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“Undead Murder Farce”: Mistérios sobrenaturais feitos do jeito certo

Você pode dizer várias coisas sobre o anime de hoje (e eu vou, inclusive), mas uma coisa não dá pra falar: Que Undead Murder Farce faz propaganda enganosa. O show realmente tem mortos-vivos, assassinatos e farsas, fazendo jus ao nome. Mas, felizmente, o negócio é muito mais do que apenas isso.

Baseado em uma novel de mesmo nome, com autoria de Yugo Aosaki, “Undead Murder Farce” é um animê recém-concluído com 13 episódios. Produzido pelo estúdio Lapin Track e dirigido por Mamoru Hatakeyama (que também trabalhou, entre outros títulos, em “Kaguya-sama“). A sinopse e o trailer seguem, conforme disponibilizados pela Crunchyroll:

O século XIX. Um mundo habitado por vampiros, golems, lobisomens e outras criaturas sobrenaturais. Beleza imortal e cabeça decepada Aya Rindo, junto com o meio-humano/meio-demônio “Matador de Demônios” Tsugaru Shunichi e sua leal empregada Shizuku Hasei, viaja pela Europa como a detetive sobrenatural “A Usuária da Gaiola”, resolvendo mistérios paranormais enquanto ela procura por seu corpo perdido.

Para começar, temos que discutir o gênero “detetivesco“: O que faz com que obras de mistério sejam divertidas para o público? Isso é uma pergunta bastante pessoal e que cada um terá uma resposta diferente, mas acredito que existe um ponto em comum em todas elas, que é o fato de você “ser capaz de chegar na conclusão correta com base nas informações que foram fornecidas“.

O que faz com que livros da Agatha Christie sejam sucessos até hoje? Bem, além da fama pré-estabelecida que a impulsiona, essa fama foi criada por sua qualidade: Os mistérios em seus livros requerem muito pensamento analítico, mas eles podem ser resolvidos com o que te contaram. Não há sensação pior do que acompanhar toda a investigação, para a solução vir de alguma coisa não contada, literalmente tirada da cartola no último segundo.

E é nesse ponto que muitos mistérios “sobrenaturais” pecam. Quando saímos da realidade e entramos num mundo fantasioso, as leis que regem a lógica e o bom senso são alteradas. O espectador não pode mais usar apenas a sua linha de raciocínio, e depende ainda mais da obra te dando os detalhes necessários para chegar na verdade. E, putz, tem muita obra por aí que decepciona nesse quesito. Olhando para você, Tanmoshi.

Em “Undead Murder Farce”, porém, eles conseguem atingir o equilíbrio entre exposição e sutileza. Ao ter um “monstro especialista em monstros” como a detetive do caso, as longas e muitas vezes desnecessárias (no universo) explicações de como monstros funcionam entram de forma natural na narrativa. Explicar para um vampiro como a regeneração de um vampiro funciona parece inútil, mas é necessário para o espectador. E fazer isso através de uma dedução de detetive, que sempre parte do óbvio para chegar num novo ponto, é uma das melhores formas de fazê-lo.

Captura de tela do episódio 12 de "Undead Murder Farce", mostrando Aya
Toda a investigação que leva à verdade é sempre um papo-cabeça. Hã? Entendeu?? Há! (Reprodução: Crunchyroll)

Com três grandes arcos na temporada, temos três casos tão diversos quanto o elenco da série: Um assassinato de uma vampira de família nobre; um roubo de uma jóia de dentro de uma mansão extremamente vigiada; e uma série de assassinatos misteriosos numa vila isolada. As resoluções são difíceis, mas não impossíveis, e a satisfação do final do arco é ampliada pelo uso de todos os detalhes fantasiosos que nos foram apresentados ao longo dos episódios.

Falando no elenco, o animê reúne figuras históricas e da ficção do século 19 em uma junção que eu cheguei a chamar carinhosamente de “A Liga Extraordinária, versão otaku“. Ou, se preferir um exemplo mais superficial, “Os Vingadores do século 19, versão otaku”.
Sem entregar tudo e ser xingado por spoilar demais, apenas alguns nomes: Sherlock Holmes e James Moriarty; O Fantasma da Ópera; Phileas Fogg e Passepartout… A lista segue, com referências divertidas e interessantes às obras originais, e interações que só poderiam acontecer em colaborações desse estilo.

Junto com os figurões já conhecidos, temos também alguns personagens originais. E eu queria destacar os dois protagonistas: A imortal Aya Rindo, e o “Matador de Demônios” Tsugaru Shunichi. Além de serem extremamente carismáticas e transbordarem personalidade, o jeito como eles interagem entre si é uma recompensa por si só. Mesmo estando ambos em situações precárias, numa busca por vingança que inevitavelmente os levarão à morte (ou, talvez, justamente por estarem nessa situação), eles conseguem brincar, contar piadas e fazer jogos de palavras um com o outro, sempre mantendo a atmosfera ao redor do elenco num alto astral. E esse “alívio cômico”, digamos assim, ajuda o clima da obra a se manter bem mais neutro do que os temas e acontecimentos poderiam sugerir.

Captura de tela do episódio 9 de "Undead Murder Farce", mostrando Tsugaru
O jeito como o Tsugaru é basicamente um shitpost ambulante realmente ajuda o animê (Reprodução: Crunchyroll)

E mesmo quando o animê se debruça mais na ação e se afasta dos jogos mentais e deduções detetivescas, ele ainda dá um show. A coreografia e animação das lutas é sensacional, com os golpes inusitados e manobras inesperadas de Tsugaru sempre me deixando de queixo caído (como exemplificado pela abertura, que, aliás, é um banger). Não apenas bonitas, as sequências se esforçam para parecerem maneiras, dando aquele ar de massavéio que cativa os olhos e te prende na tela.

Por fim, embora não seja uma temática que está na superfície da obra o tempo inteiro, ainda podemos fazer uma leitura interessante sobre a interação entre os humanos e os “monstros“. Claro, a ideia é mais antiga que andar pra frente, mas o conceito de humanizar os monstros e demonizar os humanos é algo que pode ser lido nas entrelinhas do animê. Eu acho essa leitura um pouco simplista demais, porém, e entendo a situação do mundo e a mensagem como algo mais primalístico: No fim das contas, seja humano ou monstro, todo ser vivo se esforça, em certos momentos quase instintivamente, para sobreviver. E numa situação onde você foi colocado com as costas contra a parede, quem poderia te julgar pelo que fez para salvar a própria pele?

Em resumo, “Undead Murder Farce” funciona como história de detetive mesmo com seus elementos sobrenaturais; funciona como animê de porradinha com lutinhas iradas; e funciona como uma “releitura nipônica” do clássico de Alan Moore e Kevin O’Neill. Um dos melhores shows do ano até agora, o redator dá uma merecidíssima nota de 4,5/5,0.

“Undead Murder Farce” está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, com legendas em português.

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“Love Live: Sunshine in the Mirror”: Um minúsculo passo na direção certa

Vou começar essa postagem com um aviso: Sim, estou ciente que animê de idols não é algo que todo mundo curte. Em especial, a galera que acessa esse site provavelmente nunca nem chegou perto de um. Mas tudo bem, a mensagem pode valer para qualquer coisa que seu coração desejar, se a carapuça servir.

Love Live!” é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores franquias de idols do Japão. Com centenas de músicas, jogos, animações, shows e produtos, as garotas estão em todo o lugar que você olhar. Só que desde sua estréia, em 2010, a minha percepção da obra do conglomerado Kadokawa é uma de conservadorismo: Treze anos e quatro grupos depois (com um quinto já em trabalho), as coisas parecem não mudar e nunca tentar sair de sua zona de conforto.

Dizer que sou um “grande fã” da franquia seria exagero, mas eu a acompanho desde o original, “Love Live! School Idol Project“, de 2010. E confesso: Na época, odiei o que vi. Com o passar dos anos, novos grupos foram aparecendo, a tecnologia de CGi para danças e coreografias foi melhorando (devido ao enorme fluxo de caixa), e a qualidade do roteiro e da própria forma de se contar as histórias foi aumentando.

Captura de tela do episódio 13 de "Yohane the Parhelion: Sunshine in the Mirror", o spin-off de Love Live, mostrando dois cervos, possuídos por uma aura maligna e olhos vermelhos.
Representação fiel do blogueiro que fala sobre futuro de franquia de idols menos insano. (Reprodução: Crunchyroll)

Com “Love Live! Sunshine!!“, o segundo grupo da franquia a ser animado, tivemos um primeiro salto: Apesar de ainda se prender muito ao que foi feito no original, tanto em ambientação como em narrativa, o quadro geral foi apresentado de forma muito superior, e mostrava ao menos um pouquinho de personalidade em suas personagens.

A terceira entrada, “Love Live! Nijigasaki High School Idol Club“, foi o ponto onde eu legitimamente comecei a gostar da franquia. Ao mudar o foco da história, deixando o conceito de “grupo de idols” de lado, e lançando a ideia de “idols solo”, o animê deu muito mais espaço para que cada personagem crescesse como si mesma, ao invés de ser uma parte de um quebra-cabeça que só faz sentido ao ser completado.

E embora ainda não tenha tido tempo hábil (ou, sendo mais sincero, “coragem”) para assistir um episódio sequer, ouço excelentes coisas sobre “Love Live! Superstar!!“, o quarto grupo da franquia.

O problema disso tudo, porém, é que, mesmo com todos os avanços e melhorias que aconteceram ano após ano. Love Live nunca ousou. Por um lado, eu entendo: O ditado diz que “em time que está ganhando, não se mexe“. Por qual motivo eles deveriam ousar? Tentar fazer algo diferente? O “mais do mesmo” está rendendo dezenas de milhares de unidades monetárias para as empresas. Meu medo é simplesmente a estagnação. Falo apenas por mim (afinal, nunca falo por outrem, não tenho esse direito), mas depois de alguns anos, ver a mesma história se desenrolando mais ou menos da mesma forma, com as personagens mais ou menos parecidas, cantando músicas mais ou menos iguais… Cansa.

Foi por isso que, ao ouvir notícias de que “Yohane the Parhelion: Sunshine in the Mirror” iria acontecer, eu fiquei empolgado. Não tinha muitos detalhes ainda, mas ao que tudo indicava, seria um animê de fantasia, com as personagens de Sunshine!!, e que teria como protagonista a mais interessante delas. Eu estava animado! Essa era a chance que eles precisavam para explorar novos horizontes, para ousar e sair da zona de conforto.

Esse animê poderia ser qualquer coisa! Poderia ser um isekai; uma fantasia “pura”; um devaneio juvenil da mente da Yohane; uma fanfic online escrita por fãs…
O roteiro poderia ir para qualquer lugar! Poderia tratar de magia e mistérios; de ação e aventura; de receios da juventude e descobrimento interior; poderia até mesmo ser um simples suco de massavéio cheio de porradinha e música maneira…
Mas, após treze episódios, só o que eu posso dizer sobre a série é que ela decidiu… Não ser nenhuma dessas coisas. É decepcionante o tamanho do desperdício que o animê inteiro acabou sendo, pois toda a construção de mundo, os visuais e as caracterizações fantásticas das personagens já conhecidas são ótimos. Mas nada é feito com elas. Absolutamente nada.

