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Confira o segundo trailer do filme animado de Watchmen!

Acaba de ser divulgado pela Warner Bros Animation o segundo trailer de Watchmen Chapter I, novo filme em animação da produtora.

A obra, que adapta em animação a primeira metade da aclamada série em quadrinhos criada por Alan Moore e Dave Gibbons, terá Adam Driver (Star Wars, Um Infiltrado na Klan) no elenco de vozes. Confira:

Ainda sem título oficial em português, Watchmen Chapter I tem previsão de lançamento para 13 de agosto de 2024 nas plataformas digitais e dia 27 do mesmo mês em Blu-ray.

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Watchmen – Quem Vigia os Vigilantes?

“Who Watches The Watchmen?” Muito já se falou sobre a maxissérie escrita por Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons. Ganhadora de uma honraria especial do prêmio Hugo e do Eisner Award de melhor roteirista, ambas em 1988; marco definitivo e pedra fundamental da cultura pop; obra-prima da carreira de Moore, considerada a história definitiva do gênero de super-heróis e eleita um dos 100 melhores romances do século 20 pela revista Time.

É interessante analisar a gênese de Watchmen e o período em que ela foi escrita, suas referências e escolhas artísticas envolvidas. Alan e Dave foram muito além de criar uma hq realista e sombria. Eles encararam o desafio de criar todo um novo universo para ambientar suas idéias.

Publicada pela DC Comics em doze capítulos entre setembro de 1986 e outubro de 1987, Watchmen foi publicada num período extremamente fértil para os quadrinhos americanos. De uma só tacada, os leitores foram presenteados ainda com O Cavaleiro das Trevas, Batman – Ano Um, Elektra Assassina e A Queda de Murdock, todos de Frank Miller; e ainda o primeiro volume de Maus, de Art Spiegelman, Love & Rockets, de Jaime e Gilbert Hernandez, entre outras obras menores, mas que exploravam o potencial dos quadrinhos, com experimentações inéditas até então. Watchmen fez parte de uma tendência nos quadrinhos americanos de teor mais adulto e realista, que desaguaria anos mais tarde na criação do selo Vertigo.

Alan e Dave, durante uma turnê de divulgação, na loja Sheffield Space Center, Sheffield, Inglaterra.

As mentes por trás de Watchmen se conheceram numa convenção de histórias em quadrinhos promovida pela Marvel Comics em 1980, no centro de Londres, por intermédio do editor Steve Moore. Anos após esse encontro, e já tendo trabalhado juntos em projetos menores, a dupla se encontrava em caminhos distintos: Moore vinha de uma bem-sucedida carreira nas revistas britânicas 2000AD e Warrior, e já havia escrito obras importantes como Halo Jones, Miracleman, V de Vingança e estava no meio de seu fenomenal run na revista do Monstro do Pântano. Gibbons já tinha experiència na 2000AD e na Doctor Who Magazine para a Marvel UK e havia ilustrado a Tropa dos Lanternas Verdes.

Superduperman, a sátira de Harvey Kurtzman e Wally Wood, publicada na MAD em 1953.

Miracleman era uma releitura de um popular personagem inglês dos anos 50 (uma clara cópia do Capitão Marvel da DC). Esse run, publicado na revista Warrior, foi a gênese do que viria a ser Watchmen, que já contava com uma visão pessimista e realista dos super-heróis. Moore conhecia a paródia do Superman, Superduperman, de Harvey Kurtzman Wally Wood, publicada na Mad nos anos 50, e achava impossível fazer algo realmente interessante com personagens de hqs. Aos poucos, ele percebeu que, se jogasse o mundo real em seus mundos de cores primárias, as coisas podiam se tornar interessantes.

Da esquerda para a direita: Capitão Átomo, Besouro Azul, Questão, Pacificador, Thunderbolt e Sombra da Noite.

