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Aquaman por Geoff Johns: A introdução definitiva ao Rei de Atlântida

Em 2011, a DC Comics lançava a sua nova iniciativa: Os Novos 52. O selo tinha como objetivo reiniciar todo o universo DC, com exceção de Batman e Lanterna Verde. Com 52 títulos, o reboot, em sua maioria, não foi bem recebido pelos leitores. Entretanto, alguns títulos se destacaram como gratas surpresas. A maior delas, com certeza foi Aquaman por Geoff Johns. Enquanto a reinvenção da DC, não conseguiu lidar com o icônico Homem de Aço, ela conseguiu salvar o Rei de Atlântida do esquecimento.

O run de Johns é o mais importante para o personagem desde Peter David (Da década de 90). Durante 25 edições (Sem contar tie-ins e crossovers), o roteirista acrescentou novos elementos à mitologia do personagem e revitalizou o personagem, fazendo com que ele alcançasse um patamar de popularidade o qual ele jamais havia alcançado.

Composta por quatro arcos: As Profundezas, Os Outros, Trono de Atlântida e A Morte do Rei, a fase escrita por Johns é um dos trabalhos mais simples e dinâmicos da editora nos últimos anos. Logo na primeira edição, o roteirista se preocupa em descosntruir a péssima imagem do personagem possuída pelo público. Ele o faz, mostrando a rotina de Arthur Curry ao lado de seu grande amor, Mera. Para moldar o seu protagonista, Johns, através de flashbacks, utiliza duas figuras: Thomas Curry, o seu pai, o qual o incentiva a servir como faroleiro e o Doutor Shin, o qual faz com que Arthur tenha noção de que ele não apenas pertence a superfície.

Através dos comentários pejorativos de civis sobre o herói na história, Johns cria perfeitamente a tensão entre o pertencimento de dois mundos, um tema recorrente nas histórias do Aquaman. O roteirista cria o peixe fora d’água definitivo, não apenas mostrando sua bondade e heroísmo, mas mais tarde, explorando mais facetas morais no decorrer da narrativa, decorrente do seu passado.

“Você é meu super-herói favorito.”

É óbvio que este não seria um grande título, caso não possuísse personagens coadjuvantes bem escritos. Felizmente, todas as figuras de apoio obtêm de imediato o interesse do leitor. Seja Mera, pela sua imponência ingênua e desconhecimento perante as leis da superfície, Arraia Negra, através de sua vingança de “mão única”, ou Orm com sua xenofobia pela superfície e dono de um antagonismo formidável e uma ambiguidade moral esplêndida, o tornando mais do que um vilão, menos do que um herói.

As novas adições à mitologia como os monstros submarinos conhecidos como Abissais, o grupo de super-heróis repleto de diversidade e extremamente internacional, conhecido como Os Outros. Ou até mesmo, Atlan, aqui como o vingativo Rei Morto. A mitologia de Atlântida é explorada durante a reta final do run e Johns faz um maravilhoso trabalho com ela.

Não poderia encerrar este texto sem mencionar a arte. Pois muito mais do que o script simples e focado de Johns, Aquaman dos Novos 52 nada seria caso Ivan Reis, Joe Prado, Paul Pelletier e Rod Reis não fossem responsáveis pelos desenhos. O trabalho gráfico de todos os artistas eleva a HQ ao nível de uma produção de Hollywood do gênero épico (Melhor inspiração para o filme, impossível, não é, James Wan?) É impossível contar nos dedos quantas splashpages existem nessas 25 edições.

Apesar do término do run, o roteirista planejava uma história com a Liga da Justiça chamada: Ascensão dos Setes Mares. Infelizmente, nenhum detalhe, além da equipe criativa (a mesma), foi divulgado.

Aquaman por Geoff Johns é a introdução definitiva ao Rei de Atlântida. Com uma arte em escala épica e um roteiro simples e extremamente focado, esse não é apenas o grande momento do personagem nas HQs, assim como é uma das fases mais satisfatórias publicadas pela DC Comics nos últimos anos.

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Primeiros detalhes de Detective Comics #1000 são divulgados

Em 2019, Batman completará 80 anos de existência. Assim como o Superman com Action Comics, a revista primária do Morcego, chegará à milésima edição. Detective Comics #1000 será publicada em março do ano que vem. A DC Comics divulgou alguns detalhes sobre o quadrinho e sobre a comemoração. Confira:

Selo comemorativo da publicação

Detective Comics será um HQ de 96 páginas. A história principal da edição será escrita por Peter Tomasi e ilustrada por Doug Mahnke. A dupla introduzirá o Cavaleiro Arkham no Universo DC. O personagem foi criado para os jogos da franquia Arkham e agora, fará parte do cânone. Já foi divulgado que Jason Todd não está por trás da máscara do Cavaleiro. O que acarreta em um novo mistério: Quem é o Cavaleiro Arkham?

Também teremos histórias secundárias por Geoff Johns, Brian Bendis, Paul Dini, Christopher Priest, Dennis O’Neil, Neal Adams, Kelley Jones, Dustin Nguyen, Alex Maleev, entre outros.

Por Jim Lee

Além disso, também será publicado um encadernado capa-dura, coletando os momentos mais importantes da história do Cavaleiro das Trevas, tais como: As primeiras aparições de Robin, Mulher-Gato e Batgirl. Assim como uma história escrita por Paul Levitz e ilustrada por Denys Cowan e os layouts originais de Lew Sayre Schwartz para Detective Comics #200.