Os primeiros episódios começam fortes, com uma crescente interessante do primeiro ao terceiro. Somos apresentados ao mundo e as garotas: Ambos são bem similares ao que já conhecemos, mas tem suas claras peculiaridades. Vemos o uso de um dos arcos mais interessantes da série original como um ponto pivotal desse spin-off, e tudo se conecta de forma fantasiosa, mas satisfatória. No episódio três, finalmente somos apresentados ao grande conflito: “A Calamidade”. Esse fenômeno é o mistério a ser resolvido, e ele apareceu com uma ótima sequência de ação. Até aqui, meu hype estava lá no alto.

Só que, depois disso, o animê desistiu. Ele levantou bandeira branca e balançou o lencinho da paz. Você imaginaria que, após conhecermos o conflito principal, nós iríamos… Eu sei lá, desenvolvê-lo? Explicá-lo? Buscar formas de resolvê-lo? Fazer literalmente qualquer coisa com ele?
Infelizmente, o que se segue são dois meses de episódios completamente aleatórios e desconexos, que lembram apenas vagamente que essa história se passa num mundo de fantasia e que existe uma calamidade se espalhando pela cidade de Numazu. O roteiro voltou a ser o de uma série “principal” de Love Live, com conflitos episódicos ou arcos extremamente curtos, que se desenvolvem superficialmente e se encerram com um clipe musical.

Captura de tela do episódio 13 de "Yohane the Parhelion: Sunshine in the Mirror", mostrando Yohane com uma pena branca nas mãos
Bandeira branca, pena branca… Quase a mesma coisa. O simbolismo é o mesmo. (Reprodução: Crunchyroll)

Quando decide finalmente voltar a fazer alguma coisa com o tema proposto, lá pelo episódio 11, já é tarde demais. A essa altura do campeonato, eu já não me importava com o que acontecia. E eles não tinham mais tempo para fazer com que eu me importasse. A Calamidade se alastra, temos um clímax emocional entre a protagonista Yohane e sua cachorra-falante Lailaps, e a junção de todas as garotas numa emocionante canção acaba salvando o dia e a cidade. Mas nada disso importou. Eles gastaram tanto tempo com o famoso “nada acontece feijoada”, que não conseguiram desenvolver esses pontos. Não houve impacto nas revelações pois elas não foram trabalhadas ou sequer comentadas por grande parte da duração do animê.

Talvez o problema seja o meu ponto de vista. Já comentei várias vezes sobre como expectativas altas podem diminuir o proveito de algo, assim como expectativas baixas podem aumentar a diversão de uma coisa mediana. Será que eu que esperei demais de um spin-off de fantasia de Love Live? Eu que estava errado por assistir os três primeiros episódios, ver magia, tokusatsu e música reunidas em uma cena de combate bem coreografada e esperar algo tão bom quanto Symphogear? Talvez. Será que se eu tivesse, desde o começo, mantido minhas esperanças baixas, e esperado pelo pior, por um simples animê corriqueiro de Love Live, mas com uma “skin” medieval, eu teria aproveitado mais? Provavelmente.
Mas isso é apenas especulação. E eu não deixo de estar decepcionado.

Ainda assim, eu acredito que existe mérito em o que foi feito em “Yohane the Parhelion: Sunshine in the Mirror“. Eles podem não ter utilizado nem 1% do potencial que tinham, mas o simples fato de que isso existe, que foi aprovado e produzido, que foi ao ar semanalmente por três meses, já é um avanço. Mostra que eles estão dispostos a tentar ousar. Mostra que eles têm coragem para fazer algo diferente. Talvez não muito, mas é um começo. Como disse no título, é um minúsculo passo, sim, mas é um passo na direção certa. Acredito que o futuro da franquia está um pouquinho mais garantido.

Captura de tela do episódio 12 de "Yohane the Parhelion: Sunshine in the Mirror", O spin-off de Love Live, mostrando Mari
Ironicamente, aprender com o passado para garantir um futuro melhor é uma das lições que o animê tenta passar. Meta-comentário, talvez? (Reprodução: Crunchyroll)

O animê pode ter falhado em entregar uma história de fantasia intrigante, mas teve uma qualidade técnica altíssima, com belos visuais, excelentes músicas e coreografias tão boas quanto se espera de uma franquia de idols. Não que isso compense o enorme desperdício de potencial.
Olhando de forma positiva pra situação, e dando créditos ao que foi feito, o redator dá 2,0/5,0 para esse spin-off de Love Live!, e torce para que o próximo tenha mais do que quatro episódios decentes.

Você pode assistir “Yohane the Parhelion: Sunshine in the Mirror” na plataforma de streaming Crunchyroll, completo em 13 episódios.

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“My Home Hero”: Um ensaio sobre os limites do amor

Uma motivação comum, em filmes de ação de Hollywood, é fazer o mocinho lutar para defender sua família. Vilões que sequestram ou ameaçam familiares do protagonista existem aos montes, e a satisfação está em saber que o Schwarzenegger, Mel Gibson ou o Bruce Willis vão descer a porrada em tudo e em todos para proteger seus entes queridos.

Acontece que, na maioria dos casos, o personagem principal desses filmes é alguém já preparado para lidar com a situação: Policiais, espiões, agentes do governo, soldados… São pessoas que possuem treinamento formal para porte de armas e combate. O que é bem menos comum é o caso onde o protagonista é apenas uma pessoa qualquer. Um homem comum, que não tem artes marciais ou um três-oitão a sua disposição. O mocinho que não passa de um homem caseiro. Um “Herói do lar“, talvez?

Ok, perdão pela forçação de barra. Baseado num mangá de mesmo nome (recentemente anunciado no Brasil pela editora JBC), com autoria de Naoki Yamakawa e Masashi Asaki, “My Home Hero” foi animado pelo estúdio Tezuka Productions e dirigido por Kamei Takashi. Com doze episódios, o anime recém-concluído teve transmissão simultânea na Crunchyroll, e também recebeu dublagem brasileira. O trailer e sinopse, conforme a plataforma de streaming, seguem:

Durante seus 47 anos de vida, Tetsuo Tosu nunca cometeu um crime sequer. Mas quando ele descobre que sua filha Reika está apanhando do namorado, ele começa a investigar o rapaz e descobre que, não só ele possui laços com a yakuza, como tem um histórico de suspeitas de feminicídio em sua ficha. Determinado a proteger sua família, Tetsuo faz o impensável e mata o homem, mergulhando de cabeça no submundo da marginalidade e colocando em risco sua pacata vida burguesa.

Uma coisa que precisa ficar bem clara logo de cara é a seguinte: “My Home Hero” não é um animê para quem é fraco de coração. Em vários sentidos.
Para começar, como a sinopse deve ter explicado, a história trata de temas um pouco pesados. Não só temos violência física, como temos abusos psicológicos, degradação mental e social, apologia ao crime e ao uso de drogas… Fora coisas piores que seriam spoiler de te contar.
Depois, tem a questão de que, meu amigo… Não existem palavrões o suficiente na língua portuguesa para descrever o sentimento que se tem ao final de cada episódio. Nem a maior das hipérboles fálicas basta. Todo episódio você pensa “ok, não tem como a situação ficar pior“. Aí ela vai e fica.

E esse último ponto foi o que acabou me prendendo na obra, o que me deixava ansioso para assistir o próximo episódio na semana seguinte. Toda vez, passávamos por uma montanha-russa de emoções, que começava com o Tetsuo tendo que lidar com um problema aparentemente irreparável, apenas para vê-lo puxar um coelho da cartola para “resolver” a situação… Até chegarmos no final do episódio e darmos de cara com mais uma coisa que me fazia xingar o céu e o mundo.

A direção também ajuda nesse quesito. O jeito como as cenas vão e voltam no tempo, pequenos detalhes são apenas mencionados, e te deixam curioso para entender como aquela aparentemente inofensiva parada na loja de conveniências pode ser útil no futuro… As coisas acontecem e parecem absurdas e sem explicação… Para então voltarmos e descobrirmos que tudo só aconteceu por causa daquela parada.

Captura de tela do episódio 12 de "My Home Hero"
“Próxima estação: Palmeiras-Barra Funda. Acesso a linha 3-vermelha do metrô, e linha 7-Rubi da CPTM. Desembarque pelo lado direito.” (Reprodução: Crunchyroll)

Tetsuo pode não ter nenhuma forma de se defender fisicamente, como mencionado no início, mas o uso criativo da sua esperteza e seu hobby acabam salvando a sua vida (e o colocando em ainda mais perigos) várias vezes. De uma forma positiva, o animê consegue fazer com que as jogadas de xadrez 5D do protagonista pareçam mais como tentativas desesperadas que acabaram dando certo do que planos meticulosos de um mestre intelectual, e essa incerteza adiciona ainda mais tensão na história como um todo. Algumas explicações podem parecer inconsistentes, mas o show se esforça para tentar deixar claro que isso só deu certo por causa do passado e presente extremamente específicos do cinquentão.

E tudo isso acontece por uma motivação única e simples, quase primitiva e animalesca: O desejo incontrolável e até mesmo irracional de defender aquilo que é seu e que lhe faz bem. O animê demonstra, em vários momentos, que a vida que Tetsuo leva é extremamente medíocre. Ele é um homem de meia-idade, classe média, com um emprego qualquer, um casamento aparentemente desgastado, ambições impossíveis em seu hobby, e um relacionamento difícil com a filha. Mesmo assim, ao se deparar com uma situação onde o que ele tinha foi colocado em risco, ele se transforma no Hulk, vai até os limites da sua capacidade (e, muitas vezes, até passa deles!) para evitar qualquer perda.

Sabe aquele ditado, de que só damos valor para algo quando o perdemos? A reação visceral de rejeição que o Tetsu tem de perder a filha, de perder a família e a vida que tinha, mostra que ele percebeu o valor das coisas à sua volta. Onde outros shows poderiam trabalhar em cima da mediocridade e encará-la como um aspecto negativo, “My Home Hero” se apoia na busca pela continuidade dessa mediocridade. Não é muito, não é extravagante, mas é a vida e a família que Tetsuo Tosu construiu com as próprias mãos, e que ele está satisfeito em ter. É algo que ele ama, e esse amor é o que faz com que ele lute com tudo que tem para defendê-lo.

Captura de tela do episódio 12 de "My Home Hero"
Assim como ogros e cebolas, essa imagem tem camadas. O show inteiro tem, aliás. (Reprodução: Crunchyroll)

Com uma trama cheia de suspense, adrenalina e emoção, que apesar de exagerada e fantasiosa, ainda consegue entregar uma história até que bastante pé-no-chão, “My Home Hero” existe a partir de uma única pergunta: Qual é o limite do amor? Até onde você iria para proteger aqueles que ama? E o animê mostra que a resposta pode ser muito mais assustadora do que se esperaria.
O mangá ainda está em publicação, mas o animê se encerrou em um ponto que muitos podem ver como anticlimático, mas que eu vejo como uma forma de passar uma mensagem, e a nota do redator é 4/5, ainda com o asterisco de que não é um show para todo mundo. Mas que show que é, não é?

O animê está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, completo em 12 episódios, com legendas e dublagem em português.

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“As Quíntuplas: Filme” é cinco partes de acerto para uma de erros

Filmes de animê são uma mídia que está crescendo no Brasil. Quem é fã de longa data dos desenhos japoneses sabe o quão frustrante costumava ser ver uma série continuar (ou terminar) em formato de filme, pela grande dificuldade de se ter acesso a esse tipo de conteúdo. Mas, nos últimos anos, os longa-metragens tem ganhado mais e mais licenças para plataformas de streaming (mesmo que com algum atraso), e até tem populado as salas de cinema do país (mesmo que apenas em cidades grandes). Filme de animê já não é mais um problema tão grande.

