Em 1968, Philip K. Dick publicou uma das obras mais relevantes para o gênero da ficção-científica: ‘Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?’. E, na trama original, acompanhamos Rick Deckard, um caçador de recompensas que vive em uma São Francisco decadente em um futuro distópico onde aconteceu uma guerra nuclear e diversas colônias planetárias foram criadas. Quem permaneceu na Terra, vive em um lugar coberto por poeira radioativa onde as espécies de plantas e animais foram aniquiladas após o evento.
Neste cenário, todos almejam melhorar de vida e com Deckard não seria diferente: sua meta é substituir a sua ovelha elétrica por uma de verdade. Para isso, o protagonista aceita um novo trabalho cuja a missão é caçar androides que fugiram e encerrar suas atividades.
O interessante é observar que, neste livro, Philip K. Dick cria toda essa ambientação futurista tão imersiva e detalhista, que serve como base até hoje para diversos jogos, filmes e RPGs de mesa apenas com o intuito de abordar diversas questões sobre o que é ser humano, o poder da tecnologia sobre a massa e sobre toda a natureza da vida que envolve a gente – além de, é claro, apresentar uma excelente trama cuja a leitura é fundamental até os dias atuais.
E mesmo que o autor já tivesse apresentado este vasto universo junto com uma história sensacional, Ridley Scott foi além e, em 1982, trouxe para os cinemas sua adaptação estrelada por Harrison Ford. Blade Runner: O Caçador de Androides consolidou de forma definitiva todo o universo apresentado no livro e, na minha opinião, melhorou a trama original mantendo as mesmas reflexões que o autor pretendia.
Mesmo marcado por polêmicas e opiniões divididas na época de seu lançamento, a adaptação foi a principal responsável por definir este universo e gerar as posteriores expansões do mesmo. Tanto que, logo após este, tivemos uma incrível sequência dirigida por Denis Villeneuve e outras mídias situadas no mesmo universo.
Uma das expansões desde universo sensacional mais recentes que vêm sendo lançada é uma série de quadrinhos intitulada Blade Runner 2019. Lançada aqui no Brasil pela editora Excelsior desde o ano passado e em capa dura, a trama desta se passa no mesmo ano que o filme dirigido por Ridley Scott e é considerada também uma sequência direta do mesmo.
Neste título acompanhamos Ash: uma policial que, assim como Deckard, também vive caçando androides. Um dia, a mesma recebe como missão encontrar a esposa e a filha de um bilionário em Los Angeles cujo os únicos suspeitos do desaparecimento são replicantes. Estes quadrinhos do universo de Blade Runner ainda se apresentam em dois volumes aqui no Brasil. Esta expansão é extremamente bem-vinda pois, por mais que pareça a mesma coisa que os filmes, toma outro rumo e explora bem mais a natureza de um replicante do que as outras mídias – dessa forma, caso seja fã deste universo, é uma boa sugestão para expandir sua relação com o mesmo.
Por fim, a mais nova expansão do universo criado por Philip K. Dick chegará na Crunchyroll no dia 13 de Novembro com seus dois primeiros episódios disponíveis. Blade Runner: Black Lotus é a mais nova animação da Adult Swim e trás uma trama totalmente original e envolvente.
Na história, acompanhamos uma mulher chamada Elle no ano de 2023 em Los Angeles, onde a mesma acorda sem memórias, com habilidades desconhecidas e com uma tatuagem misteriosa. Além disso ela também apresenta um drive com arquivos criptografados, e seu objetivo é descobrir o que aconteceu e qual é a sua história dentro deste universo.
Começando pela trama, temos uma personagem cativante que consegue envolver o telespectador em sua própria história e pelo mistério de sua identidade logo nos primeiros minutos de tela. Junto a isso, há também uma excelente animação gráfica composta por uma fotografia que promove não só a imersão de quem assiste como também mostra toda a sujeira presente em Los Angeles naquele ano.
Em apenas dois episódios disponibilizados para a nossa redação, já foi possível observar todo o potencial que essa série tem de expandir com maestria todo o universo de Blade Runner.
Nestes dois primeiros episódios, basicamente observamos Elle se encontrando em Los Angeles e procurando resposta acerca de seu passado e de como foi parar ali – com bastante cenas de ação e efeitos visuais que deixam qualquer um apaixonado.
De certa forma, a história presente desta animação se torna promissora pelo simples de fato de não ter como protagonista (aparentemente, visto que é cedo para afirmar isso) uma caçadora de recompensas. Afinal, em todas as mídias citadas acima o protagonista era um, o que faz com que o universo seja observado em apenas um ponto de vista.
Por fim, Blade Runner: Black Lotus se apresenta como uma excelente adição na cronologia da franquia e apresenta um grande potencial para ser desenvolvido em seus treze episódios, que serão lançados com exclusividade na Crunchyroll.
Blade Runner: Black Lotus, uma produção original da Crunchyroll e do Adult Swim, estreia no dia 13 de novembro na Crunchyroll.