“A popularidade duradoura do Batman durante 80 anos se comunica diretamente com o apelo geral o qual o personagem possui.” – explicam Dan DiDio e Jim Lee, editores da DC Comics “Estamos orgulhosos em celebrar o impacto cultural do Batman com esses lançamentos especiais e ansiosos para comemorar com os fãs ao redor do mundo.”

Detective Comics #1000 e Detective Comics: 80 anos do Batman serão publicadas em março de 2019. Para saber sobre tudo o que acontece na Editora das Lendas, fique ligado na Torre de Vigilância.

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Venom por Donny Cates é um verdadeiro épico de ação e horror

“A parte mais surreal em escrever Venom é que todas as perguntas que eu tinha quando era criança, seriam eventualmente respondidas. E o estranho é que todas seriam respondidas por mim.”Donny Cates sobre seu run pelo simbionte. Em maio deste ano, Marvel começou um novo relaunch chamado Fresh Start. Semelhante ao Rebirth da DC Comics, a iniciativa prometia trazer os personagens de volta ao básico. Entretanto, alguns títulos fugiram dessa linha, tais como Venom. Um quadrinho o qual vem chamando a atenção de muitos leitores lá fora. Por quê?

Desde sua criação, na década de 90, o personagem sempre esteve ligado ao Homem-Aranha, de alguma forma. Não importava se ele tivesse transformado em Protetor Letal, Agente ou Guardião da Galáxia. O Amigão da Vizinhança sempre está lá. Entretanto, Venom é um personagem muito popular e muito interessante. Talvez fosse a hora dele ser algo a mais do que um derivado da franquia do Teioso. Ele tem sua própria revista mensal há anos, era uma questão de tempo até alguém começar a criar uma mitologia própria para o simbionte. Pois é, era uma questão de tempo até Donny Cates falar com os editores da Marvel: “Que tal contarmos a origem dos simbiontes?” Graças a Odin – e outros deuses – eles disseram sim.

Quem é Eddie Brock?

No primeiro arco da revista, chamado Rex, acompanhamos Venom (Eddie Brock) tendo pesadelos sobre outros simbiontes na Terra, durante a Idade Medieval. O que os leva a um militar chamado Rex, revelando ao leitor a existência de hospedeiros militares, antes de Flash Thompson, o Agente Venom. Para finalizar, o Deus dos Simbiontes está vindo para a Terra por motivos desconhecidos. Sim, esta é a premissa da primeira história do título.

O roteiro de Cates condensa perfeitamente todos esses elementos, trazendo um verdadeiro épico de ação e horror. É notável as influências do roteirista em Lovecraft, Stephen King e até mesmo, George Miller. Eddie Brock aqui, é em suma, o Max de Mad Max. Um homem incompleto, impossível de ser definido, sobrevivendo a todo tempo, servindo como uma espécie de espectador em um show de loucuras.

“Meu nome é Eddie. Meu mundo é sangue e fúria.”

Percebe-se como o autor tem certo apreço pelas obras noventistas, não economizando nos absurdos (o simbionte tem novos poderes) ocorridos nos momentos de ação, mas ao mesmo tempo, encontrando um equilíbrio entre o escapismo e o autoral. Algo bem raro no mercado de quadrinhos mainstream atual.

Os desenhos de Ryan Stegman, a arte-final de JP Mayer e as cores de Frank Martin são uma combinação tão perfeita quanto simbiontes e humanos. Enquanto os traços evocam grandes desenhistas como Todd Mcfarlane, as cores se destacam pelo contraste entre os fracos feixes de luz e a plena escuridão contínua. Há uma presença forte de psicodelia, dando sentido literal ao nome do personagem. Há diversas viagens a serem feitas nesse quadrinho, desde as mais lúcidas até as mais alucinógenas.

Por fim, Cates inventa uma nova e incrível origem para os simbiontes, revelando que o planeta Klyntar, nada mais é do que uma prisão. Não apenas isso, ele cria um deus para eles, chamado Knull, o qual provavelmente, será um antagonista recorrente nas próximas edições.

Através de um ritmo frenético e aterrorizante composto pelos elementos mais diversos e improváveis de serem condensados de forma tão coesa, Venom é, surpreendentemente, o melhor título publicado pela Marvel Comics, no momento o qual eu vos escrevo.

Knull: Deus dos Simbiontes

Estamos diante de um run o qual pode vir a se tornar tão importante quanto Jason Aaron em Thor, ou Brian Bendis em Vingadores.

 

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“Deus está acima de nós e ele usa uma capa.”

Em uma roda de discussão sobre super-heróis, sempre há aquela pessoa a qual acredita na ideia do Batman com o preparo. Você, caro leitor, já deve ter testemunhado muitos comentários acerca desta questão tanto para o bem, quanto para o mal. Enquanto alguns indivíduos por causa disso, o elevam a um grande patamar, outros, o inferiorizam. O que me atrai no Cavaleiro das Trevas é a tragédia. Pois a morte de Thomas Wayne e Martha Kent já ganharam tantas re-interpretações e significados no decorrer dos anos. Conferindo à tragédia, mais camadas.