Em 1983 a DC Comics adquiriu os direitos de vários personagens da editora Charlton Comics, que estava em processo de falência, e Moore foi escolhido para produzir algo com eles. Inicialmente, ele os usaria em Watchmen, mas a editora achou que eram personagens bons demais para serem usados em apenas uma hq, e Moore e Gibbons acabaram por usá-los apenas como inspiração, criando assim o Dr. Manhattan (inspirado no Capitão Átomo); Coruja (Besouro Azul); Rorschach (Questão); Comediante (Pacificador); Ozymandias (Thunderbolt); e Espectral (Sombra da Noite). O Coruja, aliás, é baseado em um personagem que Gibbons criou na adolescência e tirou da gaveta especialmente para o projeto. Os personagens da Charlton acabaram estreando no mega-evento Crise nas Infinitas Terras (1985) e sendo definitivamente incorporados ao universo da editora.

Artes de divulgação da série.

Foram dois anos (1984-1986) de intenso trabalho para Moore e Gibbons. Mais de 400 páginas de quadrinhos foram produzidas, conceitos e idéias ficaram pelo caminho e outras surgiram. Nesse meio tempo, Moore ainda produziria o arco Gótico Americano, para o Monstro do Pântano, e ainda as histórias Para o Homem Que Tem Tudo (novamente ao lado de Gibbons) para a Superman Annual #11, e o arco O Que Aconteceu Com o Homem de Aço? para as edições Superman #423 e Action Comics #583.

Watchmen se passa numa realidade alternativa, onde os vigilantes encapuzados realmente existiram, na mesma época que surgiram os primeiros super-heróis dos quadrinhos. Mas neste universo, Superman, Batman e os demais heróis caíram no esquecimento pouco tempo depois de estrearem. Já que seus leitores podiam acompanhar heróis de verdade nas manchetes dos jornais, os gibis se focaram em contar histórias de outros gêneros, como os contos sobre piratas, que se tornaram febre nas décadas seguintes.

Da esquerda para a direita: Homem-Mariposa, Dollar Bill, Capitão Metrópole, Comediante, Espectral I, Justiceiro Encapuzado, Coruja e Silhouette.

Os primeiros super-heróis (Coruja, Espectral, Comediante, Capitão Metrópole, Homem-Mariposa, Silhouette, Dollar Bill e Justiceiro Encapuzado) formaram os Minutemen, primeiro grupo de vigilantes mascarados, que foram sucedidos nos anos 60 com os sucessores de Coruja e Espectral e novos heróis como Dr. Manhattan, Rorschach e Ozymandias. Eles atuaram no combate ao crime até 1977, ano em que, para conter os tumultos e protestos da polícia e da população contra os heróis mascarados, o governo aprovou a Lei Keene, que os baniu das ruas. Os únicos que permaneceram na ativa foram o Comediante e Manhattan. Mas essa não é a única diferença entre esse universo e os demais universos dos quadrinhos: Moore segurou o rojão de mostrar como seria se surgisse um super-herói com poderes, e como ele desequilibraria a balança de poder no planeta.

O Dr. Manhattan é o único ser com poderes de Watchmen, mas nada tão simples como capacidade de voo e superforça: além de ser invulnerável, ele simplesmente pode manipular a energia e a matéria em nível subatômico; pode se teletransportar e teletransportar objetos e pessoas; visão microscópica; alteração de escala, entre outros poderes. Além de mudar a economia mundial, com a fabricação em massa de carros elétricos, Manhattan se tornou o dissuasivo nuclear dos EUA, tornando a guerra com os russos muito mais perto do colapso nuclear do que foi em nossa realidade. Moore mostrou como seria impossível que nos universos tradicionais de quadrinhos houvessem tantos superseres e a ciência, tecnologia, sociedade e política permanecem inalteradas.

À Meia-noite, Todos os Agentes…
12 de outubro de 1985. Edward Morgan Blake é espancado e arremessado janela afora de seu apartamento. A investigação da polícia chama a atenção do vigilante mascarado Rorschach, que invade furtivamente a cena do crime e descobre que Blake era o vigilante Comediante.

 

Convencido de que Blake fora o primeiro de uma lista de super-heróis marcados para morrer, ele visita seus ex-colegas de combate ao crime, sendo considerado paranóico por todos. Ficamos conhecendo Daniel Dreiberg, o segundo Coruja; Adrian Veitd, o Ozymandias, conhecido como o homem mais inteligente do mundo; e Laurie Júpiter, ex-Espectral II, e Dr. Manhattan, que vivem no centro de pesquisas Rockfeller.