Por causa disso, meu sentimento de tristeza (e um pouco de ódio) com “As Quíntuplas” (No original, “Gotoubun no Hanayome”, ou pelo título internacional, “The Quintessential Quintuplets”) foi bem menor do que teria sido alguns anos atrás, quando anunciaram, após sua segunda temporada, que a comédia romântica de Negi Haruba teria seu encerramento adaptado para as telonas, ao invés das telinhas. Demorou quase um ano inteiro, mas o filme, que foi lançado no Japão em 20 de maio de 2022, finalmente chegou para o ocidente, com o licenciamento da Crunchyroll. Como um grande fã da obra, reservei um tempo para assistir as mais de duas horas do longa-metragem, e já que eu tinha escrito sobre as duas temporadas iniciais, pensei: “Por que não resenhar também o filme?“.

Captura de tela de "The Quintessential Quintuplets - Movie", mostrando a quíntupla mais velha, Ichika
Minha cara de felicidade quando posso fazer propaganda descarada das minhas postagens antigas (Reprodução: Crunchyroll)

O clímax da história acontece, é claro, no festival escolar. Onde mais você acharia que uma comédia romântica escolar teria o seu ponto alto? Da mesma forma que outra RomCom que terminou em 2022, Kaguya-sama, temos o evento como centro e motivador de desenvolvimentos que nos levam ao fim da obra. O “Festival Escolar” é culturalmente visto e utilizado, especialmente no gênero romântico, como o “ápice” da juventude dos adolescentes. Especialmente quando se trata do festival para os alunos do terceiro ano do ensino médio, já que é a “última chance” que eles têm de “viverem como jovens”, antes de entrar no mundo adulto de universidade e trabalho.

O que diferencia o filme de As Quíntuplas de Kaguya-sama, porém, é o fator de descoberta: Até o último momento, você não sabe qual das irmãs o protagonista escolheu. O autor e a direção do filme fizeram um excelente trabalho de dar pistas para a revelação, fazendo com que ela não pareça arbitrária, mas sem fazer com que ela seja absurdamente escancarada antes da hora.

Aliás, já que toquei no assunto, fica dado o recado: O filme adapta até o final do mangá, então sim, o protagonista escolhe uma garota no final. Não tivemos um encerramento covarde, extremamente comum em histórias harém. Que mais autores sigam o exemplo.

Captura de tela de "The Quintessential Quintuplets - Movie", mostrando a segunda quíntupla, Nino
A tensão de assistir RomComs sem saber se vai ter um final definido… (Reprodução: Crunchyroll)

Um dos charmes do filme é, na minha opinião, o jeito que ele é apresentado. Os três dias de evento do festival escolar são mostrados por seis pontos de vista diferentes: Do Uesugi, e de cada uma das quíntuplas. Conforme vamos indo e voltando no tempo, vendo e revendo acontecimentos marcantes, recebemos novas peças para montar o quebra-cabeça de o que aconteceu de fato, e como as coisas se conectam.

Além de dar tempo de tela e foco para todas as personagens, gerando conteúdo para fãs de todas as quíntuplas, essa ferramenta de roteiro das mudanças de ponto de vista serviu para reforçar a principal mensagem da história, que foi ainda mais central no filme: Que mesmo elas sendo idênticas, as quíntuplas não são iguais. Não há problema algum em gostar e sentir um conforto familiar nas similaridades entre elas, mas que elas também devem aprender a valorizar suas características únicas.

Dessa forma, cada “segmento” não foi idêntico. Cada quíntupla recebeu um conteúdo que é bastante condizente e respeitoso com o que ela é, e com o que foi construído ao longo da série. Talvez isso possa ser visto como “injusto”, já que a carga e o tipo de conteúdo recebido não foi equilibrado, mas acredito que seria um questionamento que apenas os mais fanáticos cruzados das guerras de waifu fariam, e que uma pessoa sensata encararia as diferenças como um ponto de desenvolvimento das personagens.

Captura de tela de "The Quintessential Quintuplets - Movie", mostrando a terceira quíntupla, Miku
A cara da Miku resume tudo sobre quem reclama do tratamento de cada quíntupla no filme (Reprodução: Crunchyroll)

Quando o assunto é humor, tenho que, mais uma vez, dar os parabéns para As Quíntuplas. Esse filme foi muito engraçado, com diversos momentos (alguns até não-propositais) que me fizeram rir alto. Mesmo esse sendo o final da série, com um desfecho quase que “de novela“, com muito drama e emoção envolvido, o longa conseguiu manter as piadas e o divertimento, deixando a “comédia” em “comédia romântica” brilhar. E esse é um dos maiores méritos da série como um todo, como eu comentei mais a fundo na postagem anterior.

Claro que nem tudo são flores, e o filme não é perfeito (por mais que eu quisesse que fosse). Ironicamente, o principal problema do filme de As Quíntuplas é justamente… ser um filme.

Tá bom, eu sei que eu sou hater admitido de filmes de animê, mas dessa vez eu tenho argumentos reais: Com uma duração de duas horas e dezesseis minutos, o longa tem o tempo equivalente a mais ou menos seis episódios de animê para televisão. Isso fez com que muito conteúdo precisasse ser acelerado ou totalmente cortado, e momentos que poderiam ser melhor explorados deixaram a desejar.

O começo do filme é um ótimo exemplo do que eu estou falando: Sem spoilers (se é que dá pra spoilar alguma coisa quando o conteúdo foi literalmente cortado…), mas a cena de abertura, que tem menos de dois minutos e serve apenas para tocar musiquinha enquanto passam créditos, cobriu um evento inteiro, que passou despretensiosamente como quem não deve nada a ninguém. Logo depois, um outro acontecimento, que é algo muito importante para as quíntuplas, e é diretamente relacionado com um dos principais conflitos da segunda temporada, acontece em uma transição de cena. UMA TRANSIÇÃO DE CENA! Eles falam como se fosse um “Ah, sim, uma última coisa” e saem andando.

Captura de tela de "The Quintessential Quintuplets - Movie", mostrando a quarta quíntupla, Yotsuba
Algumas coisas passaram voando tão rápido que deu pra ouvir a Yotsuba gritando “Já chegou o Disco Voador” (Reprodução: Crunchyroll)

Esses são apenas dois exemplos que você vai encontrar logo nos cinco primeiros minutos do filme, mas isso se repete várias vezes ao longo da duração. Personagens aparecendo sem a menor explicação, coisas acontecendo totalmente do nada, ou tendo motivações tão rasas que em alguns casos era melhor nem citar nada… Fica claro que faltou tempo para terminar o mangá.

Isso me faz questionar ainda mais a decisão de fazer um filme, quando claramente uma terceira temporada, com 12 episódios, teria tido o dobro do tempo para trabalhar nos detalhes que faltaram. Especialmente quando olhamos para a estrutura do filme, que é extremamente segmentada e poderia facilmente ser encaixada em “bloquinhos” de 20 minutos.

Não sei se foi algum esquema de lavagem de dinheiro ou visaram os lucros das salas de cinema. Talvez seja uma questão da produção semanal? Eu não sei, e é o tipo de coisa de bastidores que provavelmente nunca saberemos, mas que As Quíntuplas sofreram por essa escolha, isso é inegável.

Captura de tela de "The Quintessential Quintuplets - Movie", mostrando a quíntupla mais nova, Itsuki
Posso ter reclamado bastante do filme, mas eu também tava mandando ver num sanduba enquanto assistia, e essa parte foi boa (Reprodução: Crunchyroll)

Apesar dos problemas causados pelo formato escolhido, é inegável que a adaptação foi extremamente fiel a tudo que a série construiu, tanto em atmosfera quanto em conteúdo. Um final memorável e satisfatório para uma série que foi divertida do início ao fim, o filme de “As Quíntuplas” poderia ter sido melhor, mas o que foi, já foi excelente, e o redator dá a nota de 4,0/5,0 para ele.

Sendo sincero, eu já fico muito feliz de simplesmente ver um animê acabando. Ôh mídia que gosta de deixar coisas incompletas, viu.

O filme, assim como as duas primeiras temporadas que o antecedem, está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, sob o nome internacional, “The Quintessential Quintuplets”, e possui opção dublada em português.

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Eu não sei o que dizer sobre “The Vampire Dies in no Time”

No mundo das crônicas – os textos mundanos de uma página que vemos publicados em jornais e revistas – existe uma máxima (que não sei se existe de fato, mas que acredito que escritores concordariam): Todo cronista, inevitavelmente, acabará escrevendo uma crônica sobre não saber sobre o que escrever, e uma crônica sobre o ato de escrever uma crônica. Às vezes, essas duas acabam sendo a mesma crônica.

Talvez isso valha também para blogueiros, pois o que estou fazendo hoje é justamente isso: Eu literalmente não sei o quê escrever sobre o animê que quero divulgar. Mas o algoritmo ruge, então tentarei mesmo assim.

Baseado num mangá de mesmo nome, com roteiro de arte de Itaru Bonnoki, “The Vampire Dies In No Time” (Kyuuketsuki Sugu Shinu) foi adaptado em 2021 para animação, e sua segunda temporada terminou agorinha, no final de março de 2023.

A comédia acompanha as aventuras de Draluc, o vampiro mais fraco do mundo (e que morre com qualquer arranhão, mas logo se recupera), e do caçador de vampiros Ronaldo, que juntam forças enquanto combatem as mais diversas ameaças à população da cidade de Shin-Yokohama.

Existem diversos tipos de humor, e eu já falei extensivamente sobre eles em diversas postagens diferentes. Afinal, quando venho recomendar um animê de comédia para vocês, eu preciso explicar o tipo de comédia que ele possui, já que pessoas diferentes gostam de tipos diferentes de comédia. Depois da explicação, eu comento sobre o show em si, seus pontos fortes e fracos, e suas excentricidades.

Pois bem: A comédia de “The Vampire Dies In No Time” é do tipo “Dedo no c* e gritaria”. É uma junção de choque pelo absurdo; com um manzai mais clássico de uma pessoa fazendo uma piada e outra reagindo a ela de forma exagerada; e do humor pela repetição da mesma piada várias e várias vezes. É uma mistura que pode ficar densa, mas que é tão bem executada, que não passa dos limites. Bem, dos limites técnicos, pois de roteiro… Eles vivem passando dos limites. E é isso que faz a coisa ser engraçada.

Captura de tela do episódio 4 da primeira temporada de "The Vampire Dies In No Time"
Considerando onde ele enfia esse dedo, é bom manter a unha cortada mesmo (Reprodução: Crunchyroll)

E agora é o momento que eu começo a me enrolar. Para falar sobre as excentricidades de “The Vampire Dies In No Time”, eu precisaria… Bem, pra início de conversa, eu precisaria ter prestado atenção o suficiente para notar qualquer coisa. O animê me fazia rir tanto, que eu quase não conseguia notar nada além das piadas. Mas, se eu me esforçar para tentar trazer algum ponto, eu teria uma certa dificuldade em explicá-los. Sabe aquela sensação de “você precisava estar lá”? Quando você conta uma história hilária para um amigo, e recebe como resposta apenas um silêncio constrangedor? É assim que eu me sinto ao tentar descrever qualquer coisa sobre o show.

