Foi divulgada a primeira crítica completa de X-Men Apocalipse sem spoilers pela Comic Book. Confira abaixo.
Em uma primavera já carregada com super-heróis, com amigo lutando contra amigo, e vilões em sua maioria sendo escondidos por trás das cenas, é confortante ver nas telonas um vilão muito poderoso, com grande capacidade destrutiva. En Sabah Nur, o primeiro mutante, um mutante eterno “deus”, que clama ser ele mesmo uma inspiração para a maioria das figuras religiosas da humanidade, exige que os X-Men tirem tudo de si para derrotá-lo. Isso tem muito mais uma narrativa clássica de super-heróis, fazendo dele um grande destaque dentre esses filmes.
X-Men Apocalipse começa depois dos eventos de Dias de um Futuro Esquecido e X-Men Primeira Classe. O filme, que faz um pequeno recomeço do universo cinematográfico dos X-Men através de algumas viagens no tempo complicadas, tem saltado de década em década, chegando nos anos 1980, dando a ele, oito anos entre o confronto na Casa Branca entre Mística (Jennifer Lawrence) e Magneto (Michael Fassbender), e os eventos de Apocalipse. O mundo tornou-se, como um todo, mais aceitável aos mutantes, permitindo Charles Xavier (James McAvoy) reabrir sua escola para jovens talentos, ensinando e treinando mutantes para serem produtivos para a sociedade.
Claro, que ali temos alguns momentos legais e relaxantes, isso não é uma comédia no colegial, é um filme de ação. Dessa forma, quando o demônio lendário Apocalipse, um mutante com milhares de anos de idade e um recipiente de poderes infinitos, desperta depois de séculos adormecidos, a escola acaba e o real teste começa.
O filme é divertido. Existe algo claro em relação à visão do diretor Bryan Singer aqui, que mostra como duas décadas de trabalho com os mutantes do universo Marvel, fizeram ele crescer. Enquanto alguns momentos emocionais são um pouco desajeitados, não há nada no filme que poderia ficar de fora de um clássico quadrinho dos X-Men, escrito por Chris Claremont. Tanto Singer, quando o roteirista Simon Kinberg, tem prestado atenção à outros filmes de super-herói, como também, deixando o humor destacar-se. Isso ajuda os golpes a atingirem tão forte quando os super-heroicos.
As cenas de ação são incríveis, nunca dando a impressão de serem muito pessoais, sendo de uma dimensão tão maior que deixa você empolgado. Sim, Apocalipse toma o controle de alguns mutantes, que são tradicionalmente heróis, mas quando isso é para valer, você está assistindo heróis batalhando um vilão perverso e muito poderoso. É fácil para torcer pelos caras do bem, que é algo que todos esses versus e batalhas em outros filmes podem deixar de lado.
Com apenas um erro (não faremos spoilers nessa crítica), a construção de Kinberg para Magneto é perto da perfeição nesse filme. É fascinante ver o quão destrutivo e assassino ele tornou-se. O roteiro de Kinberg, a atuação de Fassbender, as manobras de direção de Singer, tudo faz o público conectar-se profundamente com o personagem. Aqui está um personagem que nós literalmente assistimos massacrar os outros ali, na telona, mas ainda provoca nossa empatia por ele tão completamente. No fim, você só procura que Magneto fique forte, melhor, e siga a liderança de Xavier. Existe o fato também, que apesar da forma como os trailers deixem a entender, Apocalipse não tem total controle sobre os seus cavaleiros (Arcanjo, Psylocke, e Tempestade circundam pelo grupo), fazendo deles todos, personagens muito mais interessantes. Isso faz você pensar sobre as escolhas que eles tão fazendo e por quê.
Mercúrio, depois de uma participação bem sucedida de estreia em Dias de um Futuro Esquecido, retorna completamente para roubar a cena no filme mais uma vez. Outros filmes de super-heróis poderiam provavelmente parar com velocistas por um momento, porque ninguém bate Mercúrio em X-Men Apocalipse. Ele tem duas sequências de velocidade dessa vez. A primeira, um momento realmente marcante, superando a do último filme por um fator de quase 10. São momentos de verdadeiro heroísmo, um tipo de inteligência rápida, e claro seu senso de humor no decorrer de toda ela. O jeito único de mostrar tanto sua velocidade quando o meio que sua mente age, se movendo mais rápido que seu corpo, é tão engenhoso, que será difícil não ser copiado por outros cineastas. Eu posso só escutar os profissionais trabalhando em outros filmes de velocistas, tentando superá-la, enquanto assistem essa cena.