 

Amigos Ausentes
Durante o funeral de Blake, seus ex-colegas relembram momentos que passaram com ele. Sally Júpiter, mãe de Laurie e primeira Espectral, relembra quando Blake tentou estuprá-la, quando ambos faziam parte dos Minutemen; Veidt recaptula a reunião da nova geração de super-heróis, nos anos 60, onde o Comediante zombou da idéia de que a sociedade poderia ser salva; Manhattan relembrou quando os EUA ganharam a guerra do Vietnã, momento em que Blake matou a sangue-frio uma vietnamita que ele havia engravidado, logo depois dela cortar o rosto dele. E Dreiberg lembrou de quando o Coruja e o Comediante abafaram uma manifestação civil em Nova York, dois anos antes da Lei Keene. Esses flashbacks demonstram a personalidade completamente amoral do personagem, seu desprezo pelas pessoas e sua falta de fé na humanidade.

Esses flashbacks reforçam o contraste do relato do ex-vilão Moloch, que conta a Rorschach que Blake invadiu seu apartamento dias antes de ser assassinado, completamente arrependido de seus atos e em total desespero.

 

O Juiz de Toda a Terra
Se a narrativa de Watchmen já era diferente e ousada nos primeiros capítulos, em O Juiz de Toda a Terra as experimentações de Moore chegam a outro patamar. Intercalando habilmente um garoto lendo um gibi de piratas (uma idéia de Gibbons que se tornou uma trama paralela dentro da trama principal) e os comentários do dono da banca de jornal, Moore faz um excelente uso de metáforas e rimas visuais.

Várias passagens da trama se assemelham a aterradora saga do capitão de um navio naufragado pelo Cargueiro Negro, e sua jornada infernal para retornar a sua cidade natal, Davidstown, que ele acredita, será atacada pelo navio amaldiçoado. A hq, chamada Ilhado, é um paralelo da história de Adrian Veidt e as atrocidades que ele cometeu para atingir um bem maior, como na frase citada pelo náufrago em uma das páginas do gibi: “intenções nobres me levaram a cometer atrocidades”.

Manhattan tem uma discussão com Laurie, que o abandona. Ela se reaproxima de Dreiberg, e nessa mesma noite, Manhattan comparece a uma entrevista numa emissora de TV, onde é encurralado com acusações de ter provocado câncer em seus ex-colegas e amigos, inclusive de sua ex-namorada, Jenny Slater. Isso provoca seus afastamento e consequente abandono do planeta.

 

Relojoeiro
Em Marte, a mente de Manhattan viaja através das décadas. Presenciamos sua adolescência, quando Jon Osterman ainda seguia os passos do pai, que era relojoeiro, até seu ingresso na base de Gila Flats, em 1959, já como cientista; seu primeiro encontro com Jenny Slater; e o fatídico acidente na câmara de testes do campo intrínseco, que o desintegrou totalmente. Em pouco tempo, Osterman retornaria completamente diferente, como um ser com habilidades super-humanas e que provocaria as mudanças mais drásticas no mundo. É interessante ver sua visão sobre sua condição e as reações que sua existência provoca no planeta.

Rebatizado pelo governo como o Dr. Manhattan, ele filosofa sobre seu estado psicológico e o enorme poder que agora tem em mãos, o que prejudica seu relacionamento com Slater e com o resto da humanidade. Indo e voltando no tempo, Moore encarou o desafio de entrar na mente de um ser superpoderoso e revelar suas angústias. Com textos poéticos e carregados de filosofia, como no trecho “Eu vou contemplar as estrelas. Elas estão distantes e sua luz leva muito tempo para nos alcançar. Tudo que vemos das estrelas são suas velhas fotografias”, Relojoeiro é, sem dúvida, um dos mais belos capítulos de Watchmen.

 

Temível Simetria
Em Temível Simetria, a teoria do matador de mascarados se confirma quando Adrian Veidt sofre uma tentativa de assassinato em seu próprio edifício. Rorschach é capturado numa armadilha no apartamento de Moloch e levado para a prisão.

Moore usou um recurso interessante, o espelhamento dos quadros das páginas, as da primeira com a última, e assim por diante, culminando no miolo, onde Veidt desarma o assassino. A elaboração das páginas desse capítulo demonstra o controle que o personagem tem sobre toda a trama de Watchmen.

