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A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou meus Pais: Dois Lados de uma Mesma Moeda

O Caso Richthofen foi responsável por chocar o país em 2002, fazendo com que houvesse grande comoção nacional e com que a população acompanhasse o caso até o seu desfecho – tanto que, na época, grandes emissoras de rádio e televisão lutaram para poder transmitir o seu julgamento e houve uma  grande procura das pessoas para acompanhar ao vivo na plateia do tribunal.

Antes da pandemia, foi anunciado que o caso ganharia duas adaptações: A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou meus Pais – ambos os filmes adotando a perspectiva dos envolvidos no crime. Tal anúncio repercutiu na internet e criou uma certa polêmica, pois muitos achavam que Suzanne Richthofen receberia pelos longas.

Entretanto ambas as narrativas são exclusivamente baseadas nos autos dos processos, estes documentos disponíveis no caso público. Sendo assim, nenhum dos envolvidos receberá algum lucro pela produção pois suas autorizações não são necessárias para que a produção ocorra. Enfim, depois de certas polêmicas e atrasos por conta da atual pandemia, o longa ficou disponível para streaming na Amazon Prime Video.

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Os longas de Maurício Eça, com roteiro de Ilana Casoy e Raphael Montes, procuram abordar a narrativa de ambos os acusados a respeito do crime que cometeram em 31 de Outubro de 2002. Ambas as partes dialogam entre si e se complementam ao mostrar os dois lados da história, porém infelizmente os filmes repetem suas cenas e contam o que já foi visto anteriormente.

Esse recurso faz com que a experiência seja cansativa e monótona, tendo em vista que ambas as versões se resumem apenas em rotinas do casal onde ambos utilizam drogas e transam até a noite do crime – mesmo que haja diferenças em certos detalhes tratados durante a exibição. Acaba que, por fim, um filme só seria necessário para abordar todo o caso e, quem sabe, da melhor forma possível sem fazer com que os longas caíssem em algo simples quando, na verdade, tinha potencial para ser algo excepcional.

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O ponto forte do filme são as atuações de Carla Diaz e Leonardo Bittencourt. Carla consegue incorporar bem os trejeitos de Suzanne, mesmo que em alguns momentos pareça forçado. Enquanto isso, Bittencourt se enquadra bem em ambas as versões e aborda o lado dramático de toda a situação com maestria. Os dois foram excelentes em seus papéis, e caso o roteiro fosse melhor, com certeza  o filme alavancaria.

Então, é bom?

A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou meus Pais apresentam uma premissa interessante de narrar o caso através das duas perspectivas presentes nos autos, entretanto, pecam em sua execução. O lançamento simultâneo das duas versões é um bom instrumento narrativo pois os títulos dialogam entre si e fazem com que o telespectador tenha uma compreensão geral dos fatos, porém não são ousados e tão pouco inovam em sua composição – sendo assim, ambos os autos poderiam facilmente ser adaptados em um único filme.

Os títulos dividem a opinião do público: se por um lado, parte não gosta por conta de seus artifícios narrativos, outro assiste e aprecia o conteúdo exposto em tela. Em minha opinião, os dois títulos pecam somente ao querer fazer uma ousada narrativa e não saber por onde começar, mantendo assim um ritmo morno e inconsistente em sua exibição que se resume no casal vivenciando um ciclo de drogas e sexo até a noite do crime.

O material base apresenta um grande potencial cinematográfico e narrativo para se encaixar na proposta, porém, acaba que o livro escrito por Ilana Casoy – que também está envolvida no roteiro do longa – é mais completo que dois filmes com tal objetivo. Por fim, ambos os títulos apresentam dois lados de uma mesma moeda e tentam revolucionar de alguma forma sua narrativa, mas acabam se tornando mais do mesmo – desperdiçando assim uma boa chance de se contar a história completa de um dos casos que marcou o país.

Nota: 3/5