Nesse mundo, cada vampiro tem uma habilidade “especial”, que deveria ser a sua assinatura e principal forma de atacar humanos e conseguir sangue. Mas a história nunca se leva a sério, e isso faz com que as habilidades dos vampiros sejam apenas coisas absurdas, badulaques extremamente específicos e que servem apenas de mote para piadas, onde ninguém está, de fato, correndo perigo.

Inclusive, as situações de maior “risco” para qualquer pessoa na história acontecem quando não há nenhum vampiro envolvido. Você poderia até tentar dizer que é uma alegoria ao fato de que “nós somos os verdadeiros monstros”, mas… Não, o animê certamente não tenta passar nenhuma mensagem dessas, ele apenas usa o choque pelo absurdo.

A repetição da piada que dá nome ao show, o fato de Draluc sempre morrer com qualquer coisa que aconteça com ele, é o foco do humor apenas no início da história. Sabendo que repetição demais pode tornar uma coisa repetitiva, o animê utiliza o gás da piada para introduzir um elenco de apoio, e, assim que estabelecemos um bom e diverso grupo, as “mortes” de Draluc se tornam algo secundário.

Com episódios divididos em dois ou três “esquetes”, cada uma focada em uma personagem, grupo ou evento diferente, o gigantesco elenco entra em jogo para diversificar o humor e sempre te dar algo que parece “fresco”. De certo modo, temos a própria cidade de Shin-Yokohama como o palco e protagonista de “The Vampire Dies In No Time”.

Captura de tela do episódio 11 da primeira temporada de "The Vampire Dies In No Time"
[CONTEXTO NÃO ENCONTRADO] (Reprodução: Crunchyroll)

Ok, ok, sei que disse que não tinha o que falar, e já mandei 700 palavras sobre o assunto, mas veja bem… Eu só consigo falar de forma genérica. “O humor é bom”; “tem ótimas personagens”; etc. Se eu tentasse ser mais específico, eu não apenas iria parecer maluco, como acabaria dando spoiler e fazendo muitas piadas perderem a graça.

Uns tempos atrás, eu simplesmente não escreveria esse texto. “Se não tenho o que dizer, o que eu diria? Que conteúdo eu teria para colocar no papel?”, pensaria. Mas, depois de me divertir tanto, e dar tantas risadas com “The Vampire Dies In No Time”, e de ver – ao menos na minha bolha – o animê sendo completamente ignorado por todo mundo… Eu me senti na obrigação de ao menos tentar. Nem que seja um mero grito ecoando num vale completamente vazio (a maioria das minhas postagens são, né? Mas isso não é relevante no momento), eu precisava botar para fora.

The Vampire Dies In No Time” tem um humor tão diverso quanto seu elenco, e funciona na base do grito e do berro. É uma história sem pé nem cabeça, mas surpreendentemente funcional, com uma única função: Ser absurda para te fazer rir. Um animê que sempre me deixava empolgado para assistir, o redator facilmente dá a nota de 5/5.

E, novamente, peço desculpas por não conseguir explicar o que é tão divertido sobre o animê. Você precisava estar lá pra entender.

“The Vampire Dies In No Time” está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, com duas temporadas que totalizam 24 episódios. Também há dublagem com áudio em português.

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Torre Recomenda | Animês de 2022

Postagens de “melhores do ano” já estão tão manjadas que, a essa altura, eu realmente não preciso mais fazer uma introdução. Nós dois sabemos do que se trata, sabemos o motivo de estarmos aqui e o que queremos ver. Dito isso, vamos pular as formalidades.

2022 foi um ano absurdo para a animação japonesa. Cada temporada que passava, as pessoas diziam “essa é a melhor temporada em anos!”, apenas para a temporada seguinte vir e ser ainda melhor que a anterior. A quantidade de shows icônicos e que vão se manter na memória coletiva por muito tempo fez com que fechar uma lista de apenas dez títulos fosse um pouco difícil, mas consegui chegar num resultado que me agradou bastante.

Também ajuda o fato de eu não ter assistido a grande maioria das coisas que você provavelmente já se cansou de ver em outros rankings. Já adianto: Sem Chainsaw Man aqui.


10. Princess Connect! Re: Dive – Segunda Temporada

Onde Assistir: Crunchyroll

Como o objetivo de listas é sempre causar confusão, vamos começar logo com os dois pés no peito.

O animê de “Priconne” é uma coisa que requer uma análise um pouco maior, pois ele apresenta duas experiências bastante distintas, dependendo do tipo de pessoa que você é: Aqueles que conhecem o jogo, e aqueles que estão vivenciando a história exclusivamente pela animação.

Para quem já conhece a história pelo jogo (que é publicado globalmente pela Crunchyroll Games, e que eu tenho jogado viciadamente desde o lançamento), essa segunda temporada foi uma adaptação que fez tudo que você poderia querer, e mais. Não é um copia-cola do que vemos no jogo (por motivos que você saberia, se conhecesse o jogo!), mas trás os elementos que fazem o jogo ser tão divertido e emocionante.

Agora, para quem não conhece a história do jogo… É um pouco mais complicado. Os últimos quatro episódios foram fundo na narrativa complexa e intrínseca que, honestamente, não se espera de um mobage. Com alguns (muitos) detalhes em aberto, o animê acaba passando batido para aqueles que estão experienciando-o pela primeira vez, fazendo com que o final emocionante seja totalmente sem pé nem cabeça.

Mas não me levem a mal: A segunda temporada de Priconne ainda é um animê genial, onde seus primeiros oito episódios mantém a fórmula cômica da primeira temporada, fazendo qualquer pessoa, independente do grupo que ela pertence, rolar de rir. Claro, o problema da história é uma ressalva que tira muitos pontos do show, mas mesmo assim, ainda é bom o suficiente para ficar em décimo lugar.


9. Date a Live IV

Onde Assistir: Crunchyroll

Quem me conhece, sabe: Eu sou o – autoproclamado – maior fã de Date a Live do interior de São Paulo. É uma série de light novels que eu amo, e que me acompanhou por anos muito importantes da minha vida. Mesmo eu tendo noção de que não é lá essas coisas, dum ponto de vista técnico, é uma obra que eu tenho um enorme apego sentimental.

Infelizmente, as adaptações em animê de Date a Live não são boas.

A primeira e segunda temporadas só se tornam medíocres após mais de trinta minutos extras serem adicionados em cada em seus respectivos “Director’s cut“, enquanto a terceira não pode ser descrita como nada menos que um crime de guerra. Com um histórico desses, minha expectativa para a quarta temporada estava baixa.

Felizmente, conseguiram superar e muito minhas expectativas, com o que é facilmente o melhor material animado de Date a Live que existe (até o momento).

Essa quarta temporada é, usando termos mais familiares para o leitor médio da Torre, “O início do Ultimato“. É nesse ponto que a franquia foca mais em desenvolver e encerrar a sua história, deixando um pouco mais de lado as suas origens como paródia de dating sims e narrativas harém no geral, mas sem abandoná-las. São revelados segredos que circundam a série desde o seu início, e tudo se encaixa da forma mais besta possível, exatamente como tudo sempre foi.

Os primeiros episódios tiveram algumas decisões de adaptação questionáveis, mas a segunda metade da temporada foi uma adaptação perfeita das light novels, que mostrou exatamente o motivo de eu gostar tanto da obra. O trabalho de dublagem de Asami Sanada, que dá voz para a Kurumi, foi algo que merece um prêmio, e conseguiu transmitir tudo que as cenas focadas na anti-heroína favorita da garotada precisava transmitir.

Fora que né, a lista é minha, e mesmo sabendo que Date a Live é horrível, eu ainda gosto muito e colocarei em nono lugar. Tirei Spy x Family do top 10 para isso e você não pode me impedir.


8. Shikimori’s Not Just a Cutie

Onde Assistir: Crunchyroll (também disponível dublado!)

Leia mais: Shikimori não é “apenas” um Slice of Life

Ok, chega de polêmicas. Acho que podemos colocar coisas que realmente merecem estar num Top 10 no Top 10 a partir de agora.

Eu sei que Slice of Life não é o gênero favorito de todo mundo. Inclusive, diria que é um dos gêneros mais desgostados pelo público geral, com comentários comuns dizendo que “nada acontece, feijoada”. E bem, de fato, só agrada um público em específico de pessoas.

Mas, se você é uma dessas pessoas, “Shikimori” certamente vai ser um prato cheio de feijoada para você. É um animê que consegue a façanha de gerar uma história com “alta tensão mas baixo risco” e faz muito bem. Além disso, tem um elenco de apoio sensacional e uma parte técnica que é um espetáculo visual.

Eu entro em maiores detalhes na postagem acima, então se esse tipo de coisa lhe parece interessante, dê uma chance.


7. Ya Boy Kongming!

Onde Assistir: Hidive (indisponível no Brasil, requer VPN)

Eu gosto bastante de mistérios urbanos. Obras que se passam num centro metropolitano, onde existem grupos, conexões, rixas e rivalidades de rua, onde pessoas frequentam um certo lugar e se tornam conhecidas naquela área, etc. Uma história onde a cidade é a protagonista.

Mas, na maioria das vezes (ao menos nas coisas que eu assisto), isso é usado com coisas tipo gangues, organizações criminosas, máfias, e afins. Assistir “Ya Boy Kongming!” me fez perceber que você pode ter uma atmosfera muito semelhante, sem precisar de conflitos com base na violência. Deu realmente pra sentir que Shibuya era um lugar que existe e é orgânico, que respira e muda, junto com seus frequentadores. E esse é um tema que será retomado mais abaixo na postagem.

De certo que esse show foi um dos mais icônicos do ano, com uma abertura que ficou muito famosa por ser dançante e visualmente impactante; e uma batalha de rap que vai ficar para sempre na história como uma das melhores já feitas no Japão (e, talvez, no mundo).

“Ya Boy Kongming!” não é apenas uma ótima comédia, mas também um bom animê musical e um exemplo de criação de personagens. Não fosse pela dificuldade de assistir legalmente no Brasil, estaria mais alto na lista.


6. The Case Study of Vanitas – parte 2

Onde Assistir: Crunchyroll (também disponível dublado!)

A segunda parte do animê dos vampirão sexy saiu em janeiro, e manteve o nível de qualidade da parte um (até ganhou uma posição no ranking, comparado com o sétimo lugar do ano passado).

Conforme a história avança, mais mistérios são decifrados, enquanto outros assumem o seu lugar. O maior mérito de “Vanitas”, pra mim, é o respeito que ele tem para com o público. O animê tem sempre um mistério para você resolver, mas ele faz isso de uma forma onde, se você juntar as peças que lhe foram dadas, chegará na resposta. Investigar a verdade é satisfatório, de um jeito que muitos “animes de detetive” por aí falham em fazer.

Focando em novas personagens e também em algumas já existentes que não tiveram tempo de brilhar na primeira parte, o mundo de “Vanitas” se expande num bom ritmo, nem muito rápido, nem muito devagar.

Tecnicamente, o show mantém a beleza que um show sobre vampiros numa hipotética París mágica do século XIX deve ter (mesmo que tenhamos passado metade da temporada no meio da neve); as músicas e dublagem trouxeram todo o carisma para as personagens e cenas; e as lutas foram maneiríssimas, do seu jeito.

O único defeito de “Vanitas” é que ele não acabou. É o drama de sempre, quando adaptamos mangás em andamento. Da última vez que conferi (que confesso, foi lá pra março), o animê tinha adaptado quase todo o material disponível… Vai demorar para chegarmos num ponto onde podemos ter uma nova temporada.


5. Kaguya-sama: Love is War – Ultra Romantic –

Onde Assistir: Crunchyroll (também disponível dublado!)