 

O Abismo Também Contempla
Em O Abismo Também Contempla, é revelada toda a história de Walter Kovacks, o Rorschach, durante várias sessões com o psicanalista Malcolm Long. Através do teste de Rorschach (o famoso teste com manchas de tintas em cartões e que inspirou o nome do personagem), testemunhamos o passado do personagem. Filho de uma mãe que lhe infligia abusos psicológicos e físicos e usava o próprio apartamento para receber clientes, Walter cresceu acreditando que a violência era inerente ao ser humano, e se torna cada vez mais brutal e insensível, o que o leva a se afastar das pessoas.

Seu comportamento lembra o do personagem de Robert DeNiro em Taxi Driver, clássico dos anos 70 que possui algumas semelhanças com a trajetória de Rorschach, principalmente a sua visão do mundo. Aliás, na minissérie Antes de Watchmen dedicada a Rorschach, o roteirista Brian Azzarello promove um curioso crossover com o personagem do filme de Martin Scorsese.

O mais chocante entre os relatos contados por Rorschach é o do sequestro da garota Blaire Roache, que derrubou os últimos pilares de sanidade da mente de Kovacks e que abala profundamente o psicanalista, a ponto de perturbar sua vida pessoal. De longe o capítulo mais sombrio da maxissérie, é nele também onde há uma das frases mais famosas da hq, proferida por Rorschach aos seus colegas de prisão: “ninguém entendeu. Eu não estou preso aqui com vocês. Vocês é que estão presos comigo“.

 

Irmão dos Dragões
O relacionamento de Dan Dreiberg e Laurie Jupiter se intensifica em Irmão dos Dragões, onde Dreiberg conta suas aspirações quando foi o segundo Coruja. Através de um tour pelo seu laboratório secreto, ele conta a Laurie os motivos que o levaram a se tornar um vigilante mascarado e as razões de porquê ele abandonou o capuz. Daniel é um homem quebrado, cujo passado heróico o assombra e também o deprime. Isso fica evidente em sua primeira tentativa de relação sexual com Laurie, e sua subsequente escolha em vestir novamente o uniforme e sair pela cidade a bordo de sua nave, o Arqui.

Laurie o acompanha como Espectral, e depois de quase uma década, o primeiro ato heróico de ambos é salvar os moradores de um prédio em chamas. A noite termina com a consumação do amor do casal e com Daniel enfim se convencendo da teoria de Rorschach, e sua decisão de soltá-lo da prisão.

 

Velhos Fantasmas
É noite de halloween. Hollis Mason e Sally Júpiter relembram do passado durante uma ligação telefônica. Rorschach reencontra velhos desafetos na prisão, como o criminoso Grande Figura e seus comparsas, que o ameaçam de morte. Coruja e Espectral voam até a penitenciária a bordo do Arqui, no momento em que uma rebelião se instaura logo após a morte de um detento que Rorschach agrediu usando óleo quente. Em sua cela, ele se liberta e segue no encalço de Grande Figura, dando-lhe uma lição definitiva. Após o trio chegar ao apartamento de Dreiberg, Manhattan está a espera de Laurie, e lhe diz que os dois terão uma conversa em Marte, para onde vão em seguida.

A noite termina com membros da gangue dos coques invadindo o apartamento de Hollis Mason e dando fim a sua vida de modo violento.

 

 

As Trevas do Mero Ser
Em Marte, acompanhamos uma longa discussão entre Laurie e Manhattan, no relógio flutuante que ele construiu. Ela procura convencê-lo a interceder nas tensões entre EUA e Rússia, enquanto penetra em suas próprias memórias. Em flashbacks, ela se lembra de quando ouviu uma discussão entre sua mãe e seu padrasto e de uma reunião em sua casa de sua mãe e seus antigos colegas dos Minutemen, Hollis Mason, Nelson Gardner, o Capitão Metrópolis e um já mentalmente abalado Byron Lewis, o Homem-Mariposa. Durante um tour pela vastidão do planeta vermelho, Laurie revive o dia em que conheceu o Comediante, e a reação de sua mãe, um misto de raiva e ressentimento. É então que ela descobre a terrível verdade: Blake era seu verdadeiro pai, e sua raiva e tristeza lhe fazem despedaçar o relógio de Manhattan.