Quando a pessoa usa “Frank Miller” e “preparo” na mesma frase, eu já olho meio assim:

Entretanto, não posso culpar as pessoas em relação a questão do preparo. É algo enraizado no personagem desde a LJA por Grant Morrison. Entretanto, havia um bom motivo: O título comparava os heróis da DC aos Deuses do Olimpo. Assim como também pode ser justificado pelo amor do escocês à Era de Prata, seus absurdos e as resoluções de casos inimagináveis. Ele é o Melhor Detetive do Mundo e pronto. Contudo, ainda há uma grande distinção entre Batman e Bruce Wayne por parte da audiência: Um precisa ser perfeito, o outro, não.

Esta pequena introdução serviu apenas para contextualizar a análise do quadrinho o qual abordarei neste singelo artigo: Cold Days. Esta história faz parte do atual volume de Batman, compilando as edições #51 à #53, tendo sido finalizada semana passada.

Grant Morrison não fez nada de errado.

 

SPOILERS SOBRE BATMAN #50 A SEGUIR 

Depois de ser largado no terraço por Selina, Bruce Wayne está quebrado, pois aquilo que estava tão perto de alcançar foi tirado dele: Sua felicidade. Três mulheres foram assassinadas. O padrão das mortes é o mesmo: Cérebros com baixa-temperatura. Logo, Batman sabe quem é o assassino: O Senhor Frio. Violentamente, ele arranca a confissão do vilão. O caso vai ao tribunal, onde alguns cidadãos de Gotham devem dar seu veredito sobre o caso. Embora pareça óbvio para alguns quem é o culpado, não é óbvio para Wayne.

Cold Days aborda uma questão interessante a qual não me recordo ter lido em outras HQs do personagem: O Complexo de Deus. Em certo ponto da história, Bruce pergunta se uma das mulheres dentro da sala, usa uma cruz. Ela responde que sim e pergunta logo em seguida se ele acredita em Deus e ele responde: “Eu costumava acreditar.” Depois desta declaração, voltamos ao flashback da morte de Martha e Thomas Wayne, o momento trágico o qual marcou o nascimento do Batman. Contudo, aqui, ele diz que ele encontrou Batman, assim como pessoas dizem que encontraram Deus.

“Deus está acima de nós e ele usa uma capa.”

“Então, basicamente, ele comparou Batman a Deus?” Sim, mas não com o intuito de defender o Morcego, ou se opor a ele. Ele faz esta comparação para questionar a fé cega dos cidadãos no vigilante. Não apenas porque ele as salvou inúmeras vezes, mas porque elas acreditam que ele trará esperança eterna para Gotham.

Ele está acima da lei, pois é o Batman, mas não deveria. Ele deveria ser tratado como um cidadão normal, com direitos e deveres e não, ser elevado ao patamar de uma figura divina, pois ele pertence a raça humana e é tão imperfeito quanto nós. Nem sempre ele é o Melhor Detetive do Mundo.

Aqui, neste quadrinho, ele admite isso. Ele não conversa com bandidos, ele apenas os chuta na cara, toda vez. Talvez os vilões não estejam obcecados por eles, talvez estejam apenas se defendendo, pois sabem que o Morcego os caçará. Como um dos civis diz durante a narrativa: “Em Gotham, você precisa permanecer com a arma em suas mãos.” Tom King, mais uma vez, renova o personagem, trazendo novos questionamentos. Acompanhado da belíssima arte de Lee Weeks, com seus traços minimalistas. Cold Days é uma história perfeita.

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Batman #50 é uma linda, poética e brilhante carta de amor

É chegado o grande dia. Após uma massiva campanha de divulgação, vários prelúdios e polêmicas com New York Times, Batman #50 está entre nós. O Casamento, veio para fazer história na cronologia do personagem. Mas não da forma o qual muitos leitores anseiam ou aguardam. A edição já está dividindo opinião de muitos leitores. Enquanto uns dizem que é apenas enrolação por parte do roteirista, outros defendem a história como uma brilhante carta de amor.

É compreensível a revolta, mas esperamos e torçamos para que ela não atinja o patamar de Império Secreto. Edições sendo queimadas e xingamentos direcionados aos autores seria uma atitude extremamente desrespeitosa. A culpa, portanto, reside na campanha de marketing, mas ao mesmo tempo, é compreensível. Analisando a situação como editora, essa é a chance para aumentar ainda mais as vendas do título. Como diria um sábio: “É Batman. Batman vende.”

Capa variante da edição. Por Jim Lee

Logo, o que nos resta é analisar a história de forma isolada ou como uma continuação a tudo o que o roteirista desenvolveu até agora. Alerta de spoiler: Funciona. Mais uma vez, King faz o que sabe fazer de melhor: Poesia. A narrativa é dividida em duas: A preparação para o evento e as cartas de amor do Morcego para a Gata, ou vice-versa. King faz o seu Como a Luz dos Olhos Teus em mais de 20 páginas. Tudo isso acompanhado de uma equipe talentosa de artistas incluindo seus parceiros: Mikel Janín, Joelle Jones, Mitch Gerads e David Finch. Assim como outros grandes artistas: Paul Pope, Frank Miller, Tim Sale, Jason Fabok e outros.

A outra história, como eu disse, são as preparações para o casamento. Mikel Janín mais uma vez entrega um bom trabalho e há uma splashpage espetacular e extremamente romântica. Há um paralelo traçado na distribuição dos quadros, uma característica sempre bem-vinda nos roteiros de King. Assim como, alguns momentos emocionantes. Daqueles de fazer qualquer fã do Morcego chorar.  Agora, vamos entrar na zona de spoilers: Eles se casam ou não?

