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A Simplicidade Visceral de Robert Kirkman em The Walking Dead

ESSE ARTIGO POSSUI SPOILERS DE EDIÇÕES RECENTES DE THE WALKING DEAD!

 

Depois de 16 anos, a trajetória de Rick Grimes chegou ao fim em The Walking Dead. Nas duas últimas edições (#191 e #192), o autor Robert Kirkman apresentou o destino do principal protagonista. E muitos leitores ficaram surpresos, digamos não da forma que foi, mas COMO foi e toda a trama que cercou. Kirkman é muito sagaz na série dos quadrinhos. Geralmente esperaríamos um evento como esse, com essa importância em uma edição especial. Ou comemorativa. Ele poderia ter feito o óbvio e ter esperado chegar na edição de número 200, ter montado um grande desenvolvimento onde veríamos a vida toda do personagem, com suas vitórias, derrotas, ganhos e perdas. Rever pessoas importantes que ambientaram a sua trajetória. Um grande acontecimento. Como qualquer editora faria.

Mas, como dito antes, Robert Kirkman é muito sagaz na trama, segura bem a direção dela e sabe onde atingir e quando atingir o leitor. Ele nunca teve medo de ter que matar o personagem seja lá qual ele fosse, querido ou não, popular ou não, rentável financeiramente ou não. O que normalmente seria decidido com uma grande batalha final, ou com o personagem agonizando em uma cama, como uma imensa ópera trágica… foi resolvido em um simples quarto e como fio condutor um personagem que foi recém introduzido na trama e que não era aspirante a nada na trama. Sem grandes alardes.

Sebastian Milton no momento do assassinato.

Sebastian Milton, o filho da governadora de The Commonwealth, Pamela Milton, foi apresentado como um rapaz frágil e mimado. Que tinha Mercer como guarda-costas e muitas vezes como capacho. Ou seja, não representava uma ameaça tão terrível e real como foi o Governador, Negan, Shane, Sussurradores e nenhum dos milhares de zumbis que cruzaram o caminho de Rick Grimes. Mas essa perversa ironia do destino que Robert Kirkman criou, reflete a realidade de como grandes líderes/influenciadores mundiais encontram seus fins de onde menos esperam, ou de onde não vejam que pode ser ameaçador.

Foi assim com John Lennon, Abraham Lincoln, Julio Cesar, Lady Di… muitos influenciadores e líderes, que arrebatavam milhões, mas tiveram seus destinos simplesmente em formas, digamos, simplórias, por pessoas ou meios. O ato de Sebastian Milton me lembra muito quando Robert Ford assassinou o terrível bandido Jesse James. Um total desconhecido, que matou o famoso fora da lei. Mas a fama de “o homem que matou Jesse James” se tornou uma maldição e um motivo de vergonha por onde passava. Mas Rick Grimes foi um grande líder. A pergunta agora é a seguinte: “Quem assumirá essa estirpe na trama?”

Uma coisa que sempre pensei era a seguinte: o Rick tinha o “dom” da liderança. Como todo líder era motivador e questionado. Ele às vezes tombava e tinha o a sua liderança questionada, e até mesmo por si mesmo. Mas sempre dava a volta por cima e as pessoas sempre ouviram e o seguiram. Vejo uma galera falando que o Carl vai assumir esse “cargo”.

Mas será que o Carl também tem isso? Será que as pessoas escutariam e seguiriam o jovem? É de se esperar que as pessoas esperem essa liderança “messiânica” dele por acreditarem que seja algo hereditário, mas será que ele tem o mesmo “dom”? Será que ele QUER isso? Pode ser que ele se veja forçado a fazer isso. E as pessoas com o tempo percebam que Carl tem pensamentos diferentes de seu finado pai. Pode ser que venha acontecer mais uma evolução do personagem. O jovem Carl Grimes ficaria irritado com todo o acontecido da morte do pai e buscaria vingança com sede de sangue. Ele teve que matar o zumbi que o seu progenitor se tornou. Mas aceitou que a prisão de Sebastian pelo assassinato, foi a coisa mais certa. Seria algo que seu pai iria fazer.

Recentemente, estava relendo a fase da Prisão. Ali nunca imaginaríamos que a Maggie chegaria a liderar uma comunidade. Ela se viu em uma posição que a obrigou a tomar as rédeas. Ela não tinha a veia da liderança. Foi uma grande evolução. Apesar do seu pai ter sido o líder de família e com grande poder de decisão de ser ouvido e respeitado. Mas era algo patriarcal. Mas não sei se Robert Kirkman faria a mesma coisa duas vezes. Mesmo sendo personagens distintos.

Depois dessa morte de Rick Grimes, ficou mais que provado que não podemos esperar o óbvio vindo de Robert Kirkman. Veremos como irá se desenrolar a trama daqui por diante. Será que estamos testemunhando a reta final? Ou o início de uma nova era?