Para consolá-la, Manhattan inicia um monólogo brilhante e emocionante, dizendo o quanto estava errado em achar que a vida era sem sentido ou algo extremamente valorizado: sobre o fato de cada pessoa ser única em sua existência, como um milagre termodinâmico, exemplificado no trecho onde ele diz “Mas o mundo é tão cheio de pessoas, tão repleto desses milagres, que eles se tornam lugar-comum e nós os esquecemos”. Esse é certamente um dos trechos mais poéticos não só do capítulo em si, mas de toda a hq.

 

Dois Cavaleiros Se Aproximavam
De volta à Nova York, Coruja e Rorschach retornam aos velhos tempos ao pressionar a bandidagem no submundo. Eles descobrem que a empresa Entregas Pirâmide está envolvida com o homem que tentou assassinar Veidt. Coruja descobre que Hollis Mason foi assassinado. A dupla decide avisar Adrian, invadindo seu prédio na calada da noite.

Para surpresa deles, descobrem que Veidt não apenas é o dono da Entregas Pirâmide, mas que também ele é o homem por trás de tudo que vem acontecendo. Partem então para Karnak, o retiro dele no ártico. Após um pouso forçado na neve com sua nave, Coruja e Rorschach são observados por Ozymandias e sua lince alterada geneticamente, Bubastis, assim que se aproximam de sua base.

 

Contemplai Minhas Obras, Ó Poderosos…
Em uma estufa verdejante encravada no meio do gelo ártico, Adrian Veidt relata a seus empregados toda sua trajetória até aquele momento. Seus pais morreram quando ele era adolescente e ele iniciou uma jornada seguindo os passos de Alexandre, o Grande, seu maior ídolo. Estudando durante anos pelas mais diversas filosofias, Adrian moldou o que viria a ser sua persona heróica e seu sucesso no mundo dos negócios. Após eliminar as últimas testemunhas de seu grande plano, ele se retira para jantar, quando Coruja e Rorschach lhe atacam mas acabam derrotados.

Adrian lhes explica todo seu plano, desde a reunião frustrada dos novos vigilantes mascarados, nos anos 60, onde o Comediante lhe abriu os olhos para o terrível futuro da humanidade, coberta sobre as cinzas da devastação nuclear, caso ele não agisse para impedir; sua aposentadoria dois anos antes da lei Keene e suas pesquisas para neutralizar Manhattan, causando câncer em seus amigos e conhecidos afim de abalá-lo psicologicamente; como sequestrou e usou dos talentos de artistas e cientistas, eliminando-os logo depois, em uma explosão num navio que os tirava da ilha onde ficaram isolados durante a criação de uma nova forma de vida; de como se livrou do Comediante, que havia descoberto o plano de Veidt quando pôs os pés na ilha quando voltava de uma missão para o governo; e por fim como contratou o assassino que tentou lhe matar, e como o calou usando uma cápsula de cianureto.

Achando tudo aquilo uma enorme insanidade, Coruja tenta convencer Adrian a desistir de seu plano, mas é tarde: Adrian o colocou em prática meia hora antes. Todos os personagens secundários que perambulavam nas esquinas onde ficavam a banca do jornaleiro e do garoto do gibi de piratas, como a taxista e sua namorada, o vendedor de relógios e o dr. Malcolm, são cobertos pela mais completa luz branca, concretizando assim o plano do homem mais inteligente do mundo.

 

Um Mundo de Amor Mais Forte
Meia-noite. Em painéis gigantes, vemos a destruição causada pela chegada do monstro criado por Veidt. Manhattan e Laurie chegam ao local logo depois, e Manhattan sente um forte pulso de partículas táquion vindo do Pólo Sul, e eles se teleporta para lá. Ao chegarem, Veidt é seguido por Manhattan, que usa um subtrator de campo intrínseco para desintegrar o herói. Convencido de que havia triunfado, Adrian não contava que o herói pudesse se reestruturar e retornar para impedí-lo.

É nesse momento que ele mostra a todos os frutos de seu plano: o cessar do conflito nuclear e os esforços do mundo em ajudar os EUA após a chegada do falso alien. A paz criada através de uma grande mentira deixa os heróis desestabilizados.