Uma fantástica splashpage

A resposta é: Não. Entretanto, ainda há esperança. “Como assim, depois desse marketing todo?” Isso é algo o qual muitos não entenderam ainda. Este não é o fim do run de King pelo personagem. Como o roteirista descreveu em entrevista a Entertainment: “Imagine que você está assistindo ao Império Contra Ataca e Vader acabou de pegar a arma do Han”. A ideia central é um questionamento: Bruce Wayne pode ser feliz? Nós ainda vamos descobrir, mas ao que tudo indica, ele pode. Selina não o larga no altar pois ele é uma criança a qual se recusou a crescer – como foi erroneamente interpretado pelo New York Times – , mas sim, pois Gotham precisa do Batman.

Além disso, é necessário falar sobre a última página da edição: Vários personagens dos arcos anteriores reunidos no Asilo Arkham. Entre estes personagens, vilões como o Coringa e Charada. Assim como, aliados: Thomas Wayne de Flashpoint e Gotham Girl. Simultaneamente, Holy (Amiga de Selina) e Bane falam sobre o Morcego ter sido quebrado. As teorias começam: A busca pela felicidade de Wayne é um plano dos vilões, ou é algo maior?

Ok… o que está acontecendo?

De qualquer forma, chegamos à metade deste fantástico run e as coisas prometem (e irão) pegar fogo nos próximos anos. Além disso, Selina ganhou uma revista mensal escrita e desenhada por Joelle Jones a qual começou bem e promete mostrar o “novo” status dela. Para saber sobre tudo o que acontece na Editora das Lendas, fique ligado na Torre de Vigilância.

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Eu Sou Bane: “Você sofreu tudo isso pela possibilidade de vitória.”

Em seu primeiro ano na revista Batman, Tom King revolucionou o personagem. Em Eu Sou Gotham, introduziu aos leitores a heroína Gotham Girl. Assim como, iniciou uma trama com o Pirata Psíquico. Em Eu Sou Suicida, entrelaçou os destinos de Bruce e Selina enquanto desenvolvia uma história de assalto. Em Eu Sou Bane, a conclusão deste primeiro ano, o roteirista entrega a revanche entre o Morcego e o homem que quebrou suas costas.

Assim como A Queda, publicada na década de 90, Eu Sou Bane não é apenas sobre brutalidade física, mas também espiritual. A diferença é claro, reside no fator suicida envolvendo o Batman o qual está sendo constantemente explorado durante o run. Além disso, King traça paralelos entre as dores do protagonista e do antagonista. Aspecto o qual confere mais poesia e antecipação à obra.

Paralelos entre Batman e Bane

Como é o fim do início, Eu Sou Bane é grande em sua escala e envolve a maioria dos personagens utilizados desde o início da revista. O Tigre de Bronze, a Mulher-Gato, Gotham Girl e a Bat-família, todos eles desempenham algum papel fundamental para a narrativa, mas funcionam apenas como peças, as quais são movimentadas da maneira certa.

Na verdade, o arco pode ser interpretado como uma partida de xadrez repleta de sangue e socos. O jogo violento é ilustrado por David Finch. O artista apresenta um desempenho levemente inferior ao seu trabalho em Eu Sou Gotham, mas ainda assim, entrega a pancadaria. As cores de Jordie Bellaire mais uma vez fazem grande diferença na composição artística, assim como a distribuição de painéis proposta por King.

 

Para finalizar, é incrível como o roteirista entrelaça todos os eventos até aqui através de um gigantesco e brilhante monólogo de uma personagem bastante conhecida. Essa gigantesca fala a qual percorre a última parte do arco, define o Batman trazido pelo autor e sua jornada. O Batman sofre, quer sofrer e precisa sofrer. É a sua morte, ele está buscando por ela, pois acredita na vitória após o sofrimento. Recitando o que é dito pela mensageira misteriosa: “Você sofreu tudo isso pela possibilidade de vitória.”

Eu Sou Bane finaliza com maestria o primeiro ano do Cavaleiro das Trevas por Tom King. Impossível não elevar as expectativas para o segundo ano com A Guerra das Piadas e Charadas. O arco foi publicado por aqui entre as edições 10 à 12 da revista Batman, pela Panini. Para saber sobre tudo o que acontece na Editora das Lendas, fique ligado na Torre de Vigilância.

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Antes de New Justice: A Liga da Justiça por Christopher Priest

Depois de inúmeras ameaças intergalácticas e viagens temporais, a Liga da Justiça precisa lidar com a opinião pública. Essa é a premissa da pequena passagem do roteirista Christopher Priest pelo título. Em 10 edições, o roteirista revoluciona as Lendas. Questiona os seus métodos como vigilantes, dá destaque merecido a alguns personagens e expõe a vulnerabilidade de cada membro. Esqueça as tramas sobre controles mentais, as discussões entre os heróis são críveis e coerentes. O roteiro não os descaracteriza para chegar até lá, ele os desafia.

O Batman ainda é o Maior Detetive do Mundo, mas é um homem cansado. Quais são as consequências de liderar duas Ligas da Justiça e lidar com três ameaças simultaneamente? O que isso pode acarretar? São exatamente esses questionamentos propostos pelo roteiro e servem como gatilho para o desenrolar. Um pequeno erro de cálculo no plano do Morcego leva as pessoas a ficarem contra a Liga da Justiça e leva a equipe a questionar os seus métodos.

