É notório que a HBO se destaca em suas produções originais e garante atenção merecida de seus telespectadores devido a qualidade de roteiro, elenco cativante e temporadas curtas, permitindo que não haja enrolações em demasia. Big Little Lies se encaixa nesses quesitos e oferece mais. Muito mais.
A história se passa na península de Monterey (Califórnia) e acompanhamos a adaptação de Jane (Shailene Woodley) junto com seu filho Ziggy neste lugar. Num simples ato de gentileza, a relação entre ela e Madeline (Reese Witherspoon) teve início.
Amizade é definida como: ”Afeição, estima, dedicação recíproca entre pessoas: laços de amizade.” Esse sentimento veio de uma forma tão orgânica e bem construída, que parecia algo de muitos anos. Celeste (Nicole Kidman) também aceita Jane de braços abertos e assim, temos o Trio de Monterey. Cada uma esconde algo e as respectivas revelações vão sendo feitas sem pressa, e no momento certo.
Você aprende a se importar com essas personagens quando as atrizes conseguem entregar a atuação correta para nos convencer sobre o que acontece com ambas e como isso as afetam, além de seus filhos.
Mãe solteira e tendo na bagagem um grande trauma em seu passado, a personagem de Shailene retrata a realidade de boa parte da população feminina atualmente. Não entrarei em detalhes, pois não quero estragar a experiência de você que possa iniciar essa deliciosa maratona após finalizar o texto.
Só queria deixar claro a atuação fantástica da atriz em retratar todo o desespero e receio por conta deste trauma, que não pede licença para entrar e acaba causando pesadelos por fazê-la reviver tudo aquilo mentalmente. Isso é desgastante e Jane demonstra isso no seu dia-a-dia, juntamente com o fato de temer pelo futuro de seu filho por algo que possa estar enraizado em seu interior.
Renata (Laura Dern) aparece como ”antagonista” e entra em guerra com o Trio devido ao bullying recorrente que sua filha Amabella sofre na escola. A revelação sobre o verdadeiro culpado expõe o que citei ali em cima. Como as atitudes dos pais influenciam o comportamento de seus filhos em outros ambientes. Isso nos leva diretamente para Celeste.
O ser humano foi dotado da capacidade de não deixar transparecer nada que o deixe vulnerável perante outras pessoas. Isso vale desde um sorriso para disfarçar tristeza profunda ou um casamento de aparências. Achávamos que Celeste vivia perfeitamente com seu marido Perry (Alexander Skarsgård) até uma leve puxada de braço entregar aquilo que estava na penumbra.
A partir do momento em que utilizam do ódio como moeda de troca para o sexo selvagem e violento, configura num relacionamento abusivo e doentio. E o pior que ninguém percebe como esse círculo é bastante perigoso. Ninguém acredita no nível tóxico que isso se tornou. Não há espaço para refletir em como isso é errado, já que na concepção dada está tudo perfeito. Isso é normal entre eles e acabou.
Um empurrão hoje se transforma no soco amanhã. ”Desculpa! Vou mudar” < o mesmo lamento que já estamos cansados de ler e ouvir em tantas mídias. As agressões trazem repulsa para o telespectador e a atuação de Nicole é monstruosa. Alexander também merece elogios por sua interpretação que convence muito, pois você caminha por duas vias: pela simpatia ao personagem e depois inicia um ódio sem precedentes para com o mesmo.
O elenco mirim cativa e deixa qualquer um apaixonado. Chloe é o grande destaque com suas famosas playlist e sua boca afiada graças a sua mãe, Madeline. Os gêmeos de Celeste, Amabella de Renata, Skye da Bonnie (Zoë Kravitz) e Ziggy de Jane são tão fofos quanto. É um complemento para o que já estava bom com o elenco feminino.
Com um assassinato montado aos moldes de Revenge e How to Get Away with Murder, ele instiga e ao decorrer dos episódios, é possível imaginar quem é a vítima. Apesar do desfecho previsível, ainda é muito proveitoso todo o seu desenvolvimento até aquela fatídica noite.
São poucas as séries que me conquistam na abertura e me fazem assistir ou ouvir a trilha sonora até o final. Aqui é o exemplo perfeito.
https://www.youtube.com/watch?v=meJ2yK4boJE
A música é Cold Little Heart de Michael Kiwanuka. Os créditos iniciais de Big Little Lies mostram as personagens com seus filhos em direção à escola mesclando com a perfeita paisagem da Califórnia. Aliás, toda a trilha merece ser ouvida. Boas escolhas que intensificam as cenas.
E cadê a segunda temporada? Calma! Calma! Faltam um pouco mais de três semanas para o retorno e temos o trailer oficial.
https://www.youtube.com/watch?v=eCWevZV945M
Considero Big Little Lies como uma das séries mais importantes atualmente pela sua temática apresentada e todo cuidado em desenvolvê-la de forma competente em apenas sete episódios em sua primeira temporada. Pare um dia e veja o que esta belíssima produção tem para lhe mostrar.
Segunda temporada de Big Little Lies começa em 9 de junho.