Leia mais: “Kaguya-sama” e seus mistérios ultra-românticos

Na minha postagem acima, eu fiz a ousada afirmação de que “Kaguya-sama” se tornaria um clássico. Meio ano depois, muita água já passou por baixo da ponte, e isso mudou muitas perspectivas. Mesmo assim, acredito que a afirmação ainda se mantém: o animê se firmou como um clássico.

Com uma terceira temporada que juntou os melhores pontos das duas primeiras, “Kaguya-sama” construiu algo que raramente acontece em comédias-românticas, e justamente por isso, se destacou: O show chegou a uma conclusão, feita de forma satisfatória e que culminou de todo o desenvolvimento que passou 37 episódios trabalhando.

Tá certo que teremos uma continuação, mas eu acredito piamente que não precisávamos, e comento o motivo em maiores detalhes na postagem.

Aliás, também tivemos uma batalha de rap aqui. Grande ano para batalhas de rap.


4. Lycoris Recoil

Onde Assistir: Crunchyroll (também disponível dublado!)

Leia mais: A amarga doçura de “Lycoris Recoil”

Esse ano também contou com uma quantidade interessante de animês originais. Acompanhá-los semanalmente é sempre uma aventura, pois ninguém sabe o que esperar. E esse mistério foi muito bem utilizado por “Lycoris Recoil”.

Agradando até mesmo Hideo Kojima, o animê conseguiu uma dupla-narrativa incrível ao ser extremamente superficial e absurdamente profundo ao mesmo tempo, e tendo resultados positivos para ambas as leituras. Seja como um filme de ação ou como uma crítica ao capitalismo-tardio, o animê entrega.

Eu falo mais sobre isso na postagem, mas já consegui convencer alguém a assistir LycoReco com isso, então vou repetir aqui: O show é o mais próximo que chegaremos de uma versão em animê de “Duro de Matar”. Sério.


3. Call of the Night

Onde Assistir: Hidive (indisponível no Brasil, requer VPN)

“Call of The Night” tem um apelo extremamente específico para a minha pessoa em particular, a ponto de eu não conseguir nem imaginar o que outra pessoa poderia pensar disso, de tão intrinsecamente pessoal que é.

Eu sou uma pessoa noturna, e tenho um certo apreço “romântico” pelo conceito da noite. O silêncio, a escuridão que intensifica a luz nostálgica que existe, a mudança de perspectiva de lugares e situações, o frio melancólico que agride a pele de forma agradável… Eu realmente não sei dizer se é “normal” sentir essas coisas, mas quando eu tenho noção de que estou seguro, a madrugada me dá um alívio mental que até hoje não consegui encontrar em outros lugares ou situações. Voltar da faculdade de ônibus, encarando a rua pela janela, no alto da meia-noite, é uma das memórias mais banais que eu tenho dos últimos anos, mas certamente é uma que eu não vou esquecer tão cedo.

Isso tudo pra dizer que “Call of the Night” é a primeira vez que eu me sinto representado sobre esse assunto. É uma demonstração quase que perfeita da “Noite poética” que eu tenho na minha mente: Ela é misteriosa, neon, e traz um senso de liberdade e melancolia. Chego a ter inveja da qualidade com que o animê conseguiu fazer o que eu sempre quis mas nunca consegui.

Deixando a poesia de lado, o que eu posso dizer sobre o show é que ele é algo bem próximo de um “Nu artístico”: Claro que não tem ninguém pelado na história, mas o jeito como a sexualidade inerente do tema é usada de forma “elegante” é incrível e um dos pontos positivos da obra.

Literalmente todo episódio é uma viagem. Que tipo de viagem? Você não sabe até assistir. Nesse episódio, você vai para um agradável passeio pelo parque ou para um túnel de terror visceral que despertará o seu terceiro olho? Nesse episódio, seremos uma comédia absurda ou um anime de lutinha? Um terror psicológico ou um slice of life? Um romance ou um drama? A capacidade que “Call of the Night” tem de se adaptar e trazer todas essas possibilidades, sem parecer “deslocado”, é outro de seus pontos fortes.

As músicas de abertura e encerramento foram uma das melhores do ano, também.


2. The Eminence in Shadow

Onde Assistir: Hidive (indisponível no Brasil, requer VPN)

Um animê que tem a coragem – ou talvez a audácia – de perguntar: “E se o seu protagonista fosse totalmente biruta? Doidinho da cabeça? 100% biruleibe das ideia?”.

“The Eminence in Shadow” está adaptando uma light novel que é, atualmente, a minha série predileta. Eu amo comédias, e consumo uma quantidade elevada delas, em diversas mídias diferentes, ao longo do ano. Por isso, quando digo que essa é a história mais engraçada que eu já li, eu estou falando sério. Eu levo comédias muito a sério.

Com uma adaptação que, até agora, tem sido excepcional, trazendo e realçando todos os charmes do original, a versão em animê conseguiu a façanha de me fazer assistir todos os episódios de um show em andamento duas vezes. Eu nunca re-assisti coisas enquanto elas ainda estavam lançando, mas “The Eminence in Shadow” é tão divertido, com tanta coisa para absorver, que toda semana eu acabo revendo o novo episódio.

O que torna o Cid em um protagonista tão engraçado é a sua insanidade: Ele está tão afundado no próprio teatro e na ilusão de que tudo é apenas uma ferramenta para viver suas falsas fantasias, que é totalmente incapaz de ver o que está na sua própria frente. Histórias com “protagonistas invencíveis” costumam ficar chatas pela falta de conflito que tenha algum impacto. Mas quando o seu protagonista invencível é tão maluco que nem sequer passa pela cabeça dele a possibilidade de que isso seja uma luta de verdade… As coisas ficam diferentes. Certamente mais engraçadas.

Mesmo ainda não tendo terminado (no momento que escrevo, apenas 12 dos 20 episódios foram ao ar), a produção, adaptação, direção e marketing do animê tem sido tão consistentes, que eu não tenho receio algum de colocá-lo tão no alto assim. Quando terminar, eu acredito fortemente que exista uma possibilidade de subir para a primeira posição desse ranking.


1. BOCCHI THE ROCK!

Onde Assistir: Crunchyroll

Leia mais: “BOCCHI THE ROCK!”: Amor, amizade e tecnicidades

Tudo que eu tinha para dizer, eu disse na postagem acima, que saiu só quatro dias atrás. Sendo assim, só o que tenho a dizer aqui é:

Assistam BOCCHI THE ROCK!


Menções Honrosas:

Não necessariamente animês que ficariam em 11º lugar dessa lista, mas que eu gostei o bastante para escrever sobre aqui na Torre. Se me fez ter algo a dizer, já vale algo.

E também me dá uma desculpa para fazer mais propaganda:

In The Land of Leadale” e os desafios da inocência.

As indiscrições juvenis de “My Stepmom’s Daughter is My Ex.


E é isso. 2022 passou, mas 2023 já está logo aí, e promete trazer ainda mais animações japonesas para que possamos discutir no final do ano que vem. Não sei se conseguirá bater um ano tão forte quanto esse, mas vamos torcer por coisas boas.

Feliz ano novo, e até ano que vem!

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“Bocchi The Rock!”: Amor, amizade e tecnicidades

Toda obra, seja qual for o tipo de mídia, funciona em duas partes: Ela é a junção de o que o autor ou autores criaram e entregaram, com a visão e perspectivas daqueles que a consomem. Cem pessoas terão cem experiências diferentes ao assistir um mesmo show, e parte da beleza da arte está justamente nisso.

Isso não quer dizer, porém, que a experiência não é moldada a partir do material. O papel dos criadores é tão importante quanto o de quem recebe, pois são eles que geram a moldura que será pintada por cada um. E molduras diferentes geram quadros diferentes.

Dessa forma, obras que são emolduradas com amor e entusiasmo estão fadadas a gerar reações positivas e incrivelmente animadoras por parte de seu público. “Bocchi The Rock!”, o animê dessa postagem, é um desses casos: Um show que transborda amor por parte de seus criadores e envolvidos, onde talentos e sonhos se transformam em personalidade e profundidade, sem perder o valor superficial.

São várias palavras para fazer uma introdução que diz “Minha nossa que animê bem produzido“.

Baseado num mangá 4-koma de mesmo nome, escrito por Aki Hamaji e publicado no Japão na famosa revista Time Kirara (mas ainda inédito no Brasil), “Bocchi The Rock!” é um animê recém-terminado com doze episódios. A série foi animada pelo estúdio CloverWorks, com produção de Shouta Umehara e direção de Keiichirou Saitou (guarde esses nomes pois vou citá-los mais tarde).

Segue o trailer, fornecido pela Crunchyroll, que tem os direitos de exibição da obra no Brasil:

“Bocchi The Rock!” é sobre a Bocchi, e sobre Rock’n’Roll. Claro, é o que o nome indica. Mas é muito mais que isso. Já que a Crunchyroll simplesmente não tem uma sinopse pro animê (não me pergunte o motivo, eu também não sei), deixa eu explicar com minhas próprias palavras: A protagonista, Hitori Gotou (Apelido: “Bocchi”), é uma adolescente com problemas sérios de ansiedade, que começa a tocar guitarra na – – esperança de se tornar popular. Por conta de uma série de coincidências, ela acaba entrando para uma banda e, como o narrador da sessão da tarde diria, se mete em altas confusões.

Mais do que apenas uma comédia descompromissada, o animê se esforça para passar uma mensagem: A “jornada” é tão valiosa quanto o destino, e o verdadeiro prêmio são os amigos que fizemos pelo caminho.

Piadas de lado, a amizade entre todo o elenco é o foco de uma história que usa as dificuldades sociais da protagonista como ferramenta para aproximar e expandir um genuíno afeto entre todos os envolvidos. Não só as garotas da banda, como a família da Bocchi, as funcionárias e o público da casa de shows, e até a bêbada que ela encontra na rua. Todo mundo se esforça para tentar tirá-la dessa “casca” introvertida, mas respeitando o seu ritmo.

Em vários momentos, a história poderia tomar atalhos ou tentar resolver as coisas do “jeito fácil“, mas o show faz questão de ir além e demonstrar que os sentimentos da Bocchi são importantes para os outros. Sem entrar em detalhes para não dar spoilers, mas um exemplo perfeito disso acontece quando uma personagem faz uma escolha na melhor das intenções, mas que acaba sendo um passo grande demais para a Bocchi dar de uma vez só. Ao invés de passar pano e descartar a piada como apenas uma piada, eles fazem a piada (é claro que fazem, ainda é uma comédia!), mas seguem com uma cena tocante de desculpas, onde a direção e a dublagem nos mostram o sentimento de culpa e a vontade de se redimir da personagem.

Ao mesmo tempo, a história vai nos mostrando como a existência da Bocchi, com todas as suas peculiaridades e excentricidades, também transforma para melhor as outras garotas da banda. A mensagem de que a amizade é uma troca de favores constante, sobre dar e receber, mesmo que você não perceba. A Bocchi não percebe que está ajudando suas amigas, mas o animê demonstra a mudança que ela causa. Todo mundo se esforça para melhorar, tanto para si próprio, como para ajudar a melhorar os outros, e esse ciclo autossuficiente de positividade e amizade é, na minha opinião, a parte mais bonita da história.

