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Gás Negro: quando The Walking Dead e Crossed se encontram

A temática “zumbi” passou por seus altos e baixos nos últimos anos. Com uma explosão de retorno de popularidade no início da década passada, este subgênero de produções (em quadrinhos, livros, séries e filmes) aparentemente havia esgotado suas formas de inovação, caindo na mesmice e passando pela diminuição da febre e anseio do público. Entretanto, há obras que tentam inovar neste – quase – engessado universo. E Gás Negro, de Warren Ellis, seguiu nesta vertente.

Publicada nos EUA originalmente pela Avatar Press entre 2006 e 2007, a minissérie Gás Negro surgiu antes de Crossed, de Garth Ennis, que se consagrou com uma temática similar.

Em ambas as séries os autores desenvolvem um novo tipo de horror zumbi, que diferente do consagrado por George Romero, apresenta uma potencialização dos piores sentimentos das pessoas, que perdem o controle e tornam-se máquinas de matar sem necessariamente morrerem antes. Perde-se parte da discussão social, e apresenta-se um festival de matança desenfreado e chocante.

A trama gira em torno de uma pequena cidade na Costa Leste americana, construída em cima de uma pequena falha tectônica. Ellis desperta o apocalipse zumbi deste universo com uma antiga história, e uma grande tempestade, que rompe a falha e libera um misterioso gás escuro que se espalha por toda a pequena cidade na Ilha da Fumaça. O gás, quando em contato com as pessoas, as transforma em zumbis. Aparentemente apenas duas pessoas escaparam: o casal Tyler e Soo.

O casal que protagoniza (parte de) Gás Negro subitamente deve lidar com uma gigantesca onda de assassinatos ao redor de onde passam. Warren Ellis brinca com a desconstrução da vida em sociedade, fazendo com que seus personagens questionem diversas atitudes enquanto, ao mesmo tempo, devem tomar decisões difíceis. A história é simples e direta, e no momento de ruptura, ela se torna um frenesi com algumas das mortes (e frases) mais bizarras das histórias em quadrinhos. E rapidamente o que parecia The Walking Dead, com vários diálogos convincentes e humanos, se transforma em diversão pura, simples e inusitada.

A arte de Max Fiumara, com cores de Andrew Dalhouse, é escura e densa, porém funcional para o proposto, não fugindo da temática e ambientação. Algumas sequências de ação e perseguição, entretanto, saltam aos olhos pelo gore e pela quantidade absurda e desesperadora de “potencial de vai dar merda.” O leitor sente esperança em pouquíssimos momentos, e enquanto a doença se espalha fica claro que tudo está perdido e a Terra condenou a todos.

Ellis também estabelece logo no primeiro capítulo que o misterioso fenômeno já havia acontecido antes, e a mitologia da Ilha da Fumaça é depressiva por si só. Alguns infectados não perdem totalmente o controle de si mesmos, e parte da diversão da leitura é ver como são diferentes as atitudes que as pessoas tomam, indo do canibalismo ao estupro de uma página à outra. Essa loucura cria um sentimento de incerteza constante que move a leitura, por mais que os diálogos tornem-se cada vez mais simples.

A utilização da força policial e das forças armadas também diverte, com momentos apoteóticos de explosões gigantescas. Aos poucos é possível notar que nem tudo está perdido no momento em que a história está se passando, mas o descontrole é palpável e o inferno total está cada vez mais próximo, apesar de os personagens buscarem algum refúgio.

Gás Negro precedeu o que viria a se estabelecer pouco tempo depois como uma enorme diversão franca e violenta, atingindo muitos leitores por publicações da mesma Avatar Press. O final, bem direto, deixa claro qual é o destino do planeta e a edição trazida ao Brasil pela Mythos Editora compila toda a saga em quadrinhos e não possui extras.

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Mythos Editora lança Verão Negro de Warren Ellis

Série composta por oito edições e publicada nos EUA pela Avatar Press, Verão Negro de Warren Ellis está chegando ao Brasil em lançamento da Mythos Editora. Confira os detalhes abaixo.

Em sua luta por justiça, ele trava um combate sem tréguas contra o crime. Mas tudo fica mais difícil quando descobre que terá de matar o presidente para salvar seu país. Primeiro, havia a equipe Sete Armas, formada por superseres americanos que lutavam nas ruas pela segurança do povo em meio a um sistema muito corrupto. Mais tarde, um de seus fundadores do grupo, John Horus, começou a trabalhar diretamente com o governo, como forma de construir um futuro melhor. Porém, nessa luta, ele decidiu que ninguém estava acima dos princípios que defendia. E, dessa forma, acabou por jogar todo o país no caos, fazendo de seus ex-parceiros — alguns inválidos, alguns insanos — alvos de um exército determinado a varrê-los da face da Terra… Uma história sobre os limites da justiça, marcada pelo fantástico estilo narrativo do premiado roteirista Warren Ellis e valorizada pelo traço brutal de Juan José Ryp.

Verão Negro marca o início da “Trilogia Super-humana” de Ellis, que lida com os conceitos da criação de superseres. As sequências, Nenhum Herói e Superdeus, também serão lançadas no Brasil pela Mythos. Em entrevista, Ellis disse que “Verão Negro é sobre super-humanos que são muito humanos. Nenhum Herói é sobre super-humanos que são inumanos, e Superdeus é sobre super-humanos que não são mais humanos de forma alguma, mas algo além.

Confira as primeiras oito páginas de preview na galeria abaixo:

 

As sequências, lançadas em encadernados, estão previstas no cronograma da editora para 2018.

Verão Negro possui 204 páginas encadernadas em capa dura e formato 26 x 17 cm e o preço sugerido é R$ 64,90. Clique aqui para garantir sua edição na pré-venda da Amazon.