O único que decide não cooperar numa farsa é Rorschach, que parte de Karnak determinado a revelar toda a verdade. Mas é impedido por Manhattan, que o desintegra. O herói entende, sem julgar ou condenar, que os atos de Adrian de fato pararam o relógio do juízo final. Depois de todos esses acontecimentos, ele decide deixar a Terra, em busca de outra galáxia menos complicada. Veidt é deixado com o peso de seus atos sobre os ombros.

No fim, Dreiberg e Laurie visitam Sally, onde a ex-Espectral fica sabendo que a filha sabe sobre sua paternidade. Vemos que Sally, apesar de tudo que aconteceu no passado, amava a filha e tentou fazer de tudo para que ela fosse diferente do homem que a gerou.

 

A conclusão de Watchmen merece um capítulo a parte. Len Wein, que era amigo de Alan e editou os sete primeiros números da hq, teve uma discussão com o roteirista, pois achava que o capítulo final era uma cópia de um episódio da primeira temporada da série de TV Quinta Dimensão, exibida em 1963. No epísódio Os Arquitetos do Medo, da primeira temporada, um grupo secreto de cientistas criam em laboratório um falso alien e convencem a humanidade de que ele é parte de uma invasão alienígena, com o intuito de forçar um acordo de paz entre os governos á beira da guerra nuclear. Confrontado pelo editor, Moore admitiu o plágio, mas manteve sua versão. “Eu detestava na época e continuo detestando”, disse Len anos depois. Em 2013, para a minissérie Antes de Watchmen do personagem Ozymandias, Wein se referiu ao episódio, numa clara alfinetada a Moore.

Cena de “Os Arquitetos do Medo” (30 de setembro de 1963).

Aliás é do falecido cocriador do Monstro do Pântano uma das melhores sacadas da maxissérie: inicialmente planejadas para uma sessão de cartas, as últimas páginas ganharam seu excelente material extra porque Wein achava injusto com os leitores que escrevessem para as últimas edições, pois nunca teriam suas cartas publicadas, devido ao fato da publicação ser uma série limitada. Moore expandiu a idéia do amigo para uma série de complementos (capítulos do livro fictício Sob o Capuz, de Hollis Mason; anotações; prontuário do dr. Malcolm Lang sobre Rorschach; entrevista com Ozymandias, etc), que acabaram se tornando informações preciosas sobre a trama principal.

Imagem do primeiro capítulo do livro fictício Sob o Capuz, de Hollis Mason.

Alan e Dave, desde o início, queriam que Watchmen fosse visualmente diferente de qualquer hq daquele período. Em sua primeira edição, a capa trazia o título na vertical, sem uma cena de ação nem nenhum personagem em uma pose de ação clichê, apenas com o bótom do smile sobre um rio de sangue; as cores de John Higgins, um amigo de Gibbons que já havia trabalhado na 2000AD, que adotou uma paleta de cores secundárias perfeitamente casada com o clima da hq; e a ausência de balões de pensamento e onomatopéias.

As capas das doze edições originais americanas.

Em O Juiz de Toda a Terra, Moore percebeu que estava lidando com uma nova forma narrativa. A maneira como os quadros rimam, espelhando posturas de personagens, enquadramentos e ângulos de câmera inusitados, são um dos pontos altos da série.

O garoto Bernie em uma de suas leituras de “Ilhado”.

Falando em inovações, Gibbons sugeriu a Moore usarem o painel de 9 quadros clássico para ditar o ritmo de Watchmen. Esse esquema já era usado no Homem-Aranha de Steve Ditko e nas histórias de Harvey Kurtzman, da EC Comics. Isso deu a Moore um controle mais preciso sobre o ritmo e a justaposição dos elementos da história, e é interessante como qualquer alteração nesse ritmo causa um efeito impactante, exemplo disso é revelar o perfil psicológico de vários personagens da trama. As páginas em que Rorschach aparecem usam o recurso da grade de nove quadros, que demonstra como ele é incapaz de expressar sentimentos. Em Relojoeiro, os quadros apresentam uma variação intensa de painéis, devido a forma que Manhattan viaja entre passado, presente e futuro.

Página do Aranha do Ditko; página de Kurtzman; e Watchmen.