Captura de tela do episódio 8 de "Bocchi The Rock!" (Reprodução: Crunchyroll)
Minha parte favorita de “Bocchi The Rock!” é quando a Bocchi The Rock diz “Bocchi The Rock!” e rocka em cima de todo mundo (Reprodução: Crunchyroll)

Falando em coisas bonitas, a parte técnica do animê é uma beleza a ser comentada. Não digo necessariamente beleza visual, com cenários bonitos ou coisas do tipo. Embora não seja feio (longe disso, aliás), o espetáculo não é o ponto principal.

Você pode trabalhar o humor de diversas formas. Cada “gênero” de humor conta com ferramentas linguísticas, visuais, narrativas, etc, para gerar o efeito cômico que deseja. Saber aplicar o seu repertório técnico da forma certa, no momento certo, é um dos maiores segredos para uma comédia dar certo.

O que “Bocchi The Rock!” faz, outra vez, é ir além. Sendo um mangá 4-koma, ele já possui uma estrutura com um timing pré-estabelecido, onde cada piada tem seu tempo e sua cadência, como ditado pelos quatro painéis. A produção e direção do animê poderia ter ficado apenas nisso, mas decidiram expandir as possibilidades, trazendo diversos recursos visuais bem “fora da caixa” para ilustrar suas piadas.

Produtor Shouta Umehara e diretor Keiichirou Saitou, assim como o resto da equipe de produção, fazem escolhas ousadas e até mesmo absurdas, tudo em nome da comédia. Mudanças de estilo artístico; de mídia física; quebras de quarta parede e de paradigma… Se você acompanhou a internet nos últimos meses, deve ter visto ao menos uma cena bizarra envolvendo miniaturas de biscuit, pedaços de cartolina, ou bonecas de pano ou argila, apenas citando alguns. Esse tipo de humor descarado, extremamente “na sua cara“, faz com que a mensagem superficial do animê seja muito facilmente transmitida, para todos aqueles que não tem interesse em se aprofundar mais do que gostariam.

Captura de tela do episódio 10 de "Bocchi The Rock!" (Reprodução: Crunchyroll)
Eles vão jogar o humor na sua cara até que a sua cara fique assim (Reprodução: Crunchyroll)

E não são apenas insanidades artísticas que se destacam dentre as tecnicidades do show. A grande quantidade de músicas criadas e tocadas, todas com um nível ridiculamente alto de qualidade, são pontos óbvios a se comentar, mas o que eu gostaria de destacar é a cinematografia: A quantidade de cenas onde se vê a qualidade da direção é absurda. Os ângulos da câmera; o distanciamento; o foco; as sombras; o uso do cenário e de linguagem corporal. Tudo é usado com maestria como elementos de narrativa. Fazer o exercício de comparar como a Bocchi aparece durante uma apresentação, em relação a outras personagens, te mostra facilmente como uma boa direção ajuda a contar uma história, a dar personalidade e profundidade para uma cena.

A junção das duas coisas, amizade e tecnicidade, é que nos leva ao terceiro ponto: O amor. Dentro da obra, fica claro que as personagens criam um elo tão forte entre si pois elas amam umas às outras, e acima de tudo, amam a música e amam fazer música. O amor pela música é o que uniu essas quatro garotas tão diferentes, assim como todo o elenco de apoio, que em maior ou menor escala, se conheceu por causa dela.

Olhando por fora, também fica claro o amor da produção pela obra, com todas as indicações que demonstram que eles amam o que estão fazendo. Toda a dedicação de “ir além” e criar uma adaptação que supera os limites do material original e faz o animê crescer como uma entidade própria é só a ponta do iceberg. O que não vemos são os pequenos detalhes: Como as personagens são nomeadas em homenagem aos membros da banda Asian Kung-fu Generation, cuja autora do mangá é super fã; como a direção do animê aproveitou esse detalhe para nomear todos os episódios em referência a músicas deles; como eles se dedicaram para criar um ambiente que reflita a Shinjuku e Shimokitazawa (e outros lugares que elas visitam, como Enoshima) do momento atual, recriando cenários baseados no local real, quase que como um documentário urbano; como fizeram uma mini-série com a dubladora da Bocchi, ensinando-a a tocar guitarra, e que foi usado como referência para o próprio anime; como fizeram vários covers das músicas do show e disponibilizaram no YouTube logo após os episódios, junto com versões de estúdio e com letra… Bem, acho que deu para entender, né?

Captura de tela do episódio 12 de "Bocchi The Rock!" (Reprodução: Crunchyroll)
São os pequenos detalhes, que você pode não perceber conscientemente, que fazem cada cena se destacar (Reprodução: Crunchyroll)

Para encerrar, uma paráfrase de uma passagem do próprio animê: “Bocchi The Rock!” é específico, e certamente não é para todo mundo. Mas, para aqueles com quem a obra ressoa, é uma garantia de sucesso, onde você sente a paixão transbordando por todos os lados. Com amor, amizade e tecnicidade, o “show” é realmente um “Show” que te fará rir, chorar e se emocionar, se assim você quiser. Depois disso tudo, acho que fica fácil adivinhar que a nota do redator é 5/5, e que você pode esperar esse nome no topo da lista de melhores do ano (que deve sair em breve).

“Bocchi The Rock!” está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll, completo em 12 episódios e legendado em português.

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Anime Cultura Japonesa

Crunchyroll anuncia seus novos títulos para janeiro de 2023

A temporada de inverno (verão, no Brasil) de animês começa em breve, e a Crunchyroll anunciou uma lista preliminar dos títulos que estarão disponíveis para assinantes da plataforma. Além de novos animês, a Crunchyroll continuará disponibilizando novos episódios de vários títulos já em andamento.

A empresa promete novos títulos, continuação de títulos já em andamento, dublagens para o português, totalizando mais de 45 títulos. Vale lembrar que os animês que receberão dublagem terão a versão com áudio em português lançados numa data posterior.

Confira os títulos que já foram confirmados, incluíndo cartazes, datas de estreia, e link para trailers, quando disponível:

Novos Simulcasts:

23 de dezembro

Lee’s Detective Agency (Gravity Well Studio)

Um homem misterioso chamado Lee mora com Aak, Hung e Waai Fu nos becos escuros de Lungmen City. Apresentando-se como a Agência de Detetives de Lee, eles se esforçam nas investigações e mediam disputas para seus vizinhos. Uma nova minissérie spin-off de Arknights chega à Crunchyroll cheia de mistérios! (Trailer oficial)

4 de janeiro

Tomo-chan Is a Girl! (Lay-duce)

Tomo-chan tenta a todo custo conquistar seu amigo de infância, Junichiro. Mas ele só consegue vê-la como um dos colegas de turma. Será que em algum momento Junichiro enxergará que, apesar de seu jeito meio durão, Tomo é uma garota que está a fim dele? (Trailer oficial)

Bungo Stray Dogs 4ª temporada (BONES)

A Agência de Detetives Armados está de volta em mais uma temporada. Desta vez, uma unidade especial está pronta para farejar qualquer sinal de corrupção. (Trailer oficial)

●     Com dublagem prevista em português

 

The Ice Guy and His Cool Female Colleague (Zero-G)

O ambiente de trabalho pode ser um local propício a romances, mesmo que você pertença a uma família de espíritos da neve. É o caso de Himuro, que estreia como funcionário de um escritório. (Trailer oficial)

 

5 de janeiro

Revenger (Ajia-do Animation Works)

O único sobrevivente de um clã massacrado quer vingança e sai em busca da verdade. (Trailer oficial)

 

The Iceblade Sorcerer Shall Rule the World (Cloud Hearts)

Após uma guerra devastadora, o feiticeiro mais poderoso do mundo assume uma nova identidade e se matricula numa escola. (Trailer oficial)

ONIMAI: I’m Now Your Sister (Studio Bind)

Uma jovem cientista maluca transforma seu irmão gamer numa garota. (Trailer oficial)

 

6 de janeiro

 The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel – Northern War (Tatsunoko Production)

Uma história original, cheia de ação, baseada no arco Erebonia, da série Trails of Cold Steel! (Trailer oficial)

Buddy Daddies (P.A. Works)

Dois criminosos estão prontos para aquela que será sua maior missão: cuidar de uma criança. (Trailer oficial)

Sugar Apple Fairy Tale (J.C.Staff)

Uma jovem humana e sua fada guarda-costas viajam para conferir uma feira de doces de verdade. (Trailer oficial)

7 de janeiro

TRIGUN STAMPEDE (Orange)

Esta é a aventura de Vash e de seu grupo, reimaginada de um jeito nunca visto.

TRIGUN é uma popular série de mangá, cheia de ação, de autoria de Yasuhiro Nightow. Acompanha a história de Vash the Stampede, um lendário atirador e pacifista, que está com a cabeça a prêmio. (Trailer oficial)

●     Com dublagem prevista em português

 

NieR:Automata Ver1.1a (A-1 Pictures)

Androides lutam contra formas de vida mecânicas, numa guerra que já dura milhares de anos, nessa adaptação do jogo NieR Automata. (Trailer oficial)

●     Com dublagem prevista em português

 

The Misfit of Demon King Academy : History’s Strongest Demon King Reincarnates and Goes to School with His Descendants (Silver Link)

O rei demônio Anos Voldigoad volta para mostrar quem manda no novo semestre letivo. (Trailer oficial)

 

Don’t Toy With Me, Miss Nagatoro 2nd Attack (OLM)

Nagatoro está voltando para provocar ainda mais o Senpai nesta nova temporada. (Trailer oficial)

●     Com dublagem prevista em português

 

Saving 80,000 Gold in Another World for My Retirement (Felix Film)

Uma garota capaz de transitar entre mundos diferentes usa seu poder para faturar dinheiro o suficiente para levar uma vida estável e poupar para a aposentadoria. (Trailer oficial)

 

The Reincarnation of the Strongest Exorcist in Another World (Studio Blanc)

Um exorcista da corte imperial renasce numa nova terra de fantasia, onde magia e monstros o aguardam. (Trailer oficial)

 

Chillin’ in My 30s after Getting Fired from the Demon King’s Army (Encourage Films)

Dariel é um soldado do exército do Rei Demônio incapaz de usar magia. Mas, graças ao seu talento no uso da espada, torna-se o braço direito dos Quatro Generais do exército. Com o tempo, perde o emprego e, arrasado, chega a uma vila de humanos. Lá, percebe que suas habilidades também podem ser usadas para o bem. (Trailer oficial)

 

8 de janeiro

 By the Grace of the Gods 2ª temporada (Maho Film)

Ryoma viverá novas aventuras, aprenderá mais sobre os slimes e fará novos amigos. (Trailer oficial)

In/Spectre 2ª temporada (Brain’s Base)

Kotoko e Kuro retornam para resolver um mistério envolvendo um humano e uma yuki-onna. (Trailer oficial)

The tale of outcasts (Ashi Productions)

No Império Britânico do fim do século XIX, um demônio e uma jovem procuram um lugar para chamar de seu. (Trailer oficial)

Handyman Saitou in Another World (C2C)

Um trabalhador comum vai levar suas habilidades cotidianas para um mundo de guerreiros e magos! (Trailer oficial)

9 de janeiro

VINLAND SAGA 2ª temporada (MAPPA)

Thorfinn perdeu tudo o que tinha. Agora, precisa encontrar um novo propósito de vida, numa terra também nova e estranha. (Trailer oficial)

●     Com dublagem prevista em português

 

Reborn to Master the Blade: From Hero-King to Extraordinary Squire (Studio Comet)

A série conta a história de Inglis, um rei que deseja se livrar das responsabilidades e faz um pedido. Ele renasce num futuro distante e vai se dedicar às artes marciais. (Trailer oficial)

Malevolent Spirits: Mononogatari (Bandai Namco Pictures)

Num mundo onde coisas são possuídas por espíritos, alguns clãs exorcistas tentam ajudá-las, enquanto outros querem exterminá-las. (Trailer oficial)

 

The Vampire Dies in No Time 2ª temporada (Madhouse)

Ronaldo e Draluc retornam nesta comédia pastelão, cercados de ameaça por todos os lados. (Trailer oficial)

 

Ayakashi Triangle (Connect)

Uma comédia sobrenatural, com ninjas exorcistas, do mesmo criador de To-Love-Ru(Trailer oficial)

 

10 de janeiro

 Campfire Cooking in Another World with my Absurd Skill (MAPPA)

Um trabalhador é transportado repentinamente a um outro mundo e ganha habilidades que lhe permitem conhecer alimentos considerados “modernos”.

