Em 2011, a DC Comics lançava a sua nova iniciativa: Os Novos 52. O selo tinha como objetivo reiniciar todo o universo DC, com exceção de Batman e Lanterna Verde. Com 52 títulos, o reboot, em sua maioria, não foi bem recebido pelos leitores. Entretanto, alguns títulos se destacaram como gratas surpresas. A maior delas, com certeza foi Aquaman por Geoff Johns. Enquanto a reinvenção da DC, não conseguiu lidar com o icônico Homem de Aço, ela conseguiu salvar o Rei de Atlântida do esquecimento.
O run de Johns é o mais importante para o personagem desde Peter David (Da década de 90). Durante 25 edições (Sem contar tie-ins e crossovers), o roteirista acrescentou novos elementos à mitologia do personagem e revitalizou o personagem, fazendo com que ele alcançasse um patamar de popularidade o qual ele jamais havia alcançado.
Composta por quatro arcos: As Profundezas, Os Outros, Trono de Atlântida e A Morte do Rei, a fase escrita por Johns é um dos trabalhos mais simples e dinâmicos da editora nos últimos anos. Logo na primeira edição, o roteirista se preocupa em descosntruir a péssima imagem do personagem possuída pelo público. Ele o faz, mostrando a rotina de Arthur Curry ao lado de seu grande amor, Mera. Para moldar o seu protagonista, Johns, através de flashbacks, utiliza duas figuras: Thomas Curry, o seu pai, o qual o incentiva a servir como faroleiro e o Doutor Shin, o qual faz com que Arthur tenha noção de que ele não apenas pertence a superfície.
Através dos comentários pejorativos de civis sobre o herói na história, Johns cria perfeitamente a tensão entre o pertencimento de dois mundos, um tema recorrente nas histórias do Aquaman. O roteirista cria o peixe fora d’água definitivo, não apenas mostrando sua bondade e heroísmo, mas mais tarde, explorando mais facetas morais no decorrer da narrativa, decorrente do seu passado.
É óbvio que este não seria um grande título, caso não possuísse personagens coadjuvantes bem escritos. Felizmente, todas as figuras de apoio obtêm de imediato o interesse do leitor. Seja Mera, pela sua imponência ingênua e desconhecimento perante as leis da superfície, Arraia Negra, através de sua vingança de “mão única”, ou Orm com sua xenofobia pela superfície e dono de um antagonismo formidável e uma ambiguidade moral esplêndida, o tornando mais do que um vilão, menos do que um herói.
As novas adições à mitologia como os monstros submarinos conhecidos como Abissais, o grupo de super-heróis repleto de diversidade e extremamente internacional, conhecido como Os Outros. Ou até mesmo, Atlan, aqui como o vingativo Rei Morto. A mitologia de Atlântida é explorada durante a reta final do run e Johns faz um maravilhoso trabalho com ela.
Não poderia encerrar este texto sem mencionar a arte. Pois muito mais do que o script simples e focado de Johns, Aquaman dos Novos 52 nada seria caso Ivan Reis, Joe Prado, Paul Pelletier e Rod Reis não fossem responsáveis pelos desenhos. O trabalho gráfico de todos os artistas eleva a HQ ao nível de uma produção de Hollywood do gênero épico (Melhor inspiração para o filme, impossível, não é, James Wan?) É impossível contar nos dedos quantas splashpages existem nessas 25 edições.
Apesar do término do run, o roteirista planejava uma história com a Liga da Justiça chamada: Ascensão dos Setes Mares. Infelizmente, nenhum detalhe, além da equipe criativa (a mesma), foi divulgado.
Aquaman por Geoff Johns é a introdução definitiva ao Rei de Atlântida. Com uma arte em escala épica e um roteiro simples e extremamente focado, esse não é apenas o grande momento do personagem nas HQs, assim como é uma das fases mais satisfatórias publicadas pela DC Comics nos últimos anos.