Clark tentando trazer um pouco de otimismo para Bruce

Afinal, a Liga é um grupo de benfeitores ou, uma organização acima da lei e da política? A forma como Priest lida com a Mulher-Maravilha é outro ponto a se destacar em seu roteiro. Afinal, sua missão original entra em conflito com a ideologia do grupo. Sua espada é responsável pelo incidente. Há tempos, a Mulher-Maravilha não era tão bem representada em uma revista das Lendas.

Quanto ao Superman, o roteiro o trata como um apaziguador, um estabelecedor de limites. Ele não se vê acima de todos, mas sim como um homem comum. Discorda da ideia de interferir em assuntos políticos apenas para que a tensão não aumente, tenta manter tudo sob o controle. Os outros membros da equipe também são explorados, mas o grande destaque vai para o Cyborg. Considerado o sétimo membro da Liga desde 2011, Victor Stone nunca tinha sido tão bem tratado pelos roteiristas como nesse run. Priest não apenas explora as delimitações entre humanidade e sua ausência, mas também faz comentários sutis sobre racismo e revindica a relevância do personagem dentro do grupo. Talvez seja o homem certo para escrever a revista do ex-membro dos Jovens Titãs.

Cyborg questionando sua posição

Há inúmeros comentários metalinguísticos aqui. O principal, é feito através da personificação do antagonista: O Fã. Escolher um admirador como antagonista é um tanto quanto controverso, certo? Ele representa o lado extremista dos entusiastas da equipe, não admitindo mudanças, seja a presença de mais Lanternas ou, uma Liga com uma formação diferente. Enfim, ele é o leitor de quadrinho chato o qual não lê nada da editora há anos. É um problema para os heróis à medida que ele ataca a opinião pública, os defendendo.

O outro comentário metalinguístico, ainda em relação a mudanças, é a inclusão da LJA no segundo arco do run. Na edição 40, as duas equipes se encontram presas na Torre de Vigilância, a qual está prestes a cair em solo terrestre. Priest habilmente une os personagens e coloca importantes questões em cheque nesse jogo de sobrevivência: A relevância dos personagens para o universo. Afinal, se você pudesse escolher apenas uma Liga para viver, com certeza seria a clássica. Posso estar enganado também, talvez você prefira a equipe “humana” criada pelo Batman.

Quem deve viver? Quem deve morrer?

A conclusão é pautada por um personagem o qual o roteirista conhece bem: O Exterminador. Se você ainda não leu Slade Wilson nas mãos desse homem, faça um favor a si mesmo e leia. O maior mercenário da DC está ali para expôr a provável hipocrisia em torno dos ideais da Liga da Justiça. Afinal, se o é um problema tão grande, por que a equipe não o resolve. Slade é o gatilho para o final, o qual resulta na criação de uma nova Liga da Justiça. Mais clássica, mais heroica e menos conflituosa (ou talvez não). Em 10 edições, tivemos uma das melhores fases da equipe em um bom tempo.

Entretanto, a DC parece estar tentando dar um foco maior no título. Scott Snyder, Jorge Jiménez e Jim Cheung assumirão o novo volume da revista e prometem trazer elementos clássicos de volta. Assim como, teremos 2 duas novas formações: Odisseia e Sombria. Torçamos para que esta seja uma nova e brilhante era para a equipe a qual precisava de sangue novo. Mas também torçamos para que os fãs não esqueçam dessa curta porém memorável fase.

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Action Comics #1000 | As histórias da antologia do Superman ranqueadas

História foi feita essa semana, Superman completou 80 anos desde sua primeira aparição. Action Comics #1000 foi lançada essa semana para celebrar o Homem de Aço. É um momento histórico para a indústria de quadrinhos. Por isso, a Torre de Vigilância listou todas as histórias da antologia. Da pior até a melhor. Para o alto e avante!

11 – “The Truth” por Brian Michael Bendis e Jim Lee

Action Comics #1000

A estreia de Bendis na DC Comics não poderia ter sido pior. The Truth serve apenas como ponte para a minissérie Man of Steel, a qual será publicada em junho. Mas o grande problema não está em servir como prólogo. Os diálogos são ridículos e a maioria deles envolvem discussões sobre o retorno da cueca vermelha. O grande vilão não parece tão grande, assim como a arte de Jim Lee. O desenhista não entrega um bom trabalho aqui. E a revelação no final, é algo tão batido na história do personagem. Infelizmente, não consegue celebrar o herói, muito menos, construir um prólogo para empolgar os leitores.

10 – “The Game” por Paul Levitz e Neal Adams

A história traz Superman jogando uma partida de xadrez com Lex Luthor. É interessante e cômico como Levitz expõe o ego frágil de Lex Luthor quando ele perde a partida. Soa um pouco infantil e datado, porém divertido. A arte de Adams entretanto, não se destaca de forma alguma, apesar de fazer uma referência muito bacana a uma capa famosa ilustrada pelo artista.

9 – “Five Minutes” por Louise Simonson e Jerry Ordway

Dois clássicos quadrinistas trabalham nessa história. Infelizmente, o problema não é a narrativa, muito menos a arte. Five Minutes é uma história curta e simples a qual mostra como Superman pode resolver problemas rapidamente. O grande problema aqui é como ela soa datada perto das outras histórias, mas está bem longe de ser ruim.