 (Trailer oficial)

 

Ningen Fushin: Adventurers Who Don’t Believe in Humanity Will Save the World (Geek Toys)

Aventureiros cansados e azarados se unem para formar um novo clã de sobreviventes. (Trailer oficial)

 

11 de janeiro

 Kaina of the Great Snow Sea (Polygon Pictures)

Após uma catástrofe, humanos aprendem a sobreviver sobre um imenso mar de neve. (Trailer oficial)

 

13 de janeiro

The Fruit of Evolution 2: Before I Knew It, My Life Had It Made (Hotline)

O estudante de ensino médio Hiiragi Seiichi vira professor nessa nova etapa de “The Fruit of Evolution”. (Trailer oficial)

 

14 de janeiro

The Fire Hunter (Signal.MD)

Após a última Grande Guerra, o mundo é coberto por uma floresta negra habitada por demônios de fogo. Os sobreviventes foram infectados por um patógeno que os faz entrar em combustão espontânea na presença de fogo. O único “fogo” seguro, a única fonte de luz e calor que podem usar, vem dos demônios capturados na floresta. (Trailer oficial)

18 de janeiro

Sorcerous Stabber Orphen -Chaos in Urbanrama- (Studio DEEN)

A batalha no templo principal de Kimluck termina com o desaparecimento de Azalie. Orphen parte, então, em uma nova jornada para encontrar a irmã. No caminho, Orphen e seu grupo se deparam com a misteriosa espadachim Lottecia, e acabam se vendo numa situação que envolve um assassino da raça dos dragões, um reencontro com um irmão mais velho e os segredos sobre a verdadeira identidade de Lottecia. (Trailer oficial)

 

EM BREVE

BOFURI: I Don’t Want to Get Hurt, so I’ll Max Out My Defense. 2ª temporada (Silver Link)

Para a jogadora de VRMMO Kaede Honjo, sua defesa é o que há de melhor. Sob o pseudônimo Maple, ela viaja pelo NewWorld Online, fazendo amigos e inimigos, em meio a novas missões repletas de batalhas. Suas habilidades e técnicas são colocadas à prova. Nada pode detê-la! (Trailer oficial)

 

Saint Seiya: Knights of the Zodiac – Battle for Sanctuary 3ª temporada (Toei Animation)

O tempo está quase se esgotando. Restam poucas horas para salvar a deusa Athena da flecha assassina alojada em seu peito. Seiya e os Cavaleiros de Bronze precisam chegar aos aposentos do Mestre do Santuário. Para isso, terão de derrotar os doze lendários Cavaleiros de Ouro. Nem todos serão capazes de concluir a jornada e alcançar o cume do Santuário, onde serão surpreendidos por algo impactante.

●     Com dublagem prevista em português

SIMULCASTS EM ANDAMENTO

My Hero Academia 6ª temporada (BONES)

BLUELOCK (8bit)

To Your Eternity  2ª temporada (Drive)

One Piece (Toei Animation)

BORUTO: NARUTO NEXT GENERATIONS (Pierrot / TV TOKYO)

Welcome to Demon School! Iruma-kun  temporada (Bandai Namco Pictures)

IDOLiSH7! Third BEAT! (TROYCA)

Play It Cool, Guys (Pierrot)

Yowamushi Pedal Limit Break (TMS / Die4Studio)

Digimon Ghost Game (Toei Animation)

Delicious Party Pretty Cure (Toei Animation)

Shadowverse Flame (Zexcs)

E aí? Algum título que te chamou a atenção? Quais animês você vai assistir nessa temporada de verão?

Para saber mais sobre a Crunchyroll e o mundo dos animês no geral, fique de olho aqui, na Torre de Vigilância!

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Anime Cinema

“Suzume”, de Makoto Shinkai, chega aos cinemas em 13 de Abril

Em release de imprensa, a Crunchyroll, plataforma mundial de streaming de animê, anunciou na hoje (06) que adquiriu os direitos globais (com exceção da Ásia) de distribuição e marketing do novo filme de Makoto Shinkai, entitulado “Suzume”.

O novo filme do diretor de “Your Name” estreou no Japão dia 11 de novembro, e já arrecadou cerca de 55 milhões de dólares desde então, se mantendo no topo da bilheteria do cinema japonês por três semanas seguidas.

A Crunchyroll disponibilizou um trailer do filme, no momento, apenas com legendas em inglês:

Além disso, ela também disponibilizou uma sinopse e um visual:

Do outro lado da porta, existia o tempo em sua totalidade.

Suzume conta a história de sua protagonista, Suzume, uma adolescente de 17 anos, em pleno processo de descobertas. A trama é ambientada no Japão, em diferentes lugares atingidos por desastres. Suzume deve “fechar as portas” causadoras de devastação.

A jornada começa em uma pacata cidade em Kyushu, no sudoeste do Japão. Lá, Suzume conhece um jovem que lhe diz: “Estou procurando uma porta”. O que Suzume encontra numa ruína é uma única porta, já bastante desgastada, mas parecendo estar à prova de qualquer catástrofe. Atraída pelo poder da porta, Suzume toca na maçaneta… Nesse momento, uma sequência de portas começam a se abrir por todo o Japão, destruindo o que estiver por perto. Suzume precisa fechar esses portais para evitar ainda mais desastres.

— As estrelas, o pôr do sol e o céu da manhã.

Naquele mundo, era como se o tempo tivesse derretido no céu…

Cenários, encontros e despedidas inéditas… Uma infinidade de desafios acompanham Suzume nessa jornada. E, apesar de todos os obstáculos, sua aventura surge como um raio de esperança em meio às dificuldades da vida cotidiana. A história, com seu fechar de portas que conectam passado, presente e futuro, promete impressionar e convidar à reflexão.

Atraída pelas portas misteriosas, a história de Suzume está prestes a começar.

Cartaz (Key Visual) do filme “Suzume” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz (Key Visual) do filme “Suzume” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

“Suzume” é o mais novo filme de Makoto Shinkai, famoso diretor japonês, responsável por outros títulos de sucesso, como “Your Name” (2016) e “O Tempo com Você” (2019). A Crunchyroll disponibilizou uma breve sinopse da carreira do diretor em seu release:

Criador, escritor e diretor premiado, há décadas Makoto Shinkai tem sido um visionário no cenário da animação. Seus filmes mais recentes, Your Name (2016) e O Tempo com Você (2019), alçaram-no a um patamar de respeito no mundo da animação e junto ao público internacional. O Tempo com Você foi selecionado para representar o Japão no Oscar de 2020, como melhor longa-metragem estrangeiro, e indicado em quatro categorias do 47° Annie Awards, incluindo melhor filme independente de animação.

Nascido em Nagano, Japão, em 1973, Makoto Shinkai estreou comercialmente com um curta-metragem que ele mesmo produziu, intitulado Voices of a Distant Star.

Desde então, seus projetos vêm acumulando premiações, como: The Place Promised in Our Early Days, de 2004, Melhor Filme de Animação do 59° Mainichi Film Concours; 5 Centimeters Per Second, de 2007, Melhor Filme de Animação do Asia Pacific Screen Awards; Children Who Chase Lost Voices, de 2011, vencedor do 8° Annual CICAF “Golden Monkey King”; e The Garden of Words, de 2013, Melhor Animação do Festival Internacional de Stuttgart.

Mais recentemente, em 2016, o filme Your Name tornou-se sensação internacional e fenômeno social, batendo todos os recordes de bilheteria no Japão, e conquistando diversas premiações no 40° Japan Academy Film Prize. Entre elas, estão: Excellent Prize for Animation Film (Your Name), Excellent Prize for Director (Makoto Shinkai), Excellent Prize for Screenplay (Makoto Shinkai) e Excellent Prize for Music (RADWIMPS). A obra também saiu vencedora, como Melhor Filme de Animação, do 42° Prêmio da Los Angeles Film Critics Association.

Em 2019, o filme de Makoto O Tempo com Você representou o Japão no Oscar, concorrendo como Melhor Filme Estrangeiro. Além disso, na Índia, acumulou mais de 50 mil assinaturas numa petição por seu lançamento, o que fez do longa a primeira animação original japonesa a estrear comercialmente nos cinemas da Índia.

Para ficar por dentro de todas as novidades sobre Makoto Shinkai, assim como o mundo dos animês no geral, fique de olho aqui, na Torre de Vigilância!

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Anime Cultura Japonesa Entretenimento Games

Crunchyroll na CCXP 2022: Veja tudo que foi anunciado

A CCXP 2022 está rolando em São Paulo, e a Crunchyroll preparou uma grande quantidade de atrações para quem estiver no evento. Nesta quinta-feira (01), a empresa realizou, no Palco Ultra, um painel para contar as novidades que estão por vir na plataforma.

Dentre os anúncios, tivemos novos títulos que chegarão em janeiro e além, novo cronograma das “quintas de dublagem”, e parcerias com outras empresas para disponibilizar novos produtos no mercado nacional. Confira tudo que foi anunciado no painel “Crunchyroll: Novidades da Plataforma”:

Novas Aquisições

My Home Hero

Lançamento: Abril de 2023

Estúdio: Tezuka Productions

Baseado no mangá de Naoki Yamakawa (I’m Standing on a Million Lives) e Masashi Asaki (Psychometrer Eiji)

Trailer

Sinopse: Em seus 47 anos de vida, Tetsuo Tosu nunca cometeu um crime. Mas, quando descobre que sua filha Reika está apanhando do namorado, ele começa a investigar o rapaz e descobre que, não só ele possui laços com a yakuza, como tem um histórico de suspeitas de feminicídio em sua ficha. Determinado a proteger sua família, Tetsuo faz o impensável e mata o homem, mergulhando de cabeça no submundo da marginalidade e colocando em risco sua pacata vida burguesa.

Cartaz de "Fire Hunter" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz de “Fire Hunter” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

The Fire Hunter

Lançamento: Janeiro de 2023

Estúdio: Signal.MD

Com roteiros de Mamoru Oshii (Ghost in the Shell, Patlabor) e trilha sonora de Kenji Kawai (Ghost in the Shell, Mob Psycho 100)

Trailer

Sinopse: Após a última Grande Guerra, o mundo é coberto por uma floresta negra habitada por demônios de fogo. Os sobreviventes, vivendo em pequenas áreas protegidas por barreiras, foram infectados por um patógeno que os faz entrar em combustão espontânea na presença de fogo comum. O único “fogo” seguro, a única fonte de luz e calor que podem usar, vem dos demônios capturados na floresta. E quando os caminhos de uma garota do campo e um jovem da capital se cruzam, um novo destino se abre para eles.

