Ou também, “Como sua opinião deve ser afetada pela alheia“.
Japonês é um povo estranho. E por mais que esse post não seja totalmente relacionado a japoneses, eu não sei iniciar textos de outra forma… É assim ou “Venho por meio desta“.
De qualquer maneira, venho por meio desta, descrever um aspecto que deveria ser óbvio para todo fã de alguma coisa (seja lá o que for), mas que percebo, pelas minhas interações amigáveis (e as não-amigáveis também) internet afora, que não é tão óbvio assim: Pessoas tem gostos diferentes, e a indústria faz seus produtos sempre pensando num determinado público-alvo. E que é normal você não gostar de algo que não foi feito pensando em você.
Algumas semanas atrás, eu peguei um anime para assistir: Ore, Twintails ni Narimasu. Não vou entrar muito a fundo na série em si, mas vou usá-la como mote da discussão. O nome se traduz para algo próximo de “Então, eu me tornei uma Garota de Chiquinhas“, e como eu costumo dizer, coisas nipônicas sempre são tão idiotas como elas soam. Twintails não é muito diferente.
O rapaz literalmente se transforma numa garota de chiquinhas. Não é uma cilada; não temos desculpas esfarrapadas. O cara é uma garota. E embora isso não seja o que eu queria comentar de verdade, é só um ponto que vale ser ressaltado. Voltando…
A questão é como tal anime trata a tag “humor” no verso de seu Blu-Ray. Eu sou um cara esquisito, e adoro piadas retardadas, humor nonsense e ciente de si mesmo. Quebrar a quarta parede, debochar descaradamente das pessoas que estão assistindo e fazê-las gostar disso. Esse é meu tipo de humor. Eu não conseguia parar de gargalhar enquanto assistia cada episódio.
Porém, uma coisa que não saía de minha cabeça, com o passar das cenas em minha frente, era o pensamento de o quão de nicho era aquilo que eu assistia. Digo, eu sabia que a série seria algo que nem todos gostariam, até mesmo antes de parar para vê-la… Mas eu não imaginava que seria algo assim. Embora tenha sido uma surpresa agradável pra mim, trouxe a tona o pensamento descrito anteriormente.
O quão boa é a especificação? Pensando em biologia (ou qualquer outra coisa), sabemos que com ela se perde generalidade, mas se ganha eficiência. É melhor ser um perito num único assunto ou ser mediano em todos? Essa discussão também é levantada quando falamos de entretenimento: Ou se faz um show para todos os públicos e que não agrade nenhum deles de forma satisfatória, ou se faz um show que seja excelente para um grupo seleto e todos os outros o vejam com maus olhos. O meio termo existe, mas consegue ser menos eficiente do que qualquer um dos extremos.
A cultura é uma coisa que, mesmo sem estar ‘viva’, consegue seguir os conceitos definidos por Darwin. O que está melhor adaptado sobrevive. É por isso que esses dois pontos tão distantes acabaram se tornando os mais comuns hoje em dia. E, de novo, embora não seja o foco da postagem, merece um pouco de atenção.
Voltando à biologia, lá a especificação é algo bom. Quanto mais focado em algo você é, melhor naquilo você se torna, e maiores são as suas chances de sobreviver naquele ambiente. Se analisarmos a indústria de entretenimento, isso também é verdade. Nunca neguei que ser uma obra de nicho não gera lucros. E inclusive, acredito que gera até mais do que o outro caso. Mas a questão não é a indústria em si, mas sim como o comportamento dela é interpretado pelo público, e como tal público parece ignorar características e propriedades das obras.
Um exemplo bom de se dar aqui na Torre é o meu próprio. Vocês, caros leitores das partes menos obscuras do site, e que não desistiram de ler essa postagem lá no segundo parágrafo, muito provavelmente julgaram o tal anime onde o cara vira uma garota de chiquinhas como algo bizarro, não? E tenho quase certeza de que mudariam de calçada se cruzassem comigo na rua. Mas vocês já pararam pra pensar em como eu vejo vocês? Como eu julgo essas curtidas em fotos do “Deadpool Zueiro” ou esses miseráveis que trouxeram a guerra até nós lutando contra o reino de terror de um homem só?
E é por isso que, antes de dizer que algo é bom ou ruim, você precisa analisar se o que você está vendo foi, de fato, feito para você. Foi até bom eu postergar essa postagem por umas três semanas, pois agora temos um exemplo infame para acrescentar. Vocês sabem muito bem do que estou falando: A tal “crítica especializada” parece ter odiado Batman vs Superman, mas eu ainda estou pra encontrar uma só pessoa de carne e osso (que eu tenha certeza que não é um robô controlado pelos illuminatti programado para digitar postagens em sites) que diga que achou o filme “mais ou menos”.
Apenas uma prova a mais de que saber o que você está assistindo é algo bom. O filme de Batman vs Superman é bom mesmo, afinal? Eu não sei, pois não assisti (e nem vou tão cedo, com o preço que tá o cinema), mas segundo contatos (o Gabriel) ele foi muito bom pra quem é fã da DC. Mas se um dia eu parar pra vê-lo, saberei que o que estou vendo é algo feito para fãs da DC, e relevarei aquelas falas que parecem sem sentido para mim, ou aquelas cenas extremamente prolongadas que não entendo o motivo de ter mais de seis segundos. Afinal, isso não foi feito pra mim. Essas falas e cenas foram feitas para agradar o público-alvo, e não a mim. Para eles, tudo fez o maior sentido do mundo e foi sensacionalmente bem bolado.
Isso só quer dizer uma coisa: Ninguém, além de você, pode dizer se algo é bom ou ruim para você. “Crítica especializada” é algo que beira a idiotice, quando não é tratada como simplesmente uma análise da parte técnica – pois essa sim, possui regras e existe “certo” e “errado” do que se fazer. Embora isso sempre esteja acorrentado a doutrinas pré-estabelecidas. “Resenhas” e “análises” são apenas pontos de vista colocados no papel, e que devem ser levados em conta por você, apenas caso exista identificação com o tal autor. Afinal, você é um ser vivo adulto, andante e pensante, e tem capacidade de discernir quais informações são úteis ou não, certo? Esse post mesmo, pode ser totalmente irrelevante. You gonna carry that weight.
Mas nossa, em pleno ano corrente e temos que fazer postagens pra conscientizar pessoas de como gostos são diferentes e como isso precisa ser respeitado? Pois é, Oliver. Pois é.