8 – “Action Land” por Paul Dini e José Luis Gárcia-López

Essa provavelmente tem um dos melhores plots da edição. A história se trata sobre um parque de diversões sobre o Superman. As atrações são bem criativas, a arte de Gárcia-López (Excelente como sempre), dá o tom de nostalgia necessário e bem-vindo. O roteiro de Dini conta com uma boa reviravolta e valoriza a importância dos vilões para o Homem de Aço.

7 – “An Enemy Within” por Marv Wolfman e Curt Swan 

A mais aguardada depois da estreia de Bendis. Desenhada pelo lendário Curt Swan (Que Rao o ilumine), essa é uma história nunca publicada em sua época como desenhista da revista. Escrita por Marv Wolfman, a trama aborda a crença do Superman na humanidade, não os ajudando, mas deixando-os resolver seus próprios problemas. É uma das mais interessantes da coletânea.

6 – “The Car” por Geoff Johns, Richard Donner e Olivier Coipel

Lembram do carro arremessado pelo Superman na capa de Action Comics #1? Claro que lembram. Johns e Donner nos apresentam ao motorista do automóvel destruído. Uma história brilhantemente narrada pela arte de Olivier Coipel, que emula com maestria, o Homem de Aço da Era de Ouro e arrebenta na distribuição de quadros. A mais criativa (e inesperada), mas não a melhor.

5 – “The Fifth Season” por Scott Snyder e Rafael Albuquerque 

Essa história se trata sobre a rivalidade Superman/Luthor. Snyder constrói a trama a partir de uma ida ao planetário, durante a infância e a vida adulta dos personagens. Mais uma vez, o roteirista mostra eficiência escrevendo Luthor, como já havia feito na minissérie Superman: Sem Limites. A arte de Albuquerque e o jogo de luz e sombras torna o conjunto da obra ainda mais poético. Com certeza merece um lugar entre as 5 melhores.

4 – “From The City that has Everything” por Dan Jurgens

Essa história leva o conceito de celebração ao pé da letra. O roteiro de Jurgens traz Superman preocupado com uma invasão alienígena enquanto a população de Metropolis faz uma homenagem para ele. O que há de mais bonito aqui, são os inúmeros pontos de vistas sobre ele apontados por pessoas as quais ele salvou. Também temos uma cena a qual já nasce icônica: Os heróis e vilões da DC agradecendo ao personagem por ele existir. Pois caso contrário, nenhum deles estaria aqui. Uma metalinguagem simples e funcional.

3 – “Faster than a Speeding Bullet” por Brad Meltzer e John Cassaday 

Uma trama simples executada de forma perfeita. Superman tenta impedir um assassinato em uma estação de metrô. Todos sabemos que ele conseguirá, mas mesmo assim, o roteiro de Brad Meltzer causa extrema tensão. A forma como ele descreve as sensações do herói é simplesmente impecável. Ele distribui os quadros extremamente bem. Isso tudo somado à arte de John Cassaday e seu perfeito equilíbrio entre traços realistas e cartunescos. Além disso, a história foi feita em homenagem a Christopher Reeve. Uma das 3 melhores facilmente.

2 – “Of Tomorrow” por  Tom King, Clay Mann e Jordie Bellaire

Superman, Sol e o fim da sua própria existência, sempre é uma boa ideia para uma história. Aqui, King escreve o seu próprio Grandes Astros Superman em cinco lindas páginas ilustradas por Mann e Bellaire. King já se provou em trabalhar muito bem a tragédia em suas histórias. Entretanto, mesmo com os diálogos trágicos, há uma grande veia positivista em torno da narrativa e uma lição extremamente valiosa sobre valorizarmos aquilo que um dia acaba. Uma das melhores histórias da antologia e o segundo melhor final para o Superman.

1 – “Never-Ending Battle” por Peter Tomasi e Patrick Gleason

Não basta a dupla ter encerrado perfeitamente sua ótima passagem pela revista do herói. Eles também trouxeram, no mesmo dia, a melhor história da edição comemorativa. Composta apenas por páginas sem quadros, a edição escrita por Tomasi e ilustrada por Gleason é narrada de maneira perfeita. O roteirista dá a desculpa perfeita para revisitar todas as eras do herói: Uma luta contra Vandal Savage. Enquanto Gleason retrata com perfeição, inúmeros acontecimentos da mitologia do personagens. Páginas as quais dão vontade de emoldurar. Valoriza o passado e o presente de forma única encerrando de vez a passagem dessa marcante dupla sobre o herói. Sem dúvidas, a melhor das 11 histórias.

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Grandes Astros Superman: “Ele foi apenas consertar o Sol.”

Começa com uma expedição ao Sol, termina com um herói indo em direção a ele. Grandes Astros Superman é um ciclo finito. É como se o personagem não fosse mais publicado e você pudesse escolher qual seria o final definitivo para a história do Superman. Incontestavelmente é esse. Escrito por Grant Morrison, a minissérie de 12 edições, busca tornar os absurdos da Era de Prata palpáveis para os novos leitores, ao mesmo tempo em que introduz uma dose muito bem-vinda de nostalgia.

“É irônico a fonte dos meus poderes me matar, quando nada no universo jamais conseguiu.”

Cientistas do Projeto DNA fazem uma viagem ao Sol, contudo, a situação se torna perigosa e o Superman deve intervir. Após seu retorno à Terra, ele não apenas ganha novos poderes, como também descobre que está a beira da morte, graças ao seu contato com o Grande Astro. Antes de chegar ao fim, o herói precisa completar 12 desafios lendários e descobrir como deixar seu legado em nosso planeta.

