro de Alessio Esteves (DestiNation, Zikas) e desenhos de Bruno Brunelli (Veludo dos 9 infernos, Pontos Ilustrados). Aqui nos conhecemos parte da vida do Zé Pelintra, uma das entidades mais famosas da mística brasileira, Protetor da Boemia, dos bares e dos jogos. A entidade é conhecida pelo o visual de malandro supremo.

A obra busca juntar as mais diversas lendas sobre a sua origem e juntar em uma história única, abordando desde a sua infância difícil na Bahia até o início de sua vida adulta, no Recife, quando é iniciado na Jurema.

Agora, quase um mês depois do início da campanha, batemos um papo com o desenhista Bruno Brunelli. Onde procuramos saber mais sobre , a sua importância em meio a uma sociedade que recrimina culturas e religiões e os seus planos para 2021.

1. Como surgiu a ideia para a HQ do Zé?

Faz muuuuuito tempo. Quando comecei o Pontos Ilustrados eu já tinha essa história na mente. Como o Zé Pelintra tem muitas histórias e lendas, sempre tive vontade de ler algo completo, sabe? E na época eu estava lendo bastante romances baseados em reconstruções históricas ao estilo Bernard Cornwell e Conn Iggulden, então resolvi fazer o mesmo com o Zé. Fui atrás das histórias em livros, sites, boca a boca, misturei tudo numa narrativa pra ver o que saía. E eu curti! Só que não dava pra fazer uma HQ com aquilo, e foi aí que pedi socorro pro Alessio.

2. Tanto você quanto o Alessio Esteves entendem do assunto na questão religiosa e histórica. Zé tem o intuito de levar o conceito de “popularizar” a história da Entidade?

Exatamente. Na verdade ele já é muito popular em várias mídias, e agora em HQ também. Quanto mais Zé melhor!

Capa de Zé

3. Como foi esse processo de criação? Por vocês dois serem muito familiarizados com o assunto, serem praticantes da religião, existiu muito pitaco de ambos os lados?

De minha parte foi bem tranquilo. Claro que tivemos nossos altos e baixos, né, principalmente por ser 2020. A história em si estava bem encaminhada, mas o Alessio fez MÁGICA transformando a narrativa em HQ, e com acréscimos muito importantes. Foi literalmente um trabalho em 4 mãos. “Põe isso, tira aquilo, poxa isso não achei legal, e se fizer desse jeito…” e assim foi. Aliás, aconselho perguntar pra ele.

4. Qual a importância de mídias falarem mais abertamente sobre a Umbanda em geral, mas que falem de um modo não preconceituoso e nem daquela forma que “tradicional” que costumamos ver?

De suma importância. Pô, mais fácil a galera saber sobre nórdicos do que nossa própria cultura, que é RIQUÍSSIMA. Só de ter cada vez mais artistas brasileiros por aí já é massa demais, ainda mais colocando as brasilidades à tona me deixa muito feliz. Seja no cunho espiritual, seja nos mitos populares, na cultura e no estilo de viver, precisamos cada vez mais mostrar com orgulho tudo isso.

5. Existe a possibilidade de outras Entidades receberem projetos como Zé?

TEM! É tudo que posso dizer no momento.

Veludo dos 9 Infernos, trabalho autoral de Bruno Brunelli

6. Existiu uma pesquisa de sua parte, para o visual do personagem quando mais jovem, ou para os cenários? Ou alguma inspiração em especial?

Ah sim, com certeza. Uma narrativa precisa ser coesa. Tenho rascunhos e mais rascunhos fazendo os personagens, velhos e novos, vestuário, como eram as cidades e sua vivência. A história não tem uma data oficial definida, mas se passa mais pro final de 1800 e no final do Império.

7. O que vocês estão fazendo com Zé é bem importante e pode ser um marco. Pois eu vejo como apresentar uma religião rica, que tem uma cultura muito rica também. E geralmente quando vemos religião retratadas em quadrinhos, é para apresentar uma falha de dogmas, ou caráter de quem frequenta. Existiu um cuidado de balancear essa parte de cultura e de apresentar a religiosidade sem parecer um clichê?

Na HQ a gente trata ele mais como uma possível figura histórica do que uma figura religiosa, sabe? Na verdade, a questão é mais de espiritualidade do que religiosidade propriamente dita. A exemplo de seu Zé, como dizem as lendas, ele permeia por várias “religiões” que se conversam entre si, não negando mas também não se atendo a nenhuma, como a gente mesmo faz hoje em dia. Veja se não somos um povo “católico” que se benze com arruda e ainda tem um Buda cheio de moedas na estante da sala! (RISOS). Então no final a religião serve mais para rotular algo que já nos é inato. Ele pode ser adorado na Jurema, na Umbanda, e no Carnaval (que é uma religião SIM).

8. Quais os planos de quadrinhos do Bruno para 2021?

Oficialmente, até o momento, é o Zé e sua continuação, retomar a Parte 3 de Veludo dos 9 Infernos, o Pontos Ilustrados que é um projeto eterno, e uma coletânea de um novo coletivo FODA que tá pra nascer em breve!

Para conhecer mais o trabalho do Bruno, pode acessar AQUI. E para conhecer mais detalhes, recompensas e claro para apoiar a campanha de clique AQUI.

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Começa a Campanha de Financiamento Coletivo para Zé, de Alessio Esteves e Bruno Brunelli

Começou a campanha de financiamento coletivo para , HQ com roteiro de Alessio Esteves (DestiNation, Zikas) e desenhos de Bruno Brunelli (Veludo dos 9 infernos, Pontos Ilustrados). Aqui nos conhecemos parte da vida do Zé Pelintra, uma das entidades mais famosas da mística brasileira, Protetor da Boemia, dos bares e dos jogos. A entidade é conhecida pelo o visual de malandro supremo.

A obra busca juntar as mais diversas lendas sobre a sua origem e juntar em uma história única, abordando desde a sua infância difícil na Bahia até o início de sua vida adulta, no Recife, quando é iniciado na Jurema.

 

Para quem não sabe, a Jurema Sagrada é uma tradição religiosa nordestina, que se iniciou com o suo da planta jurema pelos indígenas da região norte e nordeste do Brasil. A importância da publicação de é imensa nos tempos de hoje, onde o preconceito religioso se tornou, infelizmente, uma constante nos noticiários e para celebrar e repartir ainda mais essa religiosidade e parte cultural afro-brasileira.

terá formato 21 x 28 cm, capa cartonada, aproximadamente 36 páginas coloridas em papel couché. Para saber mais sobre os detalhes da publicação, valores, recompensas e para apoiar, clique AQUI.