Cartaz de "The Reason Why Raeliana Ended Up At the Duke's Mansion" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz de “The Reason Why Raeliana Ended Up At the Duke’s Mansion” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

The Reason Why Raeliana Ended Up At the Duke’s Mansion

Lançamento: Abril de 2023

Estúdio: Typhoon Graphics

Baseado no romance de Milcha, adaptado para manhwa por Whale

Trailer

Sinopse: Quando Rinko sofre um acidente e acorda em outro mundo, ela percebe exatamente onde está: no corpo de Raeliana McMillan, personagem de um romance vitoriano que leu. Mas, apesar de viver com todos os confortos e regalias, sabe o que o futuro lhe reserva: morrer nas mãos de seu noivo para instigar a trama principal da história. Determinada a mudar seu destino, ela se aproxima do duque Noah Wynknight, herdeiro do trono, e lhe propõe um acordo: fingir ser sua noiva por seis meses para escapar de seu destino cruel.

Cartaz da segunda temporada de "BOFURI: I Don't Want to Get Hurt, so I'll Max Out My Defense." (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz da segunda temporada de “BOFURI: I Don’t Want to Get Hurt, so I’ll Max Out My Defense.” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

BOFURI: I Don’t Want to Get Hurt, so I’ll Max Out My Defense. Segunda temporada

Lançamento: Janeiro de 2023

Estúdio: SILVER LINK.

Trailer

Primeira temporada já disponível na Crunchyroll.

Sinopse: O melhor ataque é uma ótima defesa. Para a jogadora de VRMMO Kaede Honjo, sua defesa é o que há de melhor. Sob o pseudônimo Maple, ela viaja pelo NewWorld Online, fazendo amigos e inimigos, em meio a novas missões repletas de batalhas. Suas habilidades e técnicas de defesa são colocadas à prova. Nada a contém!

Cartaz de "A Galaxy Next Door" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz de “A Galaxy Next Door” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

A Galaxy Next Door

Lançamento: Abril de 2023

Estúdio: Asahi Production

Baseado no mangá de Gido Amagakure (sweetness & lightning)

Sinopse: Ichiro Kuga estreou na carreira de mangaká assim que saiu do colegial, mas, com a morte do pai, está com dificuldades de conciliar sozinho as demandas do trabalho e os cuidados com os dois irmãos menores. É quando, então, surge Shiori Goshiki, uma linda e talentosa assistente, perfeita em todos os sentidos. Mas, enquanto trabalham duro para terminar um capítulo a tempo, Ichiro acaba descobrindo a verdade sobre Shiori: ela é uma princesa alienígena e, por conta de uma tradição de seu povo, eles agora estão noivos!

Cartaz da terceira temporada de "Sorcerous Stabber Orphen" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz da terceira temporada de “Sorcerous Stabber Orphen” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

Sorcerous Stabber Orphen -Chaos in Urbanrama- (Terceira temporada)

Lançamento: Janeiro de 2023

Estúdio: DEEN

Trailer

Primeira e segunda temporadas já disponíveis na Crunchyroll.

Sinopse: A batalha no templo principal de Kimluck termina com o desaparecimento de Azalie. Orphen parte, então, em uma nova jornada para encontrar a irmã. No caminho, Orphen e seu grupo se deparam com a misteriosa espadachim Lottecia, e acabam se vendo numa situação que envolve um assassino da raça dos dragões, um reencontro com um irmão mais velho e os segredos sobre a verdadeira identidade de Lottecia.

Cartaz de "My Clueless First Friend" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz de “My Clueless First Friend” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

My Clueless First Friend

Lançamento: 2023

Estúdio: St. Signpost

Estrelando Konomi Kohara (Chika Fujiwara em Kaguya-sama: Love Is War) no papel de Akane Nishimura

Trailer

Sinopse: Nishimura é uma garota retraída, hostilizada por todos os colegas por seu jeito sombrio. Dizem até que ela é a Morte em pessoa. Mas isso só chama ainda mais a atenção de Takada, um aluno novo. Sem saber o motivo do apelido, que por sinal ele acha muito maneiro, Takada se aproxima de Nishimura para se tornar seu amigo. Uma história cativante, cheia de nostalgia dos nossos tempos de escola, sobre uma amizade que vai aquecer corações.

Cartaz de "Chillin' in My 30s after Getting Fired from the Demon King's Army" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz de “Chillin’ in My 30s after Getting Fired from the Demon King’s Army” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

Chillin’ in My 30s after Getting Fired from the Demon King’s Army

Lançamento: Janeiro de 2023

Estúdio: Encourage Films

Estrelando Tomokazu Sugita (Katakuri, em One Piece; Gintoki, em Gintama) no papel de Dariel

Trailer

Sinopse: Dariel é um soldado do exército do Rei Demônio incapaz de usar magia. Mas, com sua proeza no manejo da espada, torna-se braço direito dos Quatro Generais do exército. Contudo, quando os Generais são despedidos, Dariel também perde seu emprego. Arrasado, ele chega em uma vila de humanos e percebe que suas habilidades também podem ser usadas para o bem! Com sua liderança e destreza, Dariel passa a mediar conflitos, resolver desavenças e ajudar a fazer da vila um lugar melhor.

“Quintas da Dublagem” de Dezembro

Dando continuidade a iniciativa, todas as quintas-feiras, novos episódios dublados em português chegam à plataforma. A Crunchyroll avisa que as datas e títulos estão sujeito a mudanças.

1° de Dezembro

Cartaz de "Moriarty the Patriot Parte 2" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz de “Moriarty the Patriot Parte 2” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

Moriarty the Patriot Parte 2

Primeira temporada

Episódios 12-24 e dois OVAs: Yuri no Tsuioku (Recollection of Lily) e Moriarty-ke no Kyūjitsu (Moriarty Family Holiday)

Sinopse: No final do século 19, a nobreza reina no Império Britânico, enquanto a classe trabalhadora sofre em suas mãos. Simpatizante da causa dos trabalhadores e frustrado com as desigualdades, William James Moriarty planeja mudar toda a nação. Nem mesmo o detetive Sherlock Holmes pode ficar no seu caminho. É a hora do crime revolucionar o Mundo!

Cartaz de "Dragon Ball Z" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz de “Dragon Ball Z” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

Dragon Ball Z

Terceira temporada

Episódios 75-107

Sinopse: Goku, o guerreiro mais forte do planeta, defende a humanidade dos vilões mais sombrios do espaço.

8 de Dezembro

Cartaz de "The God of High School" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz de “The God of High School” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

The God of High School

Primeira temporada

Episódios 1-13

Trailer

Sinopse: Jin Mori diz a todos que é o estudante mais forte que existe. Sua vida muda quando é convidado a participar do “God of High School”, um torneio que decidirá quem é o aluno mais forte, e garantirá ao vencedor a realização de qualquer desejo. Todos os participantes são poderosos guerreiros que lutarão com afinco para alcançar seus sonhos. Uma batalha caótica entre lutadores do ensino médio inacreditavelmente fortes está prestes a começar!

15 de Dezembro

Cartaz de "Black Clover" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz de “Black Clover” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

Black Clover

Terceira temporada

Episódios 103-154

Sinopse: Num mundo onde magia é tudo, Asta e Yuno são abandonados em uma igreja no mesmo dia. Enquanto Yuno possui poderes mágicos excepcionais, Asta é a única pessoa do mundo desprovida desse dom. Aos 15 anos, ambos recebem grimórios –   livros mágicos que amplificam os poderes do detentor. Asta recebe um raro grimório de anti-magia, capaz de negar e repelir os feitiços do oponente. Dois opostos que nutrem uma rivalidade amigável, Yuno e Asta estão prontos para encarar os mais difíceis desafios para conquistar seu sonho em comum: tornar-se o Rei dos Feiticeiros.

22 de Dezembro

Cartaz de "Welcome to Demon School! Iruma-kun" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz de “Welcome to Demon School! Iruma-kun” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

Welcome to Demon School! Iruma-kun

Primeira temporada

Episódios 1-23

Trailer

Sinopse: Suzuki Iruma, um garoto de bom coração, é matriculado numa escola para demônios dirigida por seu avô, Sullivan, o arquidemônio do mundo das trevas. Iruma tenta esconder sua identidade e levar uma vida tranquila, mas sempre acaba se tornando o centro das atenções – e atraindo a ira dos demônios de elite, a afeição das garotas diabólicas e a repreensão do exigente presidente do conselho estudantil. Diante das inúmeras crises em sua vida escolar, Iruma precisa ser firme e encarar as situações com sua peculiar natureza gentil.

29 de Dezembro

Cartaz de "Link Click" (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Cartaz de “Link Click” (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

Link Click

Primeira temporada

Episódios 1-12

Sinopse: Cheng Xiaoshi e Lu Guang trabalham em uma pequena loja chamada “Time Photo Studio”. Eles usam superpoderes para inserir as fotos da clientela, uma a uma, por mais perigosas que sejam.

Parceria Crunchyroll x Nuuvem

A Crunchyroll firmou parceria com a Nuuvem, maior loja de jogos digitais da América Latina (com extenso catálogo de títulos para PC, consoles e jogos mobile), para oferta de suas assinaturas Premium.

A partir de 1° de dezembro, além do acesso aos planos de assinatura da Crunchyroll, os fãs também poderão aproveitar alguns bundles especiais preparados pela Nuuvem, em parceria com a Bandai Namco, como NARUTO SHIPPUDEN: Ultimate Ninja STORM RevolutionDRAGON BALL FighterZ – FighterZ Edition NARUTO TO BORUTO: SHINOBI STRIKER.

Mais informações podem ser obtidas aqui.

Parceria Crunchyroll x Foroni

Designs de "Spy x Family" que serão vendidos pela parceria Crunchyroll x Foroni (Imagem fornecida pela Crunchyroll)
Designs de “Spy x Family” que serão vendidos pela parceria Crunchyroll x Foroni (Imagem fornecida pela Crunchyroll)

Em parceria com a Crunchyroll, a Foroni, uma das empresas líderes no mercado papeleiro do Brasil, incluirá no lançamento de sua nova coleção de volta às aulas 2023 uma linha oficial de cadernos de animes, apresentando modelos com algumas das franquias mais adoradas pelos fãs. É o caso de Attack on TitanJUJUTSU KAISENMy Hero Academia e SPY x FAMILY.

Os cadernos estarão à venda em papelarias e lojas de varejo no Brasil.

Crunchyroll Games: “The Eminence in Shadow: Master of Garden”

A Crunchyroll também exibiu trailer do recém-lançado jogo The Eminence in Shadow: Master of Garden, de sua divisão Crunchyroll Games. Disponível para dispositivos mobile (Android e iOS) e, em breve, para PC, o game se baseia na popular light novel e série de anime para a TV The Eminence in Shadow. Tanto a Light Novel como o animê ainda são inéditos no Brasil.

Em The Eminence in Shadow: Master of Garden, você joga em um mundo de fantasia, onde a paz e a felicidade são ameaçadas pelas ações de um culto maligno. Apenas uma sociedade secreta composta por habilidosos guerreiros pode impedir que uma catástrofe ocorra. Neste jogo de ação e estratégia, o usuário poderá montar equipe com seus personagens favoritos da série e enviá-los para derrotar inimigos poderosos.

Detalhes:

Gênero: 3D Animation RPG

Lançamento: Já disponível para Android e iOS. Em breve, para PC (Windows)

Valor: Gratuito (compras pelo app)