“Minha última aventura está prestes a começar. Superman desligando.”

Planeta Condenado. Cientistas em Desespero. Última Esperança. Casal Bondoso.

Morrison realmente sabe como fazer uma despedida. Ao longo das edições, o roteirista não apenas revisita o absurdo da Era de Prata ou o elenco de apoio do personagem. Um grande exemplo, é a morte de Jonathan Kent. É um dos acontecimentos os quais gostaríamos de evitar nas páginas, mas é necessário. Afinal, a tragédia molda o herói e sem isso, Clark não deixaria Smallville. Ele usa tudo isso para moldar as características do que tornam o Superman, o próprio. É sem dúvidas, a versão definitiva do personagem. Extremamente poderoso, inteligente e tendo noção de tudo isso, o Homem de Aço por Morrison é diferente. Ele não é extremamente confiante, ou autoritário. Ele é o significado de calmaria e serenidade.

A arte de Frank Quitely complementa o herói definitivo. Seus traços evidenciam linhas de expressões faciais, tornando a história ainda mais humana. Seu Superman não é musculoso, é apenas grande e forte. Seus desenhos são charmosos e extremamente detalhistas, principalmente com tecidos. O seu design para o personagem também é ideal. A capa sob os ombros não se estendendo até o chão é simples e reforça a mensagem. Enquanto seu Clark Kent, é um cara grande. A mudança de postura é tão impressionante quanto a de Christopher Reeve no filme de Richard Donner.

 

É realmente impressionante como o roteiro de Morrison costura o passado e o futuro através de ações dos personagens no tempo presente. Isso cria, como já dito anteriormente, um ciclo de vida e morte para o personagem. Com a ideia de terminar a história por onde ela começou, o roteirista cria a maior história do personagem. A acessibilidade aos antigos leitores e aos novos, é basicamente a mesma. Além disso, os absurdos da Era de Prata estão em abundância aqui. Eles soam bregas, mas nunca antiquados, há um senso de modernização aqui. Quedas de braço por donzelas, robôs gigantes e Jimmy Olsen como Apocalipse. Temos tudo isso aqui e até mais. Com certeza, soaria ridículo nas mãos de qualquer outro roteirista. Nas mãos de Morrison, soa contemporâneo e extraordinário.

Grandes Astros Superman também traz coadjuvantes brilhantes os quais refletem diretamente em algum ponto da personalidade do herói. As edições 7 e 8 levam o Superman ao Mundo Bizarro, onde ele conhece Zibarro. Diferente dos habitantes daquele planeta, ele é inteligente. Ele se sente sozinho naquele lugar, como Superman já deve ter se sentido solitário alguma vez na vida por ser maior do que todos nós. Isso é um aspecto muito interessante do roteiro.

 

“Eu te amo, Lois Lane. Até o fim dos tempos.” 

Sendo não apenas uma despedida aos leitores, Grandes Astros Superman também é uma despedida do herói às pessoas amadas por ele. Para ser mais claro, uma despedida à Lois Lane, o amor de sua vida. A Lois de Morrison é a versão definitiva da personagem: Irônica, esperta e destemida. Sua crença é de que Superman sempre ganhará todas as batalhas. Metalinguisticamente, ela assume o papel do leitor da narrativa.

Todos sabemos o que iremos encontrar em uma revista do Homem de Aço: O bem versus o mal. Sabemos o fim de todas as histórias, pois ele sempre encontra um jeito. É uma constante a qual não pode ser quebrada graças à indústria das HQ’s. Então o que resta a fazer se acreditamos que ele sempre encontrará um jeito? Ser como ele. A história se torna ainda mais imersiva quando ela ganha os poderes do herói. É completamente relacionável. Alguém normal com os poderes de um deus, mas Lois é o lado puro da utilização desses poderes. E o que há de impuro em habilidades extraordinárias?

 

“Como você se sentiria se alguém ficasse em seu caminho toda vez?”
Grandes Astros Superman traz a melhor versão de Lex Luthor. Um gênio do crime o qual finalmente conseguiu alcançar seu objetivo: Matá-lo. Luthor também faz parte do absurdismo moderno. Ele é extremamente exagerado e com uma personalidade construída por inúmeros trejeitos e sorrisos diabólicos. A motivação dada ao vilão é tão simples mas tão eficiente. Superman está em seu caminho. Ele se vê como uma vítima. Alguém justificando suas más ações por causa da interferências de um ser poderoso. Dito isso, a relação protagonista e antagonista, nunca foi tão forte como nesse quadrinho a qual justifica porque ele é o maior vilão do herói. Luthor é um psicopata e não há margens para outras interpretações.

 

A cartada final está no momento em que o careca finalmente entende como o Superman enxerga a todos. “Apenas nós, aqui dentro, juntos. E somos tudo o que temos.”Superman precisou entender a raça humana e tomar cuidado aonde pisava. Nós nunca precisamos entender um deus. Ele é o que é e pronto. Nesse momento, Luthor se arrepende por alguns segundos, de todo o mal causado por ele ao Homem do Amanhã. Mas é muito tarde. É o final perfeito para uma luta de 80 anos.

 

INTERMINÁVEL

Se eu pudesse escolher uma edição para sintetizar o que Grandes Astros Superman representa, seria a décima. Superman escreve seu testamento enquanto pratica o máximo de bem possível enquanto houver um sopro de vida em seu corpo. Ele cria vida, um planeta sem o Superman, onde o mundo o verá apenas como um conceito. A última página traz um homem fazendo alguns rascunhos e declarando: “Isso vai mudar tudo.” Fica clara a linda homenagem aos criadores do Homem de Aço: Jerry Siegel e Joe Shuster.