Apesar do clima pesado e violento que permeia cada página de Watchmen, Moore adora os super-heróis, suas tradições e sua cultura. Um exemplo disso é o cachorro de estimação de Hollis Mason, o primeiro Coruja: batizado de Fantasma e usando uma máscara assim como o dono, ele é uma homenagem a Ace, o Cão-Morcego, presença constante nas hqs do Batman nos anos 50.

Fantasma e Ace, o Cão Morcego.

Mais de 30 anos após sua publicação original, Watchmen vem sendo reimpressa desde então. No Brasil, foram seis vezes: três pela editora Abril (minissérie em seis edições e encadernado entre 1988-1989 e minissérie em 12 edições em 1999; minissérie pela Via Lettera em 2005-2006; e encadernado em duas partes em 2009 e em capa dura de 2011 em diante). Fora as minisséries prequels Antes de Watchmen, em 2012, e a atual Doomsday Clock, que integra os personagens da hq no mesmo universo da DC.

As 12 edições da versão da Abril, 1999.

Watchmen teve várias tentativas de transformá-la em filme. No final dos anos 80, Terry Gilliam tinha um projeto baseado na hq, que contava com Arnold Schwarzenegger como Dr. Manhattan. Anos depois, Paul Greengrass queria adaptar a história aos anos 2000. E finalmente, Zack Snyder encarou a empreitada num filme cuja versão estendida possui mais de três horas e meia de metragem, numa versão mais fiel possível ao material original. A rede HBO está preparando a sua versão, em formato minissérie e apenas inspirada na obra.

“Quem Vigia os Vigilantes?” Todos nós, leitores, quando abrimos a hq e acompanhamos a odisséia de ficção científica criada por Alan Moore e Dave Gibbons.

 

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Panini relança Watchmen, Justiça e Absolute Sandman vols. 2 e 3

Além dos lançamentos como A Noite Mais Densa, Guerra da Trindade e Promethea Vol. 2, estão chegando às livrarias as reimpressões de outros encadernados definitivos da editora Panini, como Watchmen e mais volumes de Sandman. Confira a lista completa abaixo.

Watchmen – Edição Definitiva

Uma das Graphic Novels mais influentes de todos os tempos e um eterno bestseller, WATCHMEN só cresceu em estatura desde sua publicação original, como minissérie, em 1986. Esta edição de luxo, com capa dura, papel especial e formato diferenciado, traz a lendária saga escrita por Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons, totalmente recolorida digitalmente por John Higgings, o colorista original. Não apenas isso, o volume de 460 páginas também apresenta uma quantidade de extras jamais vista no Brasil, trazendo trechos do roteiro original, esboços de Gibbons, comentários sobre os personagens, textos dos criadores e mais.

Uma edição primorosa que não pode faltar na estante de nenhum colecionador, contendo a história eleita pela TIME como uma das cem melhores obras em língua inglesa de todos os tempos, o encadernado da editora Panini contém 460 páginas encadernadas em capa dura e formato 28,2 x 19 cm, e o preço sugerido é R$ 110,00. Você pode adquirir sua edição na Amazon com 20% de desconto clicando aqui.

Sandman – Edição Definitiva: Vols. 2 e 3

Depois do sucesso do primeiro volume de Sandman – Edição Definitiva, estes volumes continuam a narrar a história de Morfeus, o Rei do Sonhar. O responsável por essa saga contemporânea é Neil Gaiman, o autor que se tornou uma unanimidade entre os leitores de quadrinhos. Com sua fábula contemporânea, ele criou uma mitologia que adquiriu vida própria logo que entrou em contato com os leitores tornando-se um clássico quase instantâneo. A série conta a história de Morfeus, um dos Perpétuos – criaturas análogas aos deuses, mas ainda maiores. Basicamente ele controla e tem acesso a todos os sonhos da humanidade e de todas as criaturas capazes de sonhar, sendo o senhor do Mundo dos Sonhos, a terra aonde vamos em nossas horas de sono.

As edições definitivas de Sandman contém 616 páginas encadernadas em capa dura e formato 28 x 19,2 cm. O preço sugerido de cada edição é R$ 145,00. A série publicada pela Panini é composta por quatro encadernados e o spin-off da MortePara completar sua coleção comprando com até 40% de desconto, clique aqui.

