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Dua Lipa viaja no tempo com o já clássico, porém futurista “Future Nostalgia”

“Eu viajei bastante no tempo com este álbum. Quis trazer algo que lembra a minha infância e, ao mesmo tempo, torná-la bem atual. Lembro-me de ouvir músicas do Moloko e Jamiroquai, que faziam você querer dançar a qualquer hora do dia. Eu queria recriar essa sensação.” – Dua Lipa sobre Future Nostalgia a Apple Music.

 

Alguns bons filmes de aventura e ficção científica possuem dois elementos bem interessantes: viagem no tempo e criação e criação de novos seres através de experiências de laboratório. Exemplos como as franquias de Jurassic Park, De Volta Para o Futuro, ou o último filme dos Vingadores, Ultimato estão aí para provar uma receita que, quando bem feita, dá certo. E claro, independente da mídia consumida. Como é o caso da Dua Lipa em seu segundo álbum de estúdio “Future Nostalgia” que mistura os dois elementos já citados de forma majestosa.

O enredo aventureiro Dua, viaja entre os anos 70, 80 e 90 ao decorrer do disco de forma coesa, interessante e principalmente, única. É um passeio que vai desde o synth-pop oitentista em “Cool” e “Physical”, a pegada disco com o primeiro single e smash hit mundial “Don’t Start Now” e em “Levitating”, o som funk feito por um constante baixo remetente ao funk em “Pretty Please”, e até mesmo há ácida e divertida “Good In Bed” que lembra o pop britânico dos anos 2000 alá Lilly Allen. Lipa exibe sua bagagem musical de forma rica.  Essa jornada entre as sonoridade nos traz consequentemente a outro elemento de uma boa aventura, a criação através de outros seres.

Se ao longo dessa viagem do tempo, alguém coletasse características de grandes nomes da cultura dance e misturasse tudo dentro de um laboratório, a nova criatura que surgiria, seria a persona artística que Dua Lipa assumiu no álbum. A presença de Nile Rodgers, Madonna, Kilye Minogue, Eurythmics, Daft Punk e outros são sentidas durante o percurso temporal que o disco nos proporciona. É definitivamente, a personificação do legado e impacto que esses deixaram.

O conteúdo lírico, de fato, não trás nada de inovador ou diferentão do que se espera de uma música pop. São apenas letras sobre relacionamentos e suas fases, e está tudo bem. A proposta do disco não é fazer algo proposital, político ou complexo demais. O seu conceito está ligado diretamente a estética visual e suas diferentes sonoridades. É um álbum que é feito pras pessoas dançarem e se divertirem, mesmo que por esse atual momento, apenas em casa. Entretanto, há canções que evidenciem o empoderamento feminino de Dua Lipa, como é visto na auto intitulada “Future Nostalgia” e “Boys Will Be Boys”, respectivamente, a primeira e última música do disco.

“Não importa o que eu você faça
Eu vou conseguir sem você
Eu sei que você não está acostumado
Com uma fêmea alfa”

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Se em seu primeiro álbum lançado há 3 anos, Dua Lipa não entregou nada além de uma coletânea de hits pensados para tocar em lojas de departamento, em “Future Nostalgia” a britânica de 24 anos se redime e entrega o que já pode ser considerado um dos melhores álbuns do ano. Longe de se render a indústria e cair em uma repetição da fórmula que a levou ao estrelato, o seu segundo projeto é um trabalho pop em mais sua pura essência que homenageia a disco music dos anos 70, o synth-pop da década de 80 e a cultura clubber noventista. E em algumas faixas, há um olhar especial para as década de 60 e 2000.

Future Nostalgia” é uma viagem no tempo que respeita e orgulha-se do passado, conversa com o presente, mas não deixa de olhar para o futuro. É uma mistura muito bem executada que pode fazer com que o álbum entre para o hall de clássicos da cultura pop, assim como os bons filmes de aventura e ficção científica entraram. E se realmente entrar, que bom. Já que clássicos não envelhecem e este disco merece ser tocado exaustivamente nas pistas de dança ao redor do mundo depois que todo esse caos passar.

Nota: 5/5