Mas esse é não o único motivo pelo qual essa edição se destaca como a mais emblemática. Esse quadrinho salvou vidas. Em uma cena composta por 5 quadros, Superman impede uma garota de cometer suicídio. É provavelmente, um dos momentos mais poderosos, inspiradores e poéticos de todos. Muitas pessoas decidiram viver após lerem essa cena e ligaram para Morrison agradecendo. É um exemplo de como quadrinhos transcendem as páginas, como essas histórias sobre seres fantasiados são capazes de tocar a alma e nos fazer enxergar o mundo sob outro olhar. Um olhar mais positivo.

CLÁSSICO MODERNO

Grandes Astros Superman #10 salvou vidas
Interminável é o nome do capítulo, assim como o Superman. Grandes Astros Superman é a obra mais completa do personagem, não apenas celebrando sua riquíssima e extraordinária mitologia. Mas também, celebrando seu legado e mostrando o porquê de ser um dos maiores ícones da cultura pop. Grant Morrison e Frank Quitely criaram a mais poética, triste e extraordinária história do herói de todos os tempos. Ao final, você será injetado com tanta esperança e se recusará a acreditar no trágico acontecimento. Assim como Lois Lane você gostará de acreditar que ele foi apenas consertar o Sol.

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Detective Comics

Infelizmente, Dark Nights: Metal não deu liga

Anunciada em 2017, a saga Dark Nights: Metal chegou ao seu fim na última quarta-feira. Escrita por Scott Snyder e com desenhos de Greg Capullo, a história fez muitas promessas. A primeira delas, era apresentar o Multiverso Sombrio. A segunda, encerrar todas as pontas soltas deixadas pelo Batman dos Novos 52. E a terceira, definir o futuro do Universo DC. Nada foi cumprido, pois tudo foi mal executado. Essa é provavelmente a pior história da DC nos últimos anos.

A Crise nas Infinitas Terras inaugurou as mega sagas. Crise Infinita seguiu seu legado, assim como Crise Final, elevando essas concepções a outro patamar. Mas isso foi passado. Mega sagas só são atrativas quando extremamente bem planejadas. Quando o editorial está em sintonia com a equipe criativa. Isso evita muitos erros de continuidade. Mas o problema de Metal não foi o editorial, foi o próprio roteiro de Scott Snyder.

Capa da primeira edição.

Um amontoado de ideias extremamente promissoras como o Multiverso Sombrio. Terras negativas geradas pelo medo e com Batmen malignos. Eles estão ali apenas para vender os próximos licenciados da editora e nada mais. O mais famoso deles, o Batman que Ri, é quase um Boba Fett. Ou trazendo para a linguagem DC, um Superboy Prime. Visual interessante, background promissor, mas nunca sai do lugar e fica apenas na promessa. Na verdade, Metal às vezes nem promete. Apenas imagina. Vários elementos são introduzidos e esquecidos ao decorrer da trama. Os prólogos em Dark Days se provam inúteis, assim como muitos tie-ins.

Na verdade, os tie-ins são a parte boa de Metal. Alguns deles sobre as versões maléficas do Batman são bem escritos. Outros, como Wild Hunt – por Grant Morrison – soam como uma verdadeira sinfonia em quadrinhos. Eles realmente trazem a empolgação e aproveitam muito bem os conceitos. Para chegar na saga principal e tornar tudo superficial novamente. O grande problema é a banalização do massaveio.

Hunt
Leiam Wild Hunt.

Massaveio nada mais é quando um roteirista apela para ação e frases de efeito apenas para parecer legal. Nada contra isso, toda mega saga tem massaveio. Aliás, o que seriam delas sem momentos assim? Mas Metal não entende os limites disso. Logo na primeira edição, a Liga da Justiça forma um Megazord e o Batman monta em um dinossauro. Tudo em prol da loucura e do heavy metal. Personagens são jogados de forma extremamente aleatória, mas está tudo bem. Sabe por quê? O Batman está montado em um Dragão Coringa! Esqueça a trama, certo?

São tantos conceitos criados os quais ele não consegue lidar. Quando é chegado o clímax da saga, o que deveria ser catártico, se torna extremamente patético. Recursos de metalinguagem são inseridos de uma hora para outra. Scott Snyder acredita ser Grant Morrison. Mexe com o Retorno de Bruce Wayne, utilizando Barbatos, mexe com Multiversidade e apresenta uma solução extremamente semelhante a de Crise Final, mas nada funciona.

Megazord
Sim, a Liga da Justiça formou um Megazord. Já viu de tudo, certo? Ha! Mas não mesmo.

Na verdade, a reintrodução dos Gaviões ao Universo DC funciona e alguns momentos da Mulher-Maravilha são bons assim como a arte de Greg Capullo. Ele tem um estilo sujo perfeito para a proposta da história. Metal queria ser uma Crise, mesmo sem o nome. Essa era a intenção. Mas tudo não passou de uma história sem nexo apenas para satisfazer a tal loucura. A definição completa de potencial extremamente desperdiçado. Sandman poderia acordar e dizer ao Batman que tudo não passou de um pesadelo barulhento. Preparem-se para a nova Liga da Justiça.