Justiça – Edição Definitiva

Eles são conhecidos como “Os Maiores Super-Heróis do Mundo”. Porém, os integrantes da consagrada Liga da Justiça da América estão prestes a aprender que não são os únicos capazes de se unir por um objetivo em comum. As mentes criminosas mais mortais de nossa era aparentemente estão agindo juntas, com um surpreendente plano… que procura perpetrar um bem que nem mesmo a LJA é capaz! Mas algo obscuro se esconde sob a superfície dessa busca. Conseguirá a Liga sobreviver por tempo suficiente para descobrir a verdade? O panteão de lendas da DC Comics é reinventado pelo consagrado criador Alex Ross, pelo ilustrador Doug Braithwaite e pelo roteirista Jim Krueger nesse encadernado, contendo a bem-sucedida maxissérie na íntegra!

Justiça – Edição Definitiva chega às livrarias contendo 492 páginas encadernadas em capa dura e formato 30,4 x 19,6 cm, e o preço sugerido é R$ 110,00. Clique aqui para reservar sua edição na pré-venda.

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Doomsday Clock será uma sequência de Watchmen

A DC Comics chegou com o pé na porta no seu painel que foi realizado na New York Comic Con 2017. Depois de anunciar a volta da Vertigo, quando a linha completa 25 anos (confira detalhes AQUI) foi a vez de falar sobre o esperado evento, Doomsday Clock. A história vai colocar frente a frente o Superman e o Dr. Manhattan, e marcar de vez a inclusão do universo de Watchmen criado por Alan Moore e Dave Gibbons no Renascimento (Rebirth).

Jim Lee e Dan DiDio durante o painel da DC Comics na New York Comic Con.

Diferentemente do que foi dito antes por Geoff Johns (confira AQUI), Jim Lee e Dan DiDio revelaram que Doomsday Clock será sim uma sequência de Watchmen! (Imaginem quantas maldições Alan Moore deve estar soltando agora) e que será uma história independente de 12 partes sem ligações com outras edições, mas o que acontecerá nela terá impacto em todo Universo DC.

Doomsday Clock tem roteiro de Geoff Johns, diretor criativo da editora e desenhos de Gary Frank. Ela começa a ser publicada em novembro nos Estados Unidos.

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Damon Lindelof anuncia início da produção da série de Watchmen na HBO

O estado atual do seriado de Watchmen está mais avançado do que se imaginava. O criador de Lost, Damon Lindelof, foi ao seu Instagram para anunciar o dia 1 da produção da adaptação da renomada graphic novel de Alan MooreDave Gibbons.

A foto revelada por Lindelof mostra um troféu de Hollis Mason, o Coruja. Confira.

Em 2009, Watchmen teve uma adaptação para os cinemas com direção de Zack Snyder.

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Dave Gibbons pensa que série de Watchmen na HBO será melhor que filme

Com a HBO oficialmente desenvolvendo uma série de TV de Watchmen, o artista da graphic novel original, Dave Gibbons, tem altas esperanças que o showrunner Damon Lindelof (Lost) pode superar a versão cinematográfica de Zack Snyder do seu trabalho.

Em entrevista ao Screen Rant na San Diego Comic-Con 2017, Dave Gibbons disse como essa nova adaptação do seu trabalho com Moore poderia ser melhor que sua predecessora.

“No passado, eu e Alan falamos muito sobre filmes e TV. O formato de televisão com uma história em episódios se encaixa muito em como Watchmen era. Ela é um graphic novel, que era publicado mensalmente. Eu penso que seria a adaptação ideal.

Quando nós planejamos fazer essa série de quadrinhos, eu e Alan pensamos que seria uma publicação com seis edições, mas eram 12. Alan teve que arrumar material para criar mais seis revistas. Então, por isso, ela acabou ganhando o formato que teve. Watchmen tinha uma edição de ação, uma de personagem, uma de ação, e assim, fomos moldando a construção da história.

Nós tivemos espaço para aumentar o conceito da trama, e obviamente um produto para televisão poderia dar a você espaço para expandir e explorar o que não foi feito no filme. Dessa forma, eu e Alan sempre pensamos que Watchmen poderia trabalhar melhor como uma série de TV do que como filme.”

A San Diego Comic-Con 2017 aconteceu de 20 a 23 de julho.