As motivações de Mercúrio e seu arco emocional poderiam ser ainda melhores que sua ação impactante. Pietro, graças ao seu senso de humor, sempre disposto à ajudar, mesmo encarando situações impossíveis de serem superadas, acaba criando uma conexão emocional com os outros e a audiência. Isso faz com que ele seja o “Peter Parker” dos X-Men nesse filme. Esse personagem é uma daquelas coisas que você não sabe que estava perdendo até tê-la, mas sem uma jovem Kitty Pryde nesse tipo de papel, é legal ter ele aqui.
As outras jovens estrelas, interpretando versões mais novas de personagens previamente estabelecidos como Noturno (Kodi Smit-McPhee), Ciclope (Tye Sheridan), Tempestade (Alexandra Shipp), e Jean Grey (Sophie Turner), são universalmente incríveis. Todos dão à você o bastante nas cenas que você passa a acreditar na possibilidade de eles crescerem e virarem àqueles personagens vistos nos primeiros filmes. O Arcanjo, de Ben Hardy, serve perfeitamente para a trama, mas ele está ali mais para ação do que para algum tipo de desenvolvimento de personagem. Esse é realmente o único caso, pois, para os outros quatro (citados no começo desse parágrafo), há muito mais desenvolvimento de personagem em um ato e meio desse filme do qual foi feito na trilogia original toda.
Shipp sobressai-se como Tempestade, com mais história de fundo e cuidado em destacar suas características únicas, mais que outros personagens no filme. Enquanto Jean é certamente um pouco… acelerada. Aqueles que tem lido as aventuras da jovem Jean, nos quadrinhos de X-Men, nos últimos anos, verão muita coisa familiar na personagem. Noturno é outro destaque, e enquanto ele não pega um arco completo para falar, ele é intrigante e empolgante. Smit-McPhee tem um charme interior que me fez feliz de ver o Noturno nas telonas do jeito que ele é. O Ciclope, de Tye Sheridan, é muito mais adepto às novidades de sua época, não possuindo um esteriótipo retrógrado.
O Apocalipse, de Oscar Isaac, é muito do que exatamente ele precisa ser. Embora o público não necessariamente crie empatia por ele ou suas motivações, você certamente ver ele como carismático e divino. Dá a impressão que a natureza indiferente do personagem e sua performance foram propositais. Ocasionalmente, ele poderia falar diretamente com um mutante e tentar guiá-lo para seu exercito, como pai ligeiramente condescendente. Apocalipse verdadeiramente acredita que ele está acima de todos, e é o que o filme mostra.
Sobre o arco final do filme, nós não iremos soltar spoiler aqui. Vamos apenas dizer que aquela cena no fim do trailer final é insanamente bem entregue para o público, e deixará você mais empolgado com o personagem, desde que ele fez a sua estreia nos cinemas.
X-Men Apocalipse tem muita ação, balanceada com humor e emoção que faz você pensar mais do só se perguntar sobre quando aparecerá o próximo personagem com super-poderes. Existe uma tonelada de fan-service, especialmente para os fãs de longa data dos X-Men (seja dos quadrinhos, videogames, série animada dos anos 1990, ou os filmes) e piadas internas que poderiam fazer os admiradores dos mutantes extremamente felizes. Da batalha climática, em toda ela, até a cena final do filme, meu eu interior de 10 anos de idade estava gritando bem alto. A audiência, formada pela imprensa e convidados especiais, estavam empolgadíssimos e deixaram o cinema sorrindo, uma clara indicação de um momento divertido.
X-Men Apocalipse tem momentos para todo mundo, e tem tudo para os fãs da franquia.
Nota: 4 de 5 estrelas.
X-Men Apocalipse estreia nos cinemas no dia 19 de maio. Segundo a Comic Book, está confirmada